sábado, 3 de setembro de 2011

A repressão como solução

Certas pessoas e grupos são mesmo renitentes quanto às suas idéias, as quais permanecem congeladas, imunes ao passar do tempo. É o que acontece com os que enxergam o mundo pela ótica da direita. Para eles, a sociedade está sempre vitimada pela desordem e ameaçada por vândalos e bandidos. A solução mágica que defendem, para acabar com tal estado de coisas, é intensificar a repressão. Sonham com uma polícia feroz e intimidatória, toques de recolher, prisões indiscriminadas, penas rigorosas. Tudo para que se obtenha a "paz social". Nem é preciso dizer que os atingidos por tais medidas serão sempre os mais pobres e desassistidos na escala social, vistos como vagabundos e meliantes. Afinal é preciso proteger as "pessoas de bem", seriamente ameaçadas por tal turba. Assim, ao mesmo tempo em que vociferam contra Cuba e seu "regime cruel", os liberticidas escolhem como modelo ideal países que aplicam a dureza da lei contra os transgressores. Depois de muito pesquisar, por certo, um colunista de jornal de Porto Alegre, famoso por seu direitismo fóbico, apontou Cingapura como um exemplo de país onde a lei e a ordem imperam. O cronista mostrou-se particularmente entusiasmado com o "canning", uma punição que consiste em "taquaraços" nas nádegas de quem pratica pequenos crimes. Não, você não leu errado. É isso mesmo. O colunista exalta a agressão física como forma de coibir a prática de pequenos delitos, ou seja, propõe a bárbarie institucionalizada para manter a ordem. Só mesmo a liberdade de expressão, plenamente assegurada no Brasil de nossos dias, permite que alguém use do espaço privilegiado de uma coluna de jornal para defender idéias tão medievais! O ônus da democracia é que, para que seja total e irrestrita, tem de dar espaço, até mesmo, para os que a querem solapar.