segunda-feira, 12 de maio de 2014

Voto obrigatório

Uma pesquisa do Instituto Datafolha revela que 61% das pessoas consultadas são contra o voto obrigatório, o maior índice já verificado no Brasil. Embora possa parecer contraditório para um livre pensador e defensor da liberdade individual, acho que o fim do voto obrigatório seria um desastre para o Brasil. A própria pesquisa sobre o assunto me parece mais uma das tantas tentativas da direita brasileira de moldar o cenário eleitoral aos seus interesses. Antes de sair por aí dando discursos contra a obrigatoriedade do voto, por ser algo supostamente antidemocrático, pensemos, objetivamente, que vantagem teríamos com a adoção do voto facultativo? No meu entendimento, nenhuma. A "qualidade" do voto não se tornaria maior pelo fato dele ser opcional. O que aconteceria é que as classes mais privilegiadas economicamente, ciosas da defesas dos seus interesses, continuariam a votar. Os demais deixariam de fazê-lo, favorecendo a elitização das eleições. Afora isso, muitos eleitores pobres e despolitizados passariam a vender seus votos, dispondo-se a sufragar o nome de qualquer candidato, em troca de dinheiro. Convenhamos, também, que votar não exige nenhum sacrifício. As seções eleitorais são sempre próximas das residências dos eleitores, os que tem deficiências recebem tratamento especial, e, para os que tem mais de 70 anos, o voto já é facultativo. Não há nada que justifique alguém querer eximir-se do ato de votar, a não ser uma enorme ignorância política. O Brasil tem muito mais com o que se preocupar do que em discutir a obrigatoriedade do voto. O voto obrigatório é garantia de pleitos mais abrangentes, concedendo aos eleitos maior legitimidade. Sua extinção só favoreceria as elites predatórias. Para o bem do Brasil, a obrigatoriedade do voto jamais deveria ser revogada.