Goleada surpreendente

Ninguém poderia imaginar o que aconteceu, hoje, no Beira-Rio. O Inter goleou o Atlético Mineiro por 3 x 0, pelo Campeonato Brasileiro, placar construído no primeiro tempo. De um lado, estava um Inter que vinha de dois empates e uma derrota nos jogos anteriores do Brasileirão, do outro um Atlético em má fase reestreando o técnico Cuca, com o qual foi campeão da competição em 2021. Pelo que se viu, Cuca terá muito trabalho para recolocar o Atlético nos trilhos. O clube tem um grupo de jogadores muito bom, mas o técnico anterior, o argentino Antônio Mohamed, desarrumou um projeto vencedor. A goleada surpreendente de hoje mostrou que o estrago feito por António Mohamed foi grande. As evidências da precariedade do seu trabalho eram muitas, mas foi preciso o Atlético ser eliminado da Copa do Brasil pelo Flamengo para o clube se decidir pela sua demissão. Agora, vindo de duas derrotas seguidas no Campeonato Brasileiro, o Atlético irá enfrentar o Palmeiras, pela Libertadores, justamente o clube que o eliminou dessa competição no ano anterior. Com o Palmeiras em boa fase, contrastando com o seu mau momento, dificilmente o Atlético conseguirá seguir adiante na disputa continental. Sem dúvida, o Inter recebeu uma grande injeção de entusiasmo com o resultado. Porém, não deve se iludir. Seu grupo de jogadores é limitado tecnicamente e, ao longo da campanha, não lhe permitirá maiores vôos.

A crise da arbitragem

A arbitragem brasileira, historicamente, sempre foi ruim. Porém, em certos momentos, essa condição se agrava. Ultimamente, os erros de arbitragem se acumulam em todas as divisões do futebol brasileiro. A crise da arbitragem é evidente. Depois que Wílson Luís Seneme, há poucos meses, assumiu como diretor de arbitragem da CBF, o quadro, em vez de melhorar, se agravou. O VAR, que deveria ser um recurso para diminuir os erros graves nos jogos, está mais atrapalhando que ajudando. Os árbitros de vídeo tem se omitido em lances claros, e interferido equivocadamente em outros. Uma reunião da Comissão de Arbitragem da CBF com os clubes foi realizada nessa semana, mas de nada adiantou. Nos jogos da Segunda Divisão e Copa do Brasil, durante a semana, e hoje, pelo Campeonato Brasileiro, erros crassos de arbitragem tornaram a acontecer. Pelos equívocos cometidos no jogo Flamengo x Athletico Paranaense, pela Copa do Brasil, o árbitro central Luís Flávio de Oliveira (SP) e o de vídeo Wágner Reway (MT), foram suspensos, mas não se notou nenhuma melhora após esse fato. As arbitragens estão tirando o foco do futebol praticado pelos jogadores, e assumindo um protagonismo indevido, empanando o brilho das competições e pondo em dúvida a lisura de seus resultados. Essa situaçào não pode persistir.

As boas notícias para a esquerda

O dia de hoje foi positivo para a esquerda, no Rio Grande do Sul. As boas notícias para a esquerda começaram com a desistência de Beto Albuquerque (PSB), de concorrer a governador do Estado. Albuquerque abriu mão de concorrer depois de participar de uma reuniào do PSB nacional. A cúpula nacional do partido não concordava com a postura do diretório estadual, que insistia na candidatura de Albuquerque. Ainda assim, o partido não deverá apoiar a chapa encabeçada pelo PT no primeiro turno, pois pretende lançar um outro nome para ser o seu candidato próprio. A insistência de Albuquerque em concorrer a governador contrariou os planos do PT em se fazer uma superchapa de esquerda, em que o ex-deputado fosse o candidato a vice-governador. Depois de desistir de se candidatar a governador, Albuquerque disse que não irá concorrer a nenhum outro cargo, mostrando, mais uma vez, sua fixação num projeto pessoal, sem preocupação com o coletivo. Porém, também hoje, o deputado estadual Pedro Ruas (PSOL) desistiu de sua candidatura a governador para ser o vice na chapa de Edegar Pretto (PT). Outro nome do PSOL, Roberto Robaina, será um dos suplentes do candidato a senador Olívio Dutra (PT). Com essa composição de chapa, a esquerda se fortalece muito para a eleiçào. A união de PT, PSOL e PC do B em torno de uma só chapa amplia as chances do setor democrático no enfrentamento com a direita. Assim, surge uma nova perspectiva nas eleições de outubro. A esquerda do Rio Grande do Sul está mais viva do que nunca.

Pacote

Num só dia, o Inter anunciou três novas contratações. Hoje, o Inter apresentou um pacote com três novos jogadores, o lateral direito Weverton, pertencente ao Red Bull Bragantino, mas que estava emprestado ao Vasco, e os centroavantes Braian Romero, do River Plate, e Mikael, do Salernitana (ITA). Weverton e Mikael têm a mesma idade, 23 anos, e vieram por empréstimo, o lateral até dezembro, e o centroavante por prazo ainda não revelado. Braian Romero, de 31 anos, foi contratado em definitivo. Em comum, todos estavam num momento de baixa em suas carreiras. Weverton era reserva no Vasco, e não vinha sendo utilizado ultimamente. Braian Romero e Mikael estavam fora dos planos de seus clubes. O caso de Mikael é o que mais chama a atenção, pois o jogador chegou no Salernitana em fevereiro, e participou de apenas sete partidas. O clube alega que o jogador se apresentou fora de forma para a atual temporada. O Inter tinha de se apressar para contratar na janela, pois as inscrições de novos jogadores para a Copa Sul-Americana se encerrarão no próximo sábado. Porém, pareceu ter apostado mais na quantidade do que em qualidade, certamente pela questão financeira. Os jogadores contratados são apostas, sem nenhuma garantia de que terão sucesso.

Safadeza bolsonarista

Cada vez fica mais claro que o grande medo do presidente genocida Jair Bolsonaro não é o de ser derrotado na eleição de outubro, mas de perder o foro privilegiado decorrente do cargo e poder ser preso por seus crimes. Por isso, uma safadeza bolsonarista está sendo elaborada por parlamentares da base de apoio do ex-capitão. Os bolsonaristas pretendem aprovar uma lei que torne todos os ex-presidentes senadores vitalícios. Dessa forma, mesmo com Bolsonaro derrotado na eleição, continuaria com foro privilegiado, na condição de senador. A ideia de tornar ex-presidentes senadores vitalícios não é ruim na sua essência. Ex-ocupantes vivos do cargo são, sempre, em número reduzido. Sua presença não alteraria o equilíbrio de forças da casa, ditado pelas urnas. Afora isso, sua grande experiência, por terem exercido o mais alto cargo do país, seria proveitosa. Porém, uma proposta como essa tem de ser amadurecida durante um bom tempo, até que seja aprovada ou rejeitada. Lançar essa ideia, de forma repentina, para livrar um canalha de pagar por seus crimes, é de um oportunismo asqueroso. Não pode prosperar, para o bem do país. A eleição há de ser realizada normalmente, sem golpes. Dentro da normalidade constitucional, Bolsonaro será, certamente, derrotado. Sendo assim, após deixar o poder, terá de ser, obrigatoriamente, preso pelos muitos e graves crimes que cometeu.

Outro empate

Nenhuma novidade no resultado alcançado, hoje, pelo Grêmio. O Grêmio empatou em 0 x 0 com a Chapecoense, na Arena Condá, pelo Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão. Empatar tem sido uma rotina para o Grêmio nos jogos fora de casa. Com exceção da vitória sobre o Operário de Ponta Grossa e da derrota para o Cruzeiro, o Grêmio empatou todos os jogos que fez fora de casa na competição, até aqui. No jogo de hoje, dois fatos colaborararam ainda mais para que o Grêmio terminasse com outro empate. O primeiro foi um pênalti escandaloso, não marcado, nos primeiros minutos de jogo. O outro foi a expulsão de Bitello, aos 30 minutos do primeiro tempo. Com um homem a menos, o Grêmio tornou-se mais cauteloso, e buscou apenas evitar uma derrota, o que conseguiu. O Grêmio não corre riscos de sair do G4 nessa rodada, mas poderá cair do segundo para o quarto lugar, dependendo dos resultados paralelos. O próximo jogo do Grêmio será, novamente, fora de casa, no dia 05 de agosto, contra o Guarani de Campinas, A esperança, tênue, é que, enfim, o Grêmio volte a vencer como visitante.

A candidatura de Olívio

O anúncio de que o ex-governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, irá concorrer ao cargo de senador nas próximas eleições é um enorme acerto do PT. A candidatura de Olívio, um político de imagem inatacável, traz grandes perspectivas para o PT no pleito que se aproxima. Olívio é um candidato extremamente competitivo, dadas as suas qualidades, mesmo numa eleição dura em que concorrerá com nomes como os do vice-presidente Hamílton Mourão, da ex-senadora Ana Amélia Lemos, e de Lasier Martins, que tentará renovar seu mandato. O nome de Olívio excede os limites da esquerda, sendo capaz de angariar votos em vários setores da sociedade. A presença de sua figura ilibada confere à eleição um nível mais alto de dignidade, num momento em que a política apresenta um panorama sombrio no plano ético. O candidato do PT a governador do Rio Grande do Sul, deputado estadual Edegar Pretto, terá uma eleição muito árdua contra adversários como o ex-governador Eduardo Leite e o ministro Ônix Lorenzoni, mas a presença de Olívio, e também de Miguel Rosseto como candidato a deputado estadual, robustece a chapa. O palanque do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, portanto, será muito forte no Estado.

Ilusão

Faz tempo que o Inter vive de expectativas não cumpridas. Hoje, no Allianz Parque, o Inter perdeu por 2 x 1 para o Palmeiras, pelo Campeonato Brasileiro, em mais um jogo no qual esse roteiro da ilusão se apresentou. Depois de um primeiro tempo em que foi inteiramente envolvido pelo Palmeiras, numa derrota parcial por 1 x 0 que poderia ter sido muito mais ampla, o Inter reagiu no segundo. A entrada de Alemão, um centroavante de referência, trouxe mais poder ofensivo ao Inter, que começara o jogo com dois extremas e sem um atacante pelo meio. Depois de muito pressionar, o Inter empatou aos 35 minutos, e deu a impressão de que poderia, até mesmo, alcançar a virada. Porém, aos 43, o Palmeiras fez o gol da vitória. O Inter foi vice-campeão da Copa do Brasil em 2019, e obteve a mesma colocação no Campeonato Brasileiro de 2020. Duas ocasiões em que ficou no "quase". Seu último título de expressão foi a Recopa Sul-Americana de 2011. Em 2022, após um Campeonato Gaúcho desastroso, no qual sequer se classificou para a decisão da competição, demitiu o técnico uruguaio Alexander Medina, trouxe Mano Menezes para o seu lugar, e contratou jogadores de clubes da Rússia e Ucrânia, liberados temporariamente em função da guerra entre os dois países. Com isso, seu desempenho melhorou, e animou torcedores e cronistas identificados com o clube a projetarem a conquista de títulos. Na realidade, somente na Copa Sul-Americana, pelo baixíssimo nível técnico da competição, o Inter pode ter esperança de ser campeão. No Brasileirão, onde chegou a sonhar com a liderança, o Inter já caiu para a zona de classificação da Pré-Libertadores, bem mais compatível com o seu potencial.

Dois tempos muito diferentes

Mais uma vez, o Grêmio venceu jogando em casa. Hoje, na Arena, o Grêmio venceu a Ponte Preta por 2 x 1, pelo Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão, num jogo com dois tempos muito diferentes. Parecia que as duas boas atuações anteriores na Arena, contra Náutico e Tombense, iriam se repetir, pois, aos 25 minutos do primeiro tempo, o Grêmio já ganhava por 2 x 0. A superioridade do Grêmio permaneceu até o intervalo. No segundo tempo, após sofrer um gol, o Grêmio desandou, submetendo-se à pressão da Ponte Preta, e por pouco não cedendo o empate. No final das contas, mesmo com susto, o Grêmio venceu o jogo e, novamente beneficiado por resultados paralelos, subiu para o segundo lugar na classificação. Lucas Leiva, a grande atração do dia, que arrastou 43.600 pessoas para o estádio, só entrou durante a partida, pouco depois de a Ponte Preta marcar seu gol. Esse fato, contrariando o desejo da torcida, que queria sua escalação desde o início, talvez explique as vaias para o técnico Roger Machado quando teve seu nome anunciado pelo alto-falante, antes do jogo. Tudo está a apontar, no entanto, que o Grêmio, ainda que o faça, certamente, sem encantar, subirá para a Primeira Divisão com rodadas de antecedência.

Demissão mais do que aguardada

Há situações que vào se desenhando de maneira inevitável. O técnico argentino Antônio Mohamed tinha uma demissão mais do que aguardada no Atlético Mineiro. Hoje, ela se concretizou. Os críticos contumazes dos dirigentes argumentarão que é um absurdo demitir um técnico com 69,6% de aproveitamento. Não é. Os números não dizem tudo. Sob a orientação de Mohamed, o Atlético jamais deslanchou, não conseguiu repetir o futebol que lhe valeu os títulos do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil em 2021. Numa das grandes competições do ano, a Copa do Brasil, o Atlético já está eliminado, após um confronto com o Flamengo. A gota d'água foi o empate em 1 x 1 com o Cuiabá, ontem, na Arena Pantanal, pelo Campeonato Brasileiro. Com uma má atuação, o Atlético abriu o placar aos 48 minutos do segundo tempo e, incrivelmente, cedeu o empate aos 53. Não houve mais como manter Mohamed no cargo. Horas depois da saída do técnico, o Atlético anunciava Cuca como o seu substituto. A escolha não poderia ter sido melhor. Cuca saíra por sua própria solicitação, para resolver questões pessoais. Agora, retorna, e coloca o Atlético na condição de principal candidato ao título do Campeonato Brasileiro. Atual campeão da competição, e contando com um grupo de jogadores muito bom, o Atlético carecia de um técnico de capacidade comprovada para o conduzir na disputa dos grandes títulos. Não carece mais. Cuca voltou, e o Atlético é, novamente, candidato a alcançar conquistas de peso.

Campeão simbólico

O Campeonato Brasileiro, por ser uma competição de pontos corridos, não tem campeões de turno, pois os pontos são cumulativos. Porém, ao fim do primeiro turno, o clube que está na liderança da classificação é apontado como "campeão simbólico" daquela fase da competição. Embora sem valor prático, esse "título" representa um considerável indicativo sobre o resultado final da disputa, pois foram raros os casos em que o líder ao final do primeiro turno deixou de obter o título. Assim, o Palmeiras, que hoje terminou o primeiro turno na liderança ao vencer o América Mineiro por 1 x 0 no Independência, surge como o maior favorito para ficar com o título, ainda que sua vantagem para o segundo colocado seja de apenas quatro pontos. Apontado, mesmo antes do começo da competição, como um dos principais candidatos ao título, o Palmeiras confirma, mais uma vez, ser um clube "de chegada", pois nos anos mais recentes, tem obtido muitas conquistas. Sem dispor de jogadores de exceção, o Palmeiras tem, no entanto, muita competitividade e senso coletivo. Por isso, ainda que clubes como Flamengo e Atlético Mineiro possam ganhar o título de campeão brasileiro, pela qualidade dos seus jogadores, o Palmeiras é a ficha número um para erguer a taça.

Sem goleiro

Um jogo emocionante, com alternâncias e muito gols, mas no qual um dos lados foi prejudicado por uma atuação individual ruinosa. Hoje, no Beira-Rio, Inter e São Paulo empataram em 3 x 3,pelo Campeonato Brasileiro, mas o clube paulista poderia ter ganho, já que jogou, praticamente, sem goleiro. O goleiro do São Paulo, Tiago Couto, teve uma atuação desastrosa, falhando nos dois primeiros gols do Inter e cometendo o pênalti que resultou no terceiro. Ainda assim, o São Paulo conseguiu, por três vezes, buscar o empate depois de estar em desvantagem. Portanto, é possível intuir que, se tivesse um goleiro mais confiável para escalar, o São Paulo poderia ter vencido. O resultado não foi bom para nenhum dos clubes, que perderam posições na classificação e estão acumulando empates. Olhando apenas o aspecto do futebol desempenhado por Inter e São Paulo, foi um dos melhores jogos do Brasileirão. Porém, os dois clubes se distanciaram um pouco dos primeiros colocados, e não parecem capazes de disputar i título, apenas de buscar uma posição honrosa na classificação.

Decepção

A boa impressão que havia sido deixada pelo Grêmio nos dois últimos jogos, na Arena, não resistiu a uma partida fora de casa. Hoje, o Grêmio empatou em 1 x 1 com o Brusque, no Augusto Bauer, pelo Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão, e teve uma má atuação, reconhecida, até, pelo técnico Róger Machado e o vice-presidente de futebol, Dênis Abrahão. Róger, aliás, lamentou o resultado mais pelo fato do Grêmio ter saído na frente e cedido o empate, mas reconheceu que não fez por merecer uma vitória. Foi uma decepçào. Em todo o primeiro turno, que se encerra nessa rodada, o Grêmio ganhou apenas um jogo fora de casa, um retrospecto inaceitável para um clube do seu porte. No jogo de hoje, o Grêmio chutou somente uma bola a gol em todo o primeiro tempo. Ainda assim, o Grêmio, beneficiado pelos resultados paralelos, permanece em quarto lugar na classificação, com cinco pontos de vantagem sobre o quinto colocado, uma situação confortável. Mesmo com um futebol pobre, o Grêmio deverá voltar para a Primeira Divisão sem sobressaltos.

A surpreendente saída de Lisca

No futebol brasieiro, as demissões de técnicos ocorrem a qualquer momento, ao sabor dos resultados, por vezes num tempo mínimo de trabalho. Assim, é mais do que natural que os técnicos também peçam para sair, de acordo com seus interesses. Porém, a surpreendente saída de Lisca do Sport, apenas três semanas depous de iniciar seu trabalho no clube, e sua ida para o Santos, chama a atenção. O Santos é um clube grande, deve ter oferecido um salário maior para Lisca, tudo isso é bem compreensível. Afora isso, o novo executivo de futebol do Santos, Newton Drummond, o "Chumbinho", é velho conhecido do técnico, evo indicou para o clube. No entanto, atitudes como a tomada por Lisca, ajudam a desgastar a imagem dos técnicos brasileiros. A relação entre clubes e técnicos, no Brasil, precisa se pautar por mais profissionalismo. Ambas as partes deveriam procurar honrar os contratos, ao invês de os romper abruptamente.

Equilíbrio inesperado

O Campeonato Brasileiro está contrariando as previsões que se faziam antes do início da competição. A ideia que se tinha é que Flamengo, Atlético Mineiro e Palmeiras, clubes com os melhores grupos de jogadores do país, disparassem na classificação, deixando os demais comendo poeira. Não é o que está acontecendo. O Brasileirão está apresentando um equilíbrio inesperado. O Palmeiras, que chegou a folgar na liderança e deu a impressão de que ganharia o campeonato com facilidade, tem tropeçado nos jogos mais recentes e só se manterá em primeiro lugar se vencer o Cuiabá, amanhã. Caso não vença, o novo líder será o Atlético Mineiro, que, hoje, ganhou do Botafogo. O Flamengo, o outro integrante do trio de poderosos está, apenas, em sétimo lugar, e tenta ensaiar uma recuperação. Corinthians e Inter, cujas possibilidades pareciam muito modestas antes da bola rolar no campeonato, correram por fora, e ocupam o terceiro e quarto lugares, respectivamente, com uma diferença muito pequena de pontos para os dois primeiros colocados, e apenas um ponto a frente do quinto, Fluminense, e do sexto, o Athletico Paranaense. Tamanho equilíbrio faz com que a competição, ao contrário do que se previa, esteja com sua definição do título em aberto, e com vários postulantes. Com o segundo turno por se iniciar, e com os clubes mais bem colocados, exceção feita ao Fluminense, envolvidos em competições paralelas, o Campeonato Brasileiro ainda poderá apresentar muitas surpresas, e deverá prolongar a disputa pelo título até a última rodada.

Resultado coerente

Um jogo sem brilho, com ausência de gols. Na Arena da Baixada, hoje, Inter e Athletico Paranaense empataram em 0 x 0, pelo Campeonato Brasileiro, um resultado coerente com a postura de seus técnicos, Mano Menezes e Felipão, respectivamente, ao longo de suas carreiras, de apreço pelo defensivismo. O placar se mostrou fiel ao que foi produzido em campo. Em termos de classificação, o resultado não foi ruim, pois mantém os dois clubes entre os primeiros colocados. Nessa rodada, o Inter se manterá em terceiro lugar, mas, dependendo de resultados paralelos, poderá, já na próxima, chegar na liderança. Uma situação surpreendente para um clube que, antes do começo do Brasileirão, era tido como um dos candidatos ao rebaixamento.

Estabilidade

Depois da boa exibição contra o Náutico, o Grêmio voltou a jogar bem. Hoje, na Arena, o Grêmio goleou o Tombense por 3 x 0, pelo Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão, e a repetição de uma boa atuação abre a perspectiva de que, finalmente, esteja alcançando uma estabilidade na sua produção. O placar do jogo foi definido no primeiro tempo. No segundo, o desempenho seguiu sendo bom, outras chances de gol surgiram, mas o resultado não se alterou. Embora os elogios que recebeu do técnico Róger Machado e do presidente Romildo Bolzan Júnior, Campaz, mais uma vez, esteve abaixo do rendimento dos demais jogadores. Geromel, Bitello, Gabriel Teixeira e Diego Souza foram os maiores destaques individuais do Grêmio. O Grêmio já abriu uma diferença de pontos confortável em relação ao quinto colocado, diminuiu sua diferença para os que estão na sua frente, e tende a subir para a Primeira Divisão sem maiores sustos. Há 12 jogos invicto, o o Grêmio encerrará o primeiro turno contra o Brusque, fora de casa, na terça-feira, e abrirá o segundo contra a Ponte Preta, no próximo sábado, na Arena, jogo que marcará a reestreia de Lucas Leiva, e deverá receber mais de 40 mil pessoas. Ao que parece, o Grêmio superou os seus momentos de maior turbulência.

A apologia do golpe

Faltam apenas três meses para as eleições presidenciais, e o país caminha para um pleito envolto por incertezas. O presidente genocida Jair Bolsonaro, que concorrerá à reeleição, continua a tentar desacreditar as urnas eletrônicas. Os militares, seus comparsas, seguem esse discurso e pretendem fazer uma apuração paralela dos votos. O ex-capitào e seus apoiadores ameaçam não aceitar o resultado das urnas se os votos não puderem ser "auditados". O que se vê, portanto, é a apologia do golpe sendo feita sem nenhum pudor. Como sabe que, numa eleição limpa, sua derrota é certa, Bolsonaro tenta, de todas as formas, desmoralizar o processo do pleito, e deixar no ar a probabilidade de que possa ser dado um golpe para se manter no poder. Fatos como os dos ataques com arremesso de fezes por drones em comícios do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, novamente candidato ao cargo, e o assassinato de um petista, que comemorava o seu aniversário, por um bolsonarista, cercam a eleição com um clima pesado, que pode ter terríveis desdobramentos. Como se pode ter segurança para votar? Pairam no ar ameaças sobre o pleito. Caso as eleições transcorram normalmente, como reagirão Bolsonaro e seu gado a uma derrota que é certa? Não se pode assistir passivamente a articulação de um golpe. Os brasileiros conscientes têm de responder aos ataques perpetrados pela direita contra a normalidade institucional. Se o gado sair às ruas para tumultuar as eleições, terá de ser recebido por brasileiros comprometidos com a democracia. O Brasil não pode ceder, mais uma vez, ao golpismo.

Enxugando gastos

Pior do que errar é não fazer nada para corrigir. O Grêmio, finalmente, está enxugando gastos da sua folha de pagamentos, rescindindo contrato, ou negociando para outros clubes, com jogadores que não dão retorno técnico, apenas oneram o seu cofre. Com a saída de Benítez, que irá para o América Mineiro, o Grêmio não recuperará o que gastou com o empréstimo do jogador, esse valor já está perdido, mas se livrará do pagamento de um polpudo salário. Até o final do ano, essa economia deverá ser de R$ 2 milhões. A contratação de Benítez foi um grande equívoco, e partiu de uma iniciativa pessoal do vice-presidente de futebol Dênis Abrahão, que o considera um craque. Dênis, impressionado com a atuação de Benítez contra o Grêmio, jogando pelo São Paulo, no Campeonato Brasileiro de 2021, decidiu-se por sua contratação, sem levar em conta o seu histórico de carreira e sua conhecida falta de competitividade e, também, de regularidade, com suas frequentes lesões. Sem fazer, no Grêmio, nada que mereça ser lembrado, Benítez puxa a fila que deverá ter, em sequência, nomes como o de Thiago Santos, outro jogador de salário alto e mau desempenho. A diretoria do Grêmio errou em muitas contratações. Menos mal que está buscando reparar os erros cometidos, beneficiando, ao mesmo tempo, o desempenho do futebol e o saneamento financeiro.

A diferença

Campeão da Copa do Brasil em 2021, o Atlético Mineiro foi eliminado, hoje, nas oitavas de final, da atual edição da competição. Também ganhador do Campeonato Brasileiro no ano anterior, o Atlético está em quarto lugar, até agora, na edição desse ano da competição. Se o grupo de jogadores segue sendo muito bom, e até foi reforçado, o que explica a queda de rendimento? A diferença, tudo aponta para isso, está no técnico. Cuca, o técnico vitorioso de 2021, dono de um currículo invejável, deixou o clube, por questões pessoais. Seu substituto, o argentino Antônio Mohamed, de trajetória profissional bem mais modesta, não está se mostrando suficiente para o tamanho da tarefa que lhe foi atribuída. Depois de vencer o primeiro jogo por 2 x 1, no Mineirão, o Atlético perdeu por 2 x 0 para o Flamengo, hoje, no Maracanã, e foi desclassificado da Copa do Brasil. Não faltou raça ao Atlético em momento algum, mas sua atuação foi fraca, fato reconhecido pelo próprio Mohamed. Muito defensivo, o Atlético ofereceu espaço ao Flamengo. Hulk, de grande atuação no primeiro jogo, esteve muito apagado, pois a bola não chegava nele. Tido como candidato aos títulos de todas as competições de que participa nesse ano, o Atlético já caiu fora da Copa do Brasil, e não repete, no Brasileirão, o mesmo desempenho da edição anterior. Para não terminar o ano apenas com o título de campeão mineiro, o Atlético deveria pensar na possibilidade de buscar um técnico de capacidade mais comprovada.

Lei tardia

A Nova Lei Geral do Esporte, que irá à votaçào no Senado, tem aspectos positivos e negativos, conta com apoio dos grandes clubes brasileiros, mas deveria ter sido proposta antes da aprovação das execráveis SAF's. Num aspecto, essencialmente, a lei tardia poderá corrigir uma monstruosidade criada pela nefanda "Lei Pelé", que prejudicou terrivelmente os clubes. Pelo atual dispositivo legal, os clubes, caso queiram rescindir o contrato de um jogador, precisam pagar todo o valor previsto, até o final do mesmo. Ocorre que, com o fim da "Lei do Passe", os jogadores podem assinar um pré-contrato com outro clube quando faltarem seis meses para o fim do compromisso vigente. Dessa forma, ao fim do contrato, o jogador pode ir para um novo clube, sem que o anterior nada receba. Para evitar isso, os clubes se viram forçados a firmar contratos longos, estipulando altas multas rescisórias. Uma armadilha para os clubes, pois jogadores de altos salários e contratos longos, se tivessem seu compromisso rescindido, receberiam todo o valor anteriormente acordado. Essa medida privilegiava os interesses dos jogadores, mas favorecia a que os clubes sofressem enormes rombos financeiros. Com a Nova Lei do Esporte, os clubes poderão firmar outras fórmulas de indenização. Afora isso, caso o jogador se transfira para outro clube por um salário maior do que vinha recebendo, seu empregador anterior fica desobrigado de lhe fazer qualquer pagamento adicional. Se o valor do salário for menor, o clube anterior terá de pagar, apenas, a diferença entre as duas quantias. Essas medidas estão sendo repudiadas pelos jogadores, que estão protestando antes das partidas. O protesto é apenas a defesa da manutenção de um privilégio extremamente danoso aos clubes. A lei, é claro, tem muitos outros itens, entre eles um absurdo adicional noturno para os jogadores, mas o de maior repercussão, sem dúvida, é o que rege as rescisões de contrato, que já deveria ter sido aplicado há muito tempo.

Sempre beneficiado

Um fato cansativamente rotineiro. Hoje, no Beira-Rio, o Inter venceu o América Mineiro por 1 x 0, pelo Campeonato Brasileiro, com um gol irregular aos 49 minutos do segundo tempo. Nenhuma novidade. O Inter é sempre beneficiado por "erros" de arbitragem. No lance em questão, que foi revisado pelo VAR, Moisés fez o gol depois de Rodrigo Moledo ter raspado na bola. Conforme o comentarista de arbitragem do Sportv, Paulo César Oliveira, se fosse comprovado que Moledo tocou na bola antes dela chegar em Moisés, o gol teria de ser anulado. O VAR verificou o lance por vários minutos, e concluiu que o gol foi legal. Um escândalo! Pelas imagens de tevê, mesmo antes da análise do VAR, ficou evidente que o zagueiro do Inter havia tocado na bola. De que adianta ter um instrumento valioso como o VAR se um "erro" tão grotesco é praticado? Seguidamente, torcedores, e cronistas identificados com o Inter, reclamam de supostos prejuízos da arbitragem contra o clube. Uma atitude cínica. No balanço de benefícios e prejuízos da arbitragem em relação ao Inter, os primeiros sempre tiveram uma esmagadora vantagem.

A desfaçatez de Bolsonaro

O país ainda está sob o impacto do assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda pelo agente penitenciário Jorge Guaranho, ocorrido ontem em Foz do Iguaçu (PR). Arruda comemorava seu aniversário de 50 anos, e teve sua festa invadida por Guaranho. A festa era temática, com decorações alusivas ao PT e o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Guaranho entrou na festa sem ser convidado, fez provocações contra Arruda, que o expulsou e jogou pedras contra o seu carro. O agente penitenciário disse que voltaria, o que, efetivamente, aconteceu. Gritando "aqui é Bolsonaro", Guaranho disparou contra Arruda, que acabou morrendo. Também alvejado, Guaranho sobreviveu, e está internado em um hospital de Foz do Iguaçu, sob custódia policial. O fato teve ampla repercussão, recebendo o repúdio de muitos políticos, dos mais variados partidos. Porém, o inspirador do fato violento tentou tirar o corpo fora. O presidente genocida Jair Bolsonaro, em manifestação pelas redes sociais, não se solidarizou nem enviou condolências à família de Arruda. O ex-capitão declarou que dispensa o apoio de quem pratica violência contra opositores. Acrescentou que quem pratica a violència é a esquerda, e pediu que a polícia investigue o caso e também os que ficam 24 horas por dia inventando calúnias contra a sua pessoa. Rechaçou a ideía de que suas manifestações incitem a violência. Afirmou que os atos violentos da esquerda pesam muito mais que qualquer declaração distorcida ou tirada de contexto. A desfaçatez de Bolsonaro é repugnante. Canalha, é do tipo que mata e vai chorar no enterro. O Brasil precisa se livrar desse monstro. Os atos intimidatórios contra a oposiçào vem se acumulando e, agora, já resultaram num assassinato. A esquerda nào pode ficar prostrada diante desse quadro. Tem de ir às ruas e garantir a realização das eleições para varrer do poder Bolsonaro e sua corja.

O delírio eleitoral de Moro

O ex-juiz Sérgio Moro é uma das maiores fraudes de que se tem notícia na história do país. Falso paladino anticorrupção, Moro foi o responsável pela condenação à prisào, do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, por suposto recebimento, nunca provado, de propinas de empreiteiras. Depois de cumprir a tarefa que lhe fora delegada pelos golpistas de extrema-direita que queriam tomar o poder no país, impedindo Lula de concorrer, Moro renunciou à magistratura, e aceitou ser ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro, de olho numa indicação para ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal. Porém, o entendimento de Moro e Bolsonaro durou pouco tempo. Com pouco mais de um ano no cargo, Moro pediu demissão. A partir daí, empenhou-se em levar adiante seus sonhos eleitorais. Primeiramente, Moro tentou ser a "terceira via" na eleição presidencial, o candidato de quem não quer votar em Lula, nem em Bolsonaro. A pretensão se mostrou inviável, logo na largada. Moro, então, começou a cogitar concorrer a senador por São Paulo, mas a transferência de seu domicílio eleitoral foi considerada irregular. O ex-juiz, então, permaneceu com seu domicílio eleitoral no Paraná, e cogita concorrer a governador ou senador. No entanto, as pesquisas de intenção de voto, para ambos os cargos, não são animadoras para Moro. Na verdade, o delírio eleitoral de Moro é evidente. Sua imagem desgastou-se, e deverá remeter-lhe ao ostracismo. Com seus julgamentos contra Lula anulados, e o fim da Operação Lava-Jato, Moro tornou-se um personagem da cena política que, muito rapidamente, será esquecido.

Vitória convincente

Demorou, mas, enfim, o Grêmio jogou uma boa partida no Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão. Hoje, na Arena, o Grêmio venceu o Náutico por 2 x 0, e obteve uma vitória convincente, em que o placar poderia ser ainda mais amplo, e sem ter sido ameaçado pelo adversário. O Grêmio mostrou ímpeto ofensivo, ainda que continue chutando pouco ao gol. Com exceçâo de Campaz, os demais jogadores estiveram bem. Geromel e Ferreira foram os maiores destaques. Gabriel Teixeira fez seu melhor jogo pelo Grêmio. Bruno Alves voltou a mostrar seu lado de zagueiro goleador. Nícolas, mais uma vez, serviu seus companheiros para os gols. A distância para o quinto colocado começa a aumentar, o que diminui a tensão do grupo. Os resultados paralelos dos outros integrantes do G4 também têm ajudado. O Bahia empatou em 1 x 1 com o Vila Nova,e sua vantagem sobre o Grêmio caiu para, somente, um ponto. Aos poucos, o Grêmio parece se encaminhar para um melhor desempenho, e a volta para a Primeira Divisão poderá ocorrer sem tantos sobressaltos.

Uma Copa em sede imprópria

A cada dia fica mais evidente a total falta de sentido da escolha do Catar como sede da próxima Copa do Mundo. País sem nenhuma tradição e expressão no esporte mais popular do mundo, o Catar só foi escolhido porque a Fifa, há muito tempo, deixou de ser uma imstituição esportiva, e se transformou, apenas, num balcão de negócios. O Catar nunca se classificou para uma Copa do Mundo, só disputará a de 2022 por ser a sede da competição. O país é muito pequeno, o que fará com que todos os estádios onde serào realizados jogos fiquem muito próximos, algo raramente visto em Copas anteriores, com exceção da primeira, em 1930, no Uruguai. O elevado calor do país levou a que, pela primeira vez na história, a Copa do Mundo seja realizada no final do ano, quando as temperaturas no Catar são mais amenas, e não entre junho e julho, como de hábito. A construção dos estádios para a próxima Copa foi cercada de denúncias de condições de trabalho dos operários análogas à escravidão, com carga horária excessiva, e um número de mortos calculado em mais de seis mil. Como se tudo isso não bastasse, o Catar já anunciou que não permitirá, nos estádios, a presença de bandeiras ou faixas referentes ao movimento LGBTQIA+ e a venda de bebidas alcoólicas. Não é por acaso que 48% dos alemães gostariam que sua seleção não participasse da Copa no Catar. O mais absurdo de tudo isso é que a Inglaterra, o país que criou o futebol, tem o melhor campeonato nacional de clubes da atualidade, e dispõe dos mais modernos estádios do mundo, só tenha sediado a Copa do Mundo em 1966, e não se tenha perspectiva de que possa abrigar a competição novamente, já que as próximas edições serão na Américas do Norte e do Sul respectivamente. O mundo terá uma Copa em sede imprópria em 2022, porque o futebol, sob a liderança da Fifa, não se rege mais por critérios esportivos, mas, somente, por interesses financeiros.

Feudo brasileiro

O futebol brasileiro tem dominado a Libertadores há anos. De 2017 para cá, só em 2018 o campeão da competição não foi brasileiro. Desde então, também, apenas brasileiros e argentinos chegaram na decisão. As duas últimas decisões da Libertadores foram entre clubes do Brasil. Em 2020, Palmeiras x Santos. Em 2021, Palmeiras e Flamengo. Na atual edição da Libertadores, River Plate e Boca Juniors, os dois mais tradicionais clubes argentinos, já foram eliminados nas oitavas de final, o que deve facilitar, ainda mais, a vida dos clubes brasileiros. Na Copa Sul-Americana, o panorama é semelhante. A mais recente edição foi decidida entre Athletico Paranaense e Red Bull Bragantino. A América do Sul está se tornando um feudo brasileiro no futebol. O maior poderio financeiro dos clubes brasileiros está tornando muito desigual a relação com os dos demais países. O que antes eram competições muito duras, viraram um palco para os clubes brasileiros desfilarem sua superioridade.

Reversão

O que parecia ser difícil, aconteceu. Hoje, no Beira-Rio, o Inter goleou o Colo-Colo por 4 x 1, de virada, fez a reversão do confronto, pois perdera o primeiro jogo por 2 x 0, e se classificou para as quartas de final da Copa Sul-Americana. O fato de ter saído perdendo, pode dar um tom pretensamente épico a vitória do Inter, mas não foi isso o que ocorreu. O Colo-Colo abriu o placar cedo, mas não soube sustentar a vantagem, permitindo a virada do Inter ainda no primeiro tempo, em desatenções da defesa, e demonstrando, mais uma vez, muitas limitações técnicas. Com um tempo inteiro para buscar os dois gols que faltavam, era óbvio que o Inter não iria deixar a chance escapar. O precário preparo físico do Colo-Colo, já percebido no primeiro jogo, também pesou, e o Inter alcançou o seu objetivo. Tendo em vista a baixa qualidade técnica da Copa Sul-Americana, o Inter tem chances de vencer a competição, cujo campeão não deverá ser o melhor, mas o menos pior dos participantes.

O anti-ídolo

Na semana anterior, houve grande repercussão de uma fala racista do ex-piloto Nélson Piquet sobre Lewis Hamilton. Em sua declaração, dada em 2021, Piquet se referia a Hamilton como "neguinho". O repúdio ao comentário de Piquet foi enorme, e a Federação Internacional de Automobilismo decidiu vetar sua presença nos paddocks dos Grandes Prêmios de Fórmula-1. Dias depois, após Piquet ter tentado minimizar sua fala racista, uma outra declaração sua sobre Hamilton chegou ao conhecimento público, dessa vez de cunho homofóbico. Piquet foi um grande piloto, e conquistou três títulos mundiais de Fórmula-1. Porém, como pessoa, jamais esteve no mesmo nível. Revelou que só pensou nele mesmo, e em sua glória individual, ao ganhar seu primeiro título, em 1981, sem nenhum sentimento coletivo. Claramente despeitado pelo fato de ter sido eclipsado por Ayrton Senna, que se tornou o mais amado entre os três pilotos brasileiros que foram campeões na Fórmula-1, Piquet o atacou várias vezes, fazendo insinuações sobre sua sexualidade. Sem freios para tratar seus desafetos, provocava Nigel Mansell por ser casado com uma mulher que considerava feia. Como se vê, Piquet se mostra, em suas declarações, racista, homofóbico e machista. Não foi por acaso, portanto, que já se prestou a ser o motorista do Rolls-Royce presidencial conduzindo o genocida Jair Bolsonaro. Embora tenha alcançado grandes feitos nas pistas, Piquet tornou-se um anti-ídolo. Para ser um ídolo, afora um grande talento, é preciso carisma, empatia, afabilidade, generosidade, atributos que Piquet não possui.

Repetição cansativa

As atuações do Grêmio são sempre iguais, é como um filme que já tivesse sido visto muitas vezes, do qual se conhecem todas as cenas e cada diálogo. Hoje, na Arena Fonte Nova, o Grêmio empatou em 0 x 0 com o Bahia, pelo Campeonato Brasileiro da Ssgunda Divisão, e seu desempenho foi uma repetição cansativa do que foi apresentado em outros jogos. Como de costume, o Grêmio nào teve nenhuma criatividade, e não criou uma única chance de gol durante todo o jogo. Defensivamente, o Grêmio mostrou solidez, novamente, mas, ainda assim, quase levou um gol no final do jogo. Os destaques negativos do Grêmio foram muitos. Bitello, Campaz e Janderson tiveram atuações horrorosas. Rodrigo Ferreira demonstrou, mais uma vez, que não tem condições de ser titular do Grêmio. O Grêmio não mostra nenhuma melhora nos jogos que vão se sucedendo. Sua presença na zona de classificação para a Primeira Divisão se dá muito mais pelas limitações dos seus adversários. A chegada de Lucas Leiva dará um acréscimo de qualidade ao Grêmio mas, sozinho, o volante não poderá fazer muito. Os outros reforços anunciados para a janela de transferências, até aqui, Guilherme e Thaciano, pouco ou nada acrescentarão.

Perdendo posições

Por ter dado prioridade para o jogo de terça-feira contra o Colo-Colo, pela Copa Sul-Americana, o Inter escalou reservas, hoje, no Campeonato Brasileiro. O Inter empatou em 1 x 1 com o Ceará, no Castelão, e acabou perdendo posições na classificação, agora está em quinto lugar. O placar foi aberto pelo Ceará, mas o Inter logo obteve o empate. A partir daí, num jogo muito disputado e com momentos de tensão, Inter e Ceará tiveram boas chances para marcar, mas não conseguiram alterar o resultado. A queda momentânea na classificação não deve preocupar o Inter, que continua embolado entre os primeiros colocados. Sua posição atual é o quinto lugar, mas apenas cinco pontos atrás do líder, que é o Palmeiras. No momento, a prioridade do Inter é a Copa Sul-Americana, na qual decidirá sua continuidade na competição no segundo jogo contra o Colo-Colo. Por enquanto, o Brasileirão pode esperar.

A ameaça de Braga Netto

Em encontro com empresários, no Rio de Janeiro, o general Braga Netto, candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de outubro, disse que sem ocorrer a auditagem dos votos proposta pelo ex-capitão, o pleito não será realizado. A ameaça de Braga Netto retoma a postura de Bolsonaro a respeito do assunto. Desesperados diante de uma derrota anunciada, e fragorosa, Bolsonaro e seus cupinchas acenam, constantemente, com o fantasma do golpe. A auditagem pedida por Bolsonaro não faz sentido. As urnas eletrônicas são totalmente confiáveis. A estratégia adotada pelos bolsonaristas é a mesma do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Só que Trump não alcançou o seu intento. Trump foi derrotado por Joe Biden, e não obteve sua reeleição. O roteiro de Trump deverá se repetir com Bolsonaro. O presidente genocida não irá se reeleger. Ficará, então, sem o foro privilegiado, abrindo caminho para que seja processado por seus muitos crimes. O Brasil está em contagem regressiva para se livrar do pior presidente da sua história. Não haverá golpe que impeça isso.