terça-feira, 22 de março de 2011

O novo partido

O Brasil ganhou um novo partido político, o PSD, Partido Social Democrático. Na verdade, nem tão novo assim, pois sua sigla é a mesma do antigo partido do ex-presidente Juscelino Kubistchek, extinto quando da implantação, pelo regime militar de 64, do bipartidarismo. Não se trata de coincidência e sim de uma homenagem explícita a Juscelino pela marca desenvolvimentista de seu governo, uma das bandeiras do novo partido. O curioso é a forma como nasceu a nova agremiação política. Mais uma vez, não se trata de um movimento nascido nas bases, mas sim, um ato de caciquismo político. O fundador do novo partido é o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Até então filiado ao Dem, Kassab queria deixar o partido por não concordar com sua oposição sistemática ao governo da presidente Dilma Roussef, do PT, que o prefeito pretende apoiar. Além do "desenvolvimentismo", outra das idéias de Kassab é a de que não existem mais posições de esquerda e direita, apenas a busca dos interesses maiores do país. O interessante nisso tudo é que, até poucos anos, Gilberto Kassab era uma figura sem relevância no meio político. Sua aparição para o grande público se deu quando tornou-se vice-prefeito de São Paulo, na gestão de José Serra. O partido de Serra, o PSDB, coligou-se com o então PFL, atual DEM, que indicou Kassab para candidadto a vice-prefeito. Serra venceu a eleição para prefeito de São Paulo e, mais tarde, deixou o cargo para concorrer a governador do Estado. Com isso, Kassab, até então um ilustre desconhecido, passou ao primeiro plano da política, tornando-se prefeito da maior cidade do Brasil. Logo depois, nas urnas, foi reeleito para o cargo. Pois agora, culminando sua fulgurante e meteórica ascensão, Kassab funda um novo partido. Ascensão e trajetória bastante semelhantes a do atual governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, que de discreto vice-governador na administração de Mário Covas, assumiu o cargo quando do falecimento do titular, reelegeu-se, concorreu a presidente da República e, no ano passado, tornou a se eleger governador. São ascensões estranhas, feitas na esteira de vacâncias de cargos por renúncia ou falecimento, não por uma sólida atuação no campo político e junto as bases do eleitorado. Típico de um país que ainda não se livrou das práticas caciquistas e elitistas. A propósito, o PSD foi fundado sem que o partido tenha, ainda, um programa definido! Nada mais brasileiro, em se tratando de política.