segunda-feira, 23 de maio de 2016

Governo natimorto

O governo do presidente interino Michel Temer, na prática, terminou sem ter, efetivamente, começado. A revelação dos áudios comprometedores do ministro do Planejamento, Romero Juca, torna inviável a continuidade do governo fora de uma condição meramente formal. Na verdade, Temer é o mandatário de um governo natimorto. Uma administração ilegítima, resultante de um golpe, com vários ministros acusados de corrupção, não pode ter nenhum futuro. A imprensa conservadora se esforça ao máximo para dar sustentação ao governo Temer. Afinal, foi a grande avalista do golpe. Veículos como a nefanda revista "Veja" destacam a pretensa excelência da equipe econômica de Temer, pronta para despejar seu saco de maldades sobre os brasileiros. Uma imagem emblemática pôde ser vista na edição de hoje do não menos faccioso "Jornal Nacional", da Rede Globo. Nela, o ministro da Fazenda, Henrique Meireles, discursa num púlpito que tinha, na sua parte frontal, o logotipo da Editora Abril. Às costas do ministro havia um painel de "Veja". Não há força, no entanto, que torne viável o governo Temer. O escândalo envolvendo Romero Juca, que já resultou em sua exoneração, é, apenas, o princípio do fim. Foi o incrível caso de um dos homens fortes de Temer que se manteve como ministro por apenas dez dias. Se com um dos principais auxiliares de Temer aconteceu isso, imagine-se o que não virá pela frente. Agora, começou a contagem regressiva para o fim do governo Temer. Um governo que chegará ao final sem que tenha, verdadeiramente, iniciado.