sexta-feira, 8 de abril de 2011

Bairrismo boçal

A execução dos hinos nacionais em jogos entre seleções é, sem dúvida, um momento bonito e solene. No entanto, nos jogos entre clubes, não me parece adequado, até por banalizar algo tão nobre. Menos indicado ainda é proceder a execução de hinos estaduais, numa demonstração de bairrismo inteiramente fora de contexto. Confesso não me recordar de quem foi o autor da idéia de executar o Hino Riograndense antes dos jogos realizados nos estádios Olímpico e Beira-Rio, mas a proposição não poderia ter sido mais infeliz. Num Estado que confunde o saudável orgulho da própria terra com um bairrismo que inclui até, por parte de alguns, uma absurda pretensão separatista em relação ao país, o resultado de tal medida não poderia mesmo ser bom. No Olímpico, por exemplo, a torcida "Geral do Grêmio" , numa atitude de afronta e desrespeito, canta o Hino Riograndense durante a execução do Hino Nacional, enquanto os demais torcedores permanecem calados. Já quando o Hino Riograndense é executado, todo o estádio canta, em uníssono. Me perdoe quem pensa ser uma saudável e autêntica demonstração de amor pelo Rio Grande do Sul. Não se trata disso e, sim, de um injustificável desprezo para com a nacionalidade. Os estados nada mais são do que uma divisão geográfica do território de um país. O que confere identidade a um cidadão são o município onde nasceu ou vive e seu país de origem. Se alguém viaja para o exterior, por exemplo, ao entrar em contato com estrangeiros, lhe será perguntado o seu país de origem e não qual estado, província ou departamento. O bairrismo no Rio Grande do Sul já ultrapassou os limites do razoável. Não temos qualquer razão para nos julgarmos melhor que os demais brasileiros, isso não passa de um delírio de grandeza. Alguém poderia ter o bom senso de revogar a determinação de se executar os hinos antes dos jogos, pois o que era para ser um ato de civismo transformou-se numa demonstração coletiva de boçalidade.

A queda de Celso Roth

A demissão do técnico Celso Roth pelo Inter era algo absolutamente previsível. Já em janeiro, em meu comentário na rádio 1300 AM, previ que Roth não terminaria o mês de abril como técnico do Inter, o que acabou se confirmando. Não pratiquei, com isso, nenhum exercício de adivinhação. Apenas me guiei pela lógica dos fatos, indicada pela biografia de Roth. Celso Roth é o que se pode chamar de um técnico com prazo de validade curto, pois começa seus trabalhos bem e, logo em seguida, boicota a si próprio com escalações equivocadas, esquemas táticos inadequados e desgaste no relacionamento com o grupo de jogadores. Como nos primeiros meses do ano os jogos não chegam a ser decisivos, é natural que o técnico consiga sobreviver a alguns tropeços. Porém, a partir de abril, o Campeonato Gaúcho entra em fase de decisão e a Taça Libertadores da América define classificação para as oitavas de final, que são eliminatórias. Nesse contexto, as más atuações e os resultados insatisfatórios pressionam os dirigentes a tomar uma atitude. Foi por isso que previ que Roth cairia em abril. Não deu outra. Na verdade, ao renovar contrato com Roth após a vexatória derrota para o Mazembe, o Inter cometeu um erro, pois o técnico deveria ter sido demitido naquele momento. Resta agora, ao Inter, com a contratação de um novo técnico, tentar recuperar o tempo perdido com a equivocada permanência de Roth após o Campeonato Mundial de Clubes.

Vitória convincente

O Grêmio venceu e convenceu na vitória por 2 x 0 sobre o Atlético Junior de Barranquilla, no estádio Olímpico. Como há algum tempo já não acontecia, quase todo o time jogou bem, pois, à exceção de Escudero, todos tiveram boas atuações. Vítor recuperou-se de suas últimas más jornadas e fez defesas importantes. A defesa, como um todo, se mostrou segura. Lúcio fez sua melhor partida no ano e, no meu entender, foi o melhor jogador em campo. Douglas mostrou sua grande categoria em vários lances. Borges, mais uma vez, mostrou seu faro de goleador. Foi uma vitória afirmativa, por ter sido obtida sobre o único clube que ainda estava invicto na Taça Libertadores da América.  Afora isso, o Grêmio classificou-se para a próxima fase da competição. O torcedor, que estava um tanto desconfiado com o desempenho do time, deve ter saído do estádio bem mais esperançoso. Foi uma vitória consistente, de um time que manteve o controle do jogo durante, praticamente, toda a partida. O Grêmio vai para seus próximos jogos bem mais confiante. Vitórias como essa deixam o grupo de jogadores mais seguro e afastam inquietações dos torcedores. A torcida, aliás, mais uma vez foi um componente importante. Mais de 31 mil torcedores estiveram no Olímpico, contagiando o time com seu entusiasmo. Pela primeira vez em 2011 o Grêmio teve um desempenho semelhante ao do final de 2010. Agora, é esperar para ver se esse rendimento se mantém.