sexta-feira, 30 de março de 2018

As surpresas de uma fórmula absurda

A fórmula de disputa do Campeonato Estadual do Rio de Janeiro desse ano chamou a atenção por ser extremamente confusa e injusta, tornando pior uma competição que já era ruim. Disputado em dois turnos, o campeonato não oferece maiores vantagens para quem vence cada uma de suas fases. O natural seria que o regulamento previsse que, no caso de um mesmo clube ganhar os dois turnos, ele seria o campeão, ou, havendo um vencedor de cada fase, que eles disputassem o título entre si. No "criativo" campeonato em questão, isso não acontece. Os ganhadores de cada turno obtém como vantagem apenas a possibilidade de jogarem pelo empate nas semifinais que, afora eles, ainda reunem dois outros clubes de melhor campanha no cômputo geral da competição. Foi isso que aconteceu com o Flamengo, que ganhou a Taça Guanabara, e o Fluminense, que venceu a Taça Rio, nomes dados ao primeiro e segundo turnos da competição, respectivamente. Numa das semifinais, o Flamengo jogou contra o Botafogo bastando-lhe o empate para se classificar à decisão do campeonato. O mesmo ocorreu com o Fluminense, na outra partida pelas semifinais, contra o Vasco. Flamengo e Fluminense perderam os jogos e, assim, a competição será decidida por Botafogo e Vasco, clubes que não venceram nenhuma fase da disputa. No caso do Fluminense, a eliminação se deu com requintes de crueldade. O Vasco saiu na frente, o Fluminense virou o placar, e em nova reviravolta do marcador, o clube da Cruz de Malta fez o gol da vitória aos 49 minutos do segundo tempo. São as surpresas de uma fórmula absurda. Em competições nas quais se adota o formulismo, o mérito não é recompensado adequadamente. Toda uma campanha pode ir por água abaixo num único jogo. Tudo em nome da "emoção", nivelando artificialmente os participantes. A verdade é que, quanto mais mirabolante for a fórmula de um campeonato, menos atraente ele se torna para o torcedor. Não é à toa que o campeonato estadual do Rio de Janeiro apresenta um fracasso na frequência aos estádios, com públicos baixíssimos nos últimos anos.