segunda-feira, 21 de julho de 2014

A confiabilidade das instituições

Uma pesquisa encomendada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), para aferir a confiabilidade das instituições junto aos brasileiros, teve seus dados divulgados hoje. A pesquisa ouviu 2.126 pessoas em 134 municípios do país. Ao analisar-se as posições de cada instituição na consulta, verifica-se um viés conservador na sociedade brasileira. As Forças Armadas ficaram em primeiro lugar entre as instituições mais confiáveis. A Polícia Federal apareceu no segundo lugar. O brasileiro parece gostar da disciplina e autoridade associadas aos militares. Não são poucos os que simpatizam com a ideia da volta do regime militar para "por ordem" na casa, desprezando a democracia. O segundo lugar da Polícia Federal talvez seja um justo prêmio para uma instituição que tem primado pela eficiência. Porém, é curioso que a OAB, que sempre foi basilar na defesa dos direitos humanos e da cidadania, esteja em terceiro lugar, e a imprensa e o Ministério Público, também defensoras dessas causas, num modesto sexto lugar. A Igreja Católica ocupa o quarto lugar, e o Poder Judiciário, o quinto. Não é saudável para um país que a Justiça esteja numa colocação tão pouco expressiva, atrás, até mesmo, de uma instituição religiosa. A Presidência da República está somente no 10º lugar, atrás de bancos e financeiras, que aparecem em oitavo. Os sindicatos de trabalhadores surgem na sétima colocação, empresas estatais em nono. Os dois últimos colocados, são o Congresso Nacional, em 12º, e os partidos políticos, em 13º. Eles ficaram atrás, até mesmo, da Igreja Universal do Reino de Deus, que ocupa o 11º lugar. O que se extrai da observação de tais dados é de que o brasileiro aina tem uma inclinação fortemente conservadora. Preocupa-se mais com a defesa da "ordem" do que com a luta pelas liberdades fundamentais do cidadão. Aprecia a rigidez moral das religiões. Ao mesmo tempo que admira os militares, manifesta desapreço pela Presidência da República, Congresso e partidos. Ainda que a classe política nada faça para merecer a simpatia popular, pelo contrário, o resultado da pesquisa revela o perfil de uma população ainda pouco politizada, com uma visão autoritária de sociedade. Tudo isso, por certo, resultado da escassa vivência democrática no país. Para que seja possível mudar esse quadro, colocando instituições como OAB e Ministério Público nos primeiros lugares, precisamos consolidar a prática da democracia, ainda tão incipiente no país. A imprensa e o Poder Judiciário também deveriam ocupar colocações mais altas, mas para isso é preciso que exerçam seus papéis a contento, o que nem sempre acontece. O que se extrai da pesquisa, fundamentalmente, é que precisamos avançar muito para alcançar a construção de uma sociedade mais justa e humana no país, sem flertar com ideias autoritárias e repressoras.