domingo, 8 de setembro de 2013

Destempero

A imprensa esportiva brasileira sempre se caracterizou pela parcialidade e pelo bairrismo. Os jornalistas esportivos, em nome da defesa dos clubes com os quais se identificam, ou do futebol dos seus estados, deixam de lado o senso crítico e a isenção. Isso ficou comprovado, mais uma vez, com a polêmica em torno do pênalti que deu a vitória ao Grêmio sobre a Portuguesa no jogo de ontem. Os jornalistas Flávio Gomes e Arnaldo Ribeiro, da ESPN, em suas páginas no twitter, fizeram ataques raivosos ao Grêmio. Gomes apelou, inclusive, para palavrões e provocações chulas. Ribeiro pediu que monitorassem as ligações do presidente do Grêmio, Fábio Koff, para a CBF e Comissão Nacional de Arbitragem de Futebol (Conaf). Porque tamanho destempero? O lance pode até ser considerado duvidoso, mas está longe de ser um "roubo" escandaloso. Na verdade, já assistimos esse filme. O grande Grêmio da era Felipão era perseguido pela imprensa paulista, inconformada com suas vitórias, especialmente contra o Palmeiras do período Parmalat. Os méritos do time não eram reconhecidos, e lhe foi pespegada a pecha de "violento". O curioso é que, depois de todos os ataques que sofreu, Felipão foi contratado pelo Palmeiras, levando consigo outros nomes daquele Grêmio vitorioso, como Arce e Paulo Nunes, e repetiu no clube paulista a mesma trajetória exitosa. Mais tarde, tornou-se técnico da Seleção Brasileira e conquistou o título da Copa do Mundo de 2002. Os que vociferam contra o lance de ontem, contudo, omitiram deliberadamente, os prejuízos causados ao Grêmio pela arbitragem, como o pênalti claro não marcado sobre Kléber no primeiro tempo e o gol injustamente anulado do mesmo jogador no início do segundo. Também nada referem sobre o fato de Bruninho estar impedido no lance do primeiro gol da Portuguesa. O Grêmio, em nota assinada por Fábio Koff, condenou a postura dos dois jornalistas, no que está muito certo. Porém, não basta que o faça. As manifestações de Flávio Gomes e Arnaldo Ribeiro ultrapassaram os limites do jornalismo, descambando para ofensas injustificáveis ao clube e ao seu presidente. Sendo assim, é imperativo que o Grêmio processe Gomes e Ribeiro. Jornalismo se faz com seriedade e profissionalismo, não com passionalismo e baixarias.