terça-feira, 31 de maio de 2011

Falando demais

Entre tantos desacertos de sua segunda passagem pelo Inter como técnico, Falcão está tendo o de falar demais e fazer de menos. Falcão assumiu o cargo dizendo gostar de um futebol alegre e bonito, sem excesso de defensivismo. Ultimamente, vem pregando a "verticalização" do time, isto é, um futebol objetivo, em direção ao gol adversário, sem abusar de toques laterais. O problema é que, no campo, o futebol jogado pelo Inter não é alegre, muito menos bonito, e o time pratica um jogo de muitos passes para o lado e de poucos chutes a gol. Não houve nenhum progresso tático ou técnico em relação à era Celso Roth. Com os maus resultados se sucedendo, Falcão partiu para as explicações, e se enredou ainda mais. Ao conceder uma entrevista para uma emissora de rádio, no último domingo, Falcão detonou uma bomba em termos de repercussão. Tudo porque, entre outras coisas, o técnico afirmou que o Inter não tem um grupo de jogadores capaz de ganhar o Campeonato Brasileiro, necessitando, por isso, de contratar reforços.. A declaração foi duplamente equivocada. Em primeiro lugar, porque expôs os jogadores publicamente, situação que eles não costumam aceitar. O outro equívoco é que a assertiva não é verdadeira. O Inter não é o grande time que muitos imaginam, a ponto de ser tido permanentemente como um dos favoritos de todas as competições que disputa. Isso é, evidentemente, um erro de apreciação que tem se prolongado. Porém, dado o nivelamento atualmente existente no futebol nacional, o Inter tem possibilidades de ser campeão brasileiro, tanto quanto outros vários times. Como consequência do que disse, Falcão foi desautorizado por uma entrevista do vice-presidente de futebol do Inter, Roberto Siegmann, que declarou que o técnico teria de se explicar ao grupo e que está convicto de que, com os jogadores de que dispõe, o clube tem plenas condições de ser campeão brasileiro. Na tarde de hoje, Falcão, em nova entrevista, disse que reafirmava tudo o que manifestara anteriormente e declarou-se espantado com a polêmica em torno do fato. Falcão, durante quinze anos, ganhou a vida como comentarista, ou  seja, falando. Agora, como técnico, a fala tem sido o seu calcanhar de Aquiles.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

A antecipação da janela

A Fifa já autorizou e a CBF irá antecipar a chamada "janela" de transferências de jogadores do exterior para o Brasil. Prevista para ser aberta em 1º de agosto, a janela deverá ser iniciada, provavelmente, em 15 de junho, permitindo a utilização de jogadores contratados do exterior 46 dias antes do prazo inicialmente estabelecido. Em 2010, o Inter obteve uma antecipação da janela que lhe permitiu inscrever Renan, Tinga e Rafael Sóbis a tempo de reforçá-lo na Taça Libertadores da América. Com a nova antecipação, clubes como Grêmio, Corinthians, Vasco e Botafogo, que contrataram jogadores fora do país, serão beneficiados, mas, certamente, o futebol brasileiro como um todo é que sairá ganhando. Urge, aliás, que a CBF se empenhe para mudar definitivamente a data da tal janela. Ela é estabelecida pela FIFA de acordo com o calendário europeu e, portanto, não serve aos interesses do nosso futebol. Chega de, a cada ano, os clubes terem de recorrer à CBF pedindo a antecipação. O futebol brasileiro já sofre com o maior poderio econômico dos clubes da Europa, que levam seus principais jogadores. Não é justo que as contratações do exterior para o Brasil sejam condicionadas pelo calendário futebolístico daquele continente. Até para a subalternidade há limites.

domingo, 29 de maio de 2011

Melhor do que a encomenda

Depois de tantas desventuras nos últimos dias, o Grêmio obteve, no domingo, um resultado que foi melhor que a encomenda. Jogando fora de casa, ainda muito desfalcado, e escalando um ataque modestíssimo, o Grêmio venceu o Atlético Paranaense por 1 x 0, com um desastrado gol contra de Rafael Santos. O time não jogou bem, pouco atacou, sofreu uma pressão terrível no segundo tempo, mas, depois de um longo período, finalmente saiu de campo sem levar gol. Tivesse o Grêmio, no Gre-Nal decisivo do Campeonato Gaúcho, demonstrado tamanho empenho na preservação de uma vitória,  provavelmente obteria o título. Claro que a atuação, principalmente no segundo tempo, não foi nada boa tecnicamente, mas diante das circunstâncias, o resultado era o que mais importava. Com os três pontos obtidos, o Grêmio já saltou para a parte de cima da tabela do Campeonato Brasileiro. Nos próximos dias, jogadores que se encontram lesionados estarão em condições de voltar ao time. Caso se confirme a antecipação da janela de transferências, os reforços que foram contratados do exterior poderão estrear bem antes do que estava inicialmente previsto. Uma vitória, por magra que seja, e com um gol contra, sempre tem um efeito muito benéfico. Se combinada com seguidos tropeços do maior rival, como vem acontecendo nesse início de Brasileirão, melhor ainda. Afinal, foram jogadas somente duas rodadas e o Grêmio já está dois pontos na frente do Inter. Passadas apenas duas semanas da conquista do Gauchão pelo Inter, os bons ventos parecem estar mudando de lado.

sábado, 28 de maio de 2011

O real e o imaginário

Já faz algum tempo que o Inter vive um conflito entre o real e o imaginário. Na visão de grande parte da imprensa e da quase totalidade de sua torcida, o Inter possui um grande time e um grupo de muito boa qualidade. A realidade, no entanto, teima em desmentir tais conceitos. Em 2010, o Inter, depois de ganhar a Libertadores, sem conseguir jogar bem, numa das mais fracas edições da competição em todos os tempos, fracassou no Brasileirão e foi eliminado ridiculamente do Mundial de Clubes pelo Mazembe. Até agora, em 2011, já foi desclassificado precocemente da Libertadores, dentro de casa, e ganhou o Campeonato Gaúcho nos tiros livres da marca do pênalti, após três jogos contra o Grêmio que, somados, resultaram num empate em 6 x 6. Começado o Campeonato Brasileiro, empatou fora de casa em 1 x 1 com um time inteiramente reserva do Santos e perdeu, em pleno Beira-Rio, para o Ceará, por 1 x 0. Foi a terceira derrota consecutiva do Inter no Beira-Rio. Até agora, não foi possível, perceber nenhuma contribuição positiva de Falcão como técnico. O título do Gauchão, da forma como foi obtido, não serve como atestado da capacidade do time. O Inter é um time lento, que troca passes em excesso, chuta pouco a gol e tem jogadores superados. Um desses jogadores, Bolívar, zagueiro lento e pesado, cometeu um pênalti que, mais uma vez, não foi marcado. Segue sendo um mistério, para mim, a razão pela qual os árbitros não marcam os pênaltis cometidos por Bolìvar. O fato é que, novamente, o Inter do gramado desmente as manchetes e as previsões. No papel,é um grande time. No campo, passa muito longe disso.

O melhor time do mundo

Não há mais qualquer dúvida: o Barcelona é o melhor time do mundo. No jogo de sábado, pela decisão da Liga dos Campeões da Europa, contra o Manchester United, o Barcelona sobrou em campo. Durante o jogo, teve 67% de posse de bola! Mesmo tendo sofrido o empate parcial por 1 x 1, sua vitória nunca esteve ameaçada. O bom time do Manchester United se viu impotente diante do poderio do adversário. Dá gosto ver o Barcelona jogar, Seu futebol é técnico, envolvente, encanta e seduz. Messi, mais uma vez, jogou uma enormidade e não podem existir mais quaisquer restrições ao seu futebol. Dizer que ele ainda precisa jogar bem pela Argentina ou, até mesmo, ganhar uma Copa do Mundo para provar sua qualidade, é manifestação de puro despeito. Messi jé merece ser inscrito na galeria dos grandes mitos do futebol mundial, como Pelé, Maradona, Garrincha, Di Stéfano, Cruyff, Puskas, Beckenbauer, Yashin. O time atual do Barcelona, por sua vez, também deve ser colocado entre os grandes de todos os tempos, numa relação que inclui o Santos de Pelé, o Real Madrid de Di Stéfano, o Ajax de Cruyff. Para quem queria assistir uma partida extremamente equilibrada e disputada, o jogo entre Manchester United x Barcelona foi frustrante. Para quem desejava se deliciar com um belo espetáculo, foi extremamente recompensador. O Barcelona está se encaminhando para uma longa hegemonia. Não parece provável que, num curto prazo, possa ser superado em qualidade por outro time. Foi campeão de forma incontestável.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Lesões musculares

Muitas são as razões que explicam o mau ano que o Grêmio vem tendo até aqui. Contratações equivocadas, carências em determinadas posições do time titular, insistência com jogadores deficientes, falta de peças de reposição no grupo, são algumas delas. Porém, é evidente que há algo de errado com a preparação física. O número de lesões musculares que vem ocorrendo no Grêmio é, simplesmente, assombroso. Com isso, um grupo que já possui limitações evidentes fica ainda mais prejudicado. O preparador físico do clube, Flávio de Oliveira, já veio a público dizer que não tinha passado por nada parecido em toda a sua carreira. Oliveira saiu em sua própria defesa dizendo que tem um currículo extenso de participação com êxito em grandes competições, o que atestaria a  qualidade do seu trabalho. O fato, porém, é que os jogadores do Grêmio são acometidos de lesões musculares até em treinos, como ocorreu ainda ontem com Adílson. O argumento de que o calendário é muito rigoroso e que não foi feita uma pré-temporada adequada não convence, pois os outros clubes também passaram pela mesma situação sem apresentarem tantas lesões. O fato de que a pré-temporada do Grêmio foi ainda mais curta do que a dos demais clubes, tendo em vista que disputou a pré-Libertadores já no mês de janeiro, também não serve como explicação, pois o Corinthians passou pela mesma situação e  não teve grande ocorrência de lesões musculares. O Grêmio optou por dispensar os serviços de Paulo Paixão e seu filho Ânderson Paixão, para contratar Flávio de Oliveira. Dada a competência indiscutível de Paulo Paixão, as razões devem ter sido mais de natureza econômica do que por qualquer outro motivo. Se for assim, mais uma vez se terá comprovado que o barato sai caro.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O veto ao kit anti-homofobia

Por envolver preconceitos, conceitos, princípios, dogmas religiosos e opiniões as mais diversas, o chamado "kit anti-homofobia", material elaborado pelo Ministério da Educação para distribuição nas escolas, no ensino médio, foi cercado, desde o anúncio de sua existência, por intensa polêmica. O grande barulho em torno do assunto começou a partir de declarações do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), conhecido por suas posições homofóbicas. Depois de muito se discutir o tema em todo o país, a presidente Dilma Roussef (PT) decidiu vetar o kit, atendendo a apelos de parlamentares evangélicos. O curioso é que tal decisão se dá simultaneamente à eclosão do escândalo envolvendo o súbito enriquecimento do ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Antônio Palocci Filho. Como se sabe, o governo federal pretende, a todo custo, impedir que seja instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista para tratar do assunto. Com isso, o veto do kit veio bem a calhar, pois em agradecimento ao afago presidencial, os parlamentares evangélicos negariam suas assinaturas para a instalação da CPI. A medida tomada pela presidente, é claro, vem ao encontro de obscurantistas de todos os matizes, permanentemente prontos para tentar impor suas crenças e visão de mundo para a toda a sociedade. Não foram poucos os artigos escritos em jornais e as declarações prestadas à imprensa por parte de tais figuras, defendendo os princípios éticos e cristãos da sociedade brasileira que, no seu entender, estariam ameaçados pelo kit. O episódio diz muito da maneira como a sociedade brasileira encara certas situações. Toda vez que um assunto envolve sexo ou aspectos comportamentais da vida dos indivíduos, logo surgem os arautos da moral e dos "bons costumes" para cobrar ações censórias por parte dos governos. Certos grupos religiosos aferram-se à idéia de que possuem o direito de estabelecer o que é certo e o que é errado, de impor seus conceitos e práticas de vida, escorados em revelações pretensamente "divinas". Num país marcado pela longa convivência com ditaduras e com uma população constituída, em sua maioria, de pessoas de baixo nível cultural e instrucional, não espanta que tais posturas ganhem adeptos. Porém, os obscurantistas e obtusos alcançaram uma vitória enganosa. A história não anda para trás, com ou sem kit. Há quarenta ou cinquenta anos, por exemplo, uma mulher solteira que engravidasse era colocada para fora de casa pelo próprio pai, com o intuito de lavar a honra, pretensamente ultrajada, da família. Atualmente, meninas ainda na adolescência dormem com seus namorados em casa, com o consentimento dos próprios pais. Se alguém perdeu no atual episódio, não foram os homossexuais, que continuarão ampliando seus espaços de cidadania. O Brasil é que desperdiçou uma chance de se mostrar um país livre da influência dos defensores do atraso e do medievalismo de corte religioso. No entanto, no futuro, os avanços das chamadas minorias, estarão plenamente consolidados. Já Dilma Roussef, Jair Bolsonaro e todos os que incentivaram e apoiaram o veto ao kit estarão condenados ao limbo da história, que é o lugar adequado para os que se vergam diante de interesses menores e mesquinhos.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Decisão de bom nível

Os jogos da noite de quarta-feira definiram os finalistas da Copa do Brasil. A decisão da competição será entre Vasco e Coritiba, o que já determina que haverá um campeão inédito, pois nenhum dos dois clubes alcançou esse título. Dentre as combinações possíveis para estabelecer os finalistas, prevaleceu a melhor. O Vasco é um dos 12 grandes clubes do país, já ganhou quatro vezes o Campeonato Brasileiro e possui um título da Taça Libertadores da América. O Coritiba é um clube médio, mas que já conquistou um título do Brasileirão. Os outros semifinalistas, Avaí e Ceará, são clubes de uma estatura bem inferior. Por isso, a decisão da Copa do Brasil será de alto nível. De um lado, o Vasco, tentando voltar aos seus momentos de grandeza, depois de anos de más campanhas e, até, de um rebaixamento para a Segunda Divisão. De outro, o Coritiba, sensação de 2011 no futebol brasileiro, depois de ficar 29 jogos invicto, com 24 vitórias consecutivas, e de ter goleado o Palmeiras, impiedosamente, por 6 x 0. São times que tem seu forte no conjunto, mais do que nas individualidades. Ainda assim, há jogadores a conferir, como Diego Souza, do Vasco, que parece estar voltando aos seus melhores dias, e Marcos Aurélio, do Coritiba, um baixinho de boa técnica e goleador. Camiseta costuma pesar nessa hora e, dessa forma, o Vasco tem um leve favoritismo para a decisão. Porém, não se ganha nada de véspera e, em outras oportunidades, grandes clubes perderam a Copa do Brasil para adversários menores, como foi o caso de Grêmio, Flamengo e Fluminense, derrotados, respectivamente, por Criciúma, Santo André e Paulista de Jundiaí. Independentemente do vencedor, será, certamente uma grande decisão que, é bom lembrar, já classificará o primeiro clube brasileiro para a Libertadores de 2012.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Os setenta anos de um mito da música

Na data de hoje, 24/5, um mito da música, Bob Dylan, completa 70 anos. Dono de um estilo único, suas composições se caracterizam pelas letras longas e discursivas. Alguns dos maiores sucessos dos lendários anos 60 foram compostos por Dylan. Músicas como "Blowin in the Wind", "Like a Rolling Stone", "Mr.Tambourine Man". Trata-se de um artista singular. Alcançou o estrelato sem ser bonito e sem ter uma bela voz. Não adotou o comportamento marqueteiro de grande parte dos nomes famosos do mundo do espetáculo. Seu sucesso se deveu, essencialmente, a qualidade superior de seu trabalho como compositor. Não é do tipo que alcance a unanimidade. Sua música pode soar um tanto difícil para ouvidos mais acostumados aos ritmos balançantes do que às letras reflexivas. Porém, sem dúvida, foi o grande representante americano numa década marcada por fenômenos ingleses como os Beatles e os Rolling Stones. Nas décadas seguintes, não teve o mesmo êxito comercial dos anos 60, mas, ainda assim, emplacou sucessos como "Hurricane" e "Jokerman". O uso da harmônica, ou gaita de boca, como é popularmente conhecida, é outra de suas marcas registradas. Entre seus pares, sempre foi das figuras mais respeitadas e reverenciadas. Nos anos 90, inclusive, juntou-se a outros grandes nomes da música como George Harrison, Roy Orbison, Jeff Lyne e Tom Petty no grupo "Travelling Wilburys". Lançaram dois álbuns, o segundo deles já sem Orbison, que havia falecido. Com George, por sinal, compôs em parceria "I'd Have you Anytime", belíssima balada que abre o extraordinário álbum triplo do ex-beatle, "All Things Must Pass". Enfim, resta dar os parabéns ao mais novo setentão do meio musical e agradecer-lhe tudo o que já proporcionou para tantas gerações. Happy Birthday, Mr. Dylan!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Noção falsa de cidadania

Num país sufocado por tantos períodos de ditadura ou de simulacros de democracia, como foi o caso do Brasil ao longo de sua história, é natural que se busquem alargar os espaços de afirmação da cidadania. A liberdade de expressão e de manifestação é um dos pilares de um estado democrático de direito. Assim sendo, toda e qualquer declaração ou manifestação, em princípio, é legítima, não devendo ser censurada nem reprimida. Porém, é preciso que se verifique se possuem algum conteúdo ou propósito ou, simplesmente, são visões distorcidas sobre a vida em sociedade. Dois episódios recentes no país, ensejam essa reflexão. Primeiro o lançamento, já bastante comentado nos meios de comunicação, do livro "Por uma Vida Melhor", de vários autores, que defende a idéia de que não existe certo ou errado na língua portuguesa, mas que a norma culta é só mais uma entre as várias maneiras de alguém se expressar. Dessa forma, erros de concordância consagrados pelo uso, por exemplo, passariam a ser admissíveis. Os que com isso não concordam estariam incorrendo em "preconceito linguístico" na visão dos autores do livro que, incrivelmente, foi adotado nas aulas de português de 500 mil estudantes do ensino fundamental sob a chancela do Ministério da Educação! Outro episódio que vem chamando a atenção são as marchas pela liberação da maconha, que estão sendo realizadas em várias capitais do país. Os manifestantes se reúnem em locais públicos apresentando sua intenção de que o consumo da maconha seja liberado de quaisquer sanções. Os argumentos vão desde a teórica baixa toxicidade da maconha até o seu propalado uso para o tratamento de algumas doenças. Numa sociedade livre e democrática, todos tem o direito de se expressar e de reivindicar seja lá o que for. As marchas pela maconha, portanto, podem e devem ser realizadas sem nenhum constrangimento aos seus participantes. Um ou mais autores de um livro podem defender a idéia de que se tenha uma postura menos rígida em relação à expressão oral e escrita. Porém, o que fica evidente, nos dois casos, é o seu conteúdo equivocado, que não pode ser admitido pela sociedade. Não há nenhum benefício prático, para quem quer que seja, em se descriminalizar o consumo de maconha. As teses em contrário são construídas a partir de uma visão pueril e falsamente libertária do que seja a cidadania. Na mesma linha, contestar a norma culta do idioma  não é combater uma educação elitista ou a ocorrência de "preconceitos linguísticos", mas, sim, fazer a apologia da ignorância que, longe de libertar os menos favorecidos da rigidez das normas da gramática, os condenará a um permanente distanciamento do saber. Por essas e por outras, o Brasil até hoje, em que pese seu potencial imenso, não se afirmou como país. Por aqui, em vez de um país desenvolvido, continuamos optando por sermos folclóricos, como nas marchas da maconha, ou, simplesmente, patéticos, como no caso do livro que ensina errado e é distribuído pelo Ministério da Educação.

Primeira rodada

Depois de uma longa espera, em que a chatice dos campeonatos estaduais era quebrada, de vez em quando, por jogos da Libertadores e da Copa do Brasil, finalmente começou o Campeonato Brasileiro, a melhor competição do calendário do futebol nacional e a única disputada pelo sistema mais justo de aferição de um campeão, o de pontos corridos. Já na primeira rodada, algumas surpresas. Várias derrotas de clubes mandantes, como foi o caso de Grêmio, Fluminense, Coritiba e Ceará. Um empate com gosto de derrota para o Inter, que não saiu do 1 x 1 com um time inteiramente reserva do Santos e, assim, continua com o tabu de jamais ter vencido na Vila Belmiro. Outra surpresa negativa foi o Cruzeiro. Considerado um dos favoritos para a conquista do título, foi derrotado pelo Figueirense, em Florianópolis. A derrota mais vexatória foi a do Atlético-PR, goleado pelo Atlético-MG, em Sete Lagoas (MG), por 3 x 0. Os resultados apenas comprovam o que já se sabia, isto é, de que há um grande nivelamento entre os participantes do campeonato. Tal fato, independentemente das limitações técnicas dos times, é garantia de uma competição parelha e emocionante até o seu final.

domingo, 22 de maio de 2011

Perspectiva amarga

Com a derrota por 2 x 1 de virada para o Corinthians no domingo à tarde, no Olímpico, o Grêmio começa a apresentar para a sua torcida um filme de terror. A perspectiva, num futuro imediato, não é promissora, muito antes pelo contrário. Há apenas duas semanas, com uma vitória por 3 x 2 no primeiro Gre-Nal da decisão do Campeonato Gaúcho, tudo parecia risonho para o Grêmio. O título de campeão gaúcho parecia certo. Porém, o título não veio, o clube começou o Campeonato Brasileiro perdendo em casa, fato que ocorreu pela primeira vez na história da competição, e Rodolfo sofreu uma fratura, tornando ainda mais carente um grupo que já não dispunha de muitas opções. Os reforços virão aos poucos, o que significa que será com o time atual que o Grêmio terá de buscar melhores resultados. O jogo de hoje escancarou as já conhecidas deficiências do time. Neuton, novamente, não jogou bem quando foi para a zaga, Adílson foi horroroso como sempre, Júnior Viçosa voltou à sua condição normal de atacante de limitados recursos. Até o badalado Fábio Rochemback esteve muito mal. O Grêmio parece caminhar para uma onda de desalento, e o fantasma do rebaixamento já começa a povoar o pensamento de alguns. Mais do que nunca, a tão propalada imortalidade se fará necessária para que o Grêmio possa viver melhores dias.

sábado, 21 de maio de 2011

A singular visão da direita

A revista "Veja" é uma eficiente porta-voz do pensamento de direita no Brasil. Sua linha editorial expressa exemplarmente os pilares do pensamento neoliberal, sua muito própria visão do mundo e da sociedade. Isso ficou, mais uma vez, comprovado na edição que acaba de chegar às bancas. Os dois escândalos que envolveram figuras públicas no Brasil e no exterior nos últimos dias, em torno do ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Antônio Palocci Filho, e do ex-diretor gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Khan, foram tratados com brandura pela publicação. Nenhuma novidade. Palocci sempre foi visto pela revista como uma figura moderna e arejada, mesmo pertencendo aos quadros do PT, partido que "Veja" detesta. Isso porque, Palocci não tem um passado de "guerrilheiro" ou "terrorista" como José Dirceu, José Genoíno e a presidente Dilma Roussef. Para a publicação, "esquerdista light" tudo bem, "radical de esquerda", nem pensar. "Veja" chega a expressar que Palocci conquistou o mundo empresarial brasileiro por ser "um raro elemento de racionalidade em Brasília". Resta saber o que a revista entende por "racionalidade". Na mesma linha, a publicação define Strauss-Khan como um dos mais lúcidos e eficientes chefes do FMI. Em outra oportunidade, "Veja" chegou a entrevistar, nas "páginas amarelas", o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, tido, então, como um exemplo de administrador austero e eficiente. O que se passou depois com o referido político é desnecessário relembrar. Assim é o mundo pela singular visão da direita. O que importa é ser "moderno", eficiente', "arejado", "racional". A ética? Ora, a ética é só um detalhe.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O inferno pessoal de Strauss-Khan

O episódio que envolveu o ex-diretor gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Khan, de 62 anos, acusado, nos Estados Unidos, de crime sexual contra uma camareira de hotel de 32 anos, chama a atenção pelo efeito devastador que gerou na vida do indiciado. Preso dentro de um avião que o levaria de volta à França, Strauss-Khan foi levado para a prisão na Ilha de Rikers (EUA), de onde saiu após pagar uma fiança de US$ 1 milhão. O executivo também renunciou ao cargo que ocupava no FMI. Como se não bastasse, o ocorrido ainda tirou de Strauss-Khan, líder nas intenções de voto, a possibilidade de se eleger presidente da França em 2012. O agora ex-dirigente do FMI ficará em prisão domiciliar até a data do julgamento, com monitoramento eletrônico e sob supervisão de um guarda armado que será pago com o seu dinheiro. Sua esposa alugou um apartamento num prédio de alto luxo para que Strauss-Khan cumprisse a prisão domiciliar, mas os demais moradores, ao tomarem conhecimento do fato, pediram a direção do condomínio
que não o aceitasse como inquilino, pois não desejam tê-lo como vizinho. Em poucos dias, um homem rico e poderoso, vê-se reduzido a um pária social, uma figura indesejável. Tudo por não controlar seus instintos. O executivo já havia se envolvido em outro episódio constrangedor, ao ser descoberto que mantinha um caso com uma subordinada no FMI, fato que acabou tendo por consequência a saída da funcionária. O poder e a fortuna alcançados por alguns indivíduos faz com que eles, muita vezes, tenham a sensação de serem onipotentes e permanentemente impunes. No caso em questão, isso não aconteceu. Independentemente do que venha a ocorrer no julgamento, Strauss-Khan é um homem marcado. Não poderá mais recuperar o antigo prestígio. Mesmo que venha a ser absolvido, como homem público já está condenado. Terá como consolo o dinheiro, mas estará afastado das esferas do poder.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Emenda pior que o soneto

A alegação, por parte do ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Antônio Palocci Filho, de que não foi o único ex-ministro a enriquecer, é o que se pode classificar de uma emenda pior do que o soneto. Palocci se referia a sua condição de ex-ministro da Fazenda que, após deixar o cargo, aumentou em 20 vezes o seu patrimônio pessoal, num período de apenas quatro anos. Como exemplo, citou nomes como os de Pedro Malan, Armínio Fraga e Henrique Meirelles, que passaram pelo Ministério da Fazenda ou presidiram o Banco Central e são homens ricos. O que Palocci esqueceu de observar é que todos os três citados já trabalhavam no mercado financeiro antes de exercerem cargos no governo e de que suas fortunas não foram construídas após deixarem tais funções, pois já eram ricos antes de assumí-las. Palocci, por sua vez, é médico por formação, e seu patrimônio só se multiplicou após sua saída do Ministério da Fazenda. Afora isso, o fato atual já é a terceira situação nebulosa que Palocci enfrenta em sua trajetória política. Antes de ser ministro do governo Lula, Palocci foi prefeito de Ribeirão Preto (SP), tendo sua administração manchada por denúncias sobre a existência de uma máfia da coleta de lixo no município. Posteriormente, já como ministro da Fazenda de Lula, envolveu-se no caso da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, episódio que resultou em sua saída do cargo. Agora, reabilitado de seu ostracismo ao voltar para a cena política no mais importante cargo do governo da presidente Dilma Roussef (PT), já se vê, novamente, numa condição de extremo desgaste público. O pior de tudo é que a sociedade ficará sem as respostas necessárias para entender tão súbito enriquecimento. Palocci afirma que todo o patrimônio que possui está devidamente declarado para a Receita Federal. A fortuna foi obtida com a prestação de serviços de consultoria por parte da empresa Projeto, de propriedade do ministro. Seria fundamental saber-se que serviços de consultoria foram esses e para quais empresas foram prestados, mas os mesmos são protegidos por uma absurda cláusula de confidencialidade, que só favorece a que se pratiquem toda a sorte de falcatruas, em detrimento do interesse público. Palocci, que exercia o cargo de deputado federal no período em que enriqueceu, de 2006 a 2010, argumentou, também, não haver proibição quanto a parlamentares exercerem atividade empresarial. Resta saber se pode ser considerado aceitável alguém sair do governo num dia e, no seguinte, começar a prestar consultoria para empresas privadas valendo-se dos conhecimentos que adquiriu sobre o funcionamento das estruturas de poder e, paralelamente, ainda exercer um cargo de representação popular, como o de deputado federal. Talvez nada disso seja ilegal, como alega Palocci, mas, convenhamos, é, absolutamente, imoral.

terça-feira, 17 de maio de 2011

O país real e as ilhas da fantasia

Para o cidadão comum, que constitui a imensa maioria da população brasileira, aquele que sacoleja em ônibus lotados para ir trabalhar, enfrenta filas para marcar consultas médicas, vê o minguado salário acabar antes do fim do mês e mora em áreas desassistidas pela segurança pública, certas notícias veiculadas pelos meios de comunicação devem parecer surrealistas. No meio político, principalmente, citam-se ganhos e gastos de altas somas como se fosse algo extremamente banal. Agora, por exemplo, o noticiário tem dado conta de que o ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Antônio Palocci Filho, num período de apenas quatro anos, entre 2006 e 2010, aumentou em 20 vezes o seu patrimônio, que passou de R$ 375 mil para cerca de R$ 7,5 milhões! A empresa de consultoria Projeto, de sua propriedade, comprou, no final de 2010, um apartamento em São Paulo por R$ 6,6 milhões. Nem é o caso de se abordar o quão suspeita é essa acumulação de riqueza em tão breve espaço de tempo. Afinal, como muto bem colocou o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, só há duas formas de enriquecer rapidamente: recebendo uma herança ou ganhando na loteria. Independentemente da origem lícita ou não de tais somas, o que é espantoso é o alcance das cifras. O noticiário político dá conta, também, de que um único jantar oferecido pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB - AP) ao ministro César Asfor Rocha, do Superior Tribunal de Justiça, para 60 convidados, custou a quantia de R$ 23,9 mil, que foi paga pelo Senado. Após a revelação da conta pela ONG Contas Abertas, Sarney ressarciu o Senado. Um único jantar a um custo equivalente ao de um carro popular! Passando-se para o noticiário esportivo, tudo segue na mesma toada. Fica-se sabendo, por exemplo, que o técnico do São Paulo, Paulo César Carpegiani, será mantido no cargo, apesar dos resultados insatisfatórios que vem obtendo. O que isso tem de mais? Acontece que Carpegiani permanecerá não porque o clube tenha apreço por seu trabalho, mas pelo fato de sua dispensa implicar no pagamento de uma multa rescisória de R$ 1 milhão, da qual o técnico já informou de que não abre mão. A política e o futebol estão de costas para o país real. São, efetivamente, ilhas da fantasia.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O terceiro turno da eleição

A revista "Veja", de linha editorial claramente neoliberal, dedica-se, há anos, a tarefa de combater tudo que entenda ser de esquerda. Suas matérias procuram incutir nos leitores o temor de uma "sovietização" do Estado brasileiro, com a abolição da democracia e da liberdade de imprensa. Os partidos e políticos de esquerda, principalmente os do PT, são retratados em suas páginas como criminosos liberticidas. Apesar de todo o empenho da publicação, Luiz Inácio Lula da Silva elegeu-se duas vezes presidente da República e fez sua sucessora no cargo, Dilma Roussef. O fato não foi bem assimilado pela revista que, parece, resolveu criar uma espécie de terceiro turno da eleição, aludindo a supostas conexões do governo petista com as organizações terroristas Al Qaeda e Farc. Nem o fato de que na prática, nos oito anos de governo de Lula, nada foi feito que comprometesse os fundamentos do Estado democrático de direito, é levado em conta por "Veja". A publicação insiste em sustentar que o governo quer silenciar a imprensa, dominar o aparelho de Estado, eternizar-se no poder. O conteúdo das matérias das últimas ediçoes, de tão delirante, se encaminha para o folclórico. Infelizmente, para os seus editores, todo esse empenho de convencimento da revista tem se revelado de efeito nulo. Lula, apesar de toda a carga desferida pela publicação contra ele, tornou-se o presidente de mais altos índices de popularidade da história do país. Sua sucessora no cargo, Dilma Roussef, vai pelo mesmo caminho. "Veja" criou uma realidade paralela, tentando estabelecer um terceiro turno de uma eleição já encerrada.  Enquanto isso, na vida real, fora das fantasias tresloucadas da revista, a oposição se mostra cada vez mais desarticulada, e o partido mais à direita do espectro político, o DEM, caminha para a extinção. A vontade do eleitor é soberana e ele não se deixa assustar por falsos fantasmas.

domingo, 15 de maio de 2011

Outras decisões

As outras decisões de campeonatos estaduais que aconteceram no fim de semana só apresentaram uma surpresa, que foi a conquista do título de campeão baiano pelo Bahia de Feira. O Vitória, que havia empatado o primeiro jogo fora de casa, jogava por um empate no Barradão para conquistar o pentacampeonato. Saiu na frente no placar, mas permitiu a virada e perdeu o título. Com isso, o veteraníssimo técnico Antônio Lopes, que foi mantido no cargo pelo Vitória mesmo após o rebaixamento no Campeonato Brasileiro em 2010, deveria pensar, seriamente, em se aposentar. O Atlético Mineiro não soube fazer valer o seu favoritismo, após a vitória no primeiro jogo, e perdeu o titulo do Campeonato Mineiro para o Cruzeiro, um resultado normal, pois a "Raposa" tem um time bem melhor do que o do "Galo". O Santos apenas confirmou o que todos já esperavam e conquistou o bicampeonato paulista, ganhando do Corinthians por 2 x 1. O Santa Cruz, mesmo perdendo por 1 x 0 para o Sport, foi campeão pernambucano, o que não ocorria desde 2006 e, dessa forma, impediu o adversário de obter o hexacampeonato estadual, feito que continua exclusivo do Náutico. A destacar, o público excepcional no estádio do Arruda: 62 mil pessoas! O resultado mais insólito foi o do Campeonato Catarinense. O clube campeão, o Chapecoense, foi rebaixado no ano passado e deveria ter disputado a segunda divisão em 2011. Isso só não aconteceu porque o Hermann Aichinger desistiu de participar do campeonato da primeira divisão e o Chapecoense entrou no seu lugar. No Campeonato Goiano, o Atlético Goianiense confirmou o seu favoritismo e foi campeão com dois empates de 1 x 1 com o Goiás. No geral, afora o título do Bahia de Feira e a curiosa conquista do Chapecoense, os campeonatos estaduais tiveram, em 2011, resultados normais.

Grêmio comprovou que não queria ser campeão

Há duas semanas, depois do Gre-Nal que decidiu o segundo turno do Campeonato Gaúcho em favor do Inter, escrevi um comentário em que afirmava que o Grêmio não queria ser campeão. O que aconteceu hoje, no estádio Olímpico, apenas confirmou aquela assertiva. O Grêmio perdeu o Gauchão mais fácil da sua história. Foi o vencedor do primeiro turno e, se ganhasse também o segundo turno, seria, automaticamente, o campeão gaúcho. Teve todas as chances para obter essa conquista, mas desperdiçou-as uma a uma. Nos seus três últimos jogos contra clubes do interior fora de casa, bastava ganhar um que levaria a decisão do segundo turno para o Olímpico. Incrivelmente, perdeu para o Juventude de virada, tendo um jogador a mais em campo, e apenas empatou com Ypíranga de Erechim e Santa Cruz, e teve de decidir fora de casa, contra o Inter. Ainda assim, conseguiu empatar, só perdendo na cobrança de tiros livres da marca do pênalti. Fez a primeira partida da decisão, novamente, no Beira-Rio, e venceu por 3 x 2,  resultado que lhe permitia, no segundo jogo, no Olímpico, até mesmo perder por 1 x 0 ou 2 x 1 e, mesmo assim, ser campeão. Saiu ganhando por 1 x 0 e permitiu a virada para 3 x 2 que levou a decisão, mais uma vez, para os tiros livres da marca do pênalti, onde acabou derrotado. O futebol, como a vida, é feito de detalhes. O Grêmio cometeu vários erros que acabaram sendo fatais no Gauchão. Hoje, o maior deles foi a escalação de Víctor. Marcelo Grohe teve grandes atuações nos dois clássicos anteriores e estava em ritmo de jogo, enquanto Víctor ficou 22 dias sem jogar. Ainda que Víctor seja titular, sua volta deveria se dar na estréia do Campeonato Brasileiro, e não numa decisão. No jogo, comprovando que não vai bem em Gre-Nal, ao contrário de Marcelo Grohe que, aos 19 anos, foi campeão gaúcho contra o Inter, dentro do Beira-Rio, Victor não fez nenhuma grande defesa, falhou no gol de Andrezinho, e cometeu um pênalti absolutamente desnecessário sobre Zé Roberto. Outro erro do técnico do Grêmio, Renato, foi escalar William Magrão e Adílson para a cobrança de tiros livres da marca do pênalti. William Magrão é, claramente, um jogador inseguro, de personalidade frágil, que não está apto a enfrentar o peso psicológico de situações como essa. Adílson também é instável psicologicamente, além de, principalmente, ser, tecnicamente, muito mau jogador. Se Borges, que parecia banido do clube, ficou no banco, entrou no jogo, e até fez o gol que levou a partida para os tiros livres da marca do pênalti, porque não foi relacionado para as cobranças? O Inter, por sua vez, começou o jogo muito mal, com uma esdrúxula escalação de três zagueiros e Kléber indo jogar no meio de campo. Saiu perdendo o jogo e levava um "chocolate" do Grêmio, até seu técnico, Falcão, retirar um dos zagueiros, Juan, e colocar Zé Roberto no meio, baixando Kléber para a sua posição de origem, a lateral esquerda. Zé Roberto mudou a face do jogo e, três minutos depois da sua entrada, o Inter já obtinha o gol de empate. Daí até o final da partida, Renato nada soube fazer para neutralizar Zé Roberto, que acabou sendo uma figura decisiva para o Inter. Oscar, que entrou no lugar de Andrezinho, que se lesionou, também teve boa atuação. Andrezinho, aliás, comprovou o acerto de Falcão em fixá-lo como titular, o que não aconteceu com nenhum outro técnico desde que o jogador chegou no Inter. Excelente cobrador de faltas e que, também, chuta muito bem de fora da área, Andrezinho é muito útil, como mostrou, hoje, mais uma vez. Porém, apesar de todos os acertos do Inter na partida, entendo que o resultado do campeonato se deveu muito mais aos erros e vacilações do Grêmio. Pode-se dizer, ainda que desagrade muitas pessoas, que foi o Grêmio que perdeu, não o Inter que ganhou.

sábado, 14 de maio de 2011

Decisões

Os campeonatos estaduais estão chegando ao seu final. Já não era sem tempo. São competições de baixo nível técnico e, portanto, pouco atrativas para o público, que não comparece em grande número aos seus jogos. Porém, após uma série de partidas desinteressantes contra adversários de pouca expressão, chega a decisão. Nessa hora, tudo muda de figura, pois há uma taça em jogo contra, geralmente, um tradicional rival. Será assim, no domingo, nas decisões dos campeonatos gaúcho, paulista e mineiro. Grêmio x Inter, Santos x Corinthians e Cruzeiro x Atlético Mineiro são jogos de grande rivalidade, que lotarão, por certo, o Olímpico, a Vila Belmiro e a Arena do Jacaré, em clima de grande tensão. Grêmio e Atlético Mineiro, por terem ganho a primeira partida, e o Santos, por decidir em casa, aparecem como os favoritos para obter os títulos de seus estados. Porém, nada está ganho ainda, pois em disputas entre grandes clubes, tudo pode acontecer. Os resultados de domingo certamente irão influir no ânimo de vencedores e de derrotados para  enfrentar o Campeonato Brasileiro, que começará uma semana depois. Aliás, a proximidade do início do Brasileirão é a boa notícia da vez. Finalmente, teremos jogos de melhor qualidade e no mais justo sistema de disputa, o de pontos corridos, com todos jogando contra todos, em turno e returno. Saímos das competições de formulismos e passamos para um campeonato de verdade. Depois de quase um semestre de campeonatos estaduais, é uma perspectiva alentadora.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Os grandes continuam a se dar mal

Continua o calvário dos grandes clubes brasileiros. Agora foi o São Paulo que, ao perder por 3 x 1 na quinta-feira para o Avaí, foi eliminado da Copa do Brasil, competição em que era considerado, por muitos, o maior favorito. Na verdade, quem se dispusesse a olhar o confronto mais detidamente veria que não houve nenhuma grande surpresa. O sistema de mata-mata iguala os disputantes, pois tudo se resolve em um enfrentamento direto em dois jogos, sem que haja influência de rodadas anteriores. Como o São Paulo ganhou por apenas 1 x 0 o primeiro jogo, realizado no Morumbi, era de se prever que tivesse muitas dificuldades na segunda partida, realizada no estádio da Ressacada. O São Paulo até saiu na frente, mas tomou a virada ao natural. Em partidas de mata-mata, mais uma vez ficou provado, tradição não ganha jogo. Dessa forma, só restou, entre os semifinalistas da Copa do Brasil, um único clube grande, o Vasco, que também se classiificou na quinta-feira, com o empate em 1 x 1 com o Atlético Paranaense, no estádio de São Januário. No entanto, não se deve considerar o Vasco favorito para ganhar o título da competição. Sua classiificação para as semiifinais foi obtida com dois empates e, no segundo e decisivo jogo, não apresentou um bom futebol, tendo, inclusive, saído atrás no placar. Como já foi dito, no sistema de mata-mata todos se equivalem. Sendo assim, é bastante provável que o campeão da Copa do Brasil, a exemplo do que já aconteceu com Criciúma, Juventude, Santo André e Paulista de Jundiaí, seja um clube de menor expressão do futebol brasileiro.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

A estação do metrô

Desde que Pedro Álvares Cabral chegou por aqui, o Brasil sempre se mostrou um país marcado pela desigualdade. No nosso amado solo pátrio, a sociedade sempre se viu dividida entre os muitos que quase nada tem e os poucos que quase tudo possuem. Assim, ao longo da história do país, vicejou a idéia do "quem pode mais chora menos". Trata-se de algo tão arraigado no jeito de ser do Brasil que, apesar de todas as transformações sociais ditadas pela passagem do tempo, permanece imutável. Mesmo nos maiores centros, onde, teoricamente, a sociedade deveria ter uma mentalidade mais arejada, a lei do mais forte segue prevalecendo. Um exemplo disso é o que está ocorrendo em São Paulo, a maior cidade do Brasil. Uma estação do metrô prevista para o bairro de Higienópolis, reduto de pessoas de bom poder aquisitivo, não deverá mais ser construída, por pressão de moradores do local. Alegam os moradores de Higienópolis que uma estação do metrô no bairro traria consigo uma série de inconvenientes como, por exemplo, o aumento no fluxo de pessoas que circulariam pelo local, quebrando sua tranquilidade, e o aparecimento, considerado indesejável, de vendedores ambulantes. Anteriormente, moradores do Pacaembu, outro bairro de pessoas bem aquinhoadas de São Paulo, também manifestaram contrariedade com a idéia da construção, ali, de uma estação do metrô. O que ocorre em São Paulo não é um fato isolado. Em Porto Alegre, num passado recente, aconteceram situações semelhantes. Na década de 90, quando decidiu-se que a cidade deveria ter um local permanente para os desfiles do Carnaval, onde seria construído um sambódromo, a primeira área sugerida foi junto ao Parque Marinha do Brasil, no bairro Menino Deus. A chiadeira foi enorme. Os moradores do bairro alegaram uma série de inconveniências para impedir a construção do sambódromo, entre elas, a presença, nas proximidades, de uma clínica geriátrica. O curioso é que a referida clínica fica próxima, também, ao estádio Beira-Rio e ao ginásio Gigantinho que, com seus jogos e shows, quebram constantemente a tranquilidade dos velhinhos, enquanto o Carnaval, como se sabe, dura apenas quatro dias a cada ano. Na verdade, o que movia a contrariedade com a construção de um sambódromo no local era, simplesmente o preconceito contra os pobres e os negros, sabidamente majoritários entre os apreciadores dos desfiles carnavalescos. A pressão foi tão forte que, mesmo que o prefeito de Porto Alegre, na ocasião, fosse um homem de esquerda, o atual governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, a idéia foi deixada de lado e o sambódromo, para satisfação plena dos que querem distância das camadas populares, foi construído no Porto Seco, uma área afastada do centro da cidade, longe das zonas tradicionais do Carnaval e do samba e, principalmente, de difícil acesso. A argumentação de que a construção erguida no Porto Seco seria não apenas para os desfiles carnavalescos, mas sim, uma pista de eventos, onde ocorreriam outras apresentações, era puro engodo. Acontecimentos como os desfiles do Sete de Setembro e da Revolução Farroupilha continuaram a ser realizados na área central da cidade, já que os mesmos não ferem a sensibilidade dos bem nascidos. Tempos mais tarde, já nos anos 2000, o traçado do chamado Conduto Forçado Álvaro Chaves-Goethe, obra subterrânea que visava combater o crônico problema dos alagamentos em determinadas regiões de Porto Alegre, teve de ser parcialmente alterado porque moradores de uma rua do Moinhos de Vento, bairro de classe alta da cidade, não aceitaram que árvores ali existentes fossem removidas. Este é o país em que vivemos. Enquanto milhões de pessoas são ignoradas em seus direitos mais básicos sem que seus protestos sejam ouvidos, os mais bem postos na escala social fazem de tudo para manter seus privilégios e, em geral, tem seus pedidos acolhidos pelos que exercem o poder. O Brasil vem evoluindo em muitos setores, mas continua tendo uma sociedade elitista e autoritária. Enquanto isso não mudar, a idéia de um país próspero e desenvolvido continuará sendo, apenas, uma intenção.

terça-feira, 10 de maio de 2011

A saída de Aod Cunha

No início do ano, o economista Aod Cunha, ex-secretário da Fazenda do Rio Grande do Sul no governo Yeda Crusius, assumiu como executivo remunerado do Inter. O fato foi efusivamente saudado por setores da imprensa esportiva que viam na contratação de Aod, economista de sólida formação e brilhante currículo, o caminho para que o Inter se consolidasse como um clube moderno, altamente profissionalizado, de grande eficiência gerencial. Seria o tão sonhado, para alguns, caminho para o fim do amadorismo e da improvisação administrativa dos grandes clubes. Previa-se um longo e árduo trabalho para Aod Cunha que culminaria, no entanto, num Inter administrado com a eficiência das grandes empresas. Tudo muito bonito, sem dúvida. No papel. Menos de seis meses depois de assumir o cargo, Aod Cunha deixou o Inter. Os mesmos que vibraram com sua contratação, por certo, lamentarão profundamente sua saída, e dirão que ela é a expressão de uma estrutura administrativa amadora e desorganizada, que resiste a evoluir e adotar padrões de eficiência empresarial. Na verdade, a saída de Aod em nada deslustra o Inter, afinal foi o clube que teve a idéia de contratá-lo, exatamente por entender que, com seu trabalho, poderia atingir um novo patamar administrativo. Se, num período tão curto, já optou-se por interromper o projeto, é muito provável que o responsável maior por tal desfecho seja o próprio Aod Cunha. Não é difícil imaginar que o economista, do alto do prestígio profissional de que desfruta e de sua excelente formação acadêmica, não deve ter aceitado qualquer reparo ou resistência de setores do clube às suas idéias e proposições. Dessa forma, em pouco tempo, sentiu-se desestimulado a prosseguir seu trabalho. Aí é que reside o equívoco de Aod e dos defensores entusiasmados de sua contratação. Conhecimentos acadêmicos, por mais sólidos e qualificados que sejam, precisam ser adaptados à realidade prática, ou constituirão mero acúmulo de informações sem aplicabilidade. Não passa de deslumbramento simplório imaginar que o futebol só possa avançar na sua estrutura administrativa com a entrada em cena de profissionais com o perfil de Aod. Foram os tão criticados dirigentes passionais e amadores que construíram a grandeza do futebol gaúcho e brasileiro. Grêmio e Inter não precisaram de nenhum brilhante economista remunerado para conquistarem, conjuntamente, cinco Campeonatos Brasileiros, cinco Copas do Brasil, quatro Taças Libertadores da América, duas Recopas Sul-Americanas e dois Campeonatos Mundiais. Aod Cunha pode ser muito bom no seu ramo de atividade, mas também não esqueçamos que um dos pretensos méritos da área econômica do governo Yeda Crusius, no qual atuou, o chamado "déficit zero", não passou de mera ficção. Ao contrário dos tantos que lamentam o fato, entendo que a sáida de Aod Cunha não trará nenhum prejuízo ao Inter. Como todo economista com o seu perfil, Aod tem muitas idéias que são brilhantes quando expostas num quadro negro ou em um tratado acadêmico, mas de pouca ou nenhuma aplicação fora da sala de aula. O Inter não perde nada com a saída de Aod e, de quebra, ainda deixa de arcar com o pagamento de um salário que, certamente, era bem polpudo.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

As razões da crise

Fala-se muito, nos últimos dias, da existência de uma grave crise técnica no futebol brasileiro. Por certo, há algum exagero nessa apreciação, motivada que foi pela eliminação de quatro brasileiros da Taça Libertadores da América numa mesma noite e por maus resultados de grandes clubes na Copa do Brasil.. Porém, se formos analisar com mais atenção veremos que existe uma caracterísitica comum presente em quase todos os grandes clubes que fracassaram na semana passada. Esse fator em comum é a aposta nos chamados "medalhões", jogadores que, em geral  já não brilham tão intensamente quanto no passado, mas, por força da fama adquirida, são contratados como soluções e, alguns, ganhando salários bastante altos. Por vezes a contratação é simplesmente o retorno a um clube de um velho ídolo de conquistas passadas. Ocorre que, no futebol, o tempo passa muito depressa e, assim, o ídolo de meia dúzia de anos atrás pode ser, hoje, apenas um espectro do que foi em seus melhores dias. O Flamengo talvez seja o exemplo mais eloquente. Repatriou Ronaldinho por uma fortuna, mas o jogador, tal e qual já vinha fazendo há pelo menos cinco anos, mostra-se mais interessado na sua movimentada vida fora do campo. No gramado, seu futebol continua pífio, e a torcida, já sem o encantamento demonstrado quando de sua chegada, começa a vaiá-lo. No Fluminense, veteranos como Deco e Souza, apesar dos polpudos salários, praticamente não jogam, seja por constantes lesões ou por baixo rendimento. O Palmeiras achou que resolveria sua crônica falta de qualidade simplesmente trazendo de volta seu último grande ídolo, Valdívia, que não é veterano, mas, extremamente genioso, logo entrou em rota de colisão com o não menos temperamental técnico do clube, Luiz Felipe. O Cruzeiro também apelou para jogadores rodados como Gilberto e Roger. Este último, no jogo que decidia a classificação do clube para as quartas de final da Libertadores, foi expulso, fato que contribuiu para a eliminação do Cruzeiro. No Inter, a insistência com jogadores das campanhas vitoriosas de 2006 também cobrou seu preço. Índio, ao que parece, já foi barrado, mas Bolívar e Tinga continuam a ser prestigiados, ainda que mostrem estar se encaminhando aceleradamente para a aposentadoria. Por sinal, outros jogadores do Inter de 2006 estão indo pelo mesmo caminho. Fernandão deverá rescindir seu contrato com o São Paulo e Fabiano Eller, que chegou a retornar para o Inter e teve péssimo desempenho, está sem clube. O Grêmio talvez seja o único que não se encaixe exatamente nesse perfil. Sua desclassificação da Libertadores se deveu muito mais ao acúmulo incrível de lesões que mutilou seu grupo de jogadores. Ainda assim, já no primeiro jogo após a desclassificação, obteve uma vitória expressiva apostando num ataque de jovens. Não é coincidência. O Santos, único brasileiro que restou na Libertadores assenta a força do seu time em jovens revelações, não em veteranos renomados. O fato é que, quer por já estarem milionários e desinteressados, quer por já não ostentarem uma boa condição física, ou ainda por que sejam "marrentos", os velhos ídolos repatriados ou recontratados não dão um bom retorno. Os jovens é que seguram a barra. É assim no São Paulo, onde Fernandão e Rivaldo fracassaram e brilham Lucas e Casemiro.  No Grêmio,dos emergentes Leandro e Júnior Viçosa. No Santos, dos já celebres Paulo Henrique Ganso e Neymar. No Inter de Leandro Damião e Oscar. No Flamengo do ainda jovem, embora experiente, Tiago Neves. Jogadores vitoriosos de glórias passadas proporcionam agradáveis recordações, mas não resolvem no presente, nem garantem o futuro.

domingo, 8 de maio de 2011

O título está quase ganho

Depois de assistir ao Gre-Nal de hoje à tarde, no Beira-Rio, a conclusão a que se pode chegar é que o Grêmio já está com o título de campeão gaúcho praticamente ganho. O Grêmio derrotou o Inter no estádio do adversário, marcou três gols fora de casa numa decisão que tem saldo qualificado e mostrou uma condição anímica superior. Mesmo que se saiba que o Inter tem tradição, que se trata de um clássico e que, em futebol, não se ganha de véspera, a possibilidade de uma reversão é bem pequena. O Grêmio jogou duas vezes seguidas contra o Inter fora de casa. Em ambas as partidas, saiu perdendo. Empatou a primeira e venceu a segunda, tendo contra si um estádio ocupado por uma maioria de torcedores do adversário. Agora, no Olímpico, com maioria de torcedores e ampla vantagem no regulamento, é muito improvável que deixe de conquistar o título. A defesa do Grêmio, novamente, cometeu erros, principalmente no segundo gol que sofreu, porém a do Inter falhou ainda mais. O técnico do Grêmio, Renato, dessa vez, foi muito bem na escalação do time. Barrou Rafael Marques, que vinha de más atuações, promoveu a entrada de Escudero no meio, ao lado de Douglas, e montou um ataque jovem e veloz, com Leandro e Júnior Viçosa. Pelo volume de jogo apresentado no segundo tempo, o Grêmio poderia ter vencido, até, por um placar mais amplo. Ainda assim, vai para o próximo Gre-Nal com grande vantagem, pois qualquer empate lhe serve e até com derrotas por 1 x 0 ou 2 x 1 conquistará o título do Campeonato Gaúcho.  No caso de sofrer uma derrota pelo mesmo placar de hoje, a decisão do campeonato iria para os tiros livres da marca do pênalti. O Inter terá de ganhar o jogo por dois gols de diferença ou por um gol a partir de 4 x 3, para obter o título. Como se vê, uma tarefa que, embora não seja impossível de ser cumprida, é muito difícil. Os problemas do Inter parecem muito grandes para serem superados com apenas uma semana de treinos. Vários jogadores dão indícios de estarem encaminhando um final de carreira, ou pelo menos de sua passagem pelo clube. Os resquícios da base vitoriosa de 2006 parecem estar, definitivamente, se apagando. O Inter teve duas partidas seguidas em casa contra o Grêmio para demonstrar sua propalada superioridade, jogando praticamente completo contra um adversário desfalcado. Não conseguiu. Agora é o Grêmio quem está com a faca e o queijo na mão, ou como dizem os gaúchos, com o cavalo passando encilhado. Nada indica que irá perder essa chance. O Gauchão ainda não acabou, mas já surge no horizonte o seu campeão.

sábado, 7 de maio de 2011

A direita sem discurso

Os meios de comunicação tem batido na tecla de que a oposição está em crise no Brasil. Não consegue formular uma linha de conduta, está dividida e desorientada. O que se passa com o DEM, partido que é um dos sucedâneos da antiga Arena, é exemplar. Pelo andar da carruagem, o partido caminha para a extinção. Tal crise, porém, é explicável. As forças de direita, no Brasil, ficaram sem discurso. Todos os fantasmas com que tentaram atemorizar os eleitores para que não votassem em Lula para presidente da República não fizeram efeito. Lula foi eleito, mais tarde reeleito, e fez a sua sucessora, Dilma Roussef. A hipótese de que o ex-presidente modificaria a legislação para obter um terceiro mandato foi aventada pela imprensa, mas Lula a rechaçou de pronto, mostrando respeito às normas legais, ainda que se saiba que, se o desejasse, a aprovação da alteração seria líquida e certa. A grande imprensa tentou relacionar os êxitos obtidos no governo Lula ao fato de terem sido mantidos, em sua administração, os fundamentos econômicos implantados por seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. Sim, é verdade que Lula não subverteu o ordenamento econômico até então existente, mas seu governo avançou muito mais na direção da expansão dos empregos e da diminuição das desigualdades. Fala-se em educação de baixa qualidade e falta de mão-de-obra qualificada para preencher vagas nas empresas. Ora, o que não se diz é que houve uma notável expansão no número de empregos gerados, depois de anos de estagnação do mercado, sendo natural que faltem, num primeiro momento, pessoas que possam preencher todas as vagas. Longe de ser um problema grave, é um sinal inequívoco, de um país em estágio de crescimento econômico, com redução de desigualdades e maciça inserção no mercado de segmentos antes excluídos do consumo. Não é à toa que Lula deixou o governo com o mais alto índice de popularidade de um presidente brasileiro em todos os tempos. O eleitor não vota movido por preconceitos ideológicos, pensa no seu bolso e no seu estômago. Dessa forma, foi capaz de eleger para presidente um ex-operário e, agora, a primeira mulher a ocupar o cargo, por sinal uma ex-ativista de esquerda. As primeiras medições de popularidade de Dilma Roussef mostram que a maioria do eleitorado continua satisfeita. O governo anterior, e o atual, possuem muitos defeitos, alguns bastante graves. Não se trata, aqui, de fazer um texto laudatório a quem está no poder. Trata-se, apenas, de reconhecer os grandes avanços sociais e econômicos alcançados a partir do governo Lula. Em resumo, a direita ficou sem discurso porque o Brasil está dando certo.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Estupidez

Por mais que sejamos bombardeados diariamente por toda a sorte de informações e já se tenha vivido muito, certas notícias ainda tem a capacidade de nos gerar estupefação. Foi o que ocorreu comigo ao saber da história que envolve a menina americana Bree Evans, de apenas 7 anos, e sua mãe, Sheron Evans, de 33 anos, que vivem em San Diego, na Califórnia. Com o objetivo de transformar a filha numa estrela tão famosa quanto Willow Smith, filha do ator Will Smith, Sharon faz aplicações de toxina botulínica no rosto de Bree a cada dois meses, e preenchimento labial a cada três meses. A menina já fez, também, maquiagem definitiva nas sobrancelhas com técnicas de tatuagem. A própria Sharon é quem realiza os procedimentos pois, é óbvio, todos os médicos que procurou se negaram a fazê-los. Sharon diz que Bree chora de dor, mas, depois, fica feliz com o resultado. Dificilmente devo ter me deparado, ao longo da minha vida, com tamanha demonstração de estupidez e estultice. O excessivo culto às celebridades, marca do tempo atual, acabou por gerar tamanha deformação de conceitos que chegamos a um caso estarrecedor como esse. Sharon justifica sua atitude dizendo que "ela é minha menina e tenho que garantir que seja uma estrela". Acrescenta, ainda que "eu sou a mãe dela, a empresária dela, a motivadora dela, a amiga dela". Empresária e motivadora pode até ser, mas mãe e amiga Sharon não é. Como pode uma mãe submeter uma filha de apenas sete anos a intervenções dolorosas e, principalmente, desnecessárias para a sua idade, em nome da busca do estrelato? A sociedade atual e seus apelos estão levando algumas pessoas a um processo de idiotização, a perderem a noção do que seja razoável. Ao tomar conhecimento de fatos como esse, recordo-me da letra de uma antiga música que dizia "pare o mundo que eu quero descer". Pois é, às vezes, dá mesmo vontade de fazer isso, se possível fosse.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Enfrentando tabus

Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal considerou, nessa quinta-feira, a união estável entre casais do mesmo sexo como entidade familiar. A decisão chega, até, com atraso. A atuação de grupos religiosos e forças sociais conservadoras vinham conseguindo retardar o reconhecimento legal das chamadas uniões homoafetivas. Os casais formados por pessoas do mesmo sexo constituem uma realidade cada vez mais presente na sociedade. A partir da decisão do STF, cria-se um precedente a ser seguido pelas instituições de administração pública. Herança, pensão alimentícia e previdenciária passam a ser assegurados para os casais homoafetivos. O relator da matéria, ministro Ayres Britto, ao defender a união de pessoas homossexuais como entidade familiar, disse que o sexo não pode ser usado como motivo para tornar pessoas desiguais perante o Estado. Ayres Britto acrescentou que, com a decisão, ganham os homoafetivos e ninguém perde. Tem razão o ministro. Só mesmo a visão turvada pelo preconceito ou pelo fanatismo religioso pode levar alguém  a ser contra tal medida. A decisão, inclusive, não institui o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Entendem os ministros que o casamento civil se restringe aos casais formados por um homem e uma mulher. Assim, não há motivos para alguém se opor a uma decisão que, reitere-se, foi tomada por unanimidade. Ainda que de forma mais lenta do que seria desejável, o Brasil vai avançando nas questões de cidadania. A decisão do STF foi mais um passo nessa direção.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

O fiasco brasileiro na Libertadores

Não há outra palavra para definir o que aconteceu com os clubes brasileiros, na quarta-feira, pelas oitavas de final da Taça Libertadores da América. Foi, mesmo, um fiasco. Se da primeira para a segunda fase todos os clubes brasileiros passaram, dessa vez só o Santos classificou-se para as quartas de final! O Cruzeiro, clube de melhor campanha na primeira fase, e o Inter, sempre cotadíssimo por sua suposta grande qualidade, foram os responsáveis pelos maiores fracassos, pois obtiveram bons resultados fora de casa e foram eliminados diante de suas torcidas. Se, no entanto, fizermos uma análise de cada um dos brasileiros que saíram da Libertadores, veremos que nada é tão absurdo assim. Comecemos pelo Cruzeiro, o permanente quase campeão. Nas últimas edições da Libertadores, o Cruzeiro sempre fez belas campanhas, passando a ser apontado como um dos favoritos, e acabou soçobrando na competição. Falta-lhe, na hora decisiva, o ímpeto dos vencedores. Além disso, em que pese sua excelente campanha na primeira fase, seu grupo de jogadores está longe de ser brilhante. Conta, entre outros, com Leandro Guerreiro, aquele mesmo limitadíssimo ex-jogador de Inter e Botafogo, e com o paraguaio Ortigoza, que não deu certo no Palmeiras. Passemos ao Fluminense. O clube fracassou no campeonato estadual, conseguiu uma classificação quase milagrosa para as oitavas de final da Libertadores, e vem sendo treinado por um  técnico interino que apenas guarda lugar para Abel Braga, que chegará em junho. Chegamos, então, na dupla Gre-Nal. O Inter, mais uma vez, foi tido por muitos como um dos favoritos para o título da Libertadores por, presumivelemte, possuir um grande time e um bom grupo. O futebol apresentado em campo jamais confirmou tal condição e, dessa vez, a sorte que permitiu a classificação diante do Estudiantes em 2010, quando estava sendo eliminado e marcou um gol aos 43 minutos do segundo tempo, não se fez presente. O Grêmio teve a eliminação mais previsível. Perdeu a primeira partida, tinha de reverter na casa do adversário, e jogou com um time absolutamente desmontado pelas lesões. Ainda assim, há que se fazer dois reparos. O primeiro é que, para quem precisava ganhar, o Grêmio adotou uma postura muito defensiva, com três volantes e, a exemplo do que ocorrera no Gre-Nal, Leandro ficou no banco,  hoje entrando somente no segundo tempo, o que é incompreensível. O segundo é que o Once Caldas, tal e qual o Grêmio, perdeu o primeiro jogo em casa, contra o Cruzeiro, por 2 x 1, e, ainda assim, foi capaz de reverter a desvantagem, ganhando a segunda partida, fora de casa, por 2 x 0. Por fim, cabe dizer que, também em relação ao único clube brasileiro que restou na Libertadores, o Santos, não há nenhuma surpresa. Afinal, possui os dois melhores jogadores em atividade no Brasil, Paulo Henrique Ganso e Neymar. Como já ficou provado tantas vezes, o que faz a diferença, no futebol, é o talento.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Um quadro cada vez pior

A política, no Brasil, parece ter caído num poço sem fundo. Não há limites para o afundamento moral e o descrédito do meio político brasileiro. Se alguém pensa já ter visto tudo, os jornais, a cada dia, nos abastecem com fatos ainda piores. Na Câmara dos Deputados, temos um analfabeto funcional na Comissão de Educação e parlamentares envolvidos em processos judiciais integrando a Comissão de Ética! O prefeito de São Paulo funda um novo partido e diz que o mesmo não é de esquerda, de centro, nem de direita. Delúbio Soares, um dos responsáveis pelo mensalão, é reintegrado aos quadros do PT. O denunciador do esquema de corrupção na administração passada do governo do Distrito Federal, Durval Barbosa, é, agora, suspeito de pedofilia com os próprios filhos! Um senador arranca o gravador de um repórter e justifica-se dizendo ser alvo de um "bullying" por parte da imprensa. Muitos outros exemplos poderiam ser arrolados, compondo um panorama cada vez mais aterrador. A impressão que se tem é que não resta, no meio político, mais nenhum resquício de ética. Nesse ramo de atividade adotou-se, definitivamente, a idéia de que os fins justificam os meios. A desfaçatez com que os políticos praticam os atos mais baixos deriva da certeza da impunidade e da passividade da opinião pública. Lutou-se muito pela democracia e ela foi restituída. Infelizmente, a volta da democracia não se fez acompanhar por uma prática política mais digna e menos corrupta. Esse é um ideal que ainda está muito longe de ser alcançado.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Regozijo com a morte

Nada pode ser mais incompatível com a condição humana civilizada do que o regozijo com a morte de quem quer que seja. A vida é o bem maior que cada um de nós possui. Dessa forma, assassinar alguém, seja em nome do que for, é um ato torpe e ignóbil. Regozijar-se de tê-lo feito é simplesmente, abjeto e repugnante. Nem mesmo a morte de um assassino em série, terrorista, ou qualquer tipo de criminoso de alta periculosidade, encontra justificativa moral. Ao dar cabo da vida de um criminoso, estamos partilhando de sua conduta e, portanto, nos igualando a ele em sua bestialidade. Por isso, não posso concordar com os que festejaram ruidosamente a morte de Osama Bin Laden. Sim, sabemos todos do que aconteceu no atentado às Torres Gêmeas e ao Pentágono, das muitas mortes que ocorreram. Claro, ficamos todos sensibilizados com a dor dos que perderam pessoas queridas naquele episódio. Porém, dor alguma, por mais intensa que seja, justifica a sede pelo sangue alheio. Os que procedem assim não desejam justiça, querem vingança, um sentimento rasteiro. Muitas vidas se perderam no atentado de setembro de 2001, é verdade, mas genocídios, chacinas e atrocidades ocorrem todos os dias, nos mais diferentes lugares do mundo, sem causar a mesma comoção. Será que a vida dos africanos que morrem de fome e doenças aos milhões, dos israelenses e palestinos que destroem-se uns aos outros com seus atentados e explosões, dos civis mortos em meio às diversas guerras espalhadas pelo mundo, valem menos que as das vítimas do 11 de setembro? Diante de tais casos, as pessoas reagem com indiferença, como se fosse algo natural. Já um atentado em Nova York, capital cultural do mundo, leva todos à estupefação e à revolta. Como alguém que tem a pretensão de ser civilizado, entendo que Osama Bin Laden deveria ter sido capturado e julgado por um tribunal penal internacional. Ao eliminá-lo, seus executores se igualaram a ele no mesmo grau de desumanidade e crueldade. Os que comemoraram tal ato renunciaram a condição de seres humanos evoluídos e regrediram à barbárie.

domingo, 1 de maio de 2011

O Grêmio não quer ser campeão

O título desse comentário pode parecer exagerado para alguns, mas é a única conclusão a que se pode chegar depois do que se viu no Gre-Nal de hoje à tarde. A começar pela escalação do time. Renato, um técnico reconhecidamente ousado e ofensivista, escalou o Grêmio com três zagueiros e três volantes! Para isso, retirou do time a sua mais recente revelação, o atacante Leandro. Com Borges isolado no ataque, é óbvio, o time ficou sem nenhum poder ofensivo, limitando-se a assistir o Inter jogar durante todo o primeiro tempo. Pouco depois da metade do segundo tempo, com a justa expulsão de Guiñazu, e a entrada de Wilson Matias puxando o Inter para trás, o Grêmio teve o jogo na mão. Obteve o empate e, quando faltava apenas um minuto para o fim do tempo regulamentar, conseguiu uma falta na meia-lua da grande área que, se redundasse em gol, lhe daria o título do Campeonato Gaúcho. O incrível é que, tendo dois exímios batedores no time, Douglas e Fábio Rockemback, quem cobrou a falta foi Fernando, um jogador reserva, que entrou durante a partida, é inexperiente e, mais uma vez, não atuou bem. Os erros nos tiros livres da marca do pênalti, nas duas primeiras cobranças, por parte de Borges e Fernando, apenas escancaram os equívocos do Grêmio. Borges, em péssima fase, e Fernando, jovem e pouco experiente, não deveriam ter sido relacionados para as cobranças. O Grêmio teve três chances seguidas de levar o Gre-Nal de hoje para o Olímpico e desperdiçou todas, ao perder para o Juventude e empatar com Santa Cruz e Ypiranga de Erechim. No jogo de hoje, mesmo depois de uma escalação estapafúrdia, teve o jogo nas mãos e não soube ganhá-lo. Após, nos tiros livres da marca do pênalti, errou as duas primeiras cobranças de forma rídicula. Como se pode ver, é muita vontade de não ganhar um título. Cabe dizer, no entanto, que afora os seus próprios erros, o Grêmio sofreu um prejuízo grave da arbitragem, pois no gol do Inter, Leandro Damião fez falta em Rodolfo. Com a sucessão de erros que tem cometido, dentro e fora do campo, agravado por arbitragens ruins como a de Nestor Pitana contra a Universidad Católica do Chile, e Márcio Chagas da Silva no Gre-Nal, somadas ás infindáveis lesões, o futuro imediato do Grêmio não parece nada animador.