segunda-feira, 30 de novembro de 2015

A lucidez de Dorival Júnior

Em entrevista ao programa "Bola da Vez", dos canais ESPN, na semana passada, o técnico do Santos, Dorival Júnior, abordou um tema fundamental, que é negligenciado pela imprensa esportiva e pelo meio futebolístico como um  todo. Dorival referiu-se ao fato de que a Lei Pelé, se por um lado libertou o jogador de uma legislação escravagista, por outro favoreceu demasiadamente a figura do chamado "empresário de futebol". Ele entende que isso precisa ser modificado, e que o poder excessivo dado aos empresários não pode persistir, pois está prejudicando o futebol. Lamentavelmente, a lucidez de Dorival Júnior não é a regra em seu meio de atuação.  A maioria dos que atuam no futebol convive pacificamente com essa situação, que é uma das tantas anomalias criadas pela malfadada "Lei Pelé", que, sob a alegação de "libertar os jogadores da escravidão", gerou um quadro aberrante, tornando os clubes reféns dos "boleiros" e de seus representantes legais. Deixando de lado o ponto específico destacado por Dorival Júnior, entendo que a "Lei Pelé" deveria, simplesmente, ser revogada. Ela é um dos tantos desastres da calamitosa administração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Numa hora em que tanto se fala de passar o futebol brasileiro a limpo, alterando toda a sua arcaica e corrupta estrutura, a extinção da "Lei Pelé" não pode ser esquecida. Afinal, ela enfraqueceu terrivelmente os clubes, que são o que há de mais importante no futebol. São eles que movem multidões e enchem estádios. Não podem ser apenas instrumentos dos interesses argentários de jogadores e de seus "empresários", que nada mais fazem do que praticar a gigolagem, disfarçada como defesa das aspirações de seus representados.