quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Empate com sabor de derrota

O que dizer de um time que está ganhando um jogo por 3 x 0 e, faltando 15 minutos para o final da partida a contar da marcação do terceiro gol, permite o empate em 3 x 3? Foi o que aconteceu com o Inter no jogo dessa noite, no Beira-Rio, contra o Santos. Obviamente, um empate nessas circunstãncias tem gosto de derrota. A torcida do Inter, inconformada, já encontrou, nos zagueiros Bolívar e Índio, os culpados pelo resultado indigesto. Aliás, isso não representa nenhuma novidade. Há muito tempo, a imprensa vem destacando o fato de que a dupla de zaga titular do Inter é formada por jogadores veteranos, lentos e sem poder de recuperação. Incrivelmente, o Inter se nega a admitir verdade tão evidente e continua a prestigiar Bolívar e Índio, numa eterna homenagem ao seu passado de ganhadores dos maiores títulos da história do clube. O Inter vem pagando um preço alto por tamanha teimosia. Tido e havido, antes do início do Campeonato Brasileiro, como um dos candidatos naturais ao título da competição, o Inter se encontra, atualmente, exatamente no meio da tabela, em 10º lugar. O Inter sofre gols em quase todos os jogos. Hoje, havia marcado três, sem sofrer nenhum, quando, em apenas dez minutos, levou o mesmo número de gols. Só mesmo a derrota do Grêmio para o Corinthians, ocorrida um pouco antes, pode ter amenizado um pouco o dissabor da torcida do Inter com o resultado do jogo contra o Santos. Por falar nisso, Borges marcou dois gols contra o Inter e consolidou-se na artilharia do Brasileirão, o que torna cada vez mais difícil para os dirigentes do Grêmio explicar a saída do jogador. Afora o empate da maneira como ocorreu, o Inter terá muitos desfalques para o seu próximo jogo, fora de casa, contra o Ceará. Infelizmente, pelos resultados obtidos na abertura do segundo turno, os clubes do Rio Grande do Sul parecem poder aspirar pouca coisa no restante da competição.

Jogando contra a arbitragem

Pelo segundo jogo consecutivo, o Grêmio teve problemas com a arbitragem. Hoje à tarde, no jogo contra o Corinthians, no Pacaembn, o Grêmio fazia uma boa partida, sem levar maior perigo ao adversário, mas, também, sem ser muito pressionado, quando foi vitimado pela marcação de um pênalti inexistente. O Grêmio conseguiu reagir, com um gol de Douglas, em cobrança de falta, no final do primeiro tempo. O segundo tempo começou com amplo domínio do Grêmio, sem, no entanto, traduzir-se em gols. O castigo veio em dois gols de contra-ataque do Corinthians, em falhas gritantes da defesa. Ainda assim, o Grêmio conseguiu marcar mais um gol e teve a chance de conseguir um resultado melhor, quando ficou com dois homens a mais em campo, depois que Liédson e Edenílson foram expulsos. A arbitragem errou mais uma vez contra o Grêmio ao dar apenas os protocolares três minutos de acréscimo, quando, pelas paralisações do jogo e a cera praticada pelo Corinthians, teria que conceder um tempo bem maior. A derrota para o Corinthians passou pelas falhas do próprio Grêmio, mas teve, mais uma vez, a interferência, indevida da arbitragem.

Desfaçatez

Há um ditado popular que expressa que "não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe". Porém, é díficil vislumbrar, no horizonte, o fim de certos males brasileiros. A absolvição da deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF) do processo de cassação a que fora submetida, é um exemplo disso. O Brasil é um país, historicamente, dominado por elites predatórias, que usam o Estado e os poderes constituídos em favor de seus interesses. A prática da democracia ainda é muito recente no país, o que redunda numa população com baixo nível de politização e mobilização. Desde que o Brasil foi descoberto, castas privilegiadas usufruíram toda sorte de vantagens, em detrimento do restante da população. Não se muda um quadro como esse da noite para o dia. Hoje, o Brasil vive num regime democrático, com liberdade de imprensa e de expressão. Com isso, fatos que antes permaneciam ocultos da opinião pública, começaram a  ser revelados. A indignação com a corrupção e os malfeitos na atividade política ganharam grande dimensão na sociedade. Ocorre que quem está acostumado a se beneficiar do poder em proveito próprio não vai "largar o osso" tão facilmente. A consequência disso é o que se vê, hoje, no país. Os poderosos desafiam as denúncias da imprensa e às cobranças da opinião pública e continuam a exibir sua força, de forma cada vez mais acintosa. Diante da enxurrada de atos ilícitos em que são apanhados, não assumem a culpa, ao contrário, acusam a imprensa de perseguição e acenam com mecanismos que restrinjam sua liberdade de atuação. A absolvição de Jaqueline Roriz é mais um exemplo disso. Jaqueline foi apanhada recebendo dinheiro do mensalão do DEM, em 2006, fato que foi registrado num vídeo. O argumento que sustentou sua absolvição foi o de que, na época, ela ainda não era deputada federal. Seu advogado, José Eduardo Alckmin, disse que, caso Jaqueline fosse cassada, estaria sendo praticada uma "retroatividade punitiva" e o caminho ficaria aberto para ações de "perseguições políticas". Ficou estabelecido, a partir da decisão de hoje, que um parlamentar só pode ser acusado de ferir o decoro em razão de fatos praticados depois de ser eleito. Portanto, por mais escabrosas que sejam as atitudes de um parlamentar antes do exercício de seu mandato, ele não responderá por elas politicamente. Trata-se de um escárnio, um ultraje, que revela a certeza da impunidade por parte de quem age dessa forma. Vivemos um momento, no país, em que a sociedade se mostra cada vez mais revoltada com a sujeira do mundo político, mas em que os donos do poder fazem questão de mostrar a sua força, para sinalizar que não pretendem abrir mão de seus privilégios. Nessa disputa entre a indignação e a desfaçatez está sendo decidido o futuro do Brasil. Por enquanto, infelizmente, o descaramento ainda ganha por larga vantagem.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O drama de Ricardo Gomes

Ainda comove a todos o ocorrido com o técnico do Vasco, Ricardo Gomes. Durante o clássico Flamengo x Vasco, ontem, no Engenhão, Ricardo Gomes sofreu um acidente vascular encefálico que afetou 70% do seu cérebro. Gomes ainda está em estado grave, após ter sido operado, e não se sabe que tipo de sequelas poderá ter, caso venha a se recuperar. Um fato como esse sensibiliza as pessoas, por vários motivos. Gomes ainda é muito jovem, tem apenas 46 anos. Trata-se, sem dúvida, de uma das pessoas de melhor caráter do futebol brasileiro. Como jogador, foi um exemplo de raça e dedicação, suportando as dores causadas por graves lesões para dar continuidade à sua carreira. Em 2011, estava vivendo o seu momento de afirmação como técnico, com a conquista do título de campeão da Copa do Brasil pelo Vasco. Num mundo tão cheio de pessoas inescrupulosas, seres humanos como Ricardo Gomes despertam a admiração e o reconhecimento. A sociedade não pode prescindir de pessoas assim. Ricardo Gomes ainda tem muito a dar, senão como profissional do futebol, como um homem de grande valor. Torçamos todos por ele.

domingo, 28 de agosto de 2011

Vitória merecida

A vitória do Grêmio sobre o Inter, hoje à tarde, no Olímpico, em que pese o placar magro, 2 x 1, foi incontestável. Tanto que o técnico e os dirigentes do clube derrotado, admitiram, em suas entrevistas após o jogo, que o resultado foi justo e o Grêmio foi o melhor em campo. O placar até poderia ter sido mais folgado se o árbitro não tivesse deixado de marcar dois pênaltis claros, um sobre Saimon, outro sobre Mário Fernandes. Afora a não marcação dos pênaltis, o árbitro Marcelo de Lima Henrique (FIFA-RJ), causou outros prejuízos ao Grêmio. Ao dar cartão amarelo para Mário Fernandes, alegando que ele simulara um pênalti que, verdadeiramente, sofreu, retirou o jogador da próxima partida do Grêmio, contra o Corinthians, em São Paulo. Afora isso, Índio que já tinha um cartão amarelo, deveria ter recebido outro, pelo pênalti cometido em Escudero e, consequentemente, ser expulso, o que não aconteceu. Foi uma vitória, portanto, com a cara do Grêmio, isto é, contra tudo e todos. No aspecto técnico, o Grêmio, como um todo, jogou bem. Victor quase não trabalhou e, nas poucas vezes em que foi exigido, correspondeu. Mário Fernandes teve excelente atuação. Vílson simplificou, dando chutões quando necessário, e saiu-se bem. Saimon, mais uma vez, fez uma grande partida, o que torna um mistério o fato de que, até hoje, vinha sendo reserva de Rafael Marques, de tantas atuações ruins e comprometedoras. Ressalte-se, aliás, que Rafael Marques só não jogou porque estava suspenso e se terá o tamanho do equívoco dos técnicos do Grêmio, tanto Celso Roth quanto os anteriores, em relação a Saimon. Júlio César teve uma estréia apenas discreta, não aproveitando o enorme corredor pela esquerda que o Inter lhe concedia. Fernando jogou bem e, pelo que disse Celso Roth após a partida, deverá ser o novo titular, colocando Gilberto Silva na reserva. Fábio Rochemback melhorou em relação aos jogos anteriores, sem, no entanto, fazer uma grande partida. Marquinhos foi um dos melhores jogadores em campo. Douglas esteve um tanto apagado, mas foi aplicado e marcou o gol da vitória. Escudero foi o melhor jogador em campo. André Lima, foi o pior jogador do Grêmio na partida. Em relação aos jogadores que entraram durante a partida, Leandro não conseguiu fazer nada de produtivo, e William Magrão e Edcarlos não tiveram tempo para realizar qualquer coisa digna de nota. No Inter, Muriel foi bem, fazendo defesas importantes e sem falhar nos gols sofridos. Glaydson, improvisado na lateral direita, foi muito mal, concedendo um corredor pela esquerda para Júlio César, que não soube aproveitar, e sendo envolvido por Escudero, quando o argentino caía por aquele setor. A dupla de zaga teve os defeitos costumeiros. Bolívar passa o tempo inteiro reclamando do árbitro, mas joga cada vez menos. Índio é o famoso "perigo nas duas áreas", pois fez um gol mas cometeu dois pênaltis, um deles não marcado pelo árbitro. Kléber teve uma atuação opaca. Élton foi o melhor jogador do Inter. Tinga teve péssima atuação e, se não fossem suas constantes reclamações contra o árbitro, não seria notado em campo. Andrezinho não foi nem sombra do jogador técnico e insinuante que costuma ser. Oscar foi muito mal. Delatorre não justificou sua escalação. Leandro Damião foi totalmente dominado pela zaga do Grêmio. Jô, Juan e Ilsinho, que entraram no decorrer do jogo, não deram qualquer contribuição efetiva. Foi uma vitória importante para o Grêmio, pois vai dar um novo ânimo ao ambiente. Convém lembrar que, com o resultado de hoje, o Grêmio ficou apenas seis pontos atrás do Inter no Campeonato Brasileiro e com um jogo a menos. As previsões catastrofistas de antes do jogo, quanto às perspectivas do Grêmio, não se confirmaram. Resta saber se, como expressa a máxima do ex-dirigente do Inter, Ibsen Pinheiro, a vitória no Gre-Nal servirá para arrumar a casa do vencedor.

sábado, 27 de agosto de 2011

Desequilíbrio

Na longa história de 102 anos de Gre-Nal, poucas vezes deve ter se visto um clássico tão desequilibrado quanto o que será jogado amanhã no Olímpico. Os ventos sopram para um lado só, a famosa "gangorra", está quebrada. O Inter já tem dois títulos em 2011. O Grêmio não obteve conquistas no ano. O Inter está em 7º lugar no Campeonato Brasileiro, próximo em pontos da zona de classificação para a Libertadores. O Grêmio está em 16º lugar, um ponto acima da zona de rebaixamento. O Inter tem um time com valores individuais afirmados, como Oscar e Leandro Damião. O Grêmio vê até os seus jogadores em nível de Seleção Brasileira, como Victor, afundarem a cada partida. Não há argumento lógico que possa apontar um resultado que não seja a vitória do Inter no Gre-Nal de amanhã. A esperança dos torcedores do Grêmio baseia-se apenas no imponderável, no pensamento mágico de que tudo pode acontecer, que o futebol é imprevisível, que não há favorito em clássicos. Essa última afirmação é totalmente falsa. Há favorito, sim, em todo e qualquer jogo, mesmo nos clássicos. O torcedor do Grêmio, no fundo, sabe disso, e, por isso, sua procura por ingressos para o jogo está sendo fraca. Trata-se de algo compreensível. Muitos torcedores do Grêmio temem, até, sofrer uma goleada. A ameaça de um terceiro rebaixamento já tira o sono de muitos. Enquanto isso, o Inter conquistou o título da Recopa Sul-Americana, na quarta-feira, e tem jogadores vivendo grande fase técnica. Não há onde encontrar argumentos que sustentem a possibilidade de uma vitória do Grêmio. Tudo se encaminha para uma festa vermelha no estádio de seu maior rival. Se isso se confirmar, o Grêmio mergulhará numa crise de proporções e consequências imprevisíveis, enquanto o Inter se encaminhará para, no mínimo, classificar-se para mais uma Libertadores.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O Barcelona segue implacável

Na tarde de hoje, pelo horário brasileiro, ocorreu, em Mônaco, mais uma disputa da Supercopa da Europa, competição realizada em jogo único entre o vencedor da Copa dos Campeões da Europa e o da Liga da Europa (antiga Copa da Uefa). O Barcelona, detentor do título da Copa dos Campeões, confirmou seu favoritismo, e venceu o Porto, ganhador da Liga da Europa, por 2 x 0. O Barcelona chegou à vitória com extrema naturalidade, não tendo, em momento algum, seu triunfo ameaçado. Ganhou como e quando quis. Afora a superioridade flagrante, deu-se ao luxo de construir o resultado com dois belos gols, o primeiro de Messi e o segundo de Fábregas, que começou no banco e entrara em campo poucos minutos antes. O Porto foi bravo e lutador, chegando, em razão de sua combatividade, a ter dois jogadores expulsos. No entanto, nada pôde fazer diante do maior poderio do adversário. A superioridade do Barcelona só não ocasionou uma goleada porque o goleiro do Porto, o brasileiro Hélton, teve excelente atuação e realizou grandes defesas. O Barcelona atual parece não ter adversários capazes de lhe derrotar. Joga um futebol técnico e envolvente, e conta com o maior jogador do mundo no momento, Messi. O desafio do Santos no final do ano, caso ultrapasse as semifinais do Campeonato Mundial de Clubes e o mesmo ocorra com o Barcelona, levando-os para a decisão, será gigantesco. Por outro lado, será uma oportunidade ímpar para Paulo Henrique Ganso e Neymar provarem ao mundo a excelência do seu futebol. Desde já, este é um jogo que se anuncia como espetacular e imperdível. Por ora, não há quem pareça capaz de frear o Barcelona. Seria o Santos o autor da façanha? Só nos resta esperar dezembro para saber.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A renúncia que sacudiu o Brasil

Hoje completam-se os 50 anos da renúncia do presidente Jânio Quadros, ato que gerou enorme instabilidade institucional no Brasil e que iria influenciar nos rumos políticos do país por mais de duas décadas. Jânio, um político histriônico e excêntrico, nunca chegou a revelar publicamente as razões do seu gesto, mas dá-se como certo de que ele pretendia que o povo e os militares pedissem a sua permanência, concedendo-lhe poderes especiais, já que sabia que as Forças Armadas não concordariam com a posse do vice-presidente, João Goulart, a quem consideravam comunista. Se foi assim, o tiro saiu pela culatra. A renúncia de Jânio foi aceita e o país se viu mergulhado em uma grande crise, já que os militares queriam impedir a posse de Goulart. A perspectiva de um golpe militar fez com que o governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, requisitasse a Rádio Guaíba, de Porto Alegre, para, a partir dos porões do Palácio Piratini, comandar a Rede da Legalidade, visando garantir a posse de Goulart. O vice-presidente, que se encontrava em missão oficial na China, conseguiu retornar ao Brasil e, depois de vários dias em que o país esteve convulsionado pela tentativa de atentar contra a ordem constitucional, aceitou a solução conciliatória de adoção do parlamentarismo, regime que retira poderes do presidente. Uma consulta popular, em janeiro de 1963, decidiu pelo retorno do presidencialismo, e João Goulart teve de volta a plenitude de seus poderes. No entanto, as forças de direita e as elites atreladas aos interesses americanos permaneceram contrárias ao seu governo, culminando por derrubá-lo com o abjeto golpe militar de 1964, que jogou o país nas trevas do autoritarismo. O bravo movimento da Legalidade conseguiu adiar, mas não impedir, a manobra sórdida contra a democracia praticada pelos mesmos que combateram Vargas e tentaram impedir a posse de Juscelino Kubistchek. As forças liberticidas impuseram ao país 21 anos de supressão dos preceitos democráticos, torturas e mortes nos porões da ditadura. Tudo começou com uma renúncia que sacudiu o Brasil.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Um tiro que ainda ecoa

A data de hoje, 24 de agosto, marca a passagem dos 57 anos do suicídio do presidente Getúlio Vargas. O fato se inscreveu para sempre na história do Brasil. A conspiração das elites e dos setores militares golpistas, permanentemente dispostos a solapar a democracia, criaram um estado de tensão que culminou no gesto dramático de Vargas, tirando a própria vida. Cheio de contradições como qualquer ser humano, Vargas foi, no entanto, o maior de todos os presidentes brasileiros. Homem de posses, grande proprietário rural, foi o responsável pela legislação trabalhista e previdenciária que, até hoje, ampara os menos favorecidos na escala social. Sua morte causou enorme comoção popular. Sua obra, magnífica, ainda hoje é objeto de críticas e tentativas de destruição por parte da direita e dos defensores do capital. Vargas, no campo econômico, tirou o Brasil do atraso, iniciando o processo de industriallização de um país marcadamente agrícola. Na área social, deu dignidade à classe trabalhadora, que, até então, vivia num regime de quase escravidão. Os efeitos de suas medidas são sentidos até hoje, e apesar das ações em contrário dos reacionários, hão de permanecer pelo tempo afora. Muitos são os seus detratores, mas suas palavras se perdem no vento. Vargas deixou para o Brasil um legado imperecível..

Resultado lógico

Há quem afirme que não há lógica no futebol. Trata-se de uma assertiva falsa. O futebol tem a chamada "zebra", que é quando um time de qualidade ou tradição muito inferior a do seu adversário obtém a vitória. Porém, isso é um fato isolado, circunscrito a um único jogo. Ao longo de uma competição, ou num enfrentamento em mais de uma partida, a qualidade superior de um dos times tende a prevalecer. Dessa forma, era plenamente previsível que o Inter conquistasse o título da Recopa Sul-Americana, esta noite, no Beira-Rio. O Inter tem um time melhor que o do Independiente e jogava em casa, apoiado por mais de 40 mil pessoas. O Independiente tem enorme tradição, é bravo e raçudo como costumam ser os argentinos, mas seu time atual é muito limitado tecnicamente. O Inter possui jogadores capazes de fazerem a diferença, e um deles, Leandro Damião, artilheiro que vive excepcional fase, fez dois gols logo no início do jogo, encaminhando a conquista do título. O gol marcado pelo Independiente fez parecer que a partida poderia se complicar para o Inter, mas um pênalti infantil cometido pelo goleiro Navarro, definiu o resultado, dando a taça para o clube gaúcho. Chama a atenção, também, o fato de que o campeão da Recopa é, quase sempre, o ganhador da Libertadores. Isso se deve, basicamente, a dois motivos. O primeiro é que o clube que disputa a Recopa como campeão da Libertadores tem o privilégio de fazer o segundo e decisivo jogo em casa. A outra razão é que a Copa Sul-Americana é uma competição de nível técnico bastante inferior ao da Libertadores e, portanto, seu campeão não tem a mesma qualidade do oponente. Agora, o Inter tem dois títulos da Recopa Sul-Americana, contra um de seu maior rival o Grêmio. Mais um dado para torturar o torcedor do Grêmio, cujo sofrimento parece não ter fim.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

O trailer de um documentário imperdível

Foi divulgado para o mundo, hoje, pela internet, o trailer do documentário sobre a vida de George Harrison, dirigido pelo renomado cineasta e ganhador do Oscar, Martin Scorsese. São pouco mais de dois minutos que criam a expectativa para o lançamento do documentário, o que acontecerá em outubro. O título do filme, "Living in the Material World", é o mesmo do segundo disco da carreira solo de George, de 1973. Trata-se de uma homenagem mais do que merecida. George era um grande guitarrista e qualificado compositor, mas que acabou sendo subestimado quanto ao seu talento porque as figuras míticas de John Lennon e Paul McCartney lhe ofuscavam. Mesmo com pouco espaço para suas composições nos discos dos Beatles, deixou sua marca indelével como autor em músicas como "Something", "While My Guitar Gently Weeps", "Here Comes The Sun" e "Taxman". "Something", por sinal, é a segunda música mais regravada dos Beatles, atrás, apenas de "Yesterday". George foi o primeiro beatle a atingir o topo das paradas na carreira solo com "My Sweet Lord", música incluída no álbum triplo "All Things Must Pass", de 1970, que obteve, além de grande sucesso junto ao público, uma excelente acolhida da crítica. O documentário será uma bela oportunidade para que muitas pessoas que desconhecem dados da trajetória de George possam, enfim, saber mais sobre esse grande artista. Perceberão, então, que George não foi um coadjuvante, mas uma grande e luzidia estrela do firmamento da música.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Talento desperdiçado

O atacante Jóbson foi dispensado pelo Bahia, apenas três meses depois de ter sido contratado. Jóbson vinha fazendo bons jogos pelo Bahia, sendo, inclusive, o artilheiro do time no Campeonato Brasileiro, com seis gols. Ocorre que Jóbson cometia constantes atrasos em treinos e viagens e a situação chegou a um nível insustentável. Até mesmo alguns de seus companheiros de grupo solicitavam o afastamento do jogador. Jóbson, para quem não lembra, é o mesmo jogador que surgiu com grande destaque no Botafogo, e que teve sua contratação pelo Cruzeiro desfeita quando veio a público o fato de ter sido pego num exame antidoping. Jóbson chegou a ser suspenso do futebol, retornou, mas seu julgamento definitivo pela Corte Arbitral do Esporte, com sede na Suiça, será realizado no início de setembro. Jóbson corre o risco de ser banido do futebol. Nem mesmo essa possibilidade fez com que Jóbson corrigi-se seu comportamento. O Bahia resolveu apostar no jogador, mas ele, em que pese o bom futebol apresentado, não soube corresponder à chance que lhe foi dada, adotando um comportamento pouco profissional. O Bahia talvez tenha sido a última oportunidade de Jóbson jogar num clube de expressão no futebol brasileiro. A partir de agora, é improvável que algum clube de destaque no país resolva contratá-lo. Será na condição de jogador sem clube que Jóbson irá tomar conhecimento, no início de setembro, da decisão da Corte Arbitral do Esporte, que poderá, como já foi colocado acima, bani-lo do futebol. Jóbson é um bom atacante, mas seu maior inimigo não é um zagueiro adversário, é ele mesmo. Trata-se de mais um exemplo de um talento desperdiçado e uma carreira jogada fora por força de um temperamento autodestrutivo. Muitos já quiseram auxiliar Jóbson, mas ele parece não querer se ajudar.

domingo, 21 de agosto de 2011

Oscar e Fernando

Oscar foi o grande nome do jogo em que a Seleção Brasileira Sub-20 conquistou o campeonato mundial da categoria, ao vencer Portugal por 3 x 2. Logo a seguir, em termos de destaque, esteve Fernando. As semelhanças param por aí. Oscar, que joga no Inter, já vinha fazendo grandes partidas pelo clube e, certamente, agora que está de volta, será titular absoluto do time. Fernando, que nas oportunidades que recebeu no time principal do Grêmio não correspondeu, não deverá ser aproveitado imediatamente pelo técnico Celso Roth. Ocorre que não podem existir dois jogadores diferentes numa só pessoa. Fernando teve excelentes atuações pela Seleção Sub-20 tanto no Campeonato Sul-Americano quanto no Mundial. Cabe ao técnico do Grêmio, que no momento é Celso Roth, a tarefa de extrair do jogador o máximo da sua capacidade. Mesmo que não tenha se saído bem nas oportunidades anteriores que teve no time do Grêmio, Fernando merece uma nova chance. Num time que faz péssima campanha no Campeonato Brasileiro e que tem como opções no meio de campo jogadores tão precários como Adílson e William Magrão, é imperioso que se concedam novas oportunidades para Fernando. Dependendo da resposta técnica que der, Fernando poderá até se tornar titular, pois os volantes do time, Gilberto Silva e Fábio Rochemback, estão deixando muito a desejar. Tomara que Fernando não venha a repetir a mesma história de outros jovens valores do Grêmio, como Ânderson e Douglas Costa, que pouco jogaram pelo clube, preteridos que foram por nomes de mais idade e qualidade muito inferior. A hora de Fernando é agora.

Vitória emocionante e título importante

A visão caolha e bairrista de alguns cronistas da praça fez com que desdenhassem da relevância do Campeonato Mundial Sub-20. Preocupados com os desfalques que os grandes clubes sofrem ao cederem seus jogadores para a Seleção Brasileira Sub-20, tais jornalistas afirmavam que a competição não tinha  importância, pois o Brasil já obtivera sua classificação para o torneio de futebol das Olímpiadas. Incrivelmente, de uns tempos para cá, algumas pessoas acham que uma competição só é importante se servir como meio de obter classificação para uma outra disputa. Ora, as competições possuem um valor intrínseco, independente das boniificações que proporcionem. Um título mundial, em qualquer categoria, é algo de enorme expressão. Felizmente, a Seleção Brasileira Sub-20 ignorou tais comentários e conquistou brilhantemente, pela quinta vez, o título mundial da categoria. Tudo o que a Seleção Brasileira principal nos tem negado, a Sub-20 apresentou. Garra, capacidade de reação, bom futebol. Alguns jogadores, como Oscar, Fernando, Henrique e Dudu, tiveram grande desempenho na decisão. A vitória da Seleção Sub-20 por 3 x 2 sobre Portugal, num jogo em que saíra ganhando e sofreu a virada, teve toda a dramaticidade das grandes decisões. Foi emocionante e, sim, muito importante. Ganhar é sempre bom. Ganhar um título mundial, melhor ainda. Parabéns para a Seleção Sub-20!

Empate movimentado

Mais de 30 mil pessoas no estádio, quatro gols, dois para cada lado. Gol de falta de Ronaldinho. Passe de calcanhar e gol de bicicleta de Leandro Damião. Reclamações de ambos os clubes contra a arbitragem. O jogo Inter 2 x 2 Flamengo, hoje, no Beira-Rio, teve todos os ingredientes de um grande espetáculo. Ronaldinho, que já havia brilhado contra o Grêmio, no Rio de Janeiro, também deixou sua marca contra o Inter. Leandro Damião, tido por muitos como um grande goleador sem maiores aptidões técnicas, mostrou que também é capaz de executar jogadas de notável plasticidade. Se, em termos de tabela, o resultado não entusiasmou, pois brecou a ascensão do Flamengo e fez o Inter marcar passo, o jogo correspondeu, em emoção e qualidade, ao que se pode esperar do enfrentamento de dois clubes grandes do futebol brasileiro. Os torcedores mais apaixonados dos dois clubes talvez tenham se frustrado, pois não alcançaram a vitória que almejavam. Porém, o apreciador do bom futebol, por certo, saiu gratificado. São jogos assim que sustentam, através dos tempos, o encantamento das pessoas pelo futebol. Grande público, muitos gols, belas jogadas, são ingredientes infalíveis para se ter um bom jogo de futebol. Inter x Flamengo teve tudo isso.

Grêmio no rumo do rebaixamento

O Grêmio passou a torturar o seu torcedor com requintes de crueldade. Não bastasse ter sido goleado pelo Ceará, perdeu, hoje, para o Atlético Goianiense, com um gol aos 45 minutos do segundo tempo! Pouco antes do gol, Rafael Marques, de desastrosa atuação contra o Ceará e muitos maus desempenhos em 2011, foi expulso de campo, ao cometer uma falta tão violenta quanto desnecessária. Pelas imagens de televisão foi possível perceber, claramente, Rafael Marques argumentando com o árbitro de que ainda não tinha recebido um cartão amarelo. Ora, a falta que o zagueiro do Grêmio cometeu foi dura o suficiente para que merecesse o cartão vermelho direto. O árbitro Héber Roberto Lopes, de tantas más atuações em jogos do Grêmio, dessa vez agiu com correção e determinou uma expulsão justa. O Grêmio, mais uma vez, teve uma atuação tecnicamente sofrível. Somente Douglas, em chutes de fora da área, levou algum perigo ao gol adversário. Victor "bateu roupa" numa jogada que redundou em gol, mas, para sua sorte, dessa vez o lance foi anulado por marcação de impedimento. Gabriel ainda não retomou seu futebol de 2010. Vílson foi apenas aplicado. Bruno Collaço, novamente, esteve apagadíssimo. Gilberto Silva continua sendo um burocrata. Fábio Rochemback foi, possivelmente, o pior do time. Adílson apresentou as limitações costumeiras. Miralles perdeu um gol feito, num lançamento precioso de Douglas que o deixou cara a cara com o goleiro. Brandão inexistiu. Os jogadores que entraram durante a partida, tiveram pouco tempo para fazer alguma coisa, mas Lúcio, assim mesmo, se envolveu diretamente no gol sofrido pelo Grêmio, ao não conseguir evitar a conclusão de Diogo Campos. O Grêmio só não ingressou na zona de rebaixamento nessa rodada porque foi ajudado por resultados paralelos. Está tendo mais sorte que juízo, mas não está ajudando a si próprio. Tem, agora, pela frente, o Gre-Nal que, mesmo sendo no Olímpico, não apresenta indícios de bom resultado. Depois, já pelo segundo turno, enfrentará o Corinthians, fora de casa, e o Atlético Paranaense, adversário direto na luta contra o rebaixamento, no Olímpico, nas duas primeiras rodadas. Convém, ao torcedor do Grêmio, reforçar o estoque de calmantes.

sábado, 20 de agosto de 2011

Movimento contra a corrupção

O Brasil pode estar prestes a atravessar mais um momento histórico na sua vida política. A demissão, por envolvimento em denúncias de corrupção, de três ministros do governo da presidente Dilma Roussef,  desencadeou um movimento de apoio a chamada "faxina" que está sendo empreendida pela suprema mandatária do país. Políticos como os senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Cristovam Buarque (PDT-DF) iniciaram uma reação contra as tentativas de impedir Dilma de combater a corrupção no governo. Até mesmo vozes da oposição, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, já declararam seu apoio às medidas de Dilma contra os deslizes éticos das autoridades. Na próxima terça-feira, no Congresso Nacional, a Frente Suprapartidária contra a Corrupção e a Impunidade, lançada na semana passada, fará um ato, em audiência pública, para receberr o apoio de diversas instituições. O filósofo Adauto Novaes lembrou a operação Mãos Limpas, ocorrida na Itália, e espera que a ação contra a corrupção tenha o apoio das universidades, da Ordem dos Advogados do Brasil, da Associação Brasileira de Imprensa, dos sindicatos, dos estudantes e das novas mídias, para que o movimento possa pressionar a classe política a participar dessa luta. No dia 20 de setembro, na Cinelândia, no Rio de Janeiro, será realizado o ato "Todos Juntos Contra a Corrupção", mobilização que teve início pela Internet. A presidente Dilma reiterou, ontem, que continuará a combater a corrupção e que não vê problemas com a base aliada em função das demisssões e das trocas de comando nos orgãos do governo. Tomara que Dilma não recue da postura que reafirmou, pois o país já mostrou o que quer daqui por diante. A era da corrupção desenfreada e da impunidade garantida pode estar caminhando para o fim. Basta a presidente querer, pois o apoio da sociedade não irá lhe faltar.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Excessos

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, declarou que prefere os "excessos" da Polícia Federal, a uma apatia em seu proceder. Mello destacou que o país conta com uma Polícia Federal atuante e que os seus excessos podem e devem ser coibidos visando ao aprimoramento. O ministro tem toda a razão. Nos últimos anos, em suas diversas operações, a Polícia Federal tem feito um trabalho exemplar, desnudando uma série de falcatruas e ações fraudulentas envolvendo políticos e autoridades. A grita quanto aos seus procedimentos, tachados de excessos, é coisa de quem tem telhado de vidro e teme ser alcançado pela lei. Os reclamantes queixam-se, por exemplo, do uso de algemas. Ora, é natural que praticantes de ações delituosas sejam algemados. Os crimes de colarinho branco não tem de ser tratados de forma mais branda do que outros delitos. Outra queixa seria quanto ao vazamento para a imprensa de fotos dos acusados, quando de seu fichamento na polícia, o que lhes colocaria numa situação humilhante perante à opinião pública. Há, até, quem tenha bradado que não se pode transformar o Brasil num estado policial. Todo esse esperneio é próprio  de quem se acostumou com a impunidade e não quer abrir mão de seus privilégios. Aqui e ali, pode até ser que a Polícia Federal tenha cometido algum excesso em suas ações. No entanto, num país assolado pela corrupção, é bom saber que há uma instituição que busca desvendar os  crimes da esfera política e punir seus autores. As operações da Polícia Federal só podem ser vistas como problemas para quem tem a "ficha suja" ou a consciência pesada. Para os interesses da cidadania e a defesa da democracia, são uma solução.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Ministros em queda livre

Ao se fazer um balanço do governo Dilma Roussef até os dias de hoje, não se poderá acusá-lo de levar o observador ao tédio. Não passa dia sem que estourem novos escândalos e denúncias envolvendo figuras dos mais variados escalões. Até aí, não chega a ser algo muito diferente de outros governos. A diferença está em que, no governo Dilma, os envolvidos em tais fatos ou são exonerados ou levados a pedir demissão. Dessa forma, em apenas oito meses de administração, quatro ministros já deixaram seus cargos, sem contar os funcionários de escalões inferiores. O mais recente a cair foi o ministro da Agricultura, Wágner Rossi. Envolvido em uma série de denúncias, Rossi se viu forçado a entregar o cargo. Seu substituto será o deputado federal Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS). Ainda que tamanha profusão de casos de corrupção seja uma evidência de um modelo de governabilidade inviável, o afastamento dos envolvidos dá a idéia de que a presidente Dilma se recusa a ser conivente com esse estado de coisas. As reações em contrário já surgiram, afinal os partidos e seus protegidos não estão acostumados com esse procedimento. O PR, em protesto pela demissão do ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e de outros integrantes do partido, resolveu entregar todos os seus cargos no governo. Outros partidos da base aliada ameaçam obstruir a pauta de votações de assuntos de interesse do governo, como forma de pressionar Dilma Roussef a abrandar seu tratamento em relação aos acusados de corrupção. Até o momento, Dilma tem procurado ser hábil para evitar uma crise, mas sem abrir mão de afastar os que são flagrados em atos incorretos. Faz muito bem. A presidente surpreende positivamente ao adotar uma prática diferente, em que os deslizes éticos por parte dos membros do governo não estão sendo ignorados. Claro que Dilma não vai resolver todos os problemas que afetam a máquina do governo. Longe disso. Porém, o que está sendo feito já é estimulante. A partir do que vem acontecendo, fica a expectativa pelo que ainda virá, e de quantas cabeças rolarão até o fim do mandato da presidente.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Uma estréia com vitória

Foi uma vitória de apenas 1 x 0, mas foi importante. O resultado foi obtido contra um adversário de tradição, o Botafogo, que faz boa campanha no Campeonato Brasileiro, e proporcionou ao técnico Dorival Júnior estrear com uma vitória, o que sempre é bom para quem está começando um trabalho. O Inter, dessa forma, já superou o primeiro dos desafios que tem em sequência. O próximo será novamente no Beira-Rio, contra o Flamengo, vice-líder invicto do Campeonato Brasileiro. Logo depois, ainda no Beira-Rio, terá a segunda partida pela decisão da Copa Sul-Americana contra o Independiente, que com um empate poderá ser campeão, o que obriga o Inter a vencer para poder ficar com o título. Por fim, na conclusão dessa maratona de jogos "encardidos", o Gre-Nal, na casa do adversário. Ainda que o Grêmio não esteja bem, um clássico é um jogo diferente dos demais. Com tantas pedreiras pela frente, a vitória no jogo de hoje era importante para o Inter. Tendo vencido já no seu primeiro jogo, Dorival Júnior terá tranquilidade para trabalhar, e o Inter poderá projetar tempos melhores.

Panorama desolador

A goleada de 3 x 0 do Ceará sobre o Grêmio, esta noite, no estádio Presidente Vargas, em Fortaleza, está longe de ser um fato surpreendente. O Grêmio havia colhido bons resultados nos dois primeiros jogos do técnico Celso Roth, um empate fora de casa com o Palmeiras e uma vitória sobre o Fluminense no Olímpico, mas, em ambas as partidas, mostrara o mesmo futebol ruim de tempos anteriores. As razões dos insucessos do Grêmio são várias, os técnicos que se sucedem no clube poderiam melhorar o quadro ao menos em parte, mas, insistem em não fazê-lo. Como explicar, por exemplo, que Victor continue titular, mesmo falhando em todos os jogos e com Marcelo Grohe em excelente fase? No jogo de hoje, Victor falhou em dois gols do Ceará, o segundo e o terceiro. Porque Rafael Marques prossegue sendo titular se sua média de atuações não é boa e Saimon sempre dá boa resposta quando é escalado? Porque William Magrão segue sendo prestigiado se suas atuações, invariavelmente, são péssimas? Há alguma razão que justifique a escalação de André Lima, qua não dá nenhuma contribuição ao time e não marca gols há várias partidas, deixando Brandão no banco? Como é possível aceitar que Miralles ainda não tenha sido fixado como titular? Todas essas perguntas não encontram resposta satisfatória e se juntam com vários outros problemas que acabam por criar um panorama desolador para o torcedor do Grêmio. Daqui por diante, até o final do Campeonato Brasileiro, nada mais restará ao Grêmio do que tentar fugir de outro rebaixamento. Não há qualquer condição de aspirar outros objetivos. Muito pouco para um clube tão grande e glorioso.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Impostos maiores

Warren Buffet, o terceiro homem mais rico do mundo, segundo a revista "Forbes", fez um pedido inusitado para alguém na sua condição. Buffet solicitou aos políticos de seu país, os Estados Unidos, que aumentem os impostos para multimilionários como ele. O empresário quer que os Estados Unidos deixem de "mimar" os mais ricos com isenções fiscais. "Chegou a hora de o nosso governo falar sério sobre o sacrifício compartilhado", disse Buffet. A manifestação é surpreendente, tendo em vista o seu autor, e elogiável, pelo grau de consciência da realidade que revela. A crise econômica que abala os Estados Unidos, e que fez o país, pela primeira vez, decrescer na avaliação de uma agência de classificação de risco, coloca em xeque, cada vez mais, os fundamentos do "american way of life". O horror dos americanos ao aumento de impostos traduz uma sociedade alicerçada na busca da prosperidade individual, sem contrapartida social. Cada um cuida só de si, a livre iniciativa é elevada a uma condição quase sagrada, e o êxito pessoal é incentivado ao ponto de se dividir as pessoas em dois grupos, os vencedores e os perdedores. Por essa ótica, empreender, fazer fortuna, prosperar, é tornar-se um vencedor. Os que não se enquadram nessa moldura, são perdedores. O modelo americano tornou-se dominante do final da Segunda Guerra Mundial até os dias de hoje, mas seus sinais de debilidade são, cada vez, mais evidentes. A colossal máquina de propaganda dos valores americanos, ajudada pela sabujice e pelo servilismo da grande imprensa ocidental, tentam negar o óbvio e desqualificar os argumentos que apontam para a crise do modelo que veneram. A manifestação de Buffet seria alvo de toda a sorte de invectivas, caso partisse de um "dinossauro" do esquerdismo. Sendo seu autor um expoente do capitalismo, mostra que conceitos tidos como inamovíveis pelos americanos tem de começar a serem revistos. Uma sociedade não pode ser erigida apenas com o incentivo à prosperidade individual, ao acúmulo de capital. Precisa distribuir sacríficios entre todos os seus integrantes. Se a busca do progresso pessoal é um direito de cada um, a promoção da justiça social é um dever de todos, a começar pelos governos.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Tendência clara

Os maus resultados, o futebol ruim em quase todos as partidas, o fracasso retumbante na Copa América, o número excessivo de jogadores testados em apenas um ano de trabalho, e a convocação de nomes sem a qualidade necessária para integrar a Seleção Brasileira, são fatores que fazem com que muitos já prevejam que o atual técnico da equipe, Mano Menezes, não permaneça no cargo até a Copa do Mundo de 2014. O que era uma impressão partilhada por várias pessoas pode estar se encaminhando como fato concreto, a ser verdade um tópico publicado na seção "Holofote", da edição dessa semana da revista "Veja". Conforme a revista, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, teria perdido de vez a paciência com Mano Menezes, e concluído que ele não tem condições de treinar a Seleção Brasileira na Copa de 2014. Teixeira não irá demitir o técnico agora, mas já estaria sondando nomes para treinar a Seleção a partir de 2012. O nome preferido pelo presidente da CBF, de acordo com "Veja", seria o do atual técnico do Palmeiras, Luiz Felipe, que foi campeão da Copa de 2002 pela Seleção. Se tudo isso corresponder à realidade, não se está diante de nenhuma injustiça. Mano Menezes fez um trabalho qualificado nos clubes pelos quais passou e teve uma ascensão meteórica na carreira. Em apenas cinco anos, entre 2005 e 2010, saiu da condição de técnico do Caxias para treinador da Seleção Brasileira. No Grêmio e no Corinthians, fez muito bom trabalho e ganhou vários títulos, o que levou Ricardo Teixeira a convidá-lo para treinar a Seleção, após a recusa de Muricy Ramalho. No entanto, em um ano no cargo, Mano Menezes frustrou as expectativas de todos. Não achou uma equipe ideal, nem conseguiu que a Seleção jogasse um bom futebol. O enfrentamento com seleções mais tradicionais se mostrou desastroso, pois resultou em três derrotas e um empate. O desempenho na Copa América foi constrangedor, chegando ao cúmulo de uma eliminação nos tiros livres da marca do pênalti em que a Seleção errou todas as quatro cobranças que fez. O nome de Luiz Felipe como o possível novo técnico da Seleção também me parece o mais adequado. Luiz Felipe é experiente, já foi campeão de uma Copa, comanda um grupo como poucos, e já provou, em sua passagem anterior pela Seleção, que sabe como transformar uma equipe fracassada em vitoriosa. Mano Menezes é um bom técnico e, certamente, todos desejávamos que tivesse êxito treinando a Seleção. Porém, seu trabalho não vem apresentando bom rendimento. Já estamos há menos de três anos do início da Copa de 2014, e é preciso que a Seleção, que tem o peso de ser a equipe do país que sediará a competição, se apresente forte e qualificada para poder alcançar o título. Não há tempo a perder, e a troca de Mano Menezes por Luiz Felipe seria uma providência acertada.

domingo, 14 de agosto de 2011

Memória fraca

Ao ouvir as candentes reclamações de cronistas identificados com o Inter, e de dirigentes do clube, responsabilizando o árbitro pelo empate com o Bahia em 1 x 1, no estádio de Pituaçu, em Salvador, me espantei ao perceber como é fraca a memória de algumas pessoas. Há exatamente uma semana, o Inter ganhou um jogo do Cruzeiro, única e exclusivamente, pela atuação desastrosa do árbitro, que influiu diretamente no resultado. Dias antes, perdera um jogo para o Fluminense, por 2 x 0, no qual só não foi goleado por que a arbitragem deixou de marcar dois pênaltis em favor do clube carioca. Diante de tais erros, nenhuma manifestação, afinal, já expressa o ditado, pimenta nos olhos dos outros é colírio. Agora, diante de mais um jogo sem vitória contra um adversário modesto, surge o árbitro como bode expiatório. O argumento das muitas chances de gol criadas pelo Inter também não servem para caracterizar o resultado como injusto. Jogos se decidem pelos gols marcados, não pelo número de chances desperdiçadas. Aliás, criar oportunidades de gol e não conseguir concretizá-las é prova de imperícia. O fato é que o Inter segue fazendo uma campanha muito abaixo do esperado para um clube que gasta R$ 5 milhões por mês com a folha de pagamento. Culpar árbitros, que, na verdade estão mais ajudando o Inter do que lhe causando prejuízos, não passa de uma surrada tática diversionista.

Dever cumprido

A vitória era intransferível e imprescindível para o Grêmio, hoje, contra o Fluminense, no Olímpico. O Grêmio chegou a sair perdendo, em mais uma falha de Victor, mas, mesmo sem jogar bem, conseguiu a virada e venceu a partida por 2 x 1. Nesse momento, era o que importava. Claro que os erros ainda foram muitos, que alguns jogadores voltaram a atuar mal, mas o essencial era ganhar, e isso foi alcançado. O técnico Celso Roth, de maneira consciente, disse que, tecnicamente, o time ainda apresentou muitas falhas. Porém, também admitiu que a vitória obtida sobre o Fluminense dará mais confiança ao grupo, que vinha pressionado pelos maus resultados. O Grêmio terá, agora, dois jogos seguidos fora de casa, contra Ceará e Atlético Goianiense. São dois adversários modestos tecnicamente, mas que crescem nos jogos em que atuam em casa. Os dois bons resultados obtidos, até aqui, com Celso Roth, no entanto, autorizam a que se possa esperar um desempenho satisfatório do Grêmio nessa pequena excursão. Se tal acontecer, o time afastará definitivamente a má fase, e poderá projetar metas mais ambiciosas dentro do Campeonato Brasileiro.

sábado, 13 de agosto de 2011

Corrupção

O que antes era eventual, tornou-se um hábito. A corrupção no Brasil passou a ser regra, não uma exceção. O país parece ter aceitado conviver com a corrupção como algo que faz parte da vida diária. São tantos os escândalos, tão numerosas as denúncias de novos deslizes que surgem a cada dia, que se torna difícil até acompanhar a evolução de tais acontecimentos. A cada nova edição das revistas semanais de informação, tomamos conhecimento de favorecimentos ilícitos, pagamento de propinas, desvio de verbas, enriquecimento repentino e inexplicado, entre tantas outras falcatruas de autoridades dos mais diversos escalões. Interesses ideológicos à parte, pois certas publicações aproveitam-se de tais fatos para tentar incutir sua visão de mundo, é forçoso constatar que o exercício do poder no Brasil está contaminado e corroído pela ação de pessoas destituídas de qualquer idealismo, que usam a política para a satisfação dos seus próprios interesses e de seus apaniguados. A cada semana, um novo ministério é atingido, por denúncias. Começou com os Transportes, passou para a Agricultura, chegou ao Turismo. Nessa sequência, pouco a pouco, todos os ministérios do governo da presidente Dilma Roussef terão contra si alguma evidência de irregularidade. Dilma é honesta e tem se mostrado, até onde é possível, enérgica no combate aos escândalos. Ocorre que tudo o que está acontecendo é resultado de uma forma de governabilidade que a presidente já herdou de seus antecessores no cargo. Desde a redemocratização do país, criou-se uma fórmula de governar baseada na aliança entre partidos, que distribui cargos entre os aliados, e concede toda sorte de agrados e facilidades para os mesmos, sob a justificativa de obter maioria nas votações do Congresso Nacional. O resultado nefasto de tal prática é, afora a disseminação dos atos corruptos, o esvaziamento da oposição. Com a maioria desejando usufruir as vantagens de se associar ao poder, restam poucos que queiram se dedicar ao exercício de fazer oposição, fundamental para a saúde de um regime democrático. O Brasil precisa, urgentemente, redesenhar seu modelo de administração pública. Por melhores que sejam as ações de governo, por mais que cresça a economia, um país não pode conviver indefinidamente com a corrupção entranhada e disseminada nos estamentos de poder. Uma "faxina" completa no modo de se governar o país se faz, cada vez mais, necessária.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Novo reforço

O novo gerente de futebol do Grêmio, Paulo Pelaipe, continua a agir com rapidez e, há pouco mais de dez dias no cargo, já efetuou sua terceira contratação. Depois do atacante Brandão e do zagueiro Edcarlos, o Grêmio trouxe o lateral esquerdo Júlio César, que estava no Fluminense. Júlio César destacou-se jogando pelo Goiás, mas não teve uma boa passagem pelo Fluminense, o que não invalida a sua contratação. A lateral esquerda vem sendo um problema do Grêmio há muito tempo e era necessário buscar uma solução. A idéia, defendida por alguns, de que o Grêmio não deveria gastar com a contratação de um lateral, podendo improvisar alguém na posição ou buscar um jogador nas categorias inferiores do clube, é simplista e medíocre. Improvisações, no futebol, só devem ser feitas em último caso, e as categorias inferiores do Grêmio não possuem, no momento, jogadores em condições de se juntarem ao grupo principal. Júlio César chega em boa hora e, se conseguir reeditar o seu futebol dos tempos do Goiás, resolverá um problema que já estava se tornando crônico na escalação do Grêmio.

Novela encerrada

Decorrido quase um mês desde a demissão de Falcão, o Inter, finalmente, tem um novo técnico. Dorival Júnior, que chegou a ser o nome preferencial e, depois, foi descartado pelo alto salário que pediu, acabou se acertando com o Inter. Para o desfecho exitoso da negociação, colaboraram a impossibilidade da vinda de Paulo Autuori, que não foi liberado pelo Al Rayyan, do Catar, e a redução da pedida salarial de Dorival Júnior. O técnico que está chegando teve uma passagem ruim pelo Atlético Mineiro, seu clube mais recente, mas, em sua ainda curta carreira, de apenas oito anos, já ganhou vários títulos estaduais e uma Copa do Brasil. Gosta de lançar jovens valores, o que sinaliza para um maior aproveitamento dos jogadores das categorias inferiores do Inter. Sua apresentação será somente na terça-feira e seus dois primeiros jogos serão no Beira-Rio, contra o Botafogo, no dia seguinte, e com o Independiente, pela Recopa Sul-Americana, dia 24. Será uma boa chance de Dorival Júnior começar com duas vitórias e embalar sua caminhada como técnico do Inter. Sem contar que o jogo contra o Independiente vale o título de uma competição. Demorou, mas o Inter contratou um novo técnico. Resta esperar para ver o resultado que terá o seu trabalho. Dorival Júnior é bem conceituado, mas seu fracasso no Atlético Mineiro fez surgirem desconfianças sobre sua capacidade. O Inter poderá ser a sua chance de recuperar o prestígio anteriormente alcançado.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Popularidade

Uma pesquisa realizada pelo Ibope, sob encomenda da Confederação Nacional da Indústria (CNI) , divulgada ontem, aponta uma queda na popularidade da presidente Dilma Roussef. Em relação à pesquisa anterior, realizada em março, houve uma diminuição da aprovação pessoal da presidente de 76 % para 67%. No mesmo período, a avaliação positiva do governo caiu de 56% para 48%. Uma das razões apontadas para a queda nos índices de aprovação da presidente, e de seu governo, é o estilo centralizador de Dilma, que não não proporciona uma interlocução maior com a população. Particularmente, não acho que tais números devam causar preocupação. Sabia-se, desde o início, que Dilma não repetiria os índices de popularidade do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva que, de resto, não foram alcançados por nenhum outro ocupante do cargo. Mesmo com a redução observada, os índices de aprovação de Dilma ainda são muito bons. A popularidade é algo que ajuda, sem dúvida, mas não é determinante para se fazer um bom governo. Um governante tem de estar mais preocupado em fazer o melhor posssível como administrador do que em ser reverenciado pelas multidões. Dilma é bem mais retraída que Lula no trato pessoal, prefere os gabinetes aos espaços públicos, tem um estilo duro e decidido de administrar. Essas características não colaboram para que seja muito popular. Porém, a maneira resoluta como vem enfrentando as denúncias de corrupção em seu governo, mostram que a presidente não é leniente com tais situações, promovendo uma "faxina" em vários escalões, mesmo que ao preço de contrariar aliados políticos. Os números revelados pela pesquisa, embora sinalizando uma queda na aprovação de Dilma, ainda lhe dão amplo respaldo para governar com tranquilidade.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Inter perde a primeira

Jogando fora de casa, o Inter perdeu, de virada, o primeiro jogo pela decisão da Recopa Sul-Americana por 2 x 1 para o Independiente. O time argentino mostrou ser limitado tecnicamente, mas, com empenho e garra, conseguiu superar-se e ganhar o jogo. Mais uma vez, a defesa do Inter mostrou sua fragilidade, principalmente no jogo áereo. A escalação de Tinga como articulador foi um equívioco do técnico interino Osmar Loss. Andrezinho, que entrou no segundo tempo, deveria ter começado o jogo. O Inter ainda sofreu o prejuízo da saída de Kléber, no primeiro tempo, com uma lesão no joelho que poderá afastá-lo do time por um bom período. Há por parte do Inter a convicção de que, no Beira-Rio, haverá a reversão em relação ao primeiro jogo e o título será conquistado. É bem provável que isso aconteça, dada a fragilidade técnica do Independiente, mas convém ser prudente. O clube argentino já conseguiu vencer no primeiro jogo e, agora, lhe basta um empate na segunda partida para ser campeão. Sabendo-se da raça com que os argentinos se empregam em cada jogo e de sua maestria na arte da "catimba", é bom estar preparado para um revés.

Seleção segue sua rotina

A Seleção Brasileira seguiu sua rotina sob o comando do técnico Mano Menezes e, mais uma vez, não conseguiu vencer uma equipe de grande porte. Dessa vez, perdeu para a Alemanha, por 3 x 2, em Stuttgart, sendo inferior ao adversário em, praticamente todo o jogo. Não espanta que tenha sido assim. Repetindo o que fazia o técnico anterior da Seleção, Dunga, Mano Menezes convoca e escala jogadores que não possuem condições de vestir a camisa "canarinho". O meio de campo escalado para o início do jogo, com Ralf, Ramires e Fernandinho, por exemplo, é de uma indigência técnica poucas vezes vista na história da Seleção. Para escalar Fernandinho, Mano Menezes começou o jogo com Paulo Henrique Ganso no banco de reservas! Ainda que Ganso não esteja jogando bem, tanto no Santos quanto na Seleção, tal troca é simplesmente absurda. A insistência do técnico com André Santos na lateral esquerda é outro fato que não se justifica. Mano Menezes trabalhou com o jogador no Corinthians, confia em seu futebol, mas as exigências da Seleção são bem maiores que as de um clube. Se é verdade que Marcelo, atualmente o melhor lateral  esquerdo brasileiro, desdenhou a Seleção, e por isso não vem sendo convocado, não dá para simplesmente fixar André Santos na posição. É preciso buscar outras alternativas. Se dúvidas ainda restassem sobre a insuficiência do seu futebol, sua falha grotesca no terceiro gol da Alemanha, tratou de dirimi-las. Mano Menezes completou um ano como técnico da Seleção Brasileira, e seu desempenho tem sido pífio. Mesmo que ainda faltem três anos para a Copa do Mundo, já era de se esperar que o técnico estivesse com um trabalho mais estruturado, sem tantas experimentações, com uma uma idéia mais clara de qual é a sua equipe ideal. O argumento de que o Brasil passa por uma entressafra de bons jogadores não se sustenta. Há jogadores suficientes para se formar uma boa seleção. Nomes como Arouca, do Santos, e Hernanes, do Lazio, acrescentariam muito mais à equipe do que Ralf, Luiz Gustavo, Fernandinho e Renato Augusto, incluídos na última convocação. Hernanes já foi convocado por Mano Menezes, prejudicou a Seleção com um lance de violência absurda que causou sua expulsão num amistoso, mas isso não é motivo para que não seja mais convocado. Leandro Damião, outro que já foi chamado por Mano Menezes, não pode ficar de fora de um grupo que tem Alexandre Pato, uma eterna promessa que não se confirma, e Fred, um atacante que está longe dos seus melhores momentos. Lucas, do São Paulo, ainda que não tenha ido bem na Copa América, merece novas chances. A realidade é que a Seleção passa a idéia de que o primeiro ano sob o comando de Mano Menezes não foi muito proveitoso. Ainda que a CBF sustente o contrário, os resultados positivos precisam vir logo para que Mano Menezes continue no cargo. Não há técnico que resista diante de maus resultados em série.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Os 80 anos de Zagallo

O dia de hoje marca o aniversário de 80 anos de Zagallo, o único profissional do futebol a ganhar quatro Copas do Mundo. Pela Seleção Brasileira, Zagallo foi campeão da Copas de 1958 e 1962 como jogador, da de 1970 como técnico, e de 1994 como coordenador técnico da equipe então treinada por Carlos Alberto Parreira. Zagallo ainda treinou a Seleção em outras duas Copas, a de 1974, quando ficou em quarto lugar, e 1998, ocasião em que foi vice-campeão. A trajetória de Zagallo é curiosa, pois apesar do currículo expressivo, não foi uma unanimidade como jogador, nem  tampouco como técnico. Na equipe bicampeã das Copas de 1958 e 1962 era, possivelmente, o jogador mais discreto tecnicamente. Jogador essencialmente tático, conseguiu a titularidade suplantando dois craques da época, Pepe e Canhoteiro, que eram ponteiros esquerdos agudos, enquanto ele fazia um trabalho de vai e vem entre o meio de campo e o ataque. Também não foi um frequentador precoce da Seleção. Na sua primeira Copa, em 1958, já tinha 27 anos. Como técnico, seu sucesso foi relativo. Ganhou a Copa de 1970 com uma seleção fantástica, que tinha Pelé, Tostão, Gérson, Rivelino, Jairzinho e Carlos Alberto, entre outros, mas em outras duas ocasiões, sem tantas estrelas, não alcançou o título. Como técnico de clubes teve um desempenho modesto. Circunscreveu sua carreira a clubes do Rio de Janeiro, com exceção de uma breve passagem por São Paulo, onde treinou a Portuguesa. Conquistou apenas títulos estaduais, todos no Rio de Janeiro. Afora isso, foi um dos que abriram o mercado do Oriente Médio para os técnicos brasileiros. No Rio Grande do Sul, tornou-se desafeto da torcida do Grêmio, pois, em 1997, convocou o jogador mais importante do time, Paulo Nunes, para a Seleção Brasileira, retirando-o da Taça Libertadores da América. Zagallo manteve Paulo Nunes o tempo todo na reserva, e o Grêmio, sem seu principal destaque, foi eliminado da competição. Como escrevi acima, Zagallo nunca foi uma unanimidade. O humorista Hubert, da turma do Casseta e Planeta, num artigo escrito para a revista "Placar", chegou a comparar Zagallo com o personagem cinematográfico Forrest Gump, como sendo alguém que sempre estava presente aos grandes acontecimentos, sem, no entanto, contribuir decisivamente para eles. Porém, goste-se dele ou não, Zagallo tem uma trajetória única no futebol. Por isso mesmo, num momento de desabafo, disse: "Vocês vão ter que me engolir". Não sou um admirador de Zagallo, mas, no dia em que ele completa 80 anos, é forçoso reconhecer que poucos demonstraram, até hoje, um amor tão sincero pela Seleção Brasileira. Numa época em que a Seleção parece não mobilizar as pessoas tão intensamente quanto em outros tempos, sua defesa intransigente da "amarelinha", como costuma dizer, merece ser destacada. Com ou sem restrições ao seu trabalho como jogador e técnico, hoje é dia de parabenizar Zagallo. São 80 anos de um campeão de quatro Copas do Mundo, algo que, até hoje, só Zagallo conseguiu.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Rigor contra o álcool

O governo do estado de São Paulo anunciou, na semana passada, um programa para coibir o consumo de álcool por crianças e adolescentes. Como parte da iniciativa haverá uma lei mais dura, que penalizará com pesadas multas, e até com o fechamento, os estabelecimentos comerciais que reincidirem na venda de bebidas para menores de 18 anos. Também serão feitas uma campanha educativa e a abertura de mais 200 vagas no Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento do alcoolismo. A medida do governo paulista foi tomada com base em um estudo que mostra que em 1990 os jovens começavam a beber aos 18 anos. Hoje, os jovens iniciam o consumo de bebidas aos 13 anos. Os efeitos do álcool quando consumido em grande quantidade são, sabidamente, devastadores. A iniciativa do governo do estado de São Paulo é, portanto, válida e meritória. Ela tenta estabelecer um maior rigor quanto a uma proibição, a de venda de bebidas para menores, que já existe em lei. Ocorre que todas as leis que tentam atuar sobre comportamentos e hábitos arraigados das pessoas tendem a ter um impacto inicial e depois perdem eficácia. As campanhas de conscientização, ainda que seus resultados sejam alcançados a longo prazo, são mais eficientes. Foi através delas que muitas pessoas, a partir dos esclarecimentos sobre os efeitos danosos de certos hábitos sobre a saúde, deixaram de fumar e passaram a praticar exercícios físicos, por exemplo. Uma lei, por mais dura que seja, não modifica comportamentos. Se assim fosse, bastaria um "canetaço" e todo e qualquer problema estaria resolvido. O ser humano tem suas pulsões, e tentar controlá-las através de leis e decretos só estimula a criatividade para que tais mecanismos sejam burlados. Não se trata de invalidar a iniciativa paulista, mas de lembrar que o ser humano só reforma o seu comportamento através da educação. Sem a devida formação e orientação, capazes de ditar um outro tipo de conduta por parte do indivíduo, não se consegue eliminar os hábitos nocivos. Dessa forma, com o tempo, toda e qualquer lei, por mais bem intencionada que seja, acaba se tornando inócua.

domingo, 7 de agosto de 2011

Arbitragem calamitosa

Toda e qualquer consideração sobre aspectos técnicos e táticos do jogo Inter 3 x 2 Cruzeiro fica obscurecida diante de um fato maior que foi a atuação terrível do árbitro, que influiu diretamente no resultado, decretando a derrota do clube mineiro. O árbitro Wílton Pereira Sampaio, do Distrito Federal, prejudicou gravemente o Cruzeiro, ao anular um gol legítimo, alegando um impedimento inexistente, e sonegando a marcação de um pênalti claríssimo de Fabrício sobre Montillo. Já é o segundo jogo consecutivo em que a arbitragem favorece flagrantemente o Inter. Contra o Fluminense, dois pênaltis cometidos pelo Inter, um por Kléber e outro por Tinga, não foram marcados, e dois ataques do time carioca foram paralisados com impedimentos inexistentes. Se tamanha ajuda não impediu a derrota para o Fluminense, na tarde de hoje os erros da arbitragem decidiram o jogo em favor do Inter. O Cruzeiro dominou inteiramente o segundo tempo da partida, após uma derrota parcial, de virada, por 2 x 1, no primeiro tempo. Pelo volume de jogo e pelas chances de gol que criou no segundo tempo, o Cruzeiro teria vencido o Inter ao natural, só não o fazendo devido a interferência do apito. Há quem diga, cinicamente, que os árbitros erram para todos, e que o prejudicado de hoje será o beneficiado de amanhã. Não é verdade. Historicamente, há clubes que são mais favorecidos pelos erros de arbitragem do que outros. Numa competição tão acirrada como o Campeonato Brasileiro, isso não pode passar em branco, pois desequilibra a disputa. O que houve, hoje à tarde, no Beira-Rio, não foram apenas equívocos normais de arbitragem. Foi uma arbitragem calamitosa, que determinou o resultado do jogo e manchou a competição.

sábado, 6 de agosto de 2011

Estréia promissora

Se é verdade que o empate em 0 x 0 com o Palmeiras, no Canindé, não fez o Grêmio subir na tabela, o futebol apresentado pelo time já trouxe algum alento para o torcedor. Ainda com atuações deficientes no aspecto técnico, o Grêmio mostrou organização, mobilização e aplicação tática. Tendo comandado apenas um treino, o novo técnico do Grêmio, Celso Roth, teve uma estréia promissora, pois já conseguiu fazer com que o time tivesse uma outra postura. Vítor, dessa vez, teve uma atuação segura. Adílson, improvisado como lateral direito, jogou muito bem. Vílson e Rafael Marques deram conta do recado na zaga. Na defesa, só o lateral esquerdo Bruno Collaço destoou, tendo uma atuação muito apagada. No meio de campo, Gilberto Silva e Fábio Rochemback estiveram bem, mas Lúcio e Douglas, que acabaram sendo substituídos por Escudero e Marquinhos, foram apenas discretos. No ataque, Leandro teve boa atuação, mas perdeu a maior chance de gol da partida, e André Lima jogou  pouco, mas foi mais participativo e esforçado. Miralles ainda entrou no lugar de Leandro, mas sem tempo para fazer coisa alguma. O Grêmio, ao não perder fora de casa para um adversário de tradição, e que faz boa campanha no Campeonato Brasileiro, já sinaliza para tempos melhores. O próximo jogo, embora seja em casa, também será contra um adversário de peso, o Fluminense, mas o Grêmio tem de ganhar para poder iniciar uma recuperação na competição. Celso Roth terá uma semana para realizar treinos e, assim continuar seu processo de dar uma nova cara para o time. No primeiro teste, o Grêmio passou. Resta esperar que o time continue progredindo, para espantar a má fase de vez.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A imprensa e a Copa

O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT) queixou-se do tratamento que a imprensa vem dando à realização da Copa do Mundo de 2014. "Acho que a imprensa não quer a Copa", disse Fortunati. Para o prefeito, a mídia atua contra a vinda da Copa para Porto Alegre. A visão do prefeito pode ser exagerada ou distorcida, mas merece uma reflexão. Não só a imprensa gaúcha, mas veículos de comunicação de todo o Brasil parecem não abraçar inteiramente a realização da Copa de 2014 no país. Faltam apenas três anos para a competição, e ainda há quem cogite do Brasil desistir de sediá-la ou até de a FIFA transferi-la para outro país. Convenhamos, isso é algo da mais rematada estupidez. Claro que há muitos absurdos sendo cometidos em nome da Copa. A reforma do Maracanã é um deles. O estádio já havia sido reformado para os Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro. Passados apenas quatro anos, está em obras, novamente, por um valor altíssimo. Uma insensatez total. A construção de novos estádios em Manaus e na região metropolitana de Recife constituem outro absurdo. O futebol em Manaus é muito fraco e atrai uma média baixíssima de público. Após a Copa, o novo estádio, certamente, se transformará num elefante branco. O novo estádio pernambucano também é um despropósito. Os três maiores clubes de Pernambuco possuem estádios próprios e um deles, o Arruda, pertencente ao Santa Cruz, tem capacidade superior a 50 mil pessoas. Por que não adaptá-lo às exigências da FIFA, em vez de construir um estádio que, após a Copa, provavelmente ficará ocioso? A mesma pergunta cabe no caso do Morumbi, em São Paulo. Será mesmo que o estádio não teria como ser utilizado na Copa, evitando a construção de um novo, que pertencerá ao Corinthians? O Corinthians, pela sua grandeza, merece ter seu próprio estádio, mas não valendo-se da Copa para isso. O superfaturamento de obras também não deve espantar ninguém. Todos sabiam que ia ser assim. Apesar de tudo, há um exagero na hipótese, aventada pela imprensa,de que o Brasil possa dar vexame na organização da Copa. Isso não vai acontecer. Na hora "h", tudo estará pronto, senão com o nível de um país de primeiro mundo, pelo menos, num padrão bastante aceitável. O que não é razoável é a imprensa estimular um sentimento de indiferença ou de rejeição da população para com a Copa. A realização da competição no país é irreversível. O Brasil, único país a participar de todas as edições da Copa do Mundo, e o maior vencedor da história da competição, merece sediá-la mais uma vez. Dizer que milhões de reais que poderiam ser investidos em saúde, educação e segurança estão sendo aplicados em estádios e obras de infraestrutura para a Copa, é praticar a demagogia mais rasteira. As verbas que faltam para esses setores não são desviadas para outras finalidades. Elas simplesmente inexistem por uma questão de orientação política que atravessa o tempo, independentemente de quem esteja no poder. Para ser mais claro, se o Brasil, por qualquer motivo, não viesse a sediar a Copa de 2014, isso não representaria um centavo sequer a mais para esses setores essenciais. Apregoar o contrário é iludir a boa fé das pessoas e enganar os menos esclarecidos. Portanto, encaremos o fato de que a realização da Copa de 2014 no Brasil é líquida e certa, e façamos, desde já, todo o possível para que seja uma grande festa para brasileiros e estrangeiros. Sediar uma Copa é um privilégio, não um castigo.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Saída inevitável

Desde que revelara ter votado no candidato do PSDB, José Serra, na eleição presidencial de 2010, ficou evidente que era questão de tempo para que Nélson Jobim deixasse o cargo de ministro da Defesa. Como se não bastasse tal declaração, totalmente inoportuna, Jobim foi mais adiante e, numa entrevista para a revista "Piauí", criticou as duas auxiliares mais próximas da presidente Dilma Roussef, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e a Secretária de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Sobre Gleisi, Jobim disse que "ela não conhece Brasília". Já Ideli foi adjetivada por Jobim de "fraquinha". As declarações, como não poderia deixar de ser, desagradaram Dilma, que intimou o ministro a pedir demissão, pois, caso contrário, ela própria o exoneraria. Jobim, então, foi para Brasília onde, num encontro que não durou mais de cinco minutos, entregou sua carta de demissão para a presidente. Ex- integrante do governo FHC e de estreitos laços com o PSDB, não havia razão para Jobim estar no ministério nos governos de Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Roussef. Sua atuação no cargo não deixará nenhuma saudade. Seu substituto já foi definido. Será o ex-ministro das Relações Exteriores do governo Lula, Celso Amorim. Sem dúvida, uma boa escolha. Amorim é um homem culto e preparado e, a despeito das críticas que sofreu da imprensa de direita, fez um ótimo trabalho nas Relações Exteriores. Com a troca de Jobim por Amorim, o Brasil só tem a ganhar.

O Inter continua mal

Os problemas do Inter não se resolveram com a saída de Falcão. O clube sequer contratou um novo técnico, e depois da participação na Audi Cup, já se cogitava a efetivação do interino Osmar Loss. Porém, nos dois jogos pelo Campeonato Brasileiro que realizou após a volta da Alemanha, o Inter não passou de um empate em 0 x 0, em casa, contra o modesto Atlético Goianiense, e uma derrota, hoje à noite, no Engenhão, por 2 x 0 para o Fluminense. Derrota, aliás, que só não foi mais contundente porque o árbitro do jogo, Niélson Nogueira Dias, de Pernambuco, de péssima atuação, deixou de marcar dois pênaltis claros em favor do Fluminense. O Inter segue sem contratar um novo técnico, nem efetivar o interino, e já na próxima semana terá o primeiro jogo pela  decisão da Recopa Sul-Americana contra o Independiente. Afora a contratação de Fernandão para gerente de futebol, feita imediatamente após a demissão de Falcão, para aplacar a ira do torcedor, a diretoria do Inter parece não saber como agir, nem qual rumo seguir. Para quem ainda não sabe, convém lembar que o Inter tem apenas cinco pontos na frente do Grêmio no Brasileirão, com um jogo a mais. Se o 2011 gremista é terrível, o do seu maior rival não é muito melhor.

As voltas de Roth e Paixão

O que já se especulava, acabou se confirmando. Celso Roth é, novamente, técnico do Grêmio. O momento preocupante que o time vive, a simpatia que o presidente Paulo Odone e o gerente de futebol Paulo Pelaipe tem pelo seu trabalho, e o fato do técnico se encontrar disponível, sem estar trabalhando em outro clube, são fatores que apontavam claramente para a sua contratação. Fiel à sua tentativa de parecer mais simpático, Roth chegou prometendo disputar o título do Campeonato Brasileiro e agradeceu aos torcedores o apoio que deram, nas pesquisas dos veículos de comunicação, para a sua vinda. Dada a situação atual do Grêmio, a contratação de Roth pode se mostrar útil para afastar a idéia de um possível rebaixamento.  Pensar em vôos maiores, tendo em vista o retrospecto do tècnico, pode ser um exagero. Junto com Roth, o preparador físico Paulo Paixão também retorna ao clube, reparando o erro que foi a sua saída, no ano passado. Os dois firmaram contrato apenas até dezembro, o que é bom em se tratando de Roth, cujo trabalho começa a declinar depois de poucos meses, mas é estranho quanto à Paixão, que já deveria ter assinado por mais tempo. Agora é esperar para ver, mas não há dúvida de que, por menos que seja, o Grêmio irá melhorar.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Martírio

O torcedor do Grêmio vem sendo submetido a um martírio. O clube possui uma enorme e fiel torcida e tem, no momento, 63 mil sócios com o pagamento em dia. Ainda assim, em campo, o time nada faz para retribuir esse apoio. Na noite de hoje, mais um capítulo dos horrores a que o torcedor do Grêmio vem sendo exposto foi escrito. A torcida que foi ao Olímpico, mesmo numa noite terrivelmente gelada, teve o dissabor de ver mais uma atuação lamentável do Grêmio, coletiva e individualmente, no empate em 2 x 2 com o Atlético Mineiro. Alguns jogadores, como Víctor e Lúcio, deveriam ser sacados do time, pois suas atuações já estão se tornando comprometedoras. Víctor tem falhado em todos os jogos, mas continua titular por decreto, mesmo com a excelente fase de Marcelo Grohe. Lúcio foi vaiado desde o início do jogo, pois errava quase todos os lances. Afora os dois citados, Escudero, mais uma vez, não correspondeu. Miralles esteve apagadíssimo, assustando o torcedor com a idéia de que seu futebol não seja muito mais do que o pouco que mostrou até agora. André Lima, mais uma vez, foi péssimo. O técnico Julinho Camargo ao que parece, não tem conseguido dar qualquer contribuição ao time. Sob seu comando, o Grêmio não apresentou evolução. A contratação do centroavante Brandão está longe de causar qualquer entusiasmo ou dar garantia de melhores dias para o ataque. O Grêmio, hoje, foi, também, um time afobado e inseguro. Como aceitar que nas duas vezes em que esteve na frente no placar, o time tenha cedido o empate logo a seguir? A situação do Grêmio, a cada dia, se torna mais preocupante, e um novo rebaixamento é, numa visão realista, uma possibilidade considerável.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Os 40 anos de um concerto pioneiro e memorável

Ontem, no primeiro dia de agosto, completaram-se 40 anos da realização do "Concert for Bangladesh". O registro da data talvez não fosse tão importante, caso se tratasse, apenas, de mais um show musical entre tantos outros. Porém, "Concert for Bangladesh" foi muito mais do que isso. Foi o pioneiro dos espetáculos musicais beneficentes que, mais tarde, tornaram-se relativamente comuns. A iniciativa foi de George Harrison, a partir de um pedido de seu amigo, o músico indiano Ravi Shankar, para que algo fosse feito em favor do povo de Bangladesh, devastado, na época, por uma guerra civil, enchentes e fome que levaram 10 milhões de pessoas, a maioria composta de mulheres e crianças, a abandonarem suas casas. George, inclusive, compôs uma música, intitulada "Bangladesh", que foi lançada em compacto. O concerto constituiu-se de dois shows, um à tarde e outro à noite, no dia 1º de agosto de 1971, no mítico Madison Square Garden, em Nova Iorque. O espetáculo reuniu grandes nomes da música. Afora o próprio George Harrison, subiram ao palco nomes como Ringo Starr, Eric Clapton, Bob Dylan, Leon Russel, Billy Preston e respeitados músicos de estúdio, como o baterista Jim Keltner e o guitarrista Jesse Ed Davis. Também Klaus Voorman, amigo dos Beatles, que fez o desenho da capa do álbum "Revolver", participou como baixista. O concerto foi assistido por mais de 40 mil pessoas e arrecadou US$ 243 mil, cuja administração ficou com o Unicef. Foi registrado em um álbum triplo e por um filme. Anos mais tarde, com o surgimento das novas tecnologias, também foi lançado em CD e DVD. Mais uma vez, um beatle mostrava um caminho que outros seguiriam mais tarde. Foi um acontecimento memorável, inesquecível, pela qualidade dos artistas que se apresentaram e das músicas que interpretaram, e pela razão nobre que motivou a sua realização.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O culpado já é conhecido

A crise econômica afeta fortemente alguns países da Europa, como Grécia, Portugal e Irlanda. Agora, as atenções se voltam para a Espanha, cujo índice de desemprego já está em 22%. Muitas são as razões que levam a economia de um país a atravessar situações como essa, mas, para os ideólogos da direita, o trabalhador é o único culpado. A revista "Veja", a mais fiel tradução do pensamento de direita no Brasil, afirma, em sua edição dessa semana, que o excesso de benefícios sociais é que está causando a crise espanhola. Conforme a publicação, durante o horário de verão, os espanhóis trabalham apenas seis horas por dia. Os trabalhadores do país também ganham 16º salário e bonificação por bater cartão. A revista sustenta, também, que mesmo os desempregados que recebiam um salário considerado baixo conseguem viver bem com um auxílio, pago pelo governo, equivalente a 75% da antiga remuneração. Dessa forma, analisa "Veja", não há interesse em buscar um novo emprego, e as praias ficam lotadas no verão espanhol. O economista Alberto Nadal, da Confederação Espanhola de Organizações Empresariais, diz que a única saída para os empresários ganharem competitividade é demitir, mas que a rigidez da legislação trabalhista do país é a principal barreira para isso. Os benefícios trabalhistas na Espanha são negociados em acordos entre empresários e sindicatos. Ocorre que, segundo a revista, os sindicatos, historicamente, tem muito mais força, condição que foi herdada do período da ditadura de Francisco Franco, que buscava aliciar os trabalhadores como massa de manobra, ofertando-lhes pequenos brindes. Os funcionários públicos espanhóis possuem estabilidade e ganham em  torno de três vezes o que se paga para trabalhadores de contrato temporário, o que também contribuiria para a crise. A publicação resume bem o seu pensamento a respeito do assunto ao afirmar que os trabalhadores espanhóis só tem direitos e nenhum dever. Por certo, a revista deve ter como modelo trabalhista ideal o que ocorre na China, país que não se cansa de exaltar como sendo o da economia que mais cresce no mundo. Lá, os trabalhadores só tem deveres e nenhum direito. Enfrentam cargas horárias desumanas, num regime de semiescravidão, e ganham salários irrisórios. Deve ser esse o ideal de relações trabalhistas sonhado por "Veja". A sorte dos espanhóis, e dos europeus em geral, é que "Veja" não tem nenhum peso no mercado editorial internacional. Trata-se apenas de uma publicação que defende os interesses dos plutocratas brasileiros.