sábado, 8 de novembro de 2014

A aposta no pior

A imprensa conservadora, ainda revoltada pela quarta derrota consecutiva dos candidatos por ela apoiados em eleições presidenciais, resolveu fazer a aposta no pior. A presidente reeleita Dilma Rousseff nem começou o seu segundo mandato e jornais e revistas conservadores já traçam um cenário terrível para o país. Conforme esses arautos do desastre, Dilma está isolada e não sabe o que fazer na economia, o país está na iminência de um apagão energético, e os brasileiros arcarão com "tarifaços" em 2015. Paralelamente a isso, o candidato derrotado, Aécio Neves, de volta a sua cadeira de senador, é exaltado como um líder em crescimento e já se lança numa campanha midiática visando à eleição de 2018. Na ânsia de, finalmente, desalojarem o PT do poder, os conservadores escolhem o "quanto pior, melhor". Desejam que o país seja tomado pelo caos administrativo, ainda que isso afete a todos os brasileiros. Colocam seu antipetismo acima dos interesses dos cidadãos. Estabeleceram um "terceiro turno", em vez de acatar o resultado das urnas, como recomenda a democracia. Estimulam até, absurdamente, a ideia do impeachment de uma presidente legitimamente reeleita. O eleitor brasileiro já demonstrou que atingiu um considerável grau de maturidade, o que pode ser constatado pelas quatro vitórias consecutivas do PT em eleições presidenciais, mesmo com todo o bombardeamento contrário por parte da imprensa. Com o correr dos dias, os brasileiros perceberão que todo esse cenário de terror não tem conexão com a realidade. Os órgãos de imprensa que se prestam a esse triste papel apenas corroem a sua credibilidade. Terminada uma eleição, o vencedor governará a todos, os que votaram nele, os que optaram por outros candidatos, e, também, os que se sequer foram às urnas. Ele precisa, portanto, contar com o apoio de todos. Apostar no fracasso de um governo é agir contra os interesses do país. Uma imprensa consciente jamais agiria dessa forma. Esse comportamento apenas ressalta a necessidade, inadiável, de se fazer uma nova regulação de mídia no Brasil, democratizando a comunicação no país.