segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Metendo os pés pelas mãos

Poucas vezes se viu alguém tão desastrado em suas ações quanto o presidente do Inter, Vitório Píffero. Escudado em feitos do passado, Píffero retornou ao cargo, que já exercera em dois mandatos sucessivos de 2010 a 2013. Nesse período, obteve o segundo título de Libertadores do clube, em 2010. Anteriormente, como vice-presidente de futebol na administração de Fernando Carvalho, foi campeão da América e do Mundial de Clubes em 2006. Essas conquistas criaram no próprio Piffero, e em muitos torcedores, a ideia de um superdirigente, capaz de obter grandes glórias sempre que estivesse no poder. Após Giovanni Luigi, seu sucessor, também ter cumprido dois mandatos consecutivos, Piffero voltou à presidência do Inter com uma consagradora vitória nas urnas, derrotando o candidato da situação, Marcelo Medeiros. Afinal, Luigi só conquistara campeonatos gaúchos, e os torcedores sonhavam com feitos maiores, que Píffero, por suas conquistas anteriores, estaria apto a obter.. A memória das pessoas, nestas horas, costuma ser seletiva, e os que votaram em Píffero certamente esqueceram que ele era o presidente do clube quando, em 2010, o Inter viveu o maior vexame da sua história, sendo derrotado por 2 x 0 pelo Mazembe, do Congo, nas semifinais do Mundial de Clubes. Píffero tem algumas características pouco desejáveis num dirigente, pois é boquirroto e arrogante. Afora isso, sua ideia de como administrar o Inter é fruto de uma visão mitômana, calcada na contratação de técnicos e jogadores de grande fama, o que implica no pagamento de altos salários. Esses traços de personalidade parecem ter se exacerbado e, nessa sua volta ao poder, Píffero vem metendo os pés pelas mãos. Contratou um técnico que não desejava, trouxe jogadores caros, cujo retrospecto recente era ruim, e que acabaram dando lugar a jovens que já pertenciam ao clube. Após a eliminação na Libertadores, competição que elegera como prioritária, decidiu-se pela demissão do técnico Diego Aguirre, de quem jamais gostou, mas fez isso faltando apenas três dias para um Gre-Nal, na casa do adversário. A goleada histórica de 5 x 0 para o Grêmio mostra o tamanho da insensatez de Píffero. Ainda assim, o presidente do Inter não se emenda. Recusa-se, em princípio, a contratar um técnico emergente, ou apenas provisório, até o fim do ano. Píffero quer um técnico famoso. Sua "ficha um", segundo sua própria expressão, Muricy Ramalho, já disse que não voltará ao trabalho em 2015. Mano Menezes, outro nome de impacto, já afirmou que não trabalhará com Píffero, pois ele já havia dito anteriormente que o técnico não lhe agradava. Diante da escassez de outros grandes nomes no mercado brasileiro, Píffero volta-se, agora, para a tentativa de contratar o argentino Jorge Sampaoli, técnico campeão da Copa América pelo Chile. A delicada situação financeira do clube e as perspectivas pouco alentadoras nas competições que ainda restam ao Inter em 2015, recomendariam a contratação de um técnico mais afeito a contornar crises do que um "figurão" de salário alto. Porém, Píffero desconhece o que seja bom senso. O vexatório 5 x 0 de ontem tem tudo para não ser um fato isolado. Com mais um ano e meio de mandato pela frente, Píffero ainda tem muito tempo pela frente para cometer novas trapalhadas, e colher os resultados correspondentes.