domingo, 28 de outubro de 2012

A vitória de Haddad

O que as pesquisas das últimas semanas anunciavam confirmou-se, hoje, e Fernando Haddad (PT)  é o novo prefeito de São Paulo. Uma vitória de grande expressão, porque teve de enfrentar muitos obstáculos, inclusive, no próprio partido. A ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, esperava ser indicada para concorrer novamente ao cargo. O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, no entanto, optou por Haddad, o que gerou a inconformidade de Marta e um abalo partidário. Depois de meses de turbulência, Marta foi aquinhoada com o cargo de ministra da Cultura e se engajou na campanha de Haddad. Porém, o candidato ainda teria outros desafios a superar. A imprensa tratava de desconstruir sua imagem, classificando sua gestão como ministro da Educação de fracassada. As primeiras pesquisas lhe davam um índice baixíssimo de intenção de votos, e apresentavam Celso Russomano (PRB) como o favorito para ganhar a eleição. Russomano sequer chegou ao segundo turno, que foi disputado por Haddad e José Serra (PSDB). O noticiário dava conta da perspectiva de um grande fracasso do PT na eleição de São Paulo, enterrando Lula como indutor de votos e mostrando os sinais de um tal "efeito mensalão". Haddad, contudo, repetiu a trajetória de Dilma Roussef na eleição para presidente. Ela também começou com índices mínimos de intenção de voto, e acabou se elegendo com grande vantagem, assim como aconteceu com Haddad. O mais interessante é que ambos enfrentaram, no segundo turno, o mesmo adversário, José Serra, que, tudo indica, teve sepultada sua carreira política, pelo menos para a disputa de cargos majoritários. A vitória de Haddad é, sobretudo, um triunfo de Lula. Ele elegeu, num espaço de dois anos, Dilma e Haddad, candidatos tidos como sem apelo junto ao eleitorado. Dessa forma, Lula confirma a ideia de que é capaz, até, de eleger um poste, se assim o desejar. O ex-presidente mostra que ainda é o maior líder popular brasileiro, que o mensalão em nada arranhou essa condição, e de que a possibilidade do PT perder o poder na próxima eleição para presidente é quase inexistente. O eleitor de São Paulo desconsiderou as invectivas contra Haddad e o escolheu para prefeito. Preferiu optar pelo novo, em vez de apostar em velhas e desgastadas alternativas.