quinta-feira, 9 de maio de 2013

O escândalo do leite

Num país acostumado aos escândalos, o mais novo é o do leite adulterado, ocorrido no Rio Grande do Sul. A operação que desbaratou o esquema criminoso foi denominada de "Leite Compen$ado". Nada mais pertinente que o cifrão substituindo o "s" na palavra "compensado". Afinal, neste, como em tantos outros escândalos, a grande motivação foi financeira. A fraude, praticada pelos "leiteiros", como são chamados os responsáveis pelo transporte e coleta do leite para as indústrias, buscava elevar o volume do produto com acréscimo de água e manter suas proteínas com a adição de ureia. A ureia, quando diluída em água, dá origem ao formol, produto químico considerado cancerígeno. Afora isso, a água utilizada na adulteração, possivelmente, era contaminada. Um verdadeiro festival de horrores que levou à retirada das gôndolas dos supermercados de caixas de leite das marcas Bom Gosto/Líder, Italac, Mu-Mu e Latvida, e que, é claro, vai gerar enorme insegurança nos consumidores, daqui para a frente. Com o aumento do volume transportado, os "leiteiros" lucravam 10% a mais que os 7% já pagos sobre o preço do leite cru. A investigação da Operação "Leite Compen$ado" começou em março, depois de o Ministério da Agricultura ter confirmado, no segundo semestre de 2012, a presença de formol em amostras de leite. Conforme o promotor de Justiça Mauro Rockenbach, os envolvidos no caso conheciam o risco para o consumidor."Em escuta telefônica, um empresário pedia ao seu motorista que, antes da mistura de água e ureia, separasse o leite bom para ser consumido por sua família", informou Rockenbach. Também foi apurado que um grupo sabia com antecedência a data da visita de fiscais do Ministério da Agricultura aos postos de recebimento do leite para coleta de amostras. Avisados antecipadamente, os empresários não enviavam o leite fraudado nestes dias. A operação resultou na prisão de oito pessoas, sete em Ibirubá e uma Guaporé. A sede desmedida de lucro, mais uma vez, se volta contra os interesses dos cidadãos. No caso em questão, pondo em risco a sua saúde. No capitalismo, o dinheiro sempre fala mais alto.