segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Estado laico

O Brasil é um país curioso. Certas questões permanecem imutáveis ao longo do tempo, até que, repentinamente, percebe-se que se está diante de algo em desacordo com os princípios que regem o país. Oficialmente, o Brasil é um país laico. No entanto, suas repartições públicas ostentam crucifixos nas paredes, e Deus é citado na Constituição e nas cédulas de dinheiro, onde está grafada a frase "Deus seja louvado". As referências ao nome de Deus na Constituição e nas cédulas contrariam a laicidade do Estado brasileiro. Os crucifixos nas repartições, afora esse aspecto, ainda representam um favorecimento ao cristianismo, num país que prega a liberdade de culto, ou seja, privilegia uma religião em desfavor das demais. Essas incoerências foram se arrastando ao longo dos anos, sem que se notasse inconformidade com tais fatos. Ultimamente, porém, o assunto entrou em discussão e já há proposições para que os símbolos religiosos sejam retirados das paredes das repartições. Claro que isso irá gerar polêmica. A Igreja Católica, por certo, irá protestar veementemente. Não se trata, todavia, de perseguir a religião em geral, ou os católicos, em particular. O país assegura ampla liberdade de manifestação religiosa. O que não pode e não deve ser feito é ignorar que o Estado brasileiro é laico e, muito menos, privilegiar uma religião em detrimento das demais. Estado e religião não devem se misturar. O debate é mais do que oportuno e mostra que o país já alcança um grau de maturidade que lhe permite enfrentar questões espinhosas. Vai haver muito protesto, é claro, mas é preciso tomar medidas para que a laicidade do país seja assegurada e não se torne apenas uma intenção não cumprida. Uma sociedade só avança quando é capaz de enfrentar seus bolsões de atraso institucional e cultural, sem se dobrar aos grupos que deles se beneficiam. Nossos legisladores terão de ser corajosos para não se vergarem ás pressões que virão para que tudo permaneça como está. Será uma disputa dura, mas indispensável para que o Brasil sobrepuje as estruturas jurássicas que o mantém atrelado ao poder da Igreja. O Brasil pode até ser majoritariamente cristão e católico, mas isso não vem ao caso. Deve-se assegurar a laicidade do Estado brasileiro, doa a quem doer.

domingo, 30 de outubro de 2011

O resultado é o que importa

Há jogos em que a vitória obtida é muito melhor que a produção do time em campo. Foi esse o caso da partida Atlético Goianiense 0 x 1 Inter, hoje à tarde, no Serra Dourada. O Inter não jogou bem, escapou de levar vários gols no primeiro tempo, fez o seu num frango do goleiro adversário, e quase sofreu o empate no último lance do jogo, numa chance clara, na pequena área, que foi incrivelmente desperdiçada. No entanto, mesmo com todos esses reparos, o Inter alcançou a vitória, saiu, finalmente, do sétimo lugar na tabela do Campeonato Brasileiro, indo para o sexto, e, se ganhar do Fluminense, no Beira-Rio, no próximo domingo, ingressará na zona de classificação da Libertadores. Faltando seis rodadas para o término do Brasileirão, isso é o que interessa. O Inter não convenceu, mas venceu. Continua vivo na disputa pela classiificação para a Libertadores. Por enquanto, é o que basta. Se o objetivo será atingido só o tempo dirá, mas o que antes parecia improvável já não parece tão difícil. A tabela reserva jogos muito duros para o Inter, mas os resultados paralelos poderão, quem sabe, ajudar a diminuir a distância para os que estão acima na classificação. Contra o Fluminense, a vitória será, mais uma vez, indispensável. Se ela ocorrer, o Inter estará, ao menos temporariamente, entre os quatro primeiros colocados na competição. Os próximos dias serão de grande expectativa para os torcedores do Inter. Resta saber se o time, que tem desperdiçado muitos pontos no Beira-Rio, saberá, dessa vez, tirar proveito do fator campo. A partir de agora, qualquer passo em falso poderá ser a diferença entre o sonho e o pesadelo.

Vitória épica

O resultado pouco adiantou, em termos práticos, na classificação no Campeonato Brasileiro, mas a vitória do Grêmio sobre o Flamengo, hoje à tarde, no Olímpico, por 4 x 2, teve contornos épicos. O Olímpico recebeu seu segundo maior público em 2011, 44 mil pessoas, motivado pela vontade de vaiar e apupar Ronaldinho, considerado um traidor pela torcida do Grêmio. O Grêmio, no primeiro tempo, teve um desempenho desastroso da sua defesa, o que fez com que chegasse a estar perdendo por 2 x 0. Um desastre se prenunciava, com pouco mais de mil flamenguistas vibrando ante a multidão de gremistas calados. No final do primeiro tempo, no entanto, o Grêmio conseguiu descontar, e isso acabaria fazendo toda a diferença. O Grêmio voltou avassalador no segundo tempo, não deu chances para o Flamengo e virou o jogo de forma espetacular. André Lima voltou a marcar dois gols no mesmo jogo, pela segunda vez seguida. Miralles, mesmo jogando pouco tempo, marcou um golaço. Gilberto Silva, que estava calamitoso como volante, saiu-se muito bem quando foi para a zaga. Douglas, mais uma vez, mostrou que é o jogador que faz a diferença no Grêmio. Para satisfação ainda maior da torcida, Ronaldinho, depois de um primeiro tempo razoável, sumiu no segundo, só lhe restando, após o jogo, dar declarações desdenhando do torcedor gremista, o que só confirma a pequenez de seu caráter. Em termos de objetivos no Brasileirão, a vitória significou pouco, mas o torcedor do Grêmio, justificadamente, sentiu-se plenamente recompensado.

sábado, 29 de outubro de 2011

A doença de Lula

O Brasil recebeu hoje, tomado de surpresa, a notícia de que o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva está com câncer na laringe. Ainda não se sabe ao certo a gravidade do quadro de saúde de Lula, mas a notícia, por si só, causa comoção. Lula, que completou 66 anos na mesma semana em que recebeu o diagnóstico, é o presidente mais popular da história do Brasil. O povo brasileiro, por certo, está abalado com a revelação sobre a saúde do ex-presidente, e é de se prever que uma grande corrente de solidariedade se formará em torno de Lula. A informação deverá, também, repercutir muito no exterior, pois Lula possui admiradores em vários países, tanto junto aos governantes, como na população em geral. Até seus opositores deverão diminuir seus ataques, pois a dor costuma unir as pessoas e abrandar os corações. Nessa hora, não cabe ser contra ou a favor de Lula como político, mas, apenas, torcer pelo seu pronto restabelecimento.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Exemplo

Na segunda metade do século passado, alguns países da América do Sul passaram pela infelicidade de serem submetidos à ditaduras militares, que deixaram, como resultado, um rastro de mortes, torturas, desrespeito aos direitos humanos, censura à imprensa e às artes. Opositores políticos de tais regimes foram perseguidos e massacrados. Agora, restituída a democracia nesses países, eles lidam de forma diferente com esse passado abjeto. Para desgosto dos brasileiros comprometidos com a liberdade e a busca de um país melhor, o Brasil optou pela impunidade dos carrascos do golpe militar de 1964. Nossos vizinhos Argentina e Uruguai procederam de maneira diferente, e partiram para o devido ajuste de contas com o passado. Na Argentina, Alfredo Astiz, o "anjo louro da morte", símbolo da repressão durante a ditadura militar (1976-1983), foi condenado á prisão perpétua pelos crimes cometidos no período. Astiz já tinha sido condenado à prisão perpétua à revelia na França, em 1990, e na Itália, em 2007. Os crimes de Astiz foram cometidos na Escola de Mecãnica da Armada, por onde passaram mais de 5 mil presos, dos quais cerca de apenas cem saíram com vida. O Uruguai, por sua vez, aprovou, na Câmara dos Deputados, um projeto de lei que declara imprescritíveis os crimes cometidos na ditadura militar (1973-1985). Não há como deixar de destacar a diferença de atitude desses países em relação ao que se faz no Brasil, onde os artífices do repugnante golpe militar continuam impunes e se busca varrer para baixo do tapete as ocorrências do período. Argentina e Uruguai estão dando um exemplo que o Brasil deveria seguir. Figuras que perpetraram crimes hediondos, como Alfredo Astiz, e há várias no Brasil, devem ser rigorosamente punidas. Os crimes ocorridos na ditadura tem de ser imprescritíveis, não podem ser alcançados por nenhum tipo de anistia como se argumenta no Brasil. Diante das notícias vindas de nossos vizinhos, fui tomado por um sentimento de profunda inveja. Como eu gostaria que tais decisões tivessem sido aplicadas no Brasil e que, assim, o país passasse a limpo, definitivamente, a ditadura militar, punindo drasticamente os que nela tomaram parte. Não se pode anistiar quem participou de uma monstruosidade como a ditadura militar brasileira. Para o Brasil seguir em frente é necessário, antes, curar de uma vez essa ferida, e isso não se fará fingindo que nada aconteceu. A punição para os carrascos da ditadura e a abertura ampla e irrestrita dos arquivos do período são imperativos morais do país. Argentina e Uruguai estão nos mostrando como se deve agir nesses casos. Aproveitemos a lição e procedamos da mesma forma. As vítimas dos vinte e um anos de ditadura no Brasil, e seus familiares e amigos, ainda estão a esperar pela justa reparação. Ela pode e deve ser feita. Basta querer, como demonstraram nossos vizinhos.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Luiz Mendes

O Brasil perdeu, hoje, um ícone do jornalismo esportivo: Luiz Mendes. O que dizer de um profissional que, a partir de 1950, participou da cobertura de todas as Copas do Mundo e que, até o mês passado, ainda se mantinha em atividade, aos 87 anos, comentando jogos pela Rádio Globo, do Rio de Janeiro, onde trabalhava desde a fundação da emissora? Luiz Mendes foi, inicialmente, narrador, e transmitiu os jogos da Copa de 50, em que o Brasil sofreu sua maior decepção esportiva. Posteriormente, tornou-se comentarista. Era natural de Palmeira das Missões (RS). Torcia pelo Grêmio, no Rio Grande do Sul, e pelo Botafogo, no Rio de Janeiro, onde se radicou ainda muito jovem. Profissional talentoso e dedicado, era, também, um grande ser humano. Todas as profissões tem suas figuras de referência, que servem de paradigma para os jovens que iniciam numa carreira. Para quem se decide pelo jornalismo esportivo e, mais especificamente, pelo rádio, Luiz Mendes é um exemplo a ser seguido, na profissão e na vida. Luiz Mendes teve uma longa e profícua existência e deixa em seus ouvintes e admiradores uma imensa saudade.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Desfecho esperado

A saída de Orlando Silva do cargo de ministro do Esporte, ocorrida hoje, é apenas a confirmação de um desfecho por todos esperado desde que uma série de denúncias de corrupção envolvendo seu nome surgiram na imprensa. Repete-se com Silva o que já acontecera com quatro outros ministros do governo da presidente Dilma Roussef que foram exonerados. Dentre os seis ministros de Dilma que deixaram seus cargos apenas um, Nélson Jobim, da Defesa, não teve contra si denúncias de má conduta ou improbidade. Essa situação é bastante constrangedora. Um governante perder cinco de seus ministros, em menos de um ano de mandato, por envolvimento com corrupção, é algo muito preocupante e que evidencia o mau sistema de escolha dos ocupantes de tais cargos. A verdade é que a composição do ministério, que deveria ser feita com rigor técnico e busca da máxima eficiência, obedece, tão somente, ao critério da repartição do poder entre os integrantes da chamada "base aliada", ou seja, a divisão de cargos entre os partidos que sustentam a "governabilidade". Para piorar, Dilma Roussef aceitou herdar grande parte dos ministros de seu antecessor, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, seu padrinho político, como é o caso do próprio Orlando Silva, que comandava o ministério do Esporte desde 2006. Outro fato inquietante é que todas as denúncias envolvendo os ministros que acabaram demitidos partiram de um único veículo de comunicação, a revista "Veja", que, assim, posa de baluarte da defesa da ética na política. Até agora, o comportamente de Dilma Roussef em relação a tais fatos tem sido exemplar. Ela não tem blindado os acusados, nem desferido ataques contra a imprensa. Sua postura não tem deixado outra saída para os envolvidos em denúncias de corrupção que não seja o pedido de demissão. Com isso, o efeito esperado pela oposição diante de tal quadro, o desgaste da imagem do governo, ainda não foi alcançado. Os índices de popularidade de Dilma continuam muito bons. Se a oposição busca em tais episódios uma solução para a sua falta de discurso e uma chance de seduzir o eleitorado, tudo indica que irá se frustrar. Em janeiro, Dilma Roussef irá proceder uma ampla reforma ministerial, provavelmente livrando-se de todos os ministros que nomeou contra a sua própria vontade e compondo uma equipe com que tenha efetiva afinidade. Dessa forma, a possibilidade da eclosão de novos escãndalos deverá ficar bastante reduzida, e a oposição terá de buscar novas bandeiras. O que ocorreu, até aqui, com os ministros do governo Dilma é, sem dúvida, lamentável. Porém, a condução de tais situações tem sido a mais adequada. Os envolvidos em corrupção ou malfeitos tem deixado os seus cargos. Se alguém esperava que tudo acabasse em "pizza", decepcionou-se. O governo não tem transigido com os deslizes cometidos. O país segue em frente, apesar dos pesares.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Diferenças

Os desempenhos das seleções masculina e feminina de futebol do Brasil nos Jogos Panamericanos, em Guadalajara, no México, ensejam algumas reflexões. Tal como ocorrera no Pan de 2007, no Rio de Janeiro, a seleção masculina deu vexame, não passando da primeira fase. A seleção feminina, que ganhou a medalha de ouro em 2007, já está classificada para a decisão em 2011, podendo, portanto, bisar o feito. Os fatos não se repetiram por acaso. Alguns alegarão que a seleção masculina não levou sua força máxima. Isso é verdade, mas não serve como justificativa, pois a seleção feminina também está privada de algumas de suas principais jogadoras, entre elas, Marta, a melhor do mundo. O que ocorre é que é visível que, enquanto as meninas se empenham ao máximo em busca das vitórias, a equipe masculina não mostra o mesmo grau de aplicação. Vários jogadores da seleção masculina já recebem bons salários em grandes clubes do futebol brasileiro. Alguns deles participaram, ainda esse ano, das conquistas do Sul-Americano e do Mundial da categoria sub-20. Dessa forma, o Pan pode lhes parecer algo menor, para o qual não se sentem devidamente motivados. De uma forma ou de outra, no entanto, não há como aceitar que uma equipe que represente o futebol brasileiro numa competição internacional termine sua participação sem nenhuma vitória em três jogos, tendo enfrentado adversários modestos como Cuba e Costa Rica. A equipe feminina, por sua vez, tem um comportamento oposto. Como o futebol feminino no Brasil, em nível de clubes, não se estruturou, as competições das quais a seleção feminina participa são a grande chance que as jogadoras tem de obter visibilidade. Por isso, enquanto os garotos se mostram indolentes, as meninas empenham-se muito. Por mais incrível que possa parecer, a seleção feminina é que está, no momento, proporcionando as alegrias esperadas pelo torcedor. A seleção masculina principal e a que representou o Brasil no Pan só trouxeram decepção para a torcida e perda de prestígio para o futebol brasileiro. Afora a preocupação com estádios, obras viárias, aeroportos e hotéis, é preciso cuidar de montar uma Seleção Brasileira que empolgue o torcedor e tenha amplas condições de ganhar a Copa do Mundo de 2014 que, afinal, terá o Brasil como sede. No momento, infelizmente, essa hipótese ainda parece estar bem distante.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Barbárie

A forma como se deu a morte de Muammar Kadhafi, que governou ditatorialmente a Líbia por 42 anos, foi muito semelhante ao que ocorreu com Sadam Hussein, que também exerceu o poder no Iraque de maneira tirânica. Khadafi e Sadam eram cruéis, desumanos, prepotentes, autoritários, eliminaram adversários e causaram a morte de civis. Logo, não merecem que ninguém os defenda. Deveriam ser apeados do poder, para que pagassem por seus crimes, e seus países pudessem se encaminhar para tempos de normalidade. Porém, a forma como se deu a morte de ambos, caçados como bichos e friamente executados, é inaceitável diante do nível civilizatório alcançado pela humanidade. O fato de alguém cometer atrocidades não dá o direito a quem quer que seja de pagar com a mesma moeda. Ao proceder assim, igualamo-nos ao transgressor, partilhamos da sua bestialidade, e praticamos, em vez da justiça, a vingança. A idéia do "olho por olho, dente por dente" é incompatível com os mais comezinhos conceitos humanitários. Episódios como esses nos mostram, de forma desoladora, que o homem, a despeito de toda a evolução científica e cultural que alcançou ao longo dos tempos, não consegue domar a fera que habita dentro de si. O mesmo homem capaz de pousar na Lua, de revolucionar a medicina e ampliar a expectativa de vida das pessoas, de criar a era cibernética, de expandir a tecnologia de forma assombrosa, é também um ser sedento de sangue, pronto a se deixar governar por seus instintos mais primitivos de retaliação. A Líbia está livre de Khadafi, mas não há o que comemorar. Sua saída de cena se deu da pior forma possível. Seus algozes se mostraram tão bárbaros quanto ele. Sua queda, da maneira como ocorreu, foi uma falsa vitória do povo líbio e uma derrota moral de toda a humanidade.

domingo, 23 de outubro de 2011

A vitória que escapou

Hoje à tarde, no Beira-Rio, contra o Corinthians, o Inter estava com a vitória na mão. O primeiro tempo terminara em 0 x 0, com Alessandro, do Corinthians, sendo expulso aos 40 minutos. No segundo tempo, o Inter fez 1 x 0, gol de Nei. O jogo já se encaminhava para o seu final, aos 43 minutos, quando, de repente, a situação se alterou. D'Alessandro, que já tinha um cartão amarelo por reclamação, fez uma falta forte sobre Alex, recebeu o segundo, e, por conseguinte, o vermelho, determinando a sua expulsão. Alex, que sofrera a falta, fez a cobrança e empatou o jogo. O resultado final de 1 x 1 foi uma ducha de água fria nas pretensões do Inter. Dessa vez, ao contrário de outras rodadas do Campeonato Brasileiro, os resultados paralelos foram ótimos, mas o Inter não soube aproveitar-se disso. Com exceção do Vasco, os clubes que estão na frente do Inter na tabela empataram ou perderam. No entanto, como também não conseguiu vencer, o Inter segue empacado no 7º lugar. Para piorar, o próximo jogo do Inter será fora de casa, contra o Atlético Goianiense, clube que vem fazendo boa campanha no segundo turno. O Inter estará desfalcado de Nei, Rodrigo Moledo e D'Alessandro, o que diminui bastante o potencial do time. Nei, após um período de descrédito junto ao torcedor, afirmou-se e, hoje, foi o autor do gol do Inter. Rodrigo Moledo também vem se firmando como titular, e seu substituto deverá ser Bolívar, fato que causa calafrios nos torcedores. D'Alessandro, toda vez que esteve ausente, fez enorme falta para o time. A verdade é que a distância do Inter da zona de classificação para a Libertadores diminuiu, mas não há razões para otimismo. Restam apenas sete jogos, a tabela segue muito difícil, e, afora o Flamengo, o Inter está atrás no número de vitórias, primeiro critério de desempate, em relação aos clubes que estão na sua frente. No Rio Grande do Sul, é costume se dizer que "não tá morto quem peleia" e o Inter continuará em busca de uma melhor sorte no Brasileirão, mas a tendência, pelo que foi visto até aqui, não aponta para um final feliz.

sábado, 22 de outubro de 2011

Intolerável

O empate do Grêmio com o América Mineiro, hoje à tarde, na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas (MG), da forma como ocorreu, é intolerável. O Grêmio perdeu um gol feito, com Escudero, logo a 1 minuto do primeiro tempo. Aos 11 minutos, sofreu um gol de falta, de Thiago Carleto, em mais um frango de Victor. Aos 30 minutos, Marcos Rocha, do América, foi expulso, com justiça. Aos 32, com um homem a mais em campo, o Grêmio já alcançava o empate, com um gol de André Lima. No final do primeiro tempo, o mesmo André Lima perdeu uma oportunidade claríssima de gol que poderia levar o Grêmio para o intervalo já com a vitória parcial. O time voltou para o segundo tempo sem Fernando, que havia levado um cartão amarelo, com Gilberto Silva indo para o seu lugar e Edcarlos entrando na zaga. Uma substituição até aceitável. Ainda no iníco do segundo tempo, o Grêmio obtinha a virada, novamente com André Lima. Inexplicável, no entanto, foram as outras duas substituições do técnico Celso Roth. Por alegado cansaço, devido ao campo pesado, Douglas e Marquinhos deixaram o time e Diego Clementino e Adílson, respectivamenter, entraram em seus lugares. O Grêmio ficou sem nenhum articulador, não conseguiu mais reter a bola, submeteu-se à pressão do América e sofreu o gol de empate aos 42 minutos do segundo tempo. Se o jogo prosseguisse por mais tempo, o Grêmio, é quase certo, permitiria a virada. O empate foi péssimo para as pretensões dos dois clubes e, particularmente, vergonhoso para o Grêmio. A entrevista de Celso Roth após a partida, sem admitir seus erros e tentando ver méritos na conquista de quatro pontos em dois jogos seguidos fora de casa, tornou tudo ainda mais revoltante, ainda mais quando se sabe que as derrotas de Fluminense e Botafogo permitiriam ao Grêmio, caso tivesse vencido, manter o sonho da classificação para a Libertadores, agora desfeito. Para desespero de seu torcedor, o Grêmio é um barco à deriva, sem presente e com um futuro nem um pouco promissor pela frente.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Desenvolvimento vertiginoso

Nascido que sou em Rio Grande, vejo com um misto de entusiasmo e preocupação o que está ocorrendo no município. Depois de décadas de estagnação econômica, em contraste com um passado próspero, eis que Rio Grande se vê numa onda de desenvolvimento, em função do Pólo Naval que ali se instalou. Assim, de uma hora para outra, condomínios residenciais, prédios comerciais, hotéis e shopping centers passaram a ser erguidos, numa sequência febril de construções, e já se projeta que o município, em dez anos, se tornará o segundo mais importante do Rio Grande do Sul, ficando atrás, apenas, da capital, Porto Alegre. A população saltará, nesse período, dos atuais 198 mil habitantes para 420 mil. Milhares de empregos estão sendo gerados e já há, até, escassez de mão-de-obra na construção civil. Um quadro, portanto, que parece muito bom, mas que enseja algumas preocupações. Rio Grande, por ser um município que está apenas 2 metros acima do nível do mar, tem um solo mais instável para edificações. Em função disso, até onde sei, a legislação do município não permite a construção de prédios com mais de dez andares. No entanto, para minha surpresa, entre os ediifícios que estão sendo erguidos em Rio Grande, alguns tem 16 andares. O que foi feito da lei que vedava tais construções? Houve um estudo técnico autorizando o aumento de patamar das edificações, ou os interesses financeiros falaram mais alto, pondo em risco os seus futuros ocupantes? Afora isso, a profusão de novos prédios residenciais e comerciais não poderá descaracterizar o belo patrimônio arquitetônico de Rio Grande? Como município mais antigo do Estado, Rio Grande tem uma linda história e uma arquitetura preciosa que deve ser preservada, a qualquer custo. Não é bom imaginar que a bela cidade de construções planas e casas antigas se veja transformada numa coleção de prédios que só iriam deformá-la visualmente. Rio Grande pode e merece crescer, em benefício de seus moradores. Porém, cabe às pessoas responsáveis não permitir que a cidade perca alguns de seus atributos mais apreciáveis, como o seu bonito casario, suas ruas impregnadas de história, sua tranquilidade, sua paisagem inspiradora. Espero que todos aqueles que tenham o poder de tomar decisões a respeito tratem de compatiblizar o desenvolvimento do município com a preservação do seu patrimônio histórico e da sua qualidade de vida.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Escolha errada

Há alguns dias, escrevi nesse espaço sobre a estranha escolha do Beira-Rio como estádio de Porto Alegre para a Copa do Mundo de 2014. A definição do Beira-Rio, logo após a indicação do Brasil como país que sediaria a Copa, pareceu-me extremamente açodada, visto que o Grêmio já notificara a CBF de que iria construir um estádio novo, inteiramente dentro dos padrões da FIFA, e havia tempo mais do que suficiente para a conclusão das obras dentro do cronograma estabelecido para a competição. Pois, passados alguns dias, eis que o equívoco da escolha se escancarou. O Beira-Rio, um estádio velho que, para se ajustar ao padrão da FIFA necessita de muitas reformas, está com suas obras paralisadas há meses, e entraves burocráticos junto à construtora não permitem saber quando elas serão retomadas. Com isso, Porto Alegre perdeu a chance de sediar jogos da Copa das Confederações, em 2013, o que causará imensos prejuízos para a cidade. Com o impasse em relação à retomada das obras, até os jogos da Copa do Mundo já estão ameaçados. Porém, num assomo de lucidez, a CBF, que antes garantia não haver um "plano B", já admite que, caso o Beira-Rio não esteja em condições de receber os jogos da Copa, os mesmos sejam passados para o novo estádio do Grêmio, pois Porto Alegre não poderia ficar de fora da competição. Aliás, até que chegássemos ao dia de hoje com seu desfecho desfavorável aos interesses do Rio Grande do Sul, chamava a atenção o esforço dos setores colorados da imprensa esportiva gaúcha em afirmar que a hipótese de trocar um estádio por outro era uma fantasia que só existia por aqui. Alguns garantiam, enfaticamente que, ou os jogos da Copa seriam no Beira-Rio, ou Porto Alegre ficaria de fora da competição. Poucos dias depois, eis que toda essa argumentação é atropelada pelos fatos. Manifestações do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, do assessor de imprensa da instituição, Rodrigo Paiva, e do secretário municipal extraordinário para assuntos da Copa, João Bosco Vaz, deixaram claro que existe, sim, o "plano B", e que, se os jogos não saírem no Beira-Rio, irão para o novo estádio do Grêmio, mas Porto Alegre não perderá a condição de uma das sedes da competição. Por sinal, um dos argumentos mais frágeis utilizados pelos que defendem os interesses do Inter na imprensa foi o de que as obras de mobilidade urbana que foram planejadas são todas no entorno do Beira-Rio, o que tornaria inviável a troca de estádio. Conversa fiada. O estádio do Grêmio não necessita de nenhuma obra de mobilidade urbana no seu entorno,  pois está estrategicamente próximo ao aeroporto e da BR-116. Assim, a tendência é que, por linhas tortas, se corrija uma escolha mal feita, e os jogos da Copa de 2014 em Porto Alegre sejam realizados num estádio moderno, inteiramente concebido dentro do rigoroso padrão da FIFA.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Indefinição

A vitória do Santos sobre o Botafogo por 2 x 0, hoje á noite, na Vila Belmiro, no último jogo atrasado que faltava ser realizado no Campeonato Brasileiro, deixou a competição ainda mais indefinida e emocionante. Faltando, agora, oito jogos a cumprir, para todos os clubes, não há quem possa arriscar um favorito para ser campeão. Os clubes que ocupam os seis primeiros lugares na tabela tem amplas condições de ficar com o título. Corinthians, Vasco, Botafogo, Flamengo, Fluminense e São Paulo disputarão, provavelmente até a última rodada, para ver quem ficará com a taça, num desfecho emocionante, que demonstra, mais uma vez, o quanto é falso o argumento dos inimigos da fórmula de pontos corridos que a consideram pouco estimulante. O resultado de hoje invalidou, também, a teoria conspiratória que já circulava em algumas rodas de que o Santos não se empenharia contra o Botafogo, para prejudicar o Corinthians, seu rival, fazendo-o perder a condição de líder da competição. Ora, a idéia não fazia sentido algum, pois o Santos ainda não atingiu o índice matemático para evitar o rebaixamento e não iria correr riscos apenas com o intuito de desfavorecer um rival histórico. O fato é que a briga pelo título e pela definição dos clubes que serão rebaixados garantirá que o Brasileirão seja eletrizante até o fim. A fórmula de pontos corridos é, indubitavelmente, a mais justa, por ser a única que apresenta equilíbrio técnico entre os participantes, pois todos se enfrentam, em turno e returno. Trata-se de um modelo de competição que favorece quem forma um bom time e dedica igual empenho a todos os jogos. Alegações contra a fórmula não passam de desculpas esfarrapadas de quem não soube preparar-se adequadamente para a disputa. Essa, ao que parece, é uma questão vencida. Tal como já ocorria no exterior, os pontos corridos estão plenamente aprovados no Brasil.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Um modelo em crise

A imprensa de direita tenta menosprezá-lo, mas o movimento Ocupe Wall Steet, deflagrado há um mês nos Estados Unidos, é mais uma evidência da crise do sistema capitalista. O movimento surgiu quando um grupo de jovens decidiu acampar numa praça no centro financeiro  de Nova York, no sul de Manhattan. A partir dali, o Ocupe Wall Street se espalhou por outras importantes cidades americanas, como Washington, Boston, Chicago, Los Angeles e São Francisco. Utilizando palavras de ordem contra o sistema financeiro e a desigualdade social, a iniciativa está ganhando popularidade e é apoiada pela maioria dos homens, mulheres e jovens do país. O pré-candidato a presidente dos Estados Unidos pelo Partido Republicano, Mitt Romney, mostra que a direita já acusou o golpe. Romney disse que "isso é perigoso, isso é luta de classes". Outro direitista empedernido, Herman Cain, também pré-candidato a presidente pelo Partido Republicano declarou: "Não culpe Wall Street nem os grandes bancos. Se você não é rico nem tem emprego, culpe a si mesmo". Porém, outras vozes foram menos depreciativas em relação ao movimento. O presidente do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, Ben Bernanke, ponderou: "Eles culpam o setor financeiro pela bagunça em que vivemos e estão insatisfeitos com a resposta de Washington. Em certa medida, eles tem razão". Na mesma linha, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, argumentou: Acho que eles expressam a frustração que o povo americano está sentindo". Uma frustração, aliás, fácil de entender, afinal, a desigualdade social nos Estados Unidos aumenta a cada dia. Nos últimos trinta anos, por exemplo, os salários em Wall Street foram, em média, 450% maiores que os pagos pelos demais setores da iniciativa privada. Num país que sempre fez a apologia da busca do sucesso pessoal e do enriquecimento, é sintomático que uma iniciativa como o Ocupe Wall Street vá ganhando cada vez mais adeptos. A direita pode até não querer admitir, mas isso é uma evidência de que o modelo capitalista vive uma séria crise. Tomara que, a partir dela, o mundo possa vislumbrar uma alternativa para um modelo tão espúrio, injusto, desigual e concentrador de renda. Com base na grande aceitação do Ocupe Wall Street, e parodiando John Lennon, eu lhes digo que eu posso ser um sonhador, mas não sou o único.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Medida acertada

A Câmara Municipal de Porto Alegre aprovou hoje, finalmente, o projeto do vereador Alceu Brasinha (PTB) que acaba com a obrigatoriedade da execução dos hinos nacional e riograndense antes dos jogos de futebol realizados na cidade. Pelo projeto, o Hino Nacional continuará a ser executado quando da realização de jogos internacionais e em partidas da Seleção Brasileira. O projeto ainda depende da sanção do prefeito José Fortunati (PDT). A medida é de extremo bom senso. A idéia da execução dos hinos antes dos jogos foi muito equivocada. Primeiro, por vulgarizar algo solene, que deve ser reservado para ocasiões relevantes. Em segundo lugar, porque o comportamento da torcida nos estádios, ignorando o Hino Nacional e cantando em uníssono o Hino Riograndense, constitui uma revoltante demonstração de incivilidade. O hino brasileiro, um dos mais belos do mundo, não pode e não deve ser submetido a tão deprimente depreciação, motivada por um patológico sentimento separatista que viceja no Rio Grande do Sul, alimentado por um patético e estúpido culto ao que grupos muito bem articulados e organizados tentam impingir como sendo as tradições e raízes do Estado. O projeto tem de ser sancionado, pois só assim ficaremos livres de, a cada jogo realizado em Porto Alegre, sermos submetidos a tamanha demonstração de boçalidade. Os vereadores, por certo, tem coisas bem mais relevantes para fazer do que tentar impor o sentimento cívico através de uma lei. O projeto de Alceu Brasinha vem, em boa hora, corrigir o erro que foi a determinação da execução dos hinos antes dos jogos. Só resta, agora, esperar que o prefeito Fortunati o sancione. Homem equilibrado que é, certamente irá fazê-lo.

domingo, 16 de outubro de 2011

Uma surpresa e um susto

Os jogos da dupla Gre-Nal, hoje à tarde, tiveram aspectos incomuns. O Grêmio ganhou do Santos, fora de casa, por 1 x 0. Foi apenas a segunda vitória do Grêmio sobre o Santos, na Vila Belmiro, em jogos oficiais, a primeira em Campeonatos Brasileiros. Antes do jogo, uma vitória gremista parecia muito improvável. Mesmo que o Santos estivesse sensivelmente desfalcado, e, de certa forma, desinteressado do Campeonato Brasileiro e com o foco no Mundial de Clubes, o retrospecto desfavorável na Vila Belmiro e a péssima atuação do Grêmio na derrota para o Figueirense, não autorizavam qualquer otimismo. Porém, o Grêmio venceu, e com justiça. Não foi uma grande atuação gremista, mas o time fez o suficiente para vencer. O Santos mostrou-se um time pouco vibrante, que tentou uma reação no segundo tempo, apelando para o jogo aéreo, mas não conseguiu modificar o resultado. A vitória foi magra, e o gol de Escudero resultou do rebote de um pênalti mal cobrado por Douglas que Rafael defendeu parcialmente. O Grêmio até poderia ter ampliado o placar, caso outro pênalti, claro, no segundo tempo, tivesse sido marcado. A vitória foi importante por vários fatores. Um incômodo tabu foi quebrado, ficaram faltando apenas três pontos para alcançar o índice que afasta a possibilidade de rebaixamento, e as chances de classificação para a Libertadores, ainda que remotas, voltaram a surgir no horizonte. No Beira-Rio, o Inter deu um susto em sua torcida, diante do modestíssimo Avaí. Saiu perdendo o jogo logo no início do primeiro tempo, conseguiu o empate no começo do segundo, sofreu mais um  gol e, numa reação incrível, seis minutos depois já vencia por 4 x 2, resultado final da partida. A vitória mantém as chances do Inter de se classificar para a Libertadores, ainda que os resultados paralelos, mais uma vez, não tenham sido favoráveis, mas a forma como o resultado foi construído, dentro de casa, diante de um adversário tão fraco, não permite maior entusiasmo. Na próxima rodada, o Grêmio jogará, novamente, fora de casa, contra o América Mineiro, e o Inter pela segunda vez seguida no Beira-Rio, contra o Corinthians. Por mais que o América, lanterna absoluto do Brasileirão, tenha conseguido resultados improváveis como uma goleada de 4 X 1 sobre o Vasco, o Grêmio não deverá ter maiores dificuldades para ganhar um jogo onde nem o fator campo tende a pesar, pois o estádio receberá um público muito pequeno. O Inter enfrentará o líder da competição, motivado pela vitória obtida hoje, fora de casa sobre o Cruzeiro. Como se costuma dizer, é a chamada "briga de cachorro grande" e nem mesmo o fato do Inter jogar em casa deverá ser decisivo. As vitórias de Grêmio e Inter, uma surpreendente, outra inesperadamente difícil, os mantém na luta por seus objetivos. Ainda está difícil, mas o ano não acabou para Grêmio e Inter. Ainda bem.

sábado, 15 de outubro de 2011

Direitos inalienáveis

Na solenidade de adesão dos estados do Sul ao programa "Brasil sem Miséria", realizada ontem, em Porto Alegre, a presidente Dilma Roussef afirmou que o país nunca teve responsabilidade social explícita como agora. Dilma voltou a dizer que o governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva tirou da miséria uma população equivalente à da Argentina. Para a presidente, o combate à pobreza é um grande investimento econômico. As críticas aos programas de complementação de renda foram rechaçadas por Dilma que disse que o governo não quer a tutela dos mais pobres, mas, sim, conceder-lhes a cidadania. "Tutela seria vincularmos benefícios sociais a indivíduos. O que fazemos é reconhecer direitos inalienáveis", declarou Dilma. Referindo-se ao abalo econômico mundial, Dilma afirmou que o governo não vai deixar que o Brasil pague por uma crise que não é dele, e que, por se importar com os 16 milhões de brasileiros que vivem na miséria, irá juntar-se a eles para superá-la. A presidente está certa. Vozes reacionárias da sociedade tem criticado os programas sociais do governo que, argumentam, "dão o peixe e não ensinam a pescar". Conversa fiada. O que tais pessoas não suportam é que, finalmente, um governo deixou de lado a retórica fácil das promessas e buscou fazer, na prática, um processo de resgate social no país. Os programas, como bem colocou a presidente Dilma, são um meio de tornar cidadão quem está marginalizado no contexto social. Em função das políticas sociais do governo Lula, que estão tendo continuidade com Dilma, milhões de brasileiros foram integrados ao consumo, do qual estavam alijados. Um grande contingente de pessoas ascendeu na escala social. O Brasil, aos poucos, vai deixando de ser uma "Belìndia", uma mistura da prosperidade da Bélgica com a miséria da Índia, como certa vez definiu o economista Edmar Bacha. Apesar de quaisquer pesares, como os atos de corrupção e escândalos de toda a ordem, é inegável que os atuais ocupantes do poder na administração federal estão enfrentando a divída social do país como, até então, não havia sido feito. Nada mais justo. Afinal, como disse, certa vez, Tancredo Neves: "Enquanto houver, nesse país, um só cidadão sem casa, sem comida, e sem escola, toda prosperidade será falsa".

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Jogos Pan-Americanos

O tempo dá a impressão de passar cada vez mais rapidamente. Parece que foi ontem que os Jogos Pan-Americanos foram realizados no Rio de Janeiro, mas lá se vão quatro anos e três meses e estamos diante de uma nova edição da competição, agora em Guadalajara, no México. Muitos desdenham da importância do Pan, forma abreviada pela qual a competição é conhecida. Argumentam que, por contar apenas com competidores das Américas, não possui grande expressão técnica. Isso é uma meia verdade, afinal os Estados Unidos, ainda que não representado pelos seus principais nomes, e Cuba, estão presentes no Pan, e ambos são potências do esporte. Para os brasileiros, o Pan traz agradáveis lembranças, como a medalha de ouro de João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, na Cidade do México, em 1975. Outro grande momento foi a vitória da equipe de basquete masculino sobre os Estados Unidos, em 1987, em Indianápolis, portanto na casa do adversário, conhecido por ser o melhor do mundo na modalidade. Mais uma bela recordação para os brasileiros foi a medalha de ouro do basquete feminino, no Pan de Havana, em 1991. Também há fatos amargos, como a derrota da equipe de vôlei feminino na decisão contra Cuba, no Pan do Rio, em 2007. Como se vê, o Pan é capaz de deixar em nossa memória feitos grandiosos e duras decepções. Não é, portanto, uma competição para ser tratada com desdém. Afora isso, possibilita, em muitas modalidades, a busca de classificação para as Olímpiadas. O Pan de Guadalajara terá, ainda, um aspecto particularmente interessante para os brasileiros que o acompanharem pela televisão. Pela primeira vez, a detentora exclusiva dos direitos de transmissão não será a Rede Globo, e, sim, a Rede Record, fato que se repetirá nas Olimpíadas de 2012, em Londres. O Pan de 2011 está aí. Hoje, foi a festa de abertura. Amanhã, iniciam as competições. Torçamos, desde já, para que o Brasil possa, mais uma vez, alcançar grandes conquistas, que guardaremos em nossas lembranças.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Protestos

A chamada "Marcha Contra a Corrupção" voltou às ruas com novos manifestações no feriado de ontem. Cidades como Brasília, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Recife e Porto Alegre foram os locais dos protestos, com faixas e cartazes contra políticos e em defesa da Lei da Ficha Limpa. A maior concentração de público foi em Brasília, cerca de 20 mil pessoas, um pouco menor do que a marcha anterior, no feriado de 7 de setembro, que teve 25 mil participantes. Nas outras localidades, o público não foi tão expressivo, mas isso não importa. Novas manifestações já estão agendadas, demonstrando que a tão propalada apatia do brasileiro pode estar dando lugar a uma postura mais consciente e crítica por parte da população. Não era mesmo possível que tantos escândalos e malfeitos no meio político passassem batidos, sem nenhuma reação por parte dos cidadãos. No Rio, os organizadores do protesto recolheram assinaturas em defesa de um projeto de lei para transformar a corrupção em crime hediondo. Talvez não se consiga tanto, mas é bom perceber que há quem se mostre inconformado com tantos deslizes éticos na atividade política do país. O Brasil tem tido avanços econômicos e sociais, e o governo desfruta de altos índices de aprovação, mas isso não significa que se deva encarar com naturalidade a expansão da corrupção no país. A Marcha Contra a Corrupção vai continuar, para lembrar a todos os brasileiros que não basta ter um país mais próspero, é preciso, também, que ele seja mais digno.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Sem ilusões

Os resultados de Grêmio e Inter, nos jogos de hoje à tarde, serviram para que as últimas ilusões quanto à classificação de ambos para a Taça Libertadores da América, praticamente, se desfizessem. O Grêmio, jogando em casa contra o modesto Figueirense, foi, simplesmente, um fiasco. Perdeu por 3 x 1, e poderia ter sido muito mais. A atuação do time foi catastrófica. Ninguém se salvou. Victor voltou a tomar um frango, os laterais foram inoperantes, o miolo de zaga mais parecia uma passarela por onde desfilavam os atacantes adversários, o meio de campo naufragou com Fernando sendo, apenas, esforçado, Fábio Rochemback péssimo, Marquinhos, Douglas e Escudero sem nenhuma inspiração. Como solitário atacante, André Lima foi, absolutamente, ridículo. Os jogadores que entraram no segundo tempo também não deram boa contribuição. Gilberto Silva foi envolvido no terceiro gol do Figueirense, Miralles foi inoperante e Diego Clementino teve empenho, mas sem objetividade. Se antes as chances de classificação para a Libertadores eram pequenas para o Grêmio, agora passaram a ser um devaneio. Melhor se preocupar em obter logo a garantia matemática da fuga do rebaixamento, para a qual ainda faltam seis pontos. Já o Inter, jogando fora de casa contra o São Paulo, em Barueri, obteve um resultado que, isoladamente, poderia ser considerado bom, mas, nas atuais circunstâncias, não o favoreceu. Precisando de pontos para subir na tabela e, ainda, tentar uma classificação para a Libertadores, não passou de um empate em 0 x 0 com o São Paulo. O Inter foi melhor em campo, teve as maiores chances de gol, mas ressentiu-se da ausência de um ataque mais qualificado. Delatorre, mais uma vez, não jogou bem, acentuando a falta que faz Leandro Damião para o time. O Inter fará seus dois próximos jogos em casa, um teoricamente fácil, diante do Avaí, e o outro um confronto direto contra um dos primeiros colocados na tabela, o Corinthians, mas os resultados paralelos não tem ajudado, fazendo com que as chances de classificação para a Libertadores sejam muito reduzidas. Foi uma rodada para desfazer ilusões na dupla Gre-Nal. Dela restou um Grêmio devastado e um Inter agarrado, apenas, em tênues possibililidades matemáticas. O Campeonato Brasileiro, daqui para a frente, servirá, tão somente, para que os dois projetem seus rumos para 2012.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Brio

No amistoso dessa noite contra o México, enfim, a Seleção Brasileira ofereceu para o torcedor algo mais do que um futebol apático e sem soluções. A vitória de virada, por 2 x 1, esteve longe de representar uma grande façanha, é claro, mas um elemento, que andava ausente das atuações da equipe, reapareceu. A Seleção Brasileira teve brio. Depois de iniciar o jogo mostrando o mesmo mau futebol de outras partidas, fazer um gol contra, sofrer a marcação de um pênalti e ter um jogador expulso, a Seleção despertou. O pênalti foi defendido por Jéfferson, o que, por certo, ajudou a dar moral para a equipe. Porém, foi a inconformidade com os erros do árbitro que motivou a Seleção. O árbitro teve uma atuação fraca e confusa, que, em alguns momentos, exasperou os jogadores brasileiros. Porém, em vez de redundar em novas expulsões, a indignação dos jogadores serviu para fazer a equipe reagir e virar o jogo com um homem a menos, na casa do adversário. Ronaldinho cobrou com precisão uma falta, voltando a marcar um gol pela Seleção depois de quatro anos. No entanto, o gol que demonstrou a reação da equipe em campo foi o segundo. O gol de Marcelo teve, a um só tempo, técnica e raça. Ele parte da lateral do campo, chega até as proximidades da grande área, tabela com um companheiro e, ao receber a bola de volta desfere um belíssimo chute cruzado, forte, no alto do gol. Um golaço. Na comemoração, recebe e retribui o abraço efusivo do técnico Mano Menezes, que o deixara fora de algumas convocações, por ter o jogador, segundo se diz, mostrado desdém pela Seleção. O episódio, ao que parece, está totalmente superado, não só pelo gol e pelo abraço, mas pela atuação de Marcelo. Finalmente, o lateral esquerdo mostrou, com a camisa da Seleção, o mesmo futebol exuberante que joga no Real Madrid. Foi, sem dúvida, o melhor jogador em campo. Marcelo é um jogador precioso, pois, além de excelente compleição física, tem um futebol de grande técnica. Ainda é pouco, mas a Seleção Brasileira já mostrou, contra o México, que pode dar mais. Com isso, Mano Menezes afasta, ao menos por um tempo, as especulações sobre a sua saída. Tomara que o jogo de hoje seja um indício, ainda que tênue, de que a Seleção viverá dias melhores daqui por diante.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Estranhos critérios

O público vem acompanhando, pela imprensa, a "novela" em que se transformou a reforma do estádio Beira-Rio, para utilzação na Copa do Mundo de 2014. As obras estão paradas há meses, e já quem diga que não estarão concluídas a tempo do estádio sediar jogos pela Copa das Confederações, em 2013. Há quem afirme, também, que o Grêmio estaria agindo nos bastidores para que os jogos da Copa de 2014 em Porto Alegre sejam levados para o seu novo estádio, que será inaugurado em novembro de 2012. O que não se vê ser questionado na imprensa é porque o Beira-Rio foi escolhido como o estádio de Porto Alegre para a Copa. O Brasil foi designado como sede da Copa em 2007, portanto, sete anos antes da realização da competição. Um período tão largo de tempo permite a construção de vários estádios novos. Ora, a CBF sabia, porque o próprio clube lhe dera ciência naquele mesmo ano, de que o Grêmio iria construir um novo estádio, inteiramente dentro dos padrões da FIFA. Sendo assim, porque a pressa em escolher um estádio construído há mais de 40 anos, que teria de sofrer reformas para se adaptar aos padrões da FIFA? A atitude torna-se ainda mais incompreensível quando se vê o que ocorreu em São Paulo. Lá, o Morumbi foi recusado como estádio para a Copa e decidiu-se pela construção de um novo, que pertencerá ao Corinthians, e cujas obras ainda não passaram da fase de terraplenagem. Claro que há toda sorte de maquinações políticas envolvendo tais decisões, mas é incrível que a imprensa do Rio Grande do Sul não questione tal fato. Os torcedores do Inter, quando o Grêmio ampliou o Olímpico, passaram a chamar o estádio de "remendão". Pois é, nada como o tempo. O Beira-Rio também se transformará num "remendão". Estranho, para dizer o mínimo, é que um estádio reformado seja escolhido em detrimento de um novo, maior e mais moderno. Até por uma questão de equidade, o estádio do Grêmio deveria ser o escolhido dessa vez, já que, na Copa de 1950, a indicação recaiu sobre os Eucaliptos, de propriedade do Inter. A escolha do Beira-Rio como estádio de Porto Alegre para a Copa de 2014 é uma afronta ao bom senso. Esse é o ângulo da questão que mais deveria ser explorado pela imprensa. Inexplicavelmente, no entanto, tem sido ignorado.

domingo, 9 de outubro de 2011

Festa vermelha

Foi uma vitória afirmativa do Inter, como há muito tempo não se via. Hoje à tarde, no Beira-Rio, o Inter goleou o Vasco, até então o líder do Campeonato Brasileiro, por 3 x 0, e poderia ter sido mais. O placar ainda estava em 1 x 0 quando João Paulo, do Inter, cometeu um pênalti claro sobre Diego Rosa, do Vasco. O árbitro não só não marcou o pênalti, como ainda deu cartão amarelo para Diego Rosa, por simulação. Uma dupla injustiça. Porém, erros de arbitragem à parte, a produção do Inter em campo foi tamanha que, provavelmente, venceria o jogo de qualquer maneira. O goleiro do Vasco, Fernando Prass, mesmo levando três gols, foi um dos melhores jogadores em campo, praticando grandes defesas. O Vasco, afora uma bicicleta de Diego Souza, não levou quase perigo para o goleiro do Inter, Muriel. D'Alessandro, Andrezinho e João Paulo tiveram atuações destacadas, e Índio reafirmou sua condição de zagueiro goleador. O Inter venceu com sobras e voltou a ter esperanças de classificação para a Libertadores, embora esteja três pontos atrás do chamado "G5". O próximo jogo, no entanto, contra o São Paulo, em Barueri, será dificílimo. Se, contudo, o Inter obtiver um bom resultado, suas chances se ampliarão bastante, pois o jogo seguinte, contra o Avaí, no Beira-Rio, parece ser uma vitória quase certa. Na eterna gangorra Gre-Nal, esse fim de semana foi o inverso do anterior. Na semana passada, o Grêmio ganhara e o Inter perdera. Agora, foi o contrário. O que chama a atenção é que o derrotado foi sempre o clube que jogou fora de casa. O que deixa claro para os dois clubes que eles nada conseguirão de melhor no Brasileirão se não vencerem jogando como visitantes. Momentaneamente, todavia, a festa está do lado vermelho, e as preocupações retornaram para o lado azul. Até quando? Só as próximas rodadas dirão.

sábado, 8 de outubro de 2011

A cara do Grêmio

Há um ditado popular que expressa que o peixe morre pela boca. Trata-se de verdade reconhecível por qualquer pessoa, mas há quem teime em falar demais. Após a vitória do Grêmio sobre o Santos por 1 x 0, na quarta-feira, no Olímpico, o presidente Paulo Odone e o técnico Celso Roth não pouparam críticas aos treinadores anteriores do clube, em 2011, e fizeram a exaltação do atual trabalho. Odone recorreu ao seu velho discurso e disse que, agora, o time tinha "cara de Grêmio" e que é desse jeito "que se põe faixa". Afora o lamentável ataque ao maior ídolo do clube, Renato, Odone se esqueceu de algumas coisas fundamentais. O Grêmio acabara de ganhar um jogo, apenas, e por escasso 1 x 0. O Campeonato Brasileiro ainda teria vários jogos pela frente e o próximo adversário, o Coritiba, fora de casa, seria dificílimo. Portanto, não havia sentido em fazer um desabafo como se o Grêmio já tivesse conquistado algo de significativo nesse momento. Não conquistou e, provavelmente, não conseguirá fazê-lo. A prova está no jogo de hoje à tarde contra o Coritiba, na casa do adversário. O Grêmio perdeu por 2 x 0, de forma inapelável, sem conseguir criar uma única chance de gol durante todo o jogo. A saída por lesão de Brandão, ainda no primeiro tempo, foi a desculpa ouvida no vestiário para o mau resultado. Porém, não há o que justifique uma atuação tão ridícula como a do Grêmio no jogo de hoje. A falta de atacantes, em função das lesões, fez com que Diego Clementino fosse escalado e Yuri Mamute, de apenas 16 anos, tivesse de fazer sua estréia no segundo tempo. Isso em nada absolve os dirigentes do Grêmio. Pelo contrário, demonstra sua imprevidência ao não terem reposto os atacantes que deixaram o clube, quer fossem titulares, como Jonas e Borges, ou alternativas de grupo, como Júnior Viçosa e Lins. Dessa forma, o Grêmio não poderia ter tido melhor sorte contra o Coritiba. Foi amplamente batido, sem esboçar reação em qualquer momento. Odone adora falar na "cara do Grêmio". Pois, hoje, ela foi vista. Uma cara muito feia, de quem, há dez anos, caminha do nada para o lugar nenhum, sem conquistar grandes títulos, sem honrar sua grandeza, sem dar esperanças de dias melhores ao seu torcedor, apostando nas mesmas e equivocadas soluções, repetindo, cansativamente, desculpas esfarrapadas que todos conhecem.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Futebol inconvincente

Os amistosos se sucedem, mas o futebol da Seleção Brasileira continua sem convencer. Sejam os adversários modestos ou mais qualificados, a produção da Seleção é, invariavelmente, insuficiente. No jogo de hoje à noite, contra a Costa Rica, não foi diferente. Mesmo diante de um adversário de pouca expressão, a Seleção Brasileira rendeu pouco. No primeiro tempo, a equipe brasileira chutou uma única bola ao gol, com Fred. O pior é que sequer foi uma jogada trabalhada, mas uma sobra de bola. No segundo tempo, a Seleção aumentou um pouco a sua produção e, quando o jogo parecia que iria ficar no empate, conseguiu a vitória por 1 x 0. Ainda é muito pouco para o que se espera de uma Seleção Brasileira. Agora, virá outro amistoso, contra o México, na terça-feira. Tomara que a Seleção consiga mostrar um melhor futebol. O problema é que a cada jogo, transfere-se essa expectativa para a partida seguinte, e nada acontece. Está cada vez mais difícil acreditar que Mano Menezes consiga ter êxito como técnico da Seleção Brasileira.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Apresentação memorável

O show de Eric Clapton, hoje à noite, em Porto Alegre, merece, sem nenhum exagero, a classificação de memorável. O show é relativamente curto, tem apenas uma hora e meia de duração. O bis tem apenas uma música. Bem diferente, portanto, do show de Paul McCartney, em 2010, com suas quase três horas de duração e quatro músicas no bis. Clapton também não interage com a platéia como Paul, limitando-se ao "thank you" ou a um "obrigado", carregado de sotaque. Mas, então, porque o show foi memorável? Porque Clapton é um gênio da guitarra, seu domínio do instrumento é fantástico. Clapton esbanja virtuosismo em longos solos que extasiam a platéia. Seu desempenho vocal também é digno de nota, pela maneira como se entrega à interpretação. Os músicos que o acompanham, o baixista Willie Weeks, o baterista Steve Gadd e o tecladista Chris Stanton são muito qualificados, assim como as backing vocals Michelle John e Sharon White. Clapton é arredio ao contato com o público e se esquiva da imprensa, mas, no que interessa, a qualidade de seu show, seu desempenho é brilhante. O rosto já não esconde a passagem do tempo. Clapton está com 66 anos. Porém, as mãos continuam ágeis, dedilhando as cordas de uma guitarra como só um gênio é capaz de fazer. Pode ter sido a última apresentação de Clapton em Porto Alegre. Se você não foi, não sabe o que perdeu.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Novas perspectivas

A vitória do Grêmio de 1 x 0 sobre o Santos, hoje à noite no Olímpico, em jogo atrasado da 11ª rodada do Campeonato Brasileiro, abre novas perspectivas para o clube na competição. O Grêmio está, agora, apenas um ponto atrás de seu maior rival, o Inter, e a uma distância de cinco pontos da zona de classificação para a Taça Libertadores da América. A ameaça de rebaixamento praticamente inexiste e a hipótese de classificação para a Libertadores, ainda que permaneça remota, já não é uma cogitação delirante. No jogo de hoje, o Grêmio procurou pressionar o Santos desde o início. Já aos 20 segundos do primeiro tempo, teve uma falta perigosa a seu favor. Criou, logo a seguir, outras chances de gol e, aos 8 minutos, fez 1 x 0. A partir daí, ao longo do jogo, teve várias oportunidades de ampliar o placar. O Santos, passado o susto inicial com o ímpeto do Grêmio, também criou muitas chances, mas não soube transformá-las em gols. Foi um jogo de boa qualidade, só decidido no apito final do árbitro, mas o Grêmio venceu com méritos, por ter sido o melhor time em campo, fato reconhecido até pelo técnico adversário. Todos no Grêmio jogaram bem, individual e coletivamente. O próximo jogo do Grêmio será dificílimo, contra o Coritiba fora de casa, e o time não contará com Douglas. As recentes vitórias contra o Bahia e o Avaí provam, no entanto, que jogar fora de casa já não é um drama para o Grêmio como em tempos recentes. O Grêmio, mais uma vez, dá a impressão de ter engrenado e, se isso se confirmar, sonhos que antes pareciam inatingíveis poderão se tornar realidade.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Soberania

As exigências da FIFA para a realização da Copa do Mundo de 2014 despertaram, em algumas pessoas, reações de um nacionalismo exacerbado. Exige-se que a presidente Dilma Roussef afirme a soberania do Brasil diante da instituição que comanda o futebol mundial. Itens como o Estatuto do Idoso e a proibição de venda de bebidas de álcool nos estádios, que a FIFA quer que tenham sua aplicação suspensa durante a Copa de 2014, são defendidos com unhas e dentes por tais pessoas. Ora, antes de partir para um discurso radical, é preciso ponderar algumas coisas. Se é verdade que a FIFA, em seu caderno de encargos, estipula muitas exigências para os países organizadores de Copas, a ponto de parecer que assume o controle dos mesmos durante a realização da competição, também é fato que ninguém é forçado a aceitar isso. Se não quiser se submeter às exigências da FIFA, basta que o país não se candidate a organizar uma Copa. Um país, ao postular ser a sede de uma Copa do Mundo, sabe, de antemão, de todos os requisitos que terá de cumprir caso seja escolhido para realizar a competição. A questão do ingresso mais barato para idosos é socialmente justa e pode até ser objeto de uma negociação, mas, no que diz respeito à venda de bebidas nos estádios a FIFA tem toda a razão em não ceder. Primeiro, porque entre seus patrocinadores está uma cervejaria, e, em segundo lugar, porque tais leis, que só são aplicadas em alguns estados, não em todos, são demagógicas e ineficientes. Não se proíbe as pessoas de beberem baixando leis. Os torcedores, impedidos de adquirir bebidas nos estádios, bebem em bares situados no entorno. Com isso, os torcedores deixam para entrar no estádio próximo ao horário de início do jogo, o que causa tumulto nos portões de acesso, como se viu, por exemplo numa partida entre Grêmio e Cruzeiro, no Olímpico, pelas semifinais da Libertadores de 2009. O Brasil, ao se candidatar para sediar a Copa de 2014, sabia de todos os itens que teria de cumprir. Não é hora de bravatas nacionalistas, e, sim, de honrar o compromisso assumido.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O lucro no ensino

Na chamada "sociedade de mercado", tudo deve visar ao lucro. Em tal modelo de sociedade, a livre iniciativa não pode ser ameaçada e o Estado não deve interferir no mercado. Com a prevalência do modelo capitalista, ditada pelo fim da Guerra Fria, vivemos tempos em que tudo é privatizável, mesmo coisas que antes eram de nítida responsabilidade estatal. É o caso, por exemplo, das estradas. Sua construção e conservação são deveres óbvios do poder público, mas, nos dias tresloucadamente neoliberais de hoje, o indefeso cidadão é obrigado a pagar os execráveis pedágios, que assaltam o seu bolso, enriquecem as concessionárias do serviço, e, o que é pior, não garantem, mesmo assim, estradas em boas condições. Nessa ânsia do lucro fácil às custas dos cidadãos desprotegidos, nem mesmo o ensino, antes dotado de uma condição de idealismo, escapou. As consequências disso já se fazem sentir no Chile, país que se deixou seduzir pelas idéias privatistas. Há mais de quatro meses, o Chile enfrenta a maior crise educacional de sua história. Não é difícil entender o porquê. O sistema educacional chileno, tão elogiado pelos direitistas, resulta em universidades com um alto custo em proporção á renda da população. O governo chileno investe nas universidades apenas 0,3% do PIB, um dos menores índices dentre todos os países do mundo. Com isso, os cidadãos e as empresas gastam 1,7% do PIB com o ensino superior. Para poderem formar os filhos, muitas famílias recorrem a empréstimos. O governo do Chile criou um financiamento para estimular o ingresso dos jovens pobres e de classe média nas faculdades, porém a taxa de juros cobrada é elevada. A consequência é que os estudantes se formam devendo quantias exorbitantes. Afora isso, o crédito cobre apenas parte das mensalidades e, para financiarem o restante, as famílias também acabam acumulando divídas. O fato do Chile ter o melhor resultado da América Latina no último Pisa, teste de qualidade da educação, não absolve o perverso sistema de ensino do país. Os estudantes chilenos se rebelaram contra os que transformaram a nobre tarefa do ensino em apenas mais uma forma de obter lucro. Uma das faixas dos manifestantes chilenos expressava: "Não mais educação de mercado". Camila Vallejo, presidente da Federação de Estudantes da Universidade do Chile disse: "Mostramos para o mundo que nossa educação não era o exemplo que se pensava". Camila e seus companheiros de luta exigem a proibição do lucro no ensino, no que estão absolutamente certos. Apesar de publicações de direita, como a revista brasileira "Veja", entenderem que isso poria abaixo um sistema de ensino  que é "o mais bem-sucedido da região", não se pode negar que a nobre tarefa de educar e a vil busca do lucro são absolutamente incompatíveis. A demonstração do quanto era falaciosa a idéia de que o Chile tinha um sistema educacional modelar, por certo, deverá servir para conter novos ímpetos privatistas em outros países. Educação é dever do Estado, não uma atividade mercantil como qualquer outra.

domingo, 2 de outubro de 2011

Panorama desigual

Os resultados de Grêmio e Inter, hoje à tarde, pelo Campeonato Brasileiro, geraram uma tímida esperança, de um lado, e um grande desalento, de outro. O Inter jogou primeiro, às 16 horas, na Arena da Baixada, contra o Atlético Paranaense. Enfrentando um adversário que está na zona de rebaixamento, o Inter não conseguiu se impor e perdeu, ao natural, por 2 x 0. Nem mesmo o fato de ter tido um gol de Jô injustamente anulado, quando o jogo ainda estava 0 x 0, serve de atenuante para o Inter. Afinal, o lance de Jô ocorreu no segundo tempo e, no primeiro tempo, o árbitro deixou de marcar um pênalti claríssimo de Nei, prejudicando o Atlético. O Inter só não foi goleado porque Nieto, autor dos dois gols do Atlético, ambos de cabeça, perdeu duas chances claras de gol por não ter a mesma eficiência com os pés. O resultado foi péssimo para o Inter, em todos os aspectos. A derrota foi para um clube que está na parte de baixo da tabela, e a distância da zona de classificação para a Libertadores, que era de um ponto, passou para cinco pontos, em consequência das vitórias obtidas por Flamengo e Fluminense na rodada. Afora isso, se o Grêmio ganhar o jogo atrasado contra o Santos, ficará apenas um ponto atrás do Inter, abrindo a perspectiva de ultrapassar o seu maior rival na reta final do Campeonato Brasileiro. No jogo, o Inter, como um todo, não foi bem, e até o goleiro Muriel, que faz um grande campeonato, esteve numa má jornada. Bolívar voltou do mesmo modo como tinha saído, ou seja, jogando mal. Ricardo Goulart continua sem dizer a que veio, tal e qual na época de Falcão como técnico. Jô, em que pese o gol mal anulado, está muito longe de suprir a ausência de Leandro Damião. O próximo jogo do Inter, mesmo sendo no Beira-Rio, será dificílimo, pois o adversário, o Vasco, é líder isolado do Brasileirão. Aliás, nas próximas partidas, o Inter irá enfrentar outros clubes situados na parte de cima da tabela, o que permite prever dias díficeis pela frente. Mais tarde, no Olímpico, o Grêmio viveu uma situação em tudo diferente da do seu rival. Marcou um gol cedo, logo aos 4 minutos do primeiro tempo e enfrentou um adversário, o Cruzeiro, com pouco poder ofensivo, o que fez com que sua vitória não fosse ameçada, em momento algum. O segundo gol, marcado novamente aos 4 minutos, só que do segundo tempo, tornou a vitória ainda mais tranquila. Nem mesmo a má atuação de Brandão foi capaz de atrapalhar o triunfo do Grêmio. Os demais jogadores tiveram boas atuações. Rafael Marques confirmou sua condição de zagueiro goleador, e Júlio César, Fernando, Marquinhos e Escudero, foram os grandes destaques individuais. Os 2 x 0 sobre o Cruzeiro abrem novas perspectivas para o Grêmio no Campeonato Brasileiro. Se ganhar o jogo atrasado contra o Santos, na quarta-feira, o Grêmio ficará a cinco pontos de distância da zona de classificação para a Libertadores. Caso o time consiga uma sequência de bons resultados, o que antes parecia impossível, a participação na Libertadores de 2012, poderá se concretizar, já que os primeiros colocados do Brasileirão tem tropeçado com frequência.  Portanto, desânimo de um lado, otimismo contido de outro, foram as consequências dos resultados de hoje à tarde para a dupla Gre-Nal.

sábado, 1 de outubro de 2011

O fenômeno das redes sociais

As chamadas "redes sociais" já são um fato inseparável da vida de muitas pessoas. Orkut, Facebook e Twitter, entre outras, tem milhões de adeptos espalhados pelo mundo. A rede social de maior popularidade, no momento, é o Facebook, que já tem 800 milhões de usuários. Só no Brasil, são 28 milhões. Fenômeno típico dos tempos atuais, as redes sociais permitiram que pessoas retomassem contato com parentes e amigos dos quais estavam afastados. Esse é o lado bom da situação. Permite o reencontro, via computador, de pessoas que há muito não se comunicavam. Alguém que esteja no Brasil, por exemplo, pode trocar mensagens e até conversar no "bate-papo" com um parente, amigo ou colega que esteja em outro país. Isso, sem dúvida, é revolucionário, pois, antes, tal tipo de contato só podia ser feito por telefone, a um custo proibitivo. Hoje, uma pessoa pode estar "on line" com várias outras, ao mesmo tempo, espalhadas pelas mais diferentes localidades. Tudo isso é inovador e entusiasmante. Porém, é preciso que se tenha em mente que nada substitui o contato pessoal. Não podemos nos limitar em ficar atrás da tela de um computador. Corremos o risco de substituir o contato humano pela amizade virtual. As redes sociais são um ótimo meio de localizar pessoas, mas esse deve ser apenas um instrumento para que elas se reencontrem, e não a única forma de se relacionarem. O extenso grupo de "amigos" que cada um possui nas redes sociais, precisa sair do contato virtual para o real. A rede social é um meio, não um fim em si mesma. Bater papo "on line" é divertido, mas, sempre que possível, deve-se buscar o encontro pessoal. O homem, sabemos todos, é um ser social. Não pode esconder-se da vida atrás da tela de um computador.