quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Na mão de quem sabe

O candidato do PSDB a presidente, Aécio Neves, disse que o país não pode suportar mais quatro anos sob a atual administração, e que é preciso deixar o Brasil "na mão de quem sabe". Claro, trata-se de uma provocação que tem como alvo a presidente Dilma Rousseff, na esperança de que ela aceite um bate-boca, rebaixando o nível do debate. Por certo, Dilma irá frustrar as pretensões de Aécio. Porém, ela poderia perguntar ao candidato o que ele e seu grupo "sabem", ao ponto de se gabarem. Não é difícil, no entanto, definir essa "sabedoria". O partido de Aécio, o PSDB, já governou o país por oito anos, com Fernando Henrique Cardoso como presidente. Entre outras "façanhas" trocou patrimônio público por moedas podres, privatizando empresas como a Vale, por exemplo. Nesse governo de "quem sabe" foi criado também o famigerado fator previdenciário, que corroeu os ganhos dos aposentados. O partido, uma vez no poder, abriu mão de qualquer prática da "social democracia" que inspira seu nome, e adotou um figurino nitidamente neoliberal. Se fora do poder o PSDB era um partido "de centro", ao assumir o governo adotou, claramente, uma posição de direita. Deixar o país, novamente, "na mão de quem sabe", equivaleria a um enorme retrocesso. As políticas sociais que levaram milhões de brasileiros a terem acesso ao consumo e que abriram as portas das universidades para integrantes das classes menos favorecidas, certamente, seriam deixadas de lado, implantando-se um sistema que valorize a "meritocracia", um termo pomposo para designar a opção pelas elites em detrimento da maioria da população. O governo não é perfeito, longe disso, e a alternância de poder é muito salutar. Mudar, todavia, é algo que se faz para melhorar, não para retroceder, que é o que aconteceria ao Brasil caso voltasse a ser conduzido pela "mão de quem sabe".