Efeito contrário

Certas atitudes de governantes trêfegos e fanfarrões costumam apresentar resultados bem diferentes do planejado. Conforme o jornal americano "The Washington Post", o "bullying" praticado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros, teve efeito contrário. Desde que a medida foi anunciada, a popularidade do presidente Luís Inácio Lula da Silva aumentou e o índice de desaprovação ao seu governo diminuiu. Até mesmo parte das elites brasileiras apoiou o governo na questão. Faltando pouco mais de um ano para a eleição presidencial, o episódio pode ter sido um valioso reforço para Lula na busca de mais um mandato. As constantes manifestações do deputado federal licenciado, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nas redes sociais, incitando novas represálias de Trump ao Brasil pelo julgamento de seu pai, Jair Bolsonaro, têm causado desconforto, inclusive, em seus correligionários. Caso as tarifas venham mesmo a ser aplicadas, a partir de agosto, como tudo indica, o Brasil sofrerá prejuízos, evidentemente. Porém, eles não serão tão grandes a ponto de fazer o país capitular por medidas e declarações que afrontam à sua soberania. Ao tentar manipular o governo brasileiro, o presidente americano lhe deu um novo fólego, que poderá ser decisivo no pleito presidencial de 2026.