sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Uma falsa solução mágica

Os clubes de futebol, historicamente, eram associações sem fins lucrativos que "pertenciam" aos seus torcedores. Mais tarde, a começar pela Europa, clubes tradicionais foram comprados por pessoas ou grupos econômicos, o que, agora, também começa a ocorrer no Brasil, com as chamadas SAF's, Sociedades Anônimas do Futebol. Elogiada pela imprensa esportiva brasileira, que a vê como uma questão de "modernidade", a propriedade privada de clubes de futebol está longe de ser a maravilha apregoada por muitos. A prova disso está na reação da torcida do Valladolid (ESP), contra o proprietário do clube, o ex-jogador Ronaldo Nazário. Tendo adquirido 90% das ações do clube em 2018, Ronaldo já fez o Valladolid cair duas vezes para a Segunda Divisão, revoltando a torcida, que pede a sua saída. Ronaldo também é o maior acionista do Cruzeiro, onde tem colhido resultados modestos. Porém, a imprensa esportiva brasileira dá amplo apoio para Ronaldo, e o isenta de críticas. Dentro e fora do Brasil, entregar clubes para a propriedade de pessoas ou grupos é uma falsa solução mágica. O que chamam de "clube-empresa" é uma excrecência. Empresas são criadas tão somente para dar lucros. Clubes despertam paixões e, por isso, têm torcedores, não clientes. A torcida do Manchester United, um dos maiores clubes do mundo, por exemplo, jamais se conformou com a sua venda para americanos. Por sinal, desde que o fato ocorreu, a trajetória esportiva do clube decaiu. Para auferir recursos para os clubes há outras soluçòes que não resultam em mercadejar com o sentimento do torcedor.