segunda-feira, 4 de julho de 2022

O anti-ídolo

Na semana anterior, houve grande repercussão de uma fala racista do ex-piloto Nélson Piquet sobre Lewis Hamilton. Em sua declaração, dada em 2021, Piquet se referia a Hamilton como "neguinho". O repúdio ao comentário de Piquet foi enorme, e a Federação Internacional de Automobilismo decidiu vetar sua presença nos paddocks dos Grandes Prêmios de Fórmula-1. Dias depois, após Piquet ter tentado minimizar sua fala racista, uma outra declaração sua sobre Hamilton chegou ao conhecimento público, dessa vez de cunho homofóbico. Piquet foi um grande piloto, e conquistou três títulos mundiais de Fórmula-1. Porém, como pessoa, jamais esteve no mesmo nível. Revelou que só pensou nele mesmo, e em sua glória individual, ao ganhar seu primeiro título, em 1981, sem nenhum sentimento coletivo. Claramente despeitado pelo fato de ter sido eclipsado por Ayrton Senna, que se tornou o mais amado entre os três pilotos brasileiros que foram campeões na Fórmula-1, Piquet o atacou várias vezes, fazendo insinuações sobre sua sexualidade. Sem freios para tratar seus desafetos, provocava Nigel Mansell por ser casado com uma mulher que considerava feia. Como se vê, Piquet se mostra, em suas declarações, racista, homofóbico e machista. Não foi por acaso, portanto, que já se prestou a ser o motorista do Rolls-Royce presidencial conduzindo o genocida Jair Bolsonaro. Embora tenha alcançado grandes feitos nas pistas, Piquet tornou-se um anti-ídolo. Para ser um ídolo, afora um grande talento, é preciso carisma, empatia, afabilidade, generosidade, atributos que Piquet não possui.