segunda-feira, 12 de agosto de 2019

O início da reviravolta

O resultado das eleições primárias na Argentina trouxe uma nova e alentadora realidade na política sul-americana. A vitória ampla do candidato peronista Alberto Fernandez caiu como uma bomba sobre os defensores do presidente direitista Maurício Macri, que pleiteia a reeleição. Se repetir o desempenho das primárias nas eleições de outubro, Fernandez ganhará no primeiro turno, e se tornará o novo presidente da Argentina. A repercussão do fato no Brasil foi imediata. A imprensa brasileira, defensora do neoliberalismo, procurou, mais uma vez, associar a esquerda argentina à corrupção, da mesma maneira que faz em seu próprio país. Dessa forma, desvia o foco do que é essencial, isto é, a economia. As medidas econômicas neoliberais, inevitavelmente, causam desemprego e miséria. Não foi diferente no governo de Macri, muito saudado pela direita brasileira quando assumiu o cargo de presidente. Hoje, durante o cumprimento de agenda no Rio Grande do Sul, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro lamentou o resultado eleitoral do país vizinho. Bolsonaro disse que se Fernandez ganhar de forma definitiva, o Rio Grande do Sul se tornará uma nova Roraima, pois será invadido por argentinos que deixarão o seu país, como fazem os venezuelanos. As declarações fascistóides de Bolsonaro buscam fugir do cerne da questão, que é o efeito desastroso das medidas neoliberais sobre a economia argentina. A tendência é que as primárias da Argentina representem o início da reviravolta no panorama político sul-americano, com as forças democráticas retomando o seu espaço. O demagógico discurso anticorrupção dos direitistas vai perdendo força, diante dos efeitos desastrosos do modelo neoliberal sobre a economia. A Argentina de hoje será o Brasil de logo mais adiante.