sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Boas ideias

A Comissão Especial da Reforma Política da Câmara dos Deputados acatou uma emenda proposta pelo PPS, prevendo que os municípios com mais de 100 mil habitantes possam ter segundo turno nas eleições. Atualmente, a legislação prevê segundo turno somente nos municípios com mais de 200 mil habitantes. Outra mudança proposta prevê a redução de oito para quatro anos do mandato de senador. As duas medidas serão apresentadas por meio de emenda à Constituição. Tratam-se de duas boas proposições. O segundo turno foi uma das melhores medidas já implantadas nas eleições brasileiras. Ele permite que a vontade do eleitor se expresse de maneira mais fiel, evitando que um candidato de segmentos minoritários da sociedade se beneficie da divisão de votos entre candidatos de um mesmo espectro ideológico para ganhar uma eleição. A redução do mandato dos senadores também é uma medida que seria muito bem vinda. Os demais mandatos eletivos, de vereadores, prefeitos, deputados, governadores e presidente, são de, apenas, quatro anos. Não há razão, portanto, para conferir um mandato tão longo para os senadores. Na política, a renovação é algo sempre benéfico, o que não combina com mandatos exageradamente longos. O relatório da reforma política será votado no dia 5 de outubro, um dia após o ato público em favor da mesma. Agora, resta torcer para que o bom senso prevaleça sobre as forças do atraso, permitindo com que as duas elogiáveis proposições sejam aprovadas.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O Brasil no roteiro dos grandes shows

Já faz algum tempo, o Brasil entrou no roteiro dos grandes astros da música internacional. Porém, 2011 talvez seja o ano que mais tenha reunido nomes do primeiro nível da música em solo brasileiro. Paul McCartney veio ao Rio de Janeiro, para fazer o show que ficara devendo em 2010, quando se apresentou em Porto Alegre e São Paulo. Elton John e Stevie Wonder se apresentaram no Rock in Rio. Eric Clapton e Ringo Starr se apresentarão em várias capitais. Nunca, em qualquer outra ocasião, a chance de ver de perto esse mitos da música esteve tão ao alcance dos brasileiros. Houve um tempo em que só os mais endinheirados, que podiam viajar para o exterior, tinham chance de assistir shows desses artistas. A vinda de Frank Sinatra ao Maracanã, em 1980, e a primeira edição do Rock in Rio, em 1985, começaram  a alterar esse panorama. Antes um país esquecido pelos promotores de grandes shows, o Brasil figura, agora, como rota obrigatória das megaturnês. A boa fase da economia brasileira nos últimos anos, por certo, influiu para o quadro atual, mas o que importa é que não precisamos mais atravessar oceanos para assistir aos grandes ídolos da música. Eles, agora, se apresentam no Brasil, e não mais apenas em Rio e São Paulo, mas, também em outras capitais. Para quem gosta de música, 2011 ficará marcado como o ano em que o maior número de astros se apresentou no Brasil. Também no mundo do "show business", portanto, o Brasil está deixando de ser coadjuvante, para se tornar protagonista.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Uma vitória e seus significados

Não foram poucos os que desdenharam dos dois jogos entre Brasil e Argentina pelo chamado "Superclássico das Américas", reedição da antiga Copa Roca. Dizia-se, entre outras coisas, que eram jogos caça-níqueis e de pouco proveito técnico, dado o fato de que o regulamento da disputa prevê apenas a convocação dos jogadores que atuam nos clubes dos dois países. Não concordo com tais posições. Se é verdade que o primeiro jogo, em Córdoba, foi muito chato e sem brilho, tendo como único destaque a "lambreta" de Leandro Damião, a segunda partida, hoje à noite, em Belém, foi bem mais interessante. O primeiro tempo foi semelhante ao jogo anterior, sem chances de gol e com pouca emoção. Porém, o segundo tempo, finalmente, trouxe gols e boas perspectivas. Logo após Fernandez perder a grande chance de gol do jogo, até aquele momento, para a Argentina, a Seleção Brasileira abriu o placar. O gol foi de Lucas, que partiu em velocidade desde o seu campo de defesa, até receber o lançamento de Danilo e colocar a bola nas redes. O segundo gol foi de Neymar, num ótimo cruzamento de Diego Souza, que entrou no segundo tempo. Afora a vitória sobre a Argentina e a conquista de uma taça, coisas sempre muito agradáveis, o jogo de hoje trouxe boas notícias para o futuro imediato da Seleção. Lucas fez seu primeira boa partida com a camisa da Seleção principal. Neymar reafirmou que é a grande estrela dentre os novos jogadores da equipe. Dedé mostrou-se um zagueiro seguro, o que é importante porque Lúcio, que ainda vive boa fase, talvez não possa, em função da idade, estar em condições de jogar a Copa de 2014. Bruno Cortês, que estreava na Seleção, foi o destaque da noite, com uma grande atuação, como se fosse um veterano de convocações. Por mais descontos que se façam em relação aos dois jogos, eles não devem ser desconsiderados. A vitória de hoje dará algum fôlego para a continuidade do trabalho do técnico da Seleção Brasileira, Mano Menezes, e, mais do que isso, mostrou que a tal "entressafra" de bons jogadores é uma visão exageradamente pessimista. Dedé, Bruno Cortês, Lucas e Neymar provaram que o Brasil já tem jovens e qualificados valores para renovar a Seleção. Até 2014, outros nomes surgirão. Não será por falta de bons jogadores que a Seleção deixará de montar uma equipe forte para 2014. Material humano de alto nível existe. Resta, a partir dele, formar uma equipe qualificada e competitiva.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Escurinho

Com a morte de Escurinhao, aos 61 anos, o futebol gaúcho perde um de seus grandes personagens. Escurinho não foi um jogador de Seleção Brasileira, e alternou períodos como titular, com outros em que era reserva do Inter. Porém, era um cabeceador emérito e que, entrando em meio a um jogo, várias vezes decidia uma partida, quando o gol parecia que não iria mais sair. Extremamente simpático, gostava da noite, de cantar e tocar violão nos bares, o que gerou inconformidade por parte de alguns torcedores, sempre atentos ao que consideram um comportamento inadequado dos jogadores. Esteve, também, entre outros clubes, no Palmeiras, onde, na primeira partida da decisão do Campeonato Brasileiro de 1978, contra o Guarani de Campinas, chegou a jogar de goleiro, depois que Leão foi expulso. Escurinho foi o terror dos torcedores do Grêmio com seus gols nos acréscimos dos clássicos com o Inter. Há alguns anos, enfrentava sérios problemas de saúde, devido à complicações causadas pelo diabetes. Chegou a ter os pés amputados e tinha de fazer sessões de hemodiálise. Com a morte, chega ao fim o sofrimento de seus últimos dias. Para os que tiveram a oportunidade de vê-lo jogar, como é o meu caso, fica a lembrança de um jogador que marcou presença no futebol, mesmo sem ser craque, e o respeito de todos, independentemente de preferência clubística, pelo grande ser humano que nos deixou.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Inaceitável

A decisão do jogador Mário Fernandes, do Grêmio, de não se apresentar na Seleção Brasileira, para a partida contra a Argentina, quarta-feira, em Belém, é inaceitável. Deixando de lado argumentos mais emocionais, como a honra que deveria ser, para qualquer um, fazer parte do grupo de convocados para a Seleção, há aspectos profissionais que não podem deixar de ser considerados nesses tempos tão frios e pragmáticos em que vivemos. Uma convocação para a Seleção, por si só, aumenta o valor de mercado de um jogador. O sonho, comum a quase todos os jogadores, hoje em dia, de atuar num clube da Europa, torna-se muito mais factível depois de uma chamada para a Seleção. Não só Mário Fernandes, mas os detentores de seus direitos econômicos teriam uma excelente perspectiva de ganhos com uma futura transação, o que não pode ser desconsiderado no milionário mundo do futebol atual. O jogador alegou "motivos pessoais" para a sua atitude, que não foram revelados para o público. Ora, a menos que seja algo de extrema gravidade, o que, inclusive, justificaria o silêncio em torno da questão, o Grêmio não deveria compactuar com a postura do jogador, e, sim, tentar fazer com que voltasse atrás em seu ato, acatando a convocação. Mário Fernandes, com seu gesto, compromete o seu futuro profiissional e prejudica o Grêmio quanto aos ganhos numa futura negociação. Tendo em vista sua fuga do clube, logo que foi contratado, e o comportamento instável que um irmão seu, que joga no Corinthians, também apresenta, o problema de Mário Fernandes parece ser de natureza emocional, estando a exigir uma intervenção mais enérgica, quem sabe com acompanhamento clínico. Mário Fernandes é um grande jogador, talvez o melhor, tecnicamente, do Grêmio. Tem tudo para alcançar uma brilhante carreira no futebol, mas pode estar sendo derrotado por si mesmo. Cabe ao Grêmio agir, no interesse do jogador e do seu próprio, para impedir que um futuro tão promissor seja comprometido pelos rompantes de uma personalidade problemática. O exemplo de Arílson ainda está bem presente para que se veja como a inconsequência pode acabar com uma carreira. O Grêmio e os responsáveis pela adminstração dos interesses do jogador não podem permitir que o mesmo aconteça com Mário Fernandes.

domingo, 25 de setembro de 2011

Vitórias esperadas

A necessidade de recuperação diante dos últimos tropeços, e a fragilidade dos adversários, ambos situados na zona de rebaixamento, faziam com que as vitórias de Grêmio e Inter, respeticvamente contra Avaí e Atlético Mineiro, fossem consideradas quase obrigatórias. Os dois representantes do Rio Grande do Sul cumpriram com o que se esperava e venceram, porém, mais uma vez, sem mostrar um bom futebol. Na Ressacada, o Grêmio teve pela frente um Avaí que mostrou, claramente, as razões pelas quais está na zona de rebaixamento. O time do Avaí é fraquíssimo, o que permitiu ao Grêmio, desde o início do jogo, ter mais posse de bola. No entanto, era um domínio estéril, pois não se traduzia em chutes ao gol, entre outros motivos porque André Lima, novamente, foi uma figura inútil. O primeiro tempo já se encaminhava para o final quando, numa jogada puramente individual, Mário Fernandes fez 1 x 0 para o Grêmio. Aproveitando um rebote da defesa, Douglas fez 2 x 0, logo aos 24 segundos do segundo tempo. O gol tranquilizou o Grêmio que conduzia o jogo dentro dos seus interesses, até o momento em que, num escanteio, permitiu que o Avaí descontasse. O gol motivou o Avaí, porém, após alguns minutos de pressão do time catarinense, o Grêmio retomou o controle do jogo e garantiu o resultado. A vitória foi importante, mas, pelo futebol demonstrado, não deve proporcionar ilusões. Já o Inter chegou a permitir o empate para o Atlético Mineiro, no Beira-Rio, mas,,assim  como o Grêmio, ganhou por 2 x 1. O Inter abriu o placar com um golaço de Bolatti, sofreu o empate, e venceu com um gol polêmico, que chegou a ser anulado pelo bandeirinha, mas foi confirmado pelo árbitro. O futebol demonstrado pelo Inter, apesar da vitória, não empolgou. O ataque já se ressentiu da ausência de Leandro Damião. Enfim, Grêmio e Inter venceram, mas continuam jogando pouco,, o que não autoriza expectativas muito otimistas.

sábado, 24 de setembro de 2011

Bom senso

Uma nota da seção "Holofote", da edição dessa semana da revista "Veja", dá conta de que a CBF irá anunciar, em outubro, uma mudança no calendário do futebol brasileiro. A partir de 2012, os clubes que forem eliminados nas duas primeiras fases da Taça Libertadores da América, poderão participar da Copa do Brasil. A medida evitará o que aconteceu, esse ano, com o Corinthians que, eliminado ainda na chamada "Pré-Libertadores", ficou quase todo o primeiro semestre disputando apenas o Campeonato Paulista, o que lhe trouxe grandes prejuízos financeiros. A revista qualifica a medida de uma "aguardada mudança". Sem dúvida, a alteração a ser feita no calendário do futebol brasileiro é de muito bom senso, mas poderia ser melhor. Na verdade, todos os clubes brasileiros que participassem da Libertadores deveriam poder tomar parte, também, na Copa do Brasil, como ocorreu durante muitos anos. Estupidamente, resolveu-se, num determinado momento, impedir a participação simultãnea nas duas competições. A restrição não foi feita por nenhum critério técnico, mas, sim, para fortalecer os execráveis campeonatos estaduais, monstrengos anacrônicos que há muito deveriam ter deixado de existir, ou, pelo menos, de contar com a presença dos grandes clubes. Não há nenhum sentido em se gastar quase um semestre, de janeiro a maio, com campeonatos em que os grandes clubes enfrentam adversários de seus estados que pertencem à segunda, terceira ou quarta divisão do futebol brasileiro, e, até mesmo, estão fora de qualquer competição de ãmbito nacional. A proibição de simultaneidade de participação na Libertadores e na Copa do Brasil é tão absurda e despropositada, que faz com que o campeão da competição nacional esteja automaticamente fora da edição do ano seguinte. Isso porque, ao ganhar a Copa do Brasil, o clube classifica-se para a Libertadores, não podendo defender o título que alcançou. Com isso, a Copa do Brasil deve ser a única competição no mundo em que não se podem obter títulos consecutivos, pois, uma vez campeão, o clube está excluído da edição do ano seguinte! Portanto, a medida a ser anunciada pela CBF deve ser saudada, mas ainda está incompleta. O correto a se fazer é extinguir os campeonatos estaduais, ou pelo menos reduzir drasticamente o seu tempo de duração e permitir que todos os clubes brasileiros que se classificarem para a Libertadores possam participar, concomitantemente, da Copa do Brasil. Era assim antes, não havia por que mudar. Acima de tudo, deve estar o interesse técnico, que não está sendo levado em conta pelo atual calendário. A mudança a ser implementada é um avanço, mas o ideal é restituir a participação nas duas competições, sem restriçoes, para todos os clubes.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Descalabro

A política, no Brasil, prossegue sendo uma fonte inesgotável de escândalos e de fatos patéticos. Em sessão, realizada ontem, da Comissão de Constituição e Justiça da Cãmara dos Deputados, 118 projetos foram aprovados em 3 minutos e 11 segundos, e por apenas dois parlamentares. Os projetos versam sobre acordos internacionais, concessão de serviços de radiodifusão e regulamentação da profissão de cabeleireiro. A sessão foi presidida pelo deputado César Colnago (PSDB-ES). Afora ele, em plenário, só estava presente o deputado Luiz Couto (PT-PB). Entre titulares e suplentes, a Comissão de Constituição e Justiça tem 122 deputados. São necessárias 36 assinaturas para que uma reunião da CCJ seja realizada. Colnago disse que 35 deputados assinaram a lista de presença e depois foram embora. Como o número regimental de presenças foi alcançado, ele entende que a sessão foi válida. A CCJ é a mais prestigiada da Câmara, e decide se os projetos de lei obedecem à Constituição e às demais leis do país. Por ela passam todas as propostas sobre direitos humanos, garantias fundamentais e organização dos poderes. Se na mais importante comissão da Câmara dos Deputados acontece um fato como esse, o que se pode esperar do Poder Legislativo como um todo? Decididamente, em termos de credibilidade, a política no Brasil é, cada vez mais, um poço sem fundo.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Desânimo

O sentimento que se abate sobre o torcedor do Grêmio é o de desânimo. Hoje à noite, no Olímpico, o Grêmio, que havia sido goleado por 4 x 0 pelo Vasco, no sábado, tornou a ser derrotado, dessa vez pelo Botafogo, por 1 x 0. O Grêmio teve a posse de bola na maior parte do tempo, mas não conseguia penetrar na área do Botafogo, arriscando, apenas, chutes de longa distância. Alguns jogadores tiveram atuações muito apagadas. André Lima, o único atacante de referência, nada fez durante todo o tempo em que jogou. A rigor, só Mário Fernandes e Fernando jogaram bem. Victor não foi exigido, Edcarlos e Rafael Marques apresentaram falhas, Bruno Collaço foi medíocre. No meio de campo, Fábio Rochemback, mais uma vez, foi mal, Escudero jogou para trás e para os lados e Douglas teve altos e baixos. Gilberto Silva, Brandão e Miralles, que entraram no segundo tempo, não chegaram a se destacar. A velha máxima do futebol diz que quem não faz leva. Foi o que aconteceu, novamente, hoje. O Grêmio não soube traduzir seu domínio em lances de gol. O Botafogo, num único chute, conseguiu a vitória. O Grêmio já tem duas derrotas seguidas. Nos últimos dez jogos, ganhou cinco e perdeu cinco. Se esse tipo de rendimento persistir, o Grêmio só terá de lutar contra o rebaixamento. Vôos maiores ficam  cada vez mais difíceis. A paciência do torcedor já começa a se esgotar. Não é pra menos, afinal, até agora, o Grêmio só causou dissabores para sua torcida em 2011. Para não ser rebaixado, ainda precisa fazer mais 15 pontos, o que gera inquietação. Outra questão que fica no ar é se o famoso "prazo de validade" do técnico Celso Roth já estaria chegando ao fim. As próximas rodadas do Campeonato Brasileiro serão de muita aflição para o Grêmio. Resta esperar que o clube consiga dar a volta por cima e encarreirar bons resultados.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Marcando passo

Depois de não passar de um empate por 1 x 1, no Beira-Rio, contra o Coritiba, o Inter obteve o mesmo resultado diante do Figueirense, fora de casa. Ao contrário do que ocorreu contra o Coritiba, dessa vez foi o adversário que marcou o primeiro gol. O Figueirense foi nitidamente superior no primeiro tempo, merecendo a vitória parcial. No segundo tempo, o Inter voltou com outro ânimo e passou a preponderar no jogo, fazendo por merecer o empate, que acabou alcançando. Foi um resultado justo, portanto, na medida em que cada time foi superior num dos tempos do jogo. O empate, no entanto, não foi bom para o Inter, que continua marcando passo no Campeonato Brasileiro. O clube não consegue avançar na tabela, permanecendo em 7º lugar, agora com uma distância maior, em pontos, em relação ao chamado "G5". Decididamente, o Inter faz uma campanha muito inferior ao que se esperava, dada a qualidade do seu time. Para piorar, Leandro Damião, o maior destaque do Inter no momento, sofreu uma lesão muscular que deverá afastá-lo dos gramados por, pelo menos, 20 dias. Os jogos vão se sucedendo e o Inter não consegue chegar na zona de classificação para a Taça Libertadores da América. Sem Leandro Damião, essa tarefa se tornará ainda mais difícil. O próximo jogo, contra o Atlético Mineiro, no Beira-Rio, é outro dos que são teoricamente fáceis, já que o adversário faz péssima campanha. Contudo, os constantes tropeços do Inter nos jogos em casa recomendam que se arrefeça um pouco o otimismo. O certo é que o Inter precisa começar a vencer seus jogos, ou não conseguirá atingir o G5 mesmo que os primeiros colocados continuem tropeçando.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A comemoração de uma derrota

Retorno ao Rio Grande do Sul, depois de breve viagem, exatamente no dia em que se comemora a "Revolução Farroupilha". Sim, coloco a expressão entre aspas, pois se trata de um movimento fracassado. Durante dez anos, de 1835 a 1845, viveu-se a ficção de que o Rio Grande do Sul era um país independente. Na verdade, a dita "República Farroupilha" mudou sua capital várias vezes, sempre em municípios que, até hoje, tem pouca expressão política e econômica. Em Porto Alegre e Rio Grande as forças farroupilhas foram sempre rechaçadas, apesar das muitas tentativas em tomar as duas cidades, que permaneceram fiéis ao Império. A data em que se comemoram os "feitos" farroupilhas é feriado estadual. Trata-se da estranha comemoração de uma derrota. A tentativa separatista malogrou, o Rio Grande do Sul tornou a fazer parte do Brasil, e, no entanto, o culto ao movimento farrapo permanece. Até a bandeira estadual é a mesma da fracassada república. Tocar nesse assunto é mexer numa casa de marimbondos, pois os valores gauchescos e "nativistas" são exaltados massacrantemente, numa estratégia que busca abafar qualquer contestação. Faz-se uma mitificação do gaúcho pilchado, como se ele fosse a representação fiel do habitante do Estado. Festivais de música nativista, cavalgadas pelo litoral, programas de televisão, emissoras de rádio inteiramente dedicadas ao gauchismo, são algumas das formas usadas para que as coisas "gaudérias" estejam sempre em evidência. Todo esse esforço demonstra um forte sentimento separatista em relação ao Brasil, o que é uma estupidez, para dizer-se o mínimo, e, o que é ainda pior, conduz o Rio Grande do Sul a um deletério isolacionismo, cujos efeitos nefastos já se fazem sentir até na economia. Não há razão para toda essa exaltação do Rio Grande do Sul, como se fora uma pátria. O Rio Grande do Sul é um estado, uma das unidades que compõem a república federativa brasileira. Estados são apenas divisões político-administrativas. O que importa, mesmo, são os municípios e o país. Os primeiros porque são onde, verdadeiramente, as pessoas vivem, o segundo porque é o que nos dá identidade, concedendo-nos uma nacionalidade. Estados são apenas uma forma de dividir um território, nada mais. Se servir de consolo, contudo, cabe lembrar que comemorar derrotas políticas não é exclusividade do Rio Grande do Sul. Também o estado de São Paulo celebra, no dia 9 de julho, com feriado estadual, a "Revolução Constitucionalista de 1932", outro movimento que foi derrotado pelas forças do governo federal da época. As duas datas em questão são um exemplo escancarado do quanto a visão que se tem de um acontecimento pode preponderar sobre a realidade. Expressam um desejo de afirmação de duas teses, amplamente desmentidas pela realidade dos fatos.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O Rio de Janeiro continua lindo

Vir ao Rio de Janeiro, mesmo que por um período muito curto, como é o meu caso, é, sempre, uma experiência gratificante. A beleza luxuriante da cidade, a exuberância de sua natureza, fazem do Rio de Janeiro um lugar incomparável no mundo. Mesmo que o vento forte tenha me impedido de aproveitar os banhos de mar que aprecio tanto, o Rio sempre vale a pena. Embora só tenha tido a oportunidade de conhecê-la já adulto, sou um apaixonado pela cidade. Já fazia cinco anos e meio que não vinha aqui, o que, para mim, é uma eternidade. Por mais que se falem das mazelas do Rio, como a criminalidade nas favelas e morros, os encantos da cidade as superam largamente. A cada vez que vou embora, fico pensando em quando poderei voltar. Se você, ao ler esse texto, duvidar disso, se dê a chance de conhecer o Rio. Você não irá se arrepender. Gilberto Gil tinha razão. O Rio de Janeiro continua lindo. O Rio de Janeiro continua sendo.

domingo, 18 de setembro de 2011

Tropeços

Um blog deve ter atualização diária, mas nem sempre isso é possível. A quebra de rotina que caracteriza as viagens muita vezes não permite que se mantenha essa regularidade. Foi esse o caso que me fez, por dois dias, deixar de realizar, pelo menos, uma postagem diária. Feito o esclarecimento, volto-me para os resultados de Grêmio e Inter, no fim de semana, pelo Campeonato Brasileiro. Foram dois tropeços. O Grêmio, que vinha em fase ascendente, foi goleado pelo Vasco por 4 x 0. Mesmo que o Grêmio tenha tido sonegada a marcação de um pênalti quando o jogo ainda estava 1 x 0, o que poderia mudar a história da partida, a derrota por um placar tão elástico, certamente, irá abalar a confiança do grupo. Para agravar a situação, o próximo jogo do Grêmio, mesmo sendo em casa, será extremamente difícil, pois o Botafogo realiza uma campanha muito boa. A goleada sofrida pelo Botafogo em seu jogo anterior fora de casa, por 5 x 0, para o Coritiba, no entanto, pode servir de alento para o Grêmio. Porém, fica muito prejudicada a possibilidade de o Grêmio buscar algo mais no Brasileirão do que a classificação para a Copa Sul-Americana, o que não entusiasma ninguém. O Inter, por outro lado, não fez muito melhor que o seu maior rival. Apenas empatou, em casa, com o Coritiba, por 1 x 1, um resultado decepcionante para quem vinha de uma goleada por 3 x 0 contra o Palmeiras, fora de casa. O surpreendente é
que o Inter fez 1 x 0 com um minuto de jogo, o que poderia ensejar uma vitória folgada, mas cedeu o empate e, ainda desperdiçou um pênalti. Com isso, o Inter permanece estacionado no sétimo lugar, e adia, mais uma vez, a possibilidade de encostar nos primeiros colocados. Os próximos jogos do Inter não são difíceis, mas isso não chega a ser um dado favorável, já que o time tem perdido muitos pontos para adversários mais fracos. Assim como acontece com o Grêmio, também as perspectivas do Inter na competição não\parecem ser\promissoras. Infelizmente, os dois maiores clubes do Rio Grande do Sul fazem campanhas muito abaixo do esperado, frustrando suas torcidas.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A queda de mais um ministro

Depois de uma breve interrupção, eis que a "faxina" continua. Dessa vez quem caiu foi o ministro do Turismo, Pedro Novais. O motivo que levou o ministro a pedir demissão foi a descoberta de várias irregularidades nas quais estava envolvido. A mulher de Novais, Maria Helena de Melo, usava um servidor da Câmara dos Deputados como motorista particular. Novais teria pago uma empregada com dinheiro da Câmara no período em que foi deputado federal, de 2003 a 2010. Embora trabalhasse no apartamento de Novais como governanta, Doralice de Souza teria sido nomeada secretária parlamentar. Desde maio, Doralice é funcionária de uma empresa terceirizada que presta serviços ao Ministério do Turismo. O agora ex-ministro do Turismo também é acusado de ter destinado, quando era deputado, R$ 1 milhão para uma empresa de fachada construir uma ponte no município de Barra do Corda (MA). A liberação do recurso teria ocorrido em 2010, por meio de emenda ao orçamento da União. Em dezembro de 2010, Novais pediu à Câmara ressarcimento de R$ 2.156 pagos por ele a um motel de São Luís (MA) em junho de 2010. Segundo a gerente do Motel Caribe, Novais havia alugado a suíte para uma festa. Em agosto, a Polícia Federal, durante a Operação Voucher prendeu 37 pessoas, 9 delas do Ministério do Turismo. Elas sãos suspeitas de  participar do desvio de cerca de R$ 3 milhões de um convênio, firmado em 2010, para capacitação de profissionais de turismo no Amapá. Novais, que ainda não era ministro, alega desconhecer as irregularidades. Como se vê, o rol de malfeitos de Pedro Novais é extenso. Sua saída não surpreende. O que espanta é que tenha sido nomeado. Novais, de 81 anos, só chegou ao cargo porque foi indicado pela bancada do PMDB da Câmara e apadrinhado pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), de quem é amigo. Não tinha qualquer conhecimento do setor de turismo. A presidente Dilma Roussef não tinha simpatia por ele. Por sinal, em  oito meses no cargo, Novais só foi recebido por Dilma duas vezes, uma delas para pedir demissão. Mais uma vez, é preciso destacar que a maior causa das demissões em cascata no ministério de Dilma são os critérios de nomeação. Enquanto cargos tão importantes como o de ministro forem ocupados por meio de indicações políticas e apadrinhamentos, os escãndalos vão continuar a aparecer. A saída dos ministros pode até ser uma faxina, mas o melhor mesmo seria evitar que se produzisse a sujeira. Isso, no entanto, só será possível quando forem nomeados os mais aptos e não os indicados por partidos ou protegidos de raposas da política.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Rotina enfadonha

A Seleção Brasileira fez hoje à noite, em Córdoba, o primeiro dos dois jogos contra a Argentina pelo  "Super Clássico das Américas", novo nome para a antiga Copa Roca. Dessa vez, as duas equipes contaram apenas com os jogadores que atuam no próprio país. Pensava-se que o Brasil levaria vantagem nesse aspecto, pois muitos jogadores de qualidade permanecem no país, caso de Neymar, por exemplo, e outros foram repatriados, como aconteceu com Ronaldinho, enquanto a Argentina não consegue reter seus maiores valores. Em campo, no entanto, não foi o que se viu. A Seleção Brasileira "doméstica" se mostrou tão sem brilho quanto a equipe que conta com os jogadores que atuam no exterior. O resultado de 0 x 0 expressa bem o que foi o jogo, que, afora uma bela "lambreta" de Leandro Damião que culminou com um chute na trave, não teve qualquer brilho ou emoção. Ainda que se leve em conta que era uma equipe desentrosada, que não havia jogado junto anteriormente, é mais uma atuação pobre da Seleção Brasileira. Com ou sem os jogadores que atuam no exterior, a Seleção Brasileira mostra o mesmo futebol sonolento e burocrático. A cada jogo que passa é adiada a afirmação da Seleção, seu futebol não inspira confiança no torcedor. Parece claro que o técnico Mano Menezes não está conseguindo obter o comprometimento dos jogadores para com a equipe. Cada vez se robustece mais a idéia de que a Seleção Brasileira não deverá chegar à Copa do Mundo de 2014 tendo Mano Menezes como seu técnico.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Miss Universo

Os concurso de misses soam um tanto anacrônicos nos dias de hoje. Muito prestigiados no passado, parecem, no entanto, algo datado. As críticas contra tais concursos de beleza vão desde uma certa cafonice até o de que espelham uma visão machista da mulher, valorizando-a mais pelos atributos físicos do que por outros predicados. Deixando essas questões de lado, a vitória da angolana Leila Lopes no concurso Miss Universo 2011, realizado, pela primeira vez, no Brasil, merece ser saudada. Leila é líndissima, mas o fato de ser negra e originária de um país muito pobre, tornam seu triunfo ainda mais expressivo. A idéia de que tais concursos privilegiariam determinados padrões de beleza e favoreceriam candidatas de países mais ricos e influentes cai por terra diante de um resultado como esse. A vitória de Leila  é a prova de que a beleza está presente em todas as etnias e servirá para uma afirmação das mulheres negras, sempre tão menosprezadas. Leila venceu 88 candidatas dos mais diferentes países, para obter o título de Miss Universo. Angola, ex-colônia de Portugal, com muitos problemas sociais, por certo, deve estar orgulhosa do feito de sua filha agora ilustre. Num mundo que ainda convive com o racismo, enrustido ou explícito, a vitória de Leila é mais um passo na busca de uma humanidade sem preconceitos ou sectarismos de qualquer espécie. Uma humanidade que substitua a intolerância pela fraternidade entre os povos..

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A Comissão da Mentira

O governo federal deseja que a Câmara dos Deputados vote, em regime de "urgência urgentíssima", a chamada "Comissão da Verdade". A comissão vai tentar esclarecer fatos ocorridos na ditadura, mas não terá caráter judicial, nem punitivo. O governo busca um acordo suprapartidário para facilitar a votação, pois afirma que o assunto o une à oposição, em vez de causar divisão. A secretária nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário, disse que a matéria não divide a oposição nem o governo, e, sim, une a todos. "A democracia é uma construção de todos. É a busca pela unidade nacional", declarou Maria do Rosário. O assessor especial do ministro da Defesa, José Genoíno, disse que não haverá disputa partidária em torno da comissão. O texto do projeto foi negociado pelo ex-ministro da Defesa, Nélson Jobim, com os comandantes militares. Genoíno afirma que qualquer alteração no texto implicaria em nova rodada de negociações. O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Duarte Nogueira (SP) reuniu-se com ministros  e disse que há convergência para aprovar a comissão, mas que a condição é que o texto do governo não seja alterado e que se evite "mexer nas feridas do passado". Para não prejudicar a tramitação da Comissão da Verdade, o governo decidiu "congelar" o projeto da deputada federal Luíza Erundina (PSB-SP) que tem o objetivo de mudar a Lei de Anistia para punir quem torturou, matou e desapareceu com opositores do regime militar. A proposta já esteve por ser votada duas vezes, mas foi retirada de pauta por pressão do governo. Ora, diante de todos esses dados, se percebe que de "verdade", a tal comissão não tem coisa alguma. Trata-se de um engodo, um verdadeiro escárnio com a sociedade brasileira. Como pode uma comissão se debruçar sobre os fatos acontecidos na ditadura, tendo o texto do projeto sido previamente negociado com os militares? Para que servirá a comissão se não terá caráter judicial nem punitivo? Se não for para "mexer nas feridas do passado", qual o sentido de se criar a comissão? Ao contrário de seus vizinhos, Uruguai e Argentina, o Brasil insiste em não passar a limpo o horror da ditadura militar. O mais incrível é que isso continue a ocorrer no governo da presidente Dilma Roussef, que sentiu na própria pela a força da repressão do regime militar que se instalou no país em 1964. Se é para ter uma comissão de fachada, é melhor deixar como está. Antes não fazer nada do que escarnecer dos que sofreram com a perda de parentes e pessoas queridas para os carrascos da ditadura. Carrascos que deveriam ser exemplarmente punidos por seus crimes. Para tanto, o ideal seria aprovar o projeto de Erundina. Só assim, o país varreria para sempre os escombros da ditadura, e os brasileiros que pereceram na luta pela democracia, obteriam uma reparação, que não lhes restituiria a vida, mas honraria a sua memória.

domingo, 11 de setembro de 2011

Time consolidado

O Grêmio, nas últimas cinco partidas, jogou bem em todas. Desse conjunto de jogos, ganhou quatro e perdeu apenas um. Com base nessa amostragem, já dá para dizer que o Grêmio "encaixou", pois o time encontrou uma escalação e uma forma de jogar. Isso ficou demonstrado, mais uma vez, na vitória de 1 x 0 sobre o São Paulo, na tarde de hoje, no Olímpico. Diante de um público entusiasmado de 30 mil pessoas, o Grêmio perseguiu a vitória obstinadamente, até alcançá-la, com um gol de Douglas, numa magnífica jogada de Júlio César. O time esteve bem individual e coletivamente. Victor não chegou a ser muito exigido, mas, quando foi necessário, fez boas intervenções. A defesa, composta por Mário Fernandes, Saimon, Edcarlos, e Júlio César, teve excelente desempenho. No meio de campo, Adílson, novamente, destoou, mas Fernando, Marquinhos, Escudero e Douglas tiveram boas atuações. No ataque, André Lima não brilhou, mas foi participativo e esforçado, preocupando a defesa do São Paulo. Os jogadores que entraram no segundo tempo, Miralles e Brandão, tiveram pouco tempo para mostrar alguma coisa. O Grêmio obteve uma importante vitória, contra um time que está entre os primeiros colocados do Campeonato Brasileiro e que tinha um grande retrospecto nos jogos fora de casa. A distância da zona de classificação para a Libertadores caiu para apenas 7 pontos. Com os bons resultados que vem alcançando e, principalmente, com o bom futebol que vem jogando, o Grêmio já se permite começar a sonhar com algo mais no Brasileirão..

A diferença

O futebol tem as suas verdades, alicerçadas ao longo do tempo. Dentre elas, está a de que um time que tenha ambições de grandes conquistas necessita contar com um artilheiro, um homem de definição das jogadas de gol. Sem isso, um time se torna incompleto, capenga. Pois reside nesse aspecto o resumo do que aconteceu no jogo Palmeiras 0 x 3 Inter, hoje à tarde, no Pacaembu. O Palmeiras dominou o jogo, teve mais posse de bola, e criou várias situações de gol. Porém, a ausência de seu principal atacante, Kléber, e a mediocridade dos seus homens de frente, impediram o Palmeiras de traduzir esse volume de jogo em gols. O Inter, por outro lado, jogou, basicamente, nos contra-ataques, mas teve em Leandro Damião uma peça preciosa e decisiva. Leandro Damião fez os três gols do Inter, todos eles em jogadas de contragolpes. Trata-se de um centroavante que não desperdiça oportunidades, transformando em gols os erros e vacilações do adversário. Sua média de gols é impressionante, fazendo dele o principal goleador do Brasil em 2011. Leandro Damião fez a diferença na tarde de hoje. Enquanto o Palmeiras dependia de jogadores como Vinícius, Fernandão e Ricardo Bueno para tentar marcar gols, o Inter tinha Leandro Damião. Não resta dúvida de que, com tão fulgurante desempenho, um futuro milionário na Europa aguarda pelo atacante, muito em breve. Até lá, o Inter vai se beneficiando com seus gols, subindo na tabela do Campeonato Brasileiro e sonhando, quem sabe, com uma classificação para a Libertadores. Também na Seleção Brasileira, Leandro Damião já deixou a sua marca, fazendo o gol da vitória sobre Gana. No futebol brasileiro, um celeiro inesgotável de revelações, a cada momento surge um jogador que monopoliza as atenções. A bola da vez é Leandro Damião.

sábado, 10 de setembro de 2011

Entrevista insossa

A entrevista das páginas amarelas da edição da revista "Veja" que chegou às bancas hoje, é com o técnico da Seleção Brasileira, Mano Menezes. No país do futebol, e que irá sediar a próxima Copa do Mundo, seria de se esperar que as declarações do técnico de sua seleção trouxessem aspectos interessantes para serem repercutidos, mas não é isso o que acontece. A entrevista de Mano Menezes soa tão insossa e estéril quanto o futebol da Seleção Brasileira sob o seu comando. Mano repete lugares comuns, como quando afirma que, no futebol, cada jogador é apenas uma peça, condenando o individualismo, que considera pernicioso. Também recorre a outro argumento desgastado, o de que o Brasil já não joga o melhor futebol do mundo. Curiosamente, Mano entende que a equipe mais completa do momento não é a Espanha, atual campeã do mundo, mas a Alemanha. Para o técnico, a Alemanha sempre foi metódica e taticamente quase perfeita, mas pecava pela incapacidade de resolver as partidas, o que agora consegue com jogadores como Özil, Müller e Schweinsteiger. Ora, se a Alemanha é o modelo a ser perseguido por Mano Menezes, estamos em maus lençóis. O futebol alemão, historicamente, caracteriza-se pela eficiência e objetividade, mas sem inventividade, atribuição típicamente brasileira. Para quem tem dúvidas de quem leva vantagem nesse confronto de características, basta lembrar que, na única vez em que Brasil e Alemanha se enfrentaram numa Copa do Mundo, na decisão, em 2002, os brasileiros venceram de forma inequívoca. Mais adiante, confrontado com a denúncia de que beneficiaria seu empresário, Carlos Leite, convocando jogadores representados por ele, Mano disse que de tudo o que se fala contra sua pessoa, essa é a única acusação que o incomoda, e negou que tal ocorra. Mano, no entanto, não concorda que além de ser honesto, se tenha de parecer honesto. Para ele, importa, apenas, a primeira condição. O técnico entende, também, que não cometeu erros graves no comando da Seleção e que reúne as habilidades exigidas para o cargo. Porém, quando se chega ao final do texto, a sensação que se tem é de que muito pouco de substancial foi lido. Agora se entende porque o futebol da Seleção anda tão inexpressivo. Ele reflete a postura insípida do seu técnico.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Assuntos massacrantes

Muito se fala, no Brasil, sobre liberdade de expressão e imprensa livre, e da necessidade de garanti-las e protegê-las. Porém, a imprensa não é um elemento neutro, e a linha editorial dos veículos de comunicação traduz a visão de mundo de seus proprietários e a ação de grupos muito estruturados e influentes. Nos últimos dias, dois assuntos, um de cobertura nacional e outro de abrangência estadual, demonstram isso exemplarmente. Primeiro, no plano nacional, a cobertura massiva que vem sendo dada aos 10 anos do 11 de setembro, data que marca o atentado às torres do World Trade Center, em Nova Iorque. Trata-se de um fato relevante, sem dúvida, mas cuja importância foi, desde sua ocorrência, maximizado, por ter atingido os Estados Unidos. O excessivo alarde em torno do assunto reflete a vassalagem do mundo ocidental em relação aos americanos. O fato foi traumático, é claro, e três mil pessoas perderam suas vidas no atentado. Porém, o mundo convive, rotineiramente, com guerras e conflitos que resultam num número maior de mortos, sem que se faça tanto estardalhaço em torno disso. A cobertura do 11/09 pela Rede Globo é um exemplo desse exagero. No último domingo, o programa "Fantástico", dedicou quase toda a sua edição ao assunto. De lá para cá, há reportagens sobre o ataque às torres gêmeas em todos os noticiários da Globo, e alguns de seus jornalistas viajaram para os Estados Unidos especialmente para produzir matérias sobre o fato. Pode-se imaginar, então, o que será a cobertura no próximo domingo, quando se completarão os 10 anos do ato terrorista. Haja paciência para tantas reportagens e análises sobre o mesmo assunto. Passemos, então, para o âmbito estadual. Estamos no mês de setembro, o qual, no dia 20, marca a comemoração da chamada "Revolução Farroupilha", estranha reverência a um evento fracassado, em que os separatistas acabaram vergados pelas forças do Império. Durante quase todo o mês, os cultuadores das tradições gauchescas e do denominado "nativismo" se reúnem num parque de Porto Alegre para realizar suas "bailantas", comer muito churrasco e preservar o que entendem serem as "raízes" da cultura do Rio Grande do Sul. O que se vê, na verdade, é que o movimento tradicionalista gaúcho ganha espaço massivo em todos os meios de comunicação do Estado, para propagar sua idéia de que se deve perpetuar e zelar pelo que diz ser a identidade cultural do Rio Grande do Sul. Trata-se de uma pregação insistente e que não admite contestação, num processo de cunho fascistóide, do tipo "Rio Grande do Sul, ame-o ou deixe-o", que procura impor um padrão cultural único para o Estado, ignorando as diversidades. Está mais do que claro que muitas pessoas nascidas no Rio Grande do Sul não se identificam com as coisas "gaudérias", nem reconhecem no gaúcho pilchado uma tradução fiel do habitante típico do Estado. Mesmo assim, os veículos de comunicação cobrem o assunto amplamente, como se toda a população cultivasse o apreço por tais manifestações. Como se vê, tanto num caso como no outro, a tão propalada liberdade de imprensa não se faz presente. No primeiro caso, a imprensa está apenas a refletir a visão de mundo americanófila dos proprietários dos meios de comunicação. No segundo, está a serviço de um grupo fortemente estruturado e aparelhado que se apoderou dos canais de expressão da sociedade para impor sua idéia do que seja o Rio Grande do Sul. Num e noutro caso, o cidadão não está sendo corretamente informado, mas sim massacrado por um volume exagerado de dados sobre assuntos cuja efetiva importância não justificariam tão ampla cobertura.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Afirmação

A vitória do Grêmio sobre o Bahia por 2 x 1, na noite de hoje, no estádio de Pituaçu, em Salvador, representa uma afirmação para o time. Pelo quarto jogo consecutivo, a contar do Gre-Nal, o Grêmio mostrou bom futebol e foi superior ao seu adversário na maior parte do tempo. Isso ocorreu até mesmo contra o Corinthians, no único desses quatro jogos em que o time foi derrotado. A queda de rendimento no segundo tempo não anula a excelente atuação da primeira etapa da partida. Foi algo, até certo ponto, natural, pela perturbação causada pelo pênalti desperdiçado por Douglas no final do primeiro tempo, e pela esperada reação do Bahia que, sendo derrotado em casa, precisava tentar reverter o resultado. Após esse conjunto de jogos, já dá para dizer, sem receio, que o Grêmio achou sua escalação e sua forma de jogar. No primeiro tempo, o Grêmio teve uma grande atuação, nenhum de seus jogadores atuou mal. No segundo tempo, alguns jogadores, como Escudero e Marquinhos, caíram de rendimento, mas, no balanço geral, foi uma vitória consistente e merecida. O resultado foi importante por vários motivos. O Grêmio se afastou da zona de rebaixamento, obteve sua segunda vitória fora de casa no Campeonato Brasileiro, e venceu duas partidas consecutivas, o que proporciona maior estímulo para o grupo de jogadores. A próxima partida do Grêmio, contra o São Paulo, no Olímpico, é dificílima, por ser um clássico nacional e pelo fato do adversário ter obtido melhores resultados jogando fora do que em casa. Afora isso, o São Paulo possui jogadores de muita qualidade, como Lucas, Casemiro, Rivaldo, entre outros, e um atacante, Dagoberto, que sempre marca gols nas partidas contra o Grêmio. Será um jogo, por certo, para levar um grande público ao Olímpico. O Grêmio já faz por merecer uma maior confiança do seu torcedor. A tempestade, longa e dolorosa, parece estar terminando. A bonança já começa a chegar para o Grêmio.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Uma defesa que preocupa

A vitória do Inter sobre o América Mineiro era mais do que previsível. Nem mesmo a goleada do clube mineiro sobre o Vasco por 4 x 1, no último domingo, o credenciava para obter um bom resultado no Beira-Rio. Porém, o resultado de 4 x 2 para o Inter no jogo de hoje á tarde, não ajudou em nada para afastar as preocupações com o desempenho de sua defesa. Em apenas 13 minutos, o Inter já goleava por 3 x  0, mas, a exemplo do que fez contra o Santos, a defesa vazou e tomou dois gols do lanterna do Campeonato Brasileiro. Dessa vez, nem mesmo o goleiro Muriel, que vinha tendo excelentes atuações, se salvou. Muriel falhou nos dois gols do América Mineiro. Rodrigo Moledo marcou um gol, mas isso Bolívar também fez contra o Santos. No entanto, também como Bolívar, Rodrigo Moledo não se mostrou um zagueiro seguro. O problema defensivo do Inter, como se vê, não estava concentrado apenas nas falhas do seu capitão. Sem ele, nos últimos dois jogos, o Inter sofreu três gols. O ataque do Inter divide a condição de mais positivo do Brasileirão com o Flamengo e o Botafogo, todos com 36 gols marcados. No entanto sua defesa é vazada em, praticamente, todos os jogos, já tendo sofrido 30 gols. Não faltará quem veja no esquema do técnico Dorival Júnior, sabidamente um ofensivista, uma das razões para o fraco desempenho defensivo do Inter, o que poderá fazer com que ganhe adeptos a idéia de colocar mais volantes no meio de campo. Menos mal para o Inter que, no jogo do próximo domingo, contra o Palmeiras, fora de casa, o atacante Kléber, do clube paulista, não irá jogar, por estar suspenso. Ainda assim, com a fragilidade defensiva que vem demonstrando, o Inter tem de encarar todo e qualquer jogo com muita preocupação. Para chegar na zona de classiificação para a Libertadores não basta marcar muitos gols, é preciso parar de tomá-los.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Redução da maioridade penal

Há alguns dias, abordei nesse espaço a defesa, feita por certas pessoas e grupos, da repressão como solução para o problema do vandalismo e da violência. Como se sabe, violência gera mais violência, num círculo vicioso que não traz qualquer benefício para a sociedade. No entanto, as idéias autoritárias e repressoras como forma de impor a lei e a ordem vão ganhando adeptos. Afora a apologia da força e da punição rigorosa aos transgressores da lei, os defensores de tais métodos desejam, também, a redução da maioridade penal. O autor de um artigo publicado no último domingo, num jornal de Porto Alegre, propõe que a maioridade penal seja reduzida dos atuais 18 anos para 12 anos! Conforme o articulista, ter 12 anos hoje é muito diferente do que ter a mesma idade em 1940. Era só o que faltava! Os presídios brasileiros, já superlotados, verdadeiros depósitos de seres humanos submetidos às condições mais degradantes, passariam a receber meninos mal saídos da infância. O discurso pró-repressão é enfático e escarnece dos que pensam em sentido contrário, que são classificados como a "turma dos direitos humanos", como se isso, em vez de meritório, fosse pejorativo. As medidas defendidas pelos partidários da repressão atuam, na verdade, contra as consequências, ignorando as causaas. Isso acontece não por desconhecimento, mas por estratégia. Atuar contra as causas que geram a violência, ameaçaria a manutenção do modelo de sociedade do qual tais pessoas se beneficiam. Elas desejam reprimir como forma de dissuadir os menos favorecidos a manifestarem inconformidade com a desigualdade social. Sua intenção é de que os mais pobres conformem-se com sua condição social, contentando-se com as migalhas que o Brasil, um dos países mais injustos e desiguais do mundo, lhes reserva. Sabem que a única maneira de abolir a violência é construir uma sociedade com oportunidades iguais para todos, ensino de qualidade, acesso ao sistema de saúde para toda a população, isto é, investimento prioritário no capital humano. Só que, se isso fosse feito, onde achar milhões de pobres coitados para servir como massa de manobra de seus discursos demagógicos? Onde encontrar eleitores incautos e desinformados para eleger os Bolsonaros da vida? Não, para os defensores da pancada educativa, povo que pensa é povo perigoso, que passa a ter o péssimo hábito de fazer reivindicações, de exigir seus direitos, de não aceitar ser capacho de ninguém. Por isso, querem o uso do cassetete, as chibatadas em praça pública, os presídios em condições subumanas, a redução da maioridade penal. Tudo para reduzir a violência, sem diminuir seus privilégios.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Pequena melhora

O adversário não era uma das grandes seleções do mundo. O cenário era o modesto estádio do Fulham, em Londres, com capacidade para apenas 25 mil pessoas. Descontados esses fatores, a vitória da Seleção Brasileira por 1 x 0 sobre Gana, na tarde de hoje, pelo horário brasileiro, mostrou alguma melhora na equipe, ainda que sutil. Não foi uma atuação entusiasmante da Seleção, mas o jogo proporcionou alguns fatos alentadores. Marcelo provou que é titular indiscutível, pois seu futebol é muito superior aos dos outros jogadores que foram testados na lateral esquerda. Ronaldinho mostrou que, se não é mais um jogador de ritmo constante, sua técnica privilegiada faz a diferença em muitos momentos da partida. Leandro Damião, autor do único gol do jogo, e com boa participação em vários outros lances, deixou claro que não pode ficar de fora de nenhuma convocação daqui por diante. A Seleção, portanto, ainda que de forma tímida, apresentou progressos, e, talvez, o técnico Mano Menezes possa respirar aliviado por algum tempo, sem sentir o seu emprego ameaçado. Hoje mesmo, a Seleção foi novamente convocada, para realizar dois jogos com a Argentina, um lá e outro aqui, ainda em setembro. Só foram convocados jogadores que atuam no país, o mesmo ocorrendo com a Argentina. Entre as principais novidades da lista, a primeira convocação de Mário Fernandes, do Grêmio. O jogador, que prefere ser zagueiro, foi chamado para a lateral direita, o que pode levá-lo a optar de vez por essa posição. Na lateral esquerda, Kléber, do Inter, está de volta à Seleção, o que é um tanto estranho, já que o jogador não vem tendo grandes atuações e, pela idade avançada, dificilmente irá jogar a Copa do Mundo de 2014. O Inter ainda teve dois outros jogadores convocados, Oscar e Leandro Damião, num justo reconhecimento à grande fase de ambos. Chamou a atenção, também, o fato de que o goleiro Victor, do Grêmio, mais uma vez, não foi chamado, o que pode significar que tenha saído dos planos de Mano Menezes. Serão dois bons jogos, no clássico de maior rivalidade do futebol mundial. Esperemos que eles possam ser o início de uma fase de afirmação da Seleção Brasileira.

domingo, 4 de setembro de 2011

Frustração

O sentimento que deve ter se apoderado da torcida do Inter, após o empate de hoje em 1 x 1 com o Ceará, no estádio Presidente Vargas, é o de frustração. Mais uma vez, o Inter não ganhou. Depois do banho de bola tomado no Gre-Nal, quando só não foi goleado em função de uma arbitragem horrorosa, e do incrível empate com o Santos, após estar vencendo por 3 x 0, o Inter não teve forças para ganhar do Ceará.  Chegou a estar perdendo, em razão de um pênalti de Rodrigo Moledo sobre Osvaldo, que Washington cobrou. Como se percebe, a troca de zagueiros não mudou a rotina do Inter de cometer pênaltis. A diferença é que, dessa vez, o árbitro marcou, o que não ocorreu nos jogos contra Grêmio, Fluminense e Cruzeiro. O gol de empate, feito por Jô antes que se atingisse 1 minuto do 2º tempo, surgiu depois de uma falha terrível de Enrico, que atrasou uma bola erradamente. Se é verdade que o Ceará ganha a maioria dos jogos que faz em casa, e que, inclusive, goleou o Grêmio, o empate, nas atuais circunstãncias, foi um mau resultado para o Inter, que não tem conseguido vencer seus jogos. Os clubes que estão nas primeiras posições do Campeonato Brasileiro tem tropeçado seguidamente, mas o Inter não tira proveito disso e continua distante da zona de classificação para a Libertadores. Para quem tem uma folha de pagamento de 6 milhões de reais e um dos técnicos mais conceituados do país, é muito pouco. A vitória contra o América Mineiro, quarta-feira, no Beira-Rio, é obrigatória. Se ela não acontecer, o Inter passará a ser, apenas, um turista de luxo na competição.

Bom futebol

Mais do que a goleada de 4 x 0 sobre o Atlético Parananense, na tarde inusitadamente quente do Olímpico, foi o bom futebol do Grêmio que entusiasmou a torcida. Talvez tenha sido a melhor apresentação do Grêmio em 2011. O time fluiu, como há muito tempo não fazia. Escudero jogou demais, Douglas esteve muito bem tecnicamente e surpreendeu pela garra que demonstrou em todas os lances. André Lima desencantou e fez três gols, Saimon, mais uma vez, foi, praticamente, impecável, Fernando provou que não pode mais sair do time, e Júlio César se candidata a ser a melhor contratação do Grêmio no ano. Os dois primeiros gols, marcados por Escudero e André Lima, resultaram de jogadas coletivas primorosas. Mesmo tendo perdido para o Corinthians, o Grêmio jogou um bom futebol no Pacaembu. No Gre-Nal, só não goleou em função dos erros terríveis de arbitragem. Nas últimas três partidas, como se vê, o Grêmio jogou bem em todas, o que mostra que seu futebol está evoluindo. A torcida, antes desencantada, começa a ter esperança de dias melhores. O Grêmio ainda está muito atrasado na tabela, mas se continuar nessa progressão, pode melhorar muito a sua perspectiva dentro do Campeonato Brasileiro. Os próximos dois jogos serão muito difíceis. Primeiramente, contra o Bahia, fora de casa, situação em que só obteve uma vitória até agora. Depois, contra o São Paulo, no Olímpico, adversário que cumpre excelente campanha na competição. Será a chance de uma afirmação definitiva do Grêmio, ou da volta da aflição. Pelo futebol demonstrado nos três últimos jogos, há sobradas razões para se apostar na primeira hipótese.

sábado, 3 de setembro de 2011

A repressão como solução

Certas pessoas e grupos são mesmo renitentes quanto às suas idéias, as quais permanecem congeladas, imunes ao passar do tempo. É o que acontece com os que enxergam o mundo pela ótica da direita. Para eles, a sociedade está sempre vitimada pela desordem e ameaçada por vândalos e bandidos. A solução mágica que defendem, para acabar com tal estado de coisas, é intensificar a repressão. Sonham com uma polícia feroz e intimidatória, toques de recolher, prisões indiscriminadas, penas rigorosas. Tudo para que se obtenha a "paz social". Nem é preciso dizer que os atingidos por tais medidas serão sempre os mais pobres e desassistidos na escala social, vistos como vagabundos e meliantes. Afinal é preciso proteger as "pessoas de bem", seriamente ameaçadas por tal turba. Assim, ao mesmo tempo em que vociferam contra Cuba e seu "regime cruel", os liberticidas escolhem como modelo ideal países que aplicam a dureza da lei contra os transgressores. Depois de muito pesquisar, por certo, um colunista de jornal de Porto Alegre, famoso por seu direitismo fóbico, apontou Cingapura como um exemplo de país onde a lei e a ordem imperam. O cronista mostrou-se particularmente entusiasmado com o "canning", uma punição que consiste em "taquaraços" nas nádegas de quem pratica pequenos crimes. Não, você não leu errado. É isso mesmo. O colunista exalta a agressão física como forma de coibir a prática de pequenos delitos, ou seja, propõe a bárbarie institucionalizada para manter a ordem. Só mesmo a liberdade de expressão, plenamente assegurada no Brasil de nossos dias, permite que alguém use do espaço privilegiado de uma coluna de jornal para defender idéias tão medievais! O ônus da democracia é que, para que seja total e irrestrita, tem de dar espaço, até mesmo, para os que a querem solapar.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O dinheiro da saúde

Certas coisas, no Brasil, são irritantemente recorrentes. Uma delas é a idéia de se criar um imposto para arrecadar recursos para o setor da saúde. O tal tributo já existiu, era a execrável Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), em muito boa hora extinta pelo Congresso Nacional. A contribuição de "provisória" não tinha nada, pois foi mantida indefinidamente pelo governo federal, que tentou, por todos os meios, evitar sua extinção, o que, felizmente, não conseguiu. A presidente Dilma Roussef disse que o problema da CPMF é que seus recursos foram desviados para outros fins, mas que haverá necessidade de criar uma nova fonte de financiamento para a saúde. Dilma ressaltou, no entanto, que os recursos vindos dessa fonte tem que ser destinados exclusivamente para a saúde. Permito-me discordar da presidente. O Brasil não precisa de novos impostos, e nem os quer. Como toda "contribuição" compulsória, a CPMF constituiu-se num assalto ao bolso do cidadão, pois era recolhida a cada movimentação bancária que fosse por ele realizada. Como bem admitiu Dilma Roussef, o dinheiro arrecadado foi desviado para outras finalidades, e não há garantia alguma de que, com um  novo imposto, não fosse acontecer o mesmo. A velha cantilena de que faltam verbas para a saúde e de que é preciso criar novas fontes de recursos para o setor não convence mais ninguém. Os investimentos necessários no país, não só para a saúde, mas, também, para outros setores essenciais como educação e segurança, estariam plenamente garantidos, mesmo sem nenhum meio adicional de arrecadação, desde que o ralo da corrupção e do desperdício de dinheiro fosse fechado no país. Governar é buscar soluções criativas para os problemas que se apresentam, sem buscar a saída fácil de atacar o bolso dos cidadãos. A saúde brasileira está um caos, mas não será um novo tributo que vai resolver a questão. Se, no entanto, o governo persistir na idéia de criação de uma nova fonte de recursos para a saúde, que o faça, por exemplo, taxando as grandes fortunas, ou destinando para o setor parte dos lucros estratosféricos das instiuições bancárias, mas deixe o bolso dos brasileiros livre de assaltos.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Homenagem descabida

Tendo nascido no município de Rio Grande (RS), terra pela qual sou apaixonado, não posso ficar indiferente ao fato de que o prefeito Fábio Branco (PMDB) pretende construir uma estátua para homenagear Golbery do Couto e Silva, o execrável mentor do abjeto golpe militar de 1964. Golbery, infelizmente, também nasceu em Rio Grande, o que deveria ser encarado como uma nódoa pela municipalidade, e não como algo a ser exaltado. O pior é que, à exceção de um vereador do PC do B, os demais aprovaram a proposta. Rio Grande tem muitos filhos ilustres, nas mais diversas atividades, mas esse não é o caso de Golbery. Só grandes personalidades, autoras de feitos magníficos, são merecedoras de tão grandiosa homenagem como a de ter erigida uma estátua em local público. O nefasto Golbery, ao contrário, merece ser relegado ao rodapé da história, como um dos artífices de uma ditadura militar que interrompeu o ciclo democrático do país, perseguiu, prejudicou, torturou e assassinou pessoas que lutavam por um Brasil mais justo. Num país que, há 26 anos, retomou a caminhada democrática, a construção de tal monumento constitui-se num acinte, uma afronta inaceitável para todos os que buscaram o retorno ao estado de direito, alguns até com o sacrifício da própria vida. Caso a estúpida idéia venha a se concretizar, Rio Grande será motivo de comentários em todo o país, e talvez até no exterior, não para receber elogios pela iniciativa, mas como motivo de chacota pelo apreço despropositado por uma figura repugnante e desprezível da história do Brasil.