quinta-feira, 29 de julho de 2021

As medalhistas

Muitos brasileiros, com exceção daqueles que vararam a madrugada ou acordaram muito cedo, ficaram sabendo, logo ao despertarem, que o país havia conquistado mais duas medalhas nas Olimpíadas, em Tóquio. Rebeca Andrade, paulista de 22 anos, fez história ao ganhar medalha de prata na ginástica artística. A medalha poderia ser até a de ouro, se Rebeca não tivesse pisado, por duas vezes, fora da quadra, durante sua exibição de solo. Ainda assim, foi um feito gigantesco, pois Rebeca é a primeira ginasta brasileira a ganhar uma medalha olimpíca individual. A outra medalha, de bronze, foi para Mayra Aguiar, gaúcha de 29 anos, no judô, categoria até 70 kg. Foi a terceira medalha de bronze consecutiva de Mayra em Olimpíadas. A conquista também tem a marca do ineditismo, pois Mayra é a primeira esportista brasileira a ganhar três medalhas olímpicas num esporte individual. Num país sem uma estrutura adequada para o esporte olímpico, as medalhas de Rebeca e Mayra constituem-se em façanhas. As medalhistas brasileiras traduzem a obstinação de quem vai em busca de seus objetivos, a despeito de todos os obstáculos, falta de recursos e apoio que caracterizam, de modo geral, o esporte no Brasil. Suas conquistas são uma proeza, pois a maioria das adversárias possuem condições de treinamento bem superiores. Sobretudo, Rebeca e Mayra desmentem o discurso do complexo de vira-lata tão característico do Brasil. Elas são a prova do quanto o povo brasileiro é capaz, e de que não há limites para as mulheres. Suas medalhas são uma resposta vigorosa aos disseminadores da depreciação do país, e um nocaute no machismo.