terça-feira, 8 de julho de 2014

Catástrofe

Não foi uma tragédia, posto que esse é um termo inadequado para se referir a um revés esportivo, mas foi uma catástrofe. A goleada de 7 x 1 sofrida pela Seleção Brasileira diante da Alemanha, no Mineirão, é uma humilhação que nunca será apagada. Atormentará gerações de brasileiros, a exemplo do Maracanazo de 1950. O Brasil é o único país, entre as potências do futebol, que perdeu as duas Copas do Mundo que sediou. Itália, França e Alemanha também sediaram duas Copas, e todas ganharam uma das edições. A Seleção Brasileira tem ampla vantagem nos jogos contra a Alemanha. Na única vez em que haviam se defrontado numa Copa, ganhou por 2 x 0, ao natural, e conquistou o título, em 2002. Como explicar que a mais vitoriosa de todas as seleções, a única que jogou todas as Copas, e a que mais venceu a competição, ganhando-a em três continentes diferentes, não consiga ser campeã em seu próprio território? A Alemanha tem uma boa seleção? Sem dúvida, mas nada possui de extraordinário. Com essa mesma base, já perdera as Copas de 2006 e 2010, e as Eurocopas de 2008 e 2012. Sua campanha na Copa de 2014, até aqui, nada tinha de excepcional. As explicações para o desastre estão na Seleção Brasileira. No tempo desperdiçado com Mano Menezes, na escolha equivocada de Felipão para ser o novo técnico, quando a "bola da vez" era Tite. Na insistência com Hulk, um jogador medíocre, na convocação de Dante em detrimento de Miranda, um zagueiro muito superior. Nos amistosos contra equipes desqualificadas durante os anos de preparação para a Copa, um prejuízo para uma equipe que não disputava eliminatórias e, portanto, não podia ser devidamente testada. No absurdo de entregar a tarefa de escolher os adversários da Seleção em amistosos para uma empresa, sem que a CBF tenha autonomia para rejeitar a agenda de jogos. O que aconteceu, hoje, em campo, é o reflexo do descalabro administrativo do futebol brasileiro. O pior é que não há perspectiva de mudança. O próximo presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, que assumirá em janeiro de 2015, é da mesma turma do atual, o execrável José Maria Marin. Sem uma faxina nas práticas administrativas do futebol brasileiro, os fracassos de campo tendem a prosseguir.