terça-feira, 8 de maio de 2018

A declaração de Cairoli

O vice-governador do Rio Grande do Sul, José Paulo Cairoli, criticou a necessidade de realização de plebiscito para a venda de empresas estatais. Considerou absurda essa exigência da Constituição Estadual. A manifestação de Cairoli foi feita na condição de governador em exercício, durante um curto período de férias do titular do cargo. Porém, o pior ainda estava por vir. Numa demonstração clara de seu pensamento autoritário, Cairoli disse que comentou com o governador José Ivo Sartori que o ideal seria fechar a Assembleia Legislativa por um tempo para "fazer o que é preciso". A declaração de Cairoli é inadmissível, mas nada tem de surpreendente. Afinal, o vice-governador é um latifundiário e "líder empresarial". Sua inclusão na chapa de Sartori repete a anomalia ocorrida quando Yeda Crusius foi governadora do Rio Grande do Sul tendo como vice outro empresário, Paulo Afonso Feijó, que tinha como sua maior aspiração a de vender estatais. O exercício de cargos políticos por figuras como Cairoli e Feijó é mais uma anomalia gerada por uma relação promíscua e espúria entre partidos e o meio empresarial. A formação de chapas que misturam políticos com empresários tem duas intenções fundamentais. A primeira é a de sinalizar que, se obtiver a vitória na eleição, fará um governo amigável para o "mercado". A outra é garantir que os empresários apoiem a chapa com generosas doações de recursos. O Brasil está mergulhado numa onda fascista. Se em outros períodos os adeptos da demofobia estavam enrustidos, hoje exibem sua desfaçatez de modo despudorado.