terça-feira, 7 de abril de 2015

Constatação devastadora

Uma pesquisa feita pela Fecomércio/RJ apurou que 70% dos brasileiros não leram um único livro em 2014. Essa é uma constatação devastadora. Não é por acaso que o Brasil possui um contingente alarmante de analfabetos funcionais, isto é, pessoas que aprenderam a ler, mas que não sabem interpretar um texto por mais simples e curto que seja. A leitura é fundamental para uma pessoa aumentar seu vocabulário, ampliar seus horizontes culturais, desenvolver seu raciocínio, traçar comparações, fazer análises, despertar seu senso crítico. Sem ela, as palavras tornam-se escassas, o pensamento mostra-se estreito, a criatividade fica embotada, os erros de ortografia tornam-se inevitáveis, o indivíduo fica indefeso diante de afirmações capciosas e de proselitismos de toda a espécie. Ler é fundamental para que se atinja uma condição de emancipação intelectual, aprendendo a pensar por conta própria, afirmando as próprias ideias. O histórico desprezo dos brasileiros pela leitura torna suas perspectivas de desenvolvimento pessoal extremamente limitadas. Como formar profissionais competentes, capazes de ocupar postos relevantes e de alta exigência curricular sem o devido apreço pela leitura? O Brasil precisa, urgentemente, de um programa de estímulo à leitura. O livro não pode ser visto como algo distante da realidade da população, o acesso a ele tem de ser facilitado, com o lançamento de obras a preços populares. Até mesmo a distribuição de livros, gratuitamente, pelo governo, é um recurso que deve ser utilizado, pois não seria uma despesa, mas um investimento no que o país tem de mais precioso, que é o seu material humano. O dado levantado pela pesquisa não pode ser apenas mais um a engrossar estatísticas sobre o Brasil. Ele exige medidas urgentes por parte do governo para reverter esse quadro desolador.