sexta-feira, 16 de agosto de 2013

No rumo da Segunda Divisão

Como apreciador do futebol, que acompanho com atenção desde que tomei consciência de minha presença no mundo, sempre vi o São Paulo como um clube diferente, para melhor, em relação aos demais. Com total distanciamento, pois não sou paulista nem torcedor do clube, identifiquei no São Paulo, ao longo do tempo, uma estrutura e solidez singulares. Ao contrário de todos os demais grandes clubes brasileiros, o São Paulo não costuma chafurdar nas crises. Elas costumam ser raras no clube, e logo são superadas. O São Paulo compõe o grupo de cinco grandes clubes brasileiros que jamais foram rebaixados para a Segunda Divisão. Os outros são Flamengo, Santos, Cruzeiro e Inter. Dentre todos eles, o São Paulo sempre me pareceu como o menos provável de ser rebaixado. Para minha surpresa, não é mais assim. O que no início do Campeonato Brasileiro parecia apenas uma possibilidade remota que logo seria afastada, começa a se tornar uma ameça concreta. Com o primeiro turno do Brasileirão se encaminhando para o seu encerramento, o São Paulo não consegue sair da zona de rebaixamento, não obteve nenhuma vitória nos últimos 11 jogos, e não faz valer o fator campo em seu favor, pois tem tropeçado seguidamente no Morumbi. Sentindo a necessidade de uma reação imediata para evitar o pior, o São Paulo baixou drasticamente os preços dos ingressos para o jogo de ontem contra o Atlético Paranaense. O ingresso mais caro custava R$ 30, e o mais barato apenas R$ 2. Nem assim o estádio lotou. O público foi de 25 mil pessoas, num estádio onde cabem 65 mil. O São Paulo saiu na frente, com um gol polêmico, em que muitos viram impedimento na jogada, mas, pouco depois, cometeu um pênalti, que determinou o empate. Ainda que tivesse muito tempo de jogo pela frente, o São Paulo não conseguiu marcar mais gols, e o resultado se manteve até o final. Entre os fatores que se pode identificar como causadores do mau momento do São Paulo, estão o continuísmo político do presidente Juvenal Juvêncio e, por incrível que pareça, as ações dentro e fora do campo, do maior ídolo do clube, Rogério Ceni. Juvenal Juvêncio foi um presidente exitoso, de grandes méritos, mas tudo tem seu tempo, e, ao mudar o estatuto do clube para obter mais um mandato, cometeu o erro de praticar o continuísmo, impedindo a necessária alternância no poder. Por sua vez, Rogério Ceni sempre foi uma referência no São Paulo, como jogador e líder. Como jogador, aos 40 anos e com aposentadoria marcada para dezembro, Rogério Ceni já não consegue dar uma resposta satisfatória dentro de campo. Tem errado cobranças de pênaltis e vem tendo seguidas falhas nos gols que sofre. Fora de campo, tem sido uma liderança negativa. Seu bate-boca público com o ex-técnico do São Paulo, Ney Franco, nada trouxe de positivo para o clube, pelo contrário, foi mais um foco de tensão num momento que já é muito tumultuado. O Fluminense, com sua espetacular recuperação em 2009, quando o rebaixamento parecia inevitável, mostra que não se pode desistir antes do tempo, mas o sinal de alerta está ligado. A chance de queda do São Paulo aumenta a cada dia, e isso não é bom nem para o clube, nem para a competição. Tomara que a reação ainda venha a acontecer, mas os sinais de um fracasso final ficam cada dia mais nítidos.