terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A banalização da violência

A morte do cinegrafista Santiago Andrade, da Rede Bandeirantes, atingido por um artefato pirotécnico enquanto cobria uma manifestação no Rio de Janeiro, é um monumento à estupidez humana. Andrade estava trabalhando, não era um ativista nem um membro das forças de segurança. O fato, em si, já é de uma abjeção intolerável, mas, pior do que isso, é a reação de algumas pessoas ao acontecimento. Numa tentativa absurda de politizar um homicídio covarde, pois é disso que se trata a morte de Santiago, tentam minimizar seu significado, identificando um "exagero da mídia" no tratamento ao ocorrido. Essa postura é inadmissível, pois significa a banalização da violência, um rebaixamento da condição humana, levando o maquiavelismo do "fim que justifica os meios" às últimas consequências. No entender dessas pessoas, estaria havendo "corporativismo" da imprensa na cobertura do fato. Há os que sustentam que o cinegrafista deveria usar material de segurança, como se estivesse a cobrir uma guerra. A alegação é ridícula. A reação da imprensa é proporcional ao fato. Afora isso, os que usam de tais argumentos fingem ignorar que Santiago era um trabalhador que estava ali ganhando, dignamente, o seu sustento, e não um dos "barões" da tão odiada "mídia". Os que causaram a morte de Santiago, ao contrário, são ou membros da classe média entediada ou jovens de baixa condição econômica cooptados para um ativismo que para eles se apresenta difuso e desfocado. A consequência prática dos protestos desses grupos, como sempre, será mínima, mas eles geraram uma vítima fatal. Isso é inaceitável! A punição aos culpados deve ser exemplar. Não se pode tratar a morte de um ser humano, nas circunstâncias em que se deu, como um "acidente de percurso". Honremos a memória de Santiago colocando seus assassinos na cadeia. Caso contrário, estaremos renunciando à civilização e legitimando a barbárie.