sábado, 31 de agosto de 2013

Resultado melhor que o desempenho

O Grêmio venceu a Ponte Preta por 1 x 0, hoje, na Arena, pelo Campeonato Brasileiro. Foi a quinta vitória consecutiva do Grêmio no Brasileirão, onde já é o vice-líder. O resultado, contudo, foi melhor que a atuação. Embora tenha sido superior a Ponte Preta durante todo o jogo, o Grêmio não chegou a fazer uma grande partida. A vitória só foi obtida depois de Giovanni, da Ponte Preta, ser expulso, e numa falha incrível de Betão, que atrasou mal uma bola, ofertando-a para Kléber, que fez o gol. Porém, ainda que sirva de alerta para possíveis dificuldades em jogos futuros, a vitória, embora magra, vale o mesmo que todas as outras, e, num campeonato de pontos corridos, vencer é sempre o mais importante. O próximo jogo do Grêmio será terça-feira, contra o Goiás, no Serra Dourada. Um jogo difícil, pois o Goiás faz boa campanha, e o Grêmio, historicamente, já colheu muitos maus resultados naquele estádio. A série de vitórias, no entanto, vai solidificando, cada vez a mais, a confiança do time, que tem tudo para conseguir, nas próximas partidas, novos triunfos que o levem a alcançar a liderança da competição. Rhodolfo, suspenso, e Riveros, que afora receber o terceiro cartão amarelo já havia sido convocado para a Seleção do Paraguai, estarão ausentes do jogo de terça-feira, mas Gabriel e Zé Roberto, seus prováveis substitutos, deverão fazer com que o padrão técnico do time se mantenha. A boa fase do Grêmio prossegue, sem data para terminar.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A nova música de um eterno ídolo

Os tempos são outros, inclusive na música. A internet revolucionou a maneira de se ouvir e adquirir música, ferindo gravemente a indústria fonográfica. Os discos continuam a ser lançados, na sua forma física, mas sem as vendagens astronômicas do passado, já que é possível baixar arquivos de música diretamente da internet. Com isso, muitos artistas disponibilizam na rede uma canção de um disco a ser lançado, ou até o trabalho todo, na íntegra. No primeiro caso, está a da maior expressão viva da música pop, Sir Paul McCartney. Paul acaba de disponibilizar para audição na rede a música "New", de seu novo disco de canções inéditas, que será lançado no Reino Unido no dia 15 de outubro. Como beatlemaníaco, fiquei satisfeito ao constatar, depois de ouvi-la, que se Paul adaptou-se às formas modernas de difusão da música, sua qualidade como compositor continua a mesma. "New" é saborosa, as marcas do estilo de Paul aparecem nela de forma indelével. Ao contrário de seu disco anterior, em que interpretava composições clássicas de outros autores, ou de trabalhos em que experimentava novas direções, "New" aparece como a prévia de uma obra que, imagina-se, tenha o apelo irresistível do que Paul é capaz de produzir de melhor. Gostei de "New", e já estou ansioso para poder conferir o novo disco na íntegra. Aos 71 anos, Paul McCartney é mesmo um fenômeno, e não se contenta em apenas desfiar a imensa lista de sucessos de sua extensa carreira. Continua a produzir novas músicas, encantando sua multidão de fãs. Um artista incansável, que se recusa a envelhecer e viver dos louros já alcançados.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Empate constrangedor

O Inter empatou em 2 x 2 com o Salgueiro, no Estádio Cornélio de Barros, em Salgueiro (PE), pela Copa do Brasil. Ainda que o Inter tenha poupado alguns titulares, e que o seu empenho no jogo não tenha sido pleno, por saber que a classificação já havia sido decidida na primeira partida, um empate sofrendo dois gols de um adversário tão modesto, atualmente disputando o Campeonato Brasileiro da 4ª Divisão, é, sem dúvida, constrangedor. Deve-se destacar, ainda, que, afora os dois gols que marcou, o Salgueiro desperdiçou uma cobrança de pênalti. O sistema defensivo do Inter é mesmo uma peneira, permitindo que quase todos os adversários marquem gols. O torcedor já não se deixa enganar, e mesmo que o jogo de hoje tenha os fatores atenuantes anteriormente referidos, já se mostra impaciente e cobra do técnico Dunga um melhor trabalho. A verdade é que, como já vem acontecendo há alguns anos, o Inter se divide em dois. Há o Inter das manchetes e das previsões dos analistas, sempre cotado para vencer as competições, e existe o time real, que acumula frustrações em todas as disputas de grande porte de que participa. Está claro de que mudanças serão necessárias no Inter, técnicas e táticas. O trabalho de Dunga, claramente, já está sendo colocado em julgamento. O desempenho do time está muito abaixo do esperado, e em total desacordo com as avaliações dos especialistas sobre o seu potencial. O jogo de hoje, especificamente, não é o que determina essa constatação, pois era, praticamente, para cumprir tabela. No entanto, o que foi visto em campo somou-se aos insucessos anteriores e deixa o trabalho que está sendo realizado sob grande desconfiança. Os próximos dias do Inter deverão ser de fortes cobranças e insatisfações.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Vitória com toques dramáticos

O Grêmio ganhou do Santos por 2 x 0, hoje, na Arena, pela Copa do Brasil. Foi o resultado exato de que precisava para se classificar para as quartas de final da competição, já que havia perdido o primeiro jogo, na Vila Belmiro, por 1 x 0. Foi uma classificação sofrida, pois o primeiro tempo terminou em 0 x 0. No segundo tempo, o placar foi aberto logo aos 9 minutos, mas o gol da classificação só veio no final, aos 42. Uma vitória com toques dramáticos, tão ao gosto de muitos torcedores, que identificam nesses triunfos carregados de dificuldades a "cara do Grêmio". Particularmente, acho essa uma visão muito limitadora em se tratando de um grande clube. As vitórias devem, preferencialmente, ser alcançadas pela superioridade técnica inequívoca de um time sobre o outro. Essa, contudo, é uma questão menor nesse momento. O que importa é que o Grêmio, depois de muitos desacertos em 2013, vive uma fase extremamente positiva. No Campeonato Brasileiro, venceu seus últimos quatro jogos. Na Copa do Brasil, reverteu a derrota no primeiro jogo e eliminou um adversário de grande tradição, o Santos. Seu adversário nas quartas de final, o Corinthians, é dificílimo, mas os jogos só ocorrerão daqui a dois meses, no final de outubro. Até lá, o Grêmio tem tudo para consolidar sua ótima campanha no Brasileirão, Seus próximos jogos estão longe de ser difíceis. As partidas que restam pelo primeiro turno serão, pela ordem, contra a Ponte Preta, na Arena, o Goiás, no Serra Dourada, e a Portuguesa, novamente em casa. Na abertura do segundo turno, jogará, fora de casa, contra o Náutico, que já está virtualmente rebaixado. Com exceção do Goiás, um adversário médio, mas traiçoeiro, os demais jogos apontam para a tendência de vitórias sem maiores dificuldades. Há um ditado que expressa que depois da tempestade vem a bonança. Nesse momento, parece ser o caso do Grêmio.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

O aumento da obesidade

Uma pesquisa revelou que 51% da população brasileira está acima do peso. A cada nova levantamento, o índice vem aumentando. Os médicos já vem alertando, há um bom tempo, que a obesidade está se tornando uma epidemia no Brasil. São muitas as razões por trás do fato. Os maus hábitos alimentares, o estilo de vida sedentário, e o aumento da renda, que propicia maior acesso ao consumo, são algumas das explicações para o crescente ganho de peso dos brasileiros. Infelizmente, os danos do excesso de peso não ocorrem apenas no aspecto estético. Uma série de doenças estão relacionadas à obesidade. Hipertensão arterial, diabetes, enfarte, acidente vascular cerebral, entre outros males, estão, muitas vezes, ligados ao excesso de peso. Emagrecer, portanto, é uma necessidade, antes de uma vaidade. A obesidade, no Brasil, já se constitui numa questão de saúde pública. Campanhas governamentais, certamente, serão estabelecidas para atacar o problema, mas a conscientização de cada um é possível a partir das informações de que já se dispõe. Não falta informação a respeito. Todos os dias, os meios de comunicação alertam para a necessidade de uma alimentação equilibrada, da prática de exercícios, e de que se devem evitar gorduras, açúcar e sal. Porém, com tamanha oferta de alimentos tentadores, e o grande volume de anúncios publicitários estimulando o consumo de guloseimas, manter-se na linha é uma tarefa hercúlea. No entanto, quando o número de pessoas acima do peso ultrapassa a metade da população do país, não dá mais para esperar, é preciso declarar guerra à obesidade. Enquanto milhões ainda se defrontam com a fome e a desnutrição, mais da metade dos brasileiros começa a sofrer as consequências por comer demais. Um contraste chocante, mas duas situações que exigem ações governamentais enérgicas. Se já há programas assistenciais de grande êxito no combate à miséria e à fome, será preciso igual dedicação para enfrentar os problemas causados pela assustadora expansão da obesidade.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Oportunismo

Numa demonstração do mais evidente oportunismo, a revista "Veja", na sua edição dessa semana, entrevista, nas páginas amarelas, o cantor e compositor Lobão. Embora esteja longe de ser uma figura admirada pela revista, Lobão recebeu o privilégio de aparecer na seção mais nobre de "Veja" em função de seu discurso antipetista, recentemente adotado. Não é segredo para ninguém que basta alguém se mostrar adversário do PT para, imediatamente, ganhar a simpatia de "Veja". Lobão lançou, há pouco tempo, um livro intitulado "Manifesto do Nada na Terra do Nunca". Nele, critica o PT e os intelectuais de esquerda, os quais define como "espécie que reina soberana na nossa terra, patrulhando incautos e dando carteirada nos descontentes, filha de um marxismo guarani-caiová de butique e encarnação vívida da ofensa, da obtusidade e do recalque". Ao longo de sua entrevista, Lobão faz vários ataques ao PT e às esquerdas, o que deve soar como música aos ouvidos de quem publica e edita a revista. Entre outras coisas, Lobão comparou os protestos do mês de junho em várias cidades do Brasil com desfile de escola de samba. Ele disse que é a favor de manifestações qualquer que seja a causa, desde que haja uma definida, o que, entende, não aconteceu nos protestos de junho, os quais, na sua opinião, serviram para fortalecer as esquerdas. Anteriormente, Lobão fez campanha para o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, mas rompeu com o PT e diz que, hoje, não vota em ninguém e propõe uma campanha para o voto deixar de ser obrigatório, pois acha que isso não é compatível com a democracia. No que tange à atividade artística, seu meio de atuação, Lobão também dispara a sua metralhadora giratória, tecendo críticas às gravadoras e aos "jabás" que pagam para as rádios, a Caetano Veloso e Gilberto Gil, cujos últimos trabalhos relevantes considera terem sido feitos há mais de 30 anos, e a Chico Buarque de Holanda, de quem diz nunca ter gostado e de ser daqueles que "tem inveja da pobreza". Extremamente crítico em relação aos outros, Lobão não tem o mesmo rigor em se tratando da sua própria pessoa. "Faço rock'n roll da melhor qualidade e sei que tenho o melhor show do Brasil", afirma. Na verdade, Lobão era um astro de tempos idos entregue ao ostracismo até encontrar uma publicação que, por mero oportunismo, lhe proporcionou os holofotes tão desejados. Incautos, Lobão, serão aqueles que se deixarem levar por essa exótica parceria.

domingo, 25 de agosto de 2013

A morte de dois campeões do mundo

O futebol brasileiro sofreu duas grandes perdas nesse fim de semana. Em dias seguidos, morreram dois titulares da Seleção Brasileira campeã da Copa do Mundo de 1958, o goleiro Gylmar e o lateral direito De Sordi. Há poucos dias, Djalma Santos, reserva de De Sordi, e que jogou a decisão da Copa de 58 devido a uma lesão do titular, também faleceu. A primeira morte, no sábado, foi de De Sordi, em Bandeirantes (PR). De Sordi foi convocado pela primeira vez para a Seleção em 1954. Sua última convocação foi em 1961. Jogou todas as partidas da Copa de 58, com exceção da decisão, por ter se machucado. Com isso, Djalma Santos entrou em seu lugar e saiu na foto do título, tendo sido escolhido o melhor lateral direito da competição, mesmo tendo jogado apenas uma partida. Ao todo, De Sordi realizou 22 jogos pela Seleção Brasileira. Em clubes, jogou no XV de Novembro de Piracicaba (SP), São Paulo, e União Bandeirante (PR). Ele sofria do Mal de Parkinson, e morreu por falência de múltiplos órgãos, aos 82 anos. Hoje, faleceu Gylmar. Sua primeira convocação para a Seleção foi em 1953. Em 1969, fez seu jogo de despedida da Seleção, pela qual teve uma longa carreira de 104 jogos. Foi titular nas Copas do Mundo de 1958 e 1962, quando a Seleção foi bicampeã, e participou dos dois primeiros jogos da malfadada campanha de 1966. Afora as duas Copas, ganhou vários torneios e competições pela Seleção. Os clubes pelos quais jogou foram Jabaquara, de Santos (SP), Corinthians e Santos. Nos dois grandes clubes paulistas, conquistou muitos títulos. Gylmar havia sofrido um AVC, em 2000, depois do qual não andava e se comunicava com dificuldade. Sua morte, aos 83 anos, se deveu a um enfarte. Com as mortes de Gylmar e De Sordi, restam apenas cinco titulares vivos da Seleção de 58: Belini, Nílton Santos, Zito, Pelé e Zagallo. Nílton Santos, o mais velho da equipe, está com 88 anos, sofre do Mal de Alzheimer, e vive numa clínica geriátrica. O tempo é implacável, e, aos poucos, está levando os integrantes daquela equipe inesquecível, provavelmente, a maior já formada no futebol em todos os tempos.

Novo tropeço

O Inter empatou em 3 x 3 com o Goiás, hoje, no Estádio do Vale, pelo Campeonato Brasileiro. Foi o sexto jogo consecutivo do Inter sem vitória, com uma derrota e cinco empates. Porém, esse é um empate para ser comemorado, pois até os 40 minutos do segundo tempo, o Goiás vencia por 3 x 1. O pior é que as vozes do vestiário do Inter preferiram culpar a arbitragem pelo resultado. O fato concreto é que a defesa do Inter é muito fraca e vaza com facilidade. Jogadores como Ednei e Ronaldo Alves não tem condições de vestir a camisa do Inter. Mesmo contando com jogadores qualificados do meio para a frente, como D'Alessandro e Diego Forlàn, e um goleador como Leandro Damião, o Inter não consegue compensar as suas falhas defensivas. Para piorar, seus dois últimos jogos foram em casa, e, agora, sua próxima partida será contra o Coritiba, fora de casa. O empate no final fez o Inter subir do 10º para o 8º lugar no Brasileirão, mas sua campanha é insatisfatória e não sinaliza para a possibilidade da conquista do titulo. Se é convicção da imprensa de que o Inter possui um time e um grupo qualificados, capazes de lhe fazerem aspirar ao título, é inevitável que se comece a questionar o trabalho do técnico Dunga.

sábado, 24 de agosto de 2013

Sequência vitoriosa

O Grêmio venceu o Flamengo por 1 x 0, hoje, no Mané Garrincha, pelo Campeonato Brasileiro. Foi a quarta vitória consecutiva do Grêmio no Brasileirão, a terceira fora de casa, onde, antes, o time não conseguia ganhar. O gol surgiu cedo, logo aos sete minutos do primeiro tempo, marcado por Pará, numa cobrança de falta. Foi o primeiro gol de Pará com a camisa do Grêmio. A vitória, afora ser importante pela sequência e por fixar o Grêmio no terceiro lugar da competição, traz de volta a confiança, um tanto abalada pela derrota para o Santos, na quarta-feira, pela Copa do Brasil. Agora, movido pelo entusiasmo de mais um resultado positivo, o Grêmio irá ter, certamente, uma Arena lotada na próxima quarta-feira, quando terá de fazer dois gols de diferença sobre o Santos para se classificar para as quartas de final da Copa do Brasil. No jogo de hoje, o Grêmio foi superior ao Flamengo durante todo o tempo. Barcos perdeu duas grandes chances que poderiam ter feito a vitória do Grêmio ser muito mais tranquila. O Flamengo surpreendeu negativamente, pelo mau futebol e pela apatia. O técnico Mano Menezes terá muito trabalho para conseguir transformar o Flamengo num time competitivo. O time carece de jogadores qualificados, e seus raros nomes mais expressivos, como Marcelo Moreno, por exemplo, renderam muito pouco. Por outro lado, o técnico do Grêmio, Renato, dessa vez, acertou nas substituições. Retirou Kléber e colocou Yuri Mamute, trocando um atacante por outro. As entradas de Mateus Biteco e Gabriel também foram corretas. Mateus Biteco entrou no lugar de Souza, que se lesionou, em mais uma substituição entre jogadores de mesma característica. A troca de Barcos por Gabriel, embora sendo a saída de um atacante e a entrada de um zagueiro, também foi acertada, pois faltavam poucos minutos para o final da partida e era uma maneira de preservar o resultado. Os dias que virão tem tudo para serem positivos para o Grêmio. Seus dois próximos jogos serão em casa. Afora o já referido jogo contra o Santos, pela Copa do Brasil, enfrentará a Ponte Preta, pelo Campeonato Brasileiro. A tarefa contra o Santos, em que tem de reverter a derrota no primeiro jogo, é difícil, mas está longe de ser hercúlea. O Santos é um time modesto, e, apesar da vitória, foi inferior ao Grêmio ao longo da primeira partida  A Ponte Preta, por sua vez, vem mal no Brasileirão, está na zona de rebaixamento, e hoje, após mais uma derrota, ficou sem seu técnico, Paulo César Carpeggiani. Depois de muitas turbulências em 2013, o Grêmio, ao que parece, irá navegar em águas calmas por um bom tempo.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Descritério

Algumas coisas no Rio Grande do Sul são mesmo muito estranhas, ou pior, verdadeiramente incompreensíveis. Não é novidade, para quem aqui habite, a diferença de tratamento espantosamente desigual da crônica esportiva local em relação aos seus dois maiores clubes de futebol, Grêmio e Internacional. Historicamente, desde que se instituiu o jornalismo esportivo por essas paragens, a preferência pelo Inter é escancarada, sem disfarces. Isso, obviamente, não é algo correto, nem deveria ser aceito passivamente, mas, enfim, afora ferir mortalmente a prática do bom jornalismo, não coloca em risco a vida de ninguém. O problema maior é quando orgãos públicos dos quais dependem a segurança dos cidadãos agem em desconformidade com o rigor técnico necessário na sua atividade, e tomam decisões com critérios diferentes para situações análogas. Todos ainda se lembram do estardalhaço feito pela Brigada Militar e Corpo de Bombeiros em relação a área da Arena do Grêmio destinada à Torcida Geral. Maximizou-se um incidente ocorrido no jogo Grêmio x LDU, pela Pré-Libertadores, quando alguns gradis cederam em função da "avalanche", ferindo torcedores. Imediatamente, Brigada e Bombeiros vieram a público para exigir o fim da avalanche e que a área da Geral também recebesse cadeiras, como no restante do estádio. Tudo em nome da "segurança". O fato de que a colocação de cadeiras no local reduziria a capacidade do estádio de 60.500 pessoas para 52 mil não foi levado em conta, ou seja, danem-se os interesses do clube e de seus torcedores. Estabeleceu-se um longo e estressante debate em  torno do assunto. O Grêmio, felizmente, não cedeu na questão das cadeiras, mas teve que concordar com o fim da "avalanche", colocando mais gradis na área, o que reduz a capacidade do estádio para 55 mil pessoas. Pois bem, depois de tamanha queda de braço em relação às dependências do mais moderno e bonito estádio do Brasil, os mesmos orgãos, Brigada e Bombeiros, aprovaram, a toque de caixa, a instalação de arquibancadas móveis no Estádio do Vale, do Novo Hamburgo, a fim de aumentar sua capacidade de seis mil para 15 mil pessoas, possibilitando a sua utilização pelo Inter em jogos do Campeonato Brasileiro. Ontem, quando o Inter fazia apenas o seu terceiro jogo no local, e com um público de pouco mais de duas mil pessoas, parte das arquibancadas móveis vergou, fazendo com que imaginemos a tragédia que poderia ocorrer se o estádio estivesse lotado. O próprio Inter, preocupado, já deseja solicitar para a CBF que seus jogos voltem a ser realizados no Estádio Francisco Stédile, em Caxias do Sul. Porém, o assunto extrapola o terreno esportivo, é uma questão de segurança pública. Trata-se de uma conduta escandalosa por parte da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros. Escandalosa por ter sido irresponsável e facciosa, colocando vidas em risco. Um total descritério em casos muito semelhantes. Rigor excessivo para com um estádio seguro, que acabara de ser inaugurado, e condescendência para com a ampliação, em prazo mínimo, de um estádio acanhado, com a colocação de arquibancadas móveis, que, por si só, não inspiram segurança. Não é possível que fatos como esses passem batidos, sem a cobrança aos responsáveis. São acontecimentos tão graves que merecem a intervenção do governador do Estado para o seu esclarecimento. A segurança das pessoas tem de estar acima de tudo, não pode ser posta em risco por decisões irrefletidas dos orgãos ditos responsáveis. Constatar que tais instituições não ajam com a isenção e o profissionalismo que deveriam ser obrigatórios, tratando de forma diferente as mesmas situações, conforme as partes envolvidas, já é, por si só, revoltante. Se isso implica em ameaça à integridade física das pessoas, é, simplesmente intolerável. Esperemos, em nome do interesse público, que o assunto não caia no esquecimento, e que uma satisfação, se é que é possível, seja dada á opinião pública.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Sem convencer

O Inter goleou o Salgueiro, do interior de Pernambuco,  por 3 x 0, hoje, no Estádio do Vale, pela Copa do Brasil. Porém, o resultado, visto isoladamente, é enganoso. O primeiro tempo terminou com um quase inacreditável 0 x 0. Logo no início do segundo tempo, veio o primeiro gol, consequência de um pênalti grotesco. D' Alessandro cobrou e marcou. O que poderia parecer o início de uma série de gols não se confirmou. O jogo seguiu com o Inter criando chances, mas sem um futebol avassalador, e o segundo gol custou a sair, só ocorrendo devido a uma falha constrangedora do goleiro Mondragón, do Salgueiro, que pulou em branco num cruzamento, permitindo a conclusão de Scocco. No final, quando o placar já parecia definitivo, Diego Forlán fez o terceiro gol. Os 3 x 0 caracterizam uma goleada, mas o Inter esteve longe de realizar uma grande atuação. Indiividual e coletivamente, faltou brilho ao Inter. Ainda que, no início do jogo, Jorge Henrique já tivesse colocado uma bola no travessão, o Inter teve uma produção modesta, e as chances de gol aconteciam mais pela extrema fragilidade do adversário do que por uma imposição técnica. A verdade é que, como já se esperava, o Inter vai para o segundo jogo, na semana que vem, com a classificação para a próxima fase já garantida. A partida de hoje serviu, apenas, para quebrar a série de cinco jogos sem vitória, mas, como teste, seu valor foi nulo. As reais possibilidades do Inter só poderão ser aferidas contra outros adversários. Hoje, o Inter fez pouco mais que um treino, no qual seu rendimento não convenceu.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Derrota indigesta

O Grêmio perdeu por 1 x 0 para o Santos, hoje á noite, na Vila Belmiro, pela Copa do Brasil. Foi uma derrota indigesta, daquelas difíceis de engolir. O Santos, como se esperava, mostrou-se um time limitadíssimo, sem inspiração, e foram do Grêmio as chances mais claras de gol. Barcos e Souza perderam os chamados "gols feitos", e o Grêmio, que tinha tudo para ganhar, sequer levou o empate. Mais uma vez, o técnico do Grêmio, Renato, deu contribuições negativas ao escalar o time e quando procedeu substituições. Bressan voltou após cumprir suspensão, e esse é um velho critério de Renato, isto é, quem sai do time por cartão ou lesão, volta assim que estiver apto. Não é um bom critério. O mais importante no futebol é o rendimento em campo, e Bressan há tempos não vinha jogando bem. Gabriel que entrou em seu lugar contra o Vasco, deu muito boa resposta. Renato, contudo, colocou Bressan de volta ao time, e ele jogou muito mal. Nas substituições, Renato errou, novamente. Ao tirar Riveros para colocar Guilherme Biteco, fragilizou o meio de campo. Mais tarde, ao tentar corrigir o erro, tirou Kléber para colocar Mateus Biteco. Antes que Mateus Biteco pudesse entrar em campo, no entanto, o Santos fez o seu gol. Aqui, cabem várias considerações. Não está escrito em lugar algum que um técnico tenha que fazer uso das substituições em todos os jogos. Há partidas, como a de hoje, em que o rendimento do time, que era bom, e o resultado, que se apresentava satisfatório, recomendavam a manutenção da mesma escalação até o final. As exceções admissíveis seriam possíveis lesões ou o pedido de algum jogador para sair, devido ao cansaço. Não aconteceu nada disso, e, ao fazer as substituições, Renato alterou uma estrutura que estava funcionando a contento. Agora, o Grêmio precisa ganhar o segundo jogo por dois gols de diferença para ir adiante na Copa do Brasil. A tarefa está longe de ser difícil, pois o Santos é muito fraco. Porém, o Grêmio não marcou nenhum gol fora de casa, e isso pode ser perigoso num regulamento que adota o gol qualificado. Outro fato a ser levado em conta é que, embora tenha um time frágil, o Santos é um grande clube, e jogará por um simples empate. Ao perder para um adversário medíocre num jogo em que deveria ter ganho, o Grêmio conseguiu tornar complicada uma classificação que tinha tudo para ocorrer ao natural.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Triste retrato

A morte de Orlando Francisco Rodrigues, segurança e jardineiro, de 70 anos, hoje, em Porto Alegre, acabou tendo repercussão nacional. Rodrigues era um homem simples, um dos tantos anônimos a percorrerem, diariamente, as ruas do país, mas a forma como morreu escancarou, mais uma vez, a precariedade do sistema de saúde no Brasil, num triste retrato. Ele foi acometido de um mal súbito, hoje pela manhã, no centro da cidade. Acionado para que lhe prestasse socorro, o SAMU disse não dispor de nenhuma ambulância para enviar ao local. Pior do que isso, o atendente do SAMU, diante da insistência do repórter Manoel Soares, da RBS TV, respondeu com extrema rispidez ao pedido, dizendo que não havia ambulância e que, se estavam com tanta pressa, deveriam levar Rodrigues para o Hospital de Pronto Socorro (HPS) ou para a Santa Casa. Depois de mais de 20 minutos de espera, Rodrigues, que recebera atendimento de primeiros socorros do bombeiro Guilherme Limongi Barbieri, de 21 anos, foi transportado para o HPS numa viatura do 9º Batalhão de Polícia Militar, para a qual foi conduzido nos braços, pois não havia maca. Chegou às 10h54min, e teve sua morte constatada às 11h.Talvez Orlando Francisco Rodrigues viesse a falecer de qualquer forma. Porém, a maneira como foi atendido é inaceitável, e expõe o descaso com que a saúde é tratada no Brasil. A falta de uma ambulância para atender uma ocorrência demonstra existir um número insuficiente de viaturas. Por certo, as autoridades alegarão para tanto a crônica ausência de recursos, o que não pode ser aceito. Afinal, saúde, educação e segurança são itens essenciais e devem ser providos pelo poder público. Para isso, os brasileiros pagam impostos em proporção superior a da maioria dos países do mundo. O mínimo que se pode exigir em troca é que, numa cidade de grande porte, capital de um dos estados mais importantes da federação, uma pessoa vitimada por um mal súbito tenha um atendimento imediato e eficiente. Por fatos como esse, é que os manifestantes tomam as ruas em protesto. Foi mais um episódio lamentável na vida brasileira, que há de doer na consciência dos que ainda possuem uma.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Reajustes

A Petrobrás está pressionando o governo para que o preço dos combustíveis seja reajustado. A alegação é de que é necessário alinhar os preços internos dos derivados de petróleo com os praticados no comércio internacional. Trata-se de uma velha reivindicação da revista "Veja", sempre em nome das "leis de mercado" e do "interesse dos acionistas". Porém, antes de ceder a esses argumentos tecnicistas, é preciso levar outros fatores em consideração. A Petrobrás é uma empresa estatal, portanto, não pode se orientar apenas pelas regras do mercado, pois tem compromissos sociais a cumprir. Afora isso, o preço dos combustíveis, no Brasil, já é significativamente alto. O funcionamento da economia do país está diretamente atrelado ao transporte rodoviário, e, por isso, aumentos no preço dos combustíveis tem consequências desastrosas. A inflação, como se sabe, subiu mais do que o projetado, e uma medida como essa só alimentaria ainda mais esse quadro preocupante. Num país que, praticamente, desmontou seu sistema de ferrovias, e não explora o transporte hidroviário, mesmo contando com uma excepcional bacia hidrográfica, as rodovias é que garantem a distribuição da produção agrícola e das mercadorias. A cada novo aumento dos combustíveis, uma indexação em cadeia é praticada, elevando a inflação e o custo de vida da população. Tendo em vista, também, que o transporte público é de má qualidade, ao contrário do que acontece nos países do chamado Primeiro Mundo, com seus muitos quilômetros de metrôs, por exemplo, o reajuste de combustíveis penaliza, especialmente, a classe média, que não pode abrir mão do uso do carro para o seu transporte. O interesse específico da Petrobrás e de seus acionistas não pode se sobrepor às questões maiores do país. Controlar a inflação é uma delas, e o aumento do preço dos combustíveis em nada colaboraria para isso. Até hoje, o governo tem resistido a todas as pressões pelo reajuste no preço dos combustíveis. Pelo bem do país, é seu dever continuar a fazê-lo.

domingo, 18 de agosto de 2013

Frustração

O Inter empatou em 0 x 0 com o Atlético Mineiro, hoje, no Estádio do Vale, pelo Campeonato Brasileiro. O resultado foi extremamente frustrante para o Inter, pois, agora, já são cinco jogos seguidos sem obter uma vitória. A grande preocupação dos torcedores era com a defesa, a terceira pior do Brasileirão antes do jogo, que havia sofrido 9 gols nas quatro partidas anteriores. Em relação ao ataque, se dizia que não preocupava, pois o time também marcava muitos gols. Para surpresa de todos, no entanto, no jogo de hoje, a defesa não tomou gols, mas o ataque também não os fez. Nesse último caso, há um agravante, pois o Inter jogou com um homem a mais desde os 36 minutos do primeiro tempo, devido a expulsão de um jogador adversário. Mesmo assim, não conseguiu mandar uma bola sequer para as redes. A trajetória do clube já começa a inquietar os torcedores, e as vaias após o término do jogo demonstram isso. Depois de uma campanha ruim nos cinco primeiros jogos, antes da parada para a realização da Copa das Confederações, o Inter, no retorno da competição, ensaiou uma recuperação, mas a queda de rendimento voltou a acontecer. Como tem sido rotina nos últimos anos, o Inter ganha as manchetes, antes da disputa começar, sendo apontado como um dos principais candidatos ao título, mas, dentro do campo, as previsões teimam em não se confirmar. Longos 34 anos já se passaram desde a última vez que o Inter conquistou o título da mais importante competição do futebol brasileiro. Pelo visto, o jejum tende a prosseguir.

sábado, 17 de agosto de 2013

Grande vitória

O Grêmio venceu o Vasco por 3 x 2, hoje á noite, em São Januário, pelo Campeonato Brasileiro. Foi uma grande e importante vitória. Foi a terceira consecutiva, sendo duas delas fora de casa. Em todas essas vitórias, o Grêmio marcou três gols. Mais do que o resultado, dessa vez, agradou a atuação. O primeiro gol veio cedo, marcado por Barcos, numa falha terrível de Cris, idêntica às que ele cometia nos seus tempos de Grêmio. Mais tarde, o Grêmio cedeu o empate, numa infelicidade de Alex Telles, que, ao tentar afastar uma bola, fez um gol contra, mas, ainda no primeiro tempo, Ramiro marcou um golaço garantindo a vitória parcial. Logo no início do segundo tempo, Barcos fez outro gol belíssimo, consolidando a vitória. O segundo gol do Vasco, já no final do jogo, serviu para dar aquele toque dramático à partida, tão próprio do Grêmio, mas o resultado fez justiça a quem foi superior por todo o tempo. Um equívoco do técnico Renato, no entanto, não pode passar em branco. Renato trocou Riveros, um volante, por Guilherme Biteco, um meia, quando o placar já estava em 3 x 1 para o Grêmio. Não era a hora de abrir o time. Renato deveria ter colocado Mateus Biteco, outro volante, o que faria o esquema ser mantido. O que importa, contudo, é a vitória. Com ela, o Grêmio já está em terceiro lugar na competição. Barcos, que vivia um jejum de gols, já marcou três nos dois últimos jogos. As próximas partidas do Grêmio também serão duríssimas, contra o Santos, pela Copa do Brasil, e Flamengo, novamente pelo Brasileirão. A diferença é que, agora, o time está mais confiante, e alguns jogadores estão recuperando o seu melhor futebol. A atitude dentro de campo, também é outra. Um novo Grêmio está surgindo, e permitindo que o seu sofrido torcedor possa voltar a sonhar com as grandes conquistas.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

No rumo da Segunda Divisão

Como apreciador do futebol, que acompanho com atenção desde que tomei consciência de minha presença no mundo, sempre vi o São Paulo como um clube diferente, para melhor, em relação aos demais. Com total distanciamento, pois não sou paulista nem torcedor do clube, identifiquei no São Paulo, ao longo do tempo, uma estrutura e solidez singulares. Ao contrário de todos os demais grandes clubes brasileiros, o São Paulo não costuma chafurdar nas crises. Elas costumam ser raras no clube, e logo são superadas. O São Paulo compõe o grupo de cinco grandes clubes brasileiros que jamais foram rebaixados para a Segunda Divisão. Os outros são Flamengo, Santos, Cruzeiro e Inter. Dentre todos eles, o São Paulo sempre me pareceu como o menos provável de ser rebaixado. Para minha surpresa, não é mais assim. O que no início do Campeonato Brasileiro parecia apenas uma possibilidade remota que logo seria afastada, começa a se tornar uma ameça concreta. Com o primeiro turno do Brasileirão se encaminhando para o seu encerramento, o São Paulo não consegue sair da zona de rebaixamento, não obteve nenhuma vitória nos últimos 11 jogos, e não faz valer o fator campo em seu favor, pois tem tropeçado seguidamente no Morumbi. Sentindo a necessidade de uma reação imediata para evitar o pior, o São Paulo baixou drasticamente os preços dos ingressos para o jogo de ontem contra o Atlético Paranaense. O ingresso mais caro custava R$ 30, e o mais barato apenas R$ 2. Nem assim o estádio lotou. O público foi de 25 mil pessoas, num estádio onde cabem 65 mil. O São Paulo saiu na frente, com um gol polêmico, em que muitos viram impedimento na jogada, mas, pouco depois, cometeu um pênalti, que determinou o empate. Ainda que tivesse muito tempo de jogo pela frente, o São Paulo não conseguiu marcar mais gols, e o resultado se manteve até o final. Entre os fatores que se pode identificar como causadores do mau momento do São Paulo, estão o continuísmo político do presidente Juvenal Juvêncio e, por incrível que pareça, as ações dentro e fora do campo, do maior ídolo do clube, Rogério Ceni. Juvenal Juvêncio foi um presidente exitoso, de grandes méritos, mas tudo tem seu tempo, e, ao mudar o estatuto do clube para obter mais um mandato, cometeu o erro de praticar o continuísmo, impedindo a necessária alternância no poder. Por sua vez, Rogério Ceni sempre foi uma referência no São Paulo, como jogador e líder. Como jogador, aos 40 anos e com aposentadoria marcada para dezembro, Rogério Ceni já não consegue dar uma resposta satisfatória dentro de campo. Tem errado cobranças de pênaltis e vem tendo seguidas falhas nos gols que sofre. Fora de campo, tem sido uma liderança negativa. Seu bate-boca público com o ex-técnico do São Paulo, Ney Franco, nada trouxe de positivo para o clube, pelo contrário, foi mais um foco de tensão num momento que já é muito tumultuado. O Fluminense, com sua espetacular recuperação em 2009, quando o rebaixamento parecia inevitável, mostra que não se pode desistir antes do tempo, mas o sinal de alerta está ligado. A chance de queda do São Paulo aumenta a cada dia, e isso não é bom nem para o clube, nem para a competição. Tomara que a reação ainda venha a acontecer, mas os sinais de um fracasso final ficam cada dia mais nítidos.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Mais sorte do que juízo

O Inter empatou em 3 x 3 com o Botafogo, hoje á noite, no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro. Estava perdendo por 3 x 2 e conseguiu empatar aos 48 minutos do segundo tempo. O Botafogo, com o resultado, assumiu a liderança isolada do Brasileirão, mas foi vaiado por sua torcida, após o jogo, pois já poderia ter disparado no primeiro lugar, não fossem os gols que insiste em tomar nos acréscimos. Foi assim contra o Flamengo, o Atlético Mineiro, e no jogo de hoje. Em todas essas partidas, o Botafogo tinha uma atuação superior a de seus adversários, mas deixou a vitória escapar. Tantos pontos desperdiçados podem fazer falta no final da competição. Por sua vez, o Inter, pelo segundo jogo seguido, obteve o empate no final da partida. As circunstâncias em que o resultado de hoje foi obtido, talvez levem o Inter a festejá-lo, mas é preciso olhar o conjunto da obra. Faz quatro jogos que o Inter não ganha. Nessas partidas, sofreu nove gols, e marcou seis. Sua defesa se mostra extremamente vulnerável, e sofre gols em todos os jogos. O clube ocupa, apenas, o 8º lugar na tabela, enquanto seu maior rival, o Grêmio, já está em 4º. Tem um jogo a menos, é verdade, contra o Santos, no qual será o mandante, mas não se pode dar como certo, antecipadamente, que irá ganhar essa partida. A verdade é que, nos dois últimos jogos, o Inter teve mais sorte que juízo, empatando, no final, partidas que deveria ter perdido. Seu próximo jogo é outra parada dura, contra o Atlético Mineiro, no estádio do Vale. Convém ao Inter mostrar mais futebol para poder ambicionar algo melhor na disputa. Afinal, nem sempre a sorte irá ajudar.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Os ventos começam a soprar a favor

O Grêmio venceu o Cruzeiro por 3 x 1, hoje à noite, na Arena, pelo Campeonato Brasileiro. A atuação do time foi, mais uma vez, precária, mas é a segunda vitória consecutiva do Grêmio, e marcando três gols. Se o futebol está longe de ser convincente, alguns indícios de que os ventos começam a soprar a favor do Grêmio estão bem presentes. No jogo contra o Bahia, o Grêmio abriu o placar com um gol em que seu autor, Riveros, sofreu uma lesão ao marcá-lo, algo típico da característica heróica que tantos torcedores identificam no clube. Hoje, quando o jogo ainda estava 0 x 0, o Grêmio teve um pênalti contra si, e Dida, finalmente defendeu, fazendo jus a sua fama de especialista nesse tipo de cobrança. Assim como no jogo contra o Bahia, o adversário do Grêmio teve um jogador expulso, o que também favoreceu o encaminhamento de um bom resultado. Barcos desencantou e marcou um belo gol. Kléber também deixou o seu. Werley, que vinha tendo atuações apenas razoáveis, voltou a mostrar seus dotes de zagueiro artilheiro. Como fatos negativos, a comprovação de que Pará não pode ser titular do Grêmio, e de que Bressan, que cometeu o pênalti, também está longe de satisfazer as necessidades do time. A vitória, contudo, colocou o Grêmio no grupo dos quatro primeiros colocados do Brasileirão. Se o futebol do Grêmio ainda está longe de encher os olhos, os resultados começam a demonstrar que a sorte, que parecia tê-lo abandonado, começa a favorecê-lo.

Atuação pífia

A Seleção Brasileira perdeu para a Suiça por 1 x 0, hoje, em Basiléia. Foi o primeiro jogo da Seleção depois da conquista do título da Copa das Confederações com uma consagradora goleada sobre a Espanha. A atuação foi decepcionante. Mesmo em se tratando de um amistoso, sem  a emulação de uma disputa como a da Copa das Confederações, era de se esperar que a equipe brasileira mostrasse bem mais. A Suiça é uma força apenas média no contexto do futebol mundial. O gol da vitória, inclusive, nasceu da ação desastrada de um jogador brasileiro. Daniel Alves, sabidamente o mais fraco dos titulares da Seleção, fez um patético gol contra que acabou determinando a derrota. Porém,.o gol aconteceu aos dois minutos do segundo tempo, ou seja, havia tempo suficiente para uma reação. No entanto, ela não ocorreu. Ao longo de todo o jogo, a Seleção se mostrou burocrática e sem inspiração. A maioria dos jogadores atua na Europa, e estão retornando de férias, o que pode servir de atenuante, mas esse novo tropeço da Seleção abala um pouco a confiança que vinha sendo retomada no futebol da equipe.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

O movimento que não aceita críticas

Há certos assuntos que, por vezes, nos vemos inclinados a evitar, não por temermos abordá-los mas pelas condições que possuem de despertarem reações iradas e produzirem polêmica. No Rio Grande do Sul, tudo o que se refira ao chamado "tradicionalismo", é um terreno minado. O Movimento Tradicionalista Gaúcho é uma organização tentacular que procura se fazer onipresente na vida cultural do Estado. Os tradicionalistas estão convencidos de que tem a tarefa de defender a "autêntica" cultura gaúcha, cultuando suas raízes. Durante o ano, vários festivais musicais "nativistas" são realizados em diversos municípios do Estado. No mês de setembro, quando se comemora a "Revolução Farroupilha", são inúmeros os festejos, que tem, como um de seus pontos altos, o Acampamento Farroupilha, montado no Parque da Harmonia, em Porto Alegre. Até nos meses de verão, em que os interesses se voltam para o litoral, os tradicionalistas marcam a sua presença, promovendo cavalgadas, tanto nas praias de mar quanto nas da costa doce. Trata-se de um movimento que não recebe bem nenhum tipo de critica. Seus integrantes hostilizam os que não compartilham de seu apreço pelo gauchismo. Tivemos, agora, mais um exemplo disso. Luiz Cláudio Knierim, diretor-técnico do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, teve de pedir afastamento da Comissão Municipal de Festejos Farroupilhas, por força de uma expressão que usou e que ofendeu os defensores do tradicionalismo. O que Knierim disse de tão grave? Ao referir-se às precárias condições de combate a incêndio no Acampamento Farroupilha, que reúne milhares de pessoas, Knierim classificou-o de "favelão gaudério". Foi o que bastou para que se criasse um grande mal-estar entre os demais participantes da comissão, o que levou Knierim a solicitar seu desligamento. O presidente do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, Rodi Borghetti, concordou com a precariedade das condições de combate a incêndio no acampamento, mas disse que "não era preciso esse esculacho". O Secretário Municipal de Cultura de Porto Alegre, Roque Jacoby, avaliou a colocação de Knierim como "desprezo em relação à cultura gaúcha". A afirmação de Jacoby soa como uma insensatez. Afinal, se Knierim é diretor-técnico do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, certamente tem apreço pela cultura gaúcha. O fato apenas demonstra, pela enésima vez, que o tradicionalismo é um movimento que se coloca  acima do bem e do mal, não tolerando nenhuma crítica. O Rio Grande do Sul tem pago um preço muito alto por esse culto exacerbado ao que seria a sua cultura autêntica, mas isso é assunto para outra ocasião. No momento, já seria extremamente benéfico se as pessoas se dispusessem a refletir de porque não é dado a quem nasce no Rio Grande do Sul o direito de não seguir a cartilha do tradicionalismo.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Dois pesos e duas medidas

Os veículos de imprensa deveriam primar pela isenção na análise dos fatos que ocorrem a cada dia. Sabemos, contudo, que não é assim. O destaque maior ou menor que recebe a abordagem de um assunto está diretamente relacionada à linha ideológica e aos interesses dos proprietários dos veículos. Nesse momento, vivemos uma situação que escancara essa realidade. A multinacional Siemens, o maior conglomerado de Engenharia da Europa, denunciou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre a formação de um cartel em licitações do metrô e de trens urbanos em São Paulo e em contratos do metrô do distrito federal. A empresa, que obteve as informações dos seus próprios funcionários da subsidiária brasileira, apresentou as denúncias ao Cade beneficiando-se de um acordo de leniência, isto é, que prevê isenção de penalidades para os denunciantes. O prejuízo ao erário pode ter chegado a 450 milhões de reais. No entanto, em que pese a gravidade do fato, a maior revista semanal de informação do país, a "Veja", vem tratando o assunto com visível desinteresse, ao contrário do "mensalão", tachado por ela como o "o maior escândalo da história do Brasil", que, desde 2005, tem recebido uma cobertura massiva e gerado muitas capas. Depois de semanas do fato estar em pauta, sendo coberto por outros veículos, "Veja" dedicou-lhe cinco páginas de sua edição dessa semana, mas sem o estardalhaço que confere a outros escândalos. No período dos contratos denunciados, o PSDB governava o Estado de São Paulo, e o DEM, o Distrito Federal. A revista apressa-se em afirmar que os governadores de São Paulo e Distrito Federal da época, José Serra (PSDB) e José Roberto Arruda (DEM), respectivamente, foaram apenas citados nos milhares de documentos e e-mails apreendidos, e de forma não comprometedora. Conhecendo-se, especialmente, a trajetória política de Arruda, é difícil acreditar nessa hipótese. Assim como ignora o chamado "mensalão mineiro", promovido pelo PSDB, que ocorreu antes do que é atribuído ao PT e ainda não foi julgado, a revista tenta despistar sobre um assunto que expõe, mais uma vez, o alto nível de corrupção de seu partido favorito, o PSDB. A isso se costuma definir como sendo o uso de dois pesos e duas medidas, típico de uma publicação que pratica, despudoradamente, a desonestidade intelectual.

domingo, 11 de agosto de 2013

Resultado inesperado

O Inter empatou em 2 x 2 com o Atlético Paranaense, hoje à tarde, no Estádio do Vale, pelo Campeonato Brasileiro. O resultado foi uma ducha de água fria naqueles que contavam com uma vitória do Inter, pelo fato de ser o mandante do jogo. Aos 36 segundos do primeiro tempo, o Atlético já fazia 1 x 0, mas o Inter não demorou a empatar, aos 14 minutos. O jogo prosseguiu assim até o final do primeiro tempo e boa parte do segundo, quando, então, o Atlético ficou novamente em vantagem no placar. No final da partida, quando tudo parecia indicar que o resultado era definitivo, o Inter, num gol acidental, chegou ao empate. Para os mais atentos, o resultado não foi tão surpreendente assim. O Atlético Paranaense vinha de quatro vitórias consecutivas, enquanto o Inter atingiu, hoje, o seu terceiro jogo seguido sem ganhar. A campanha do Inter no Brasileirão dá indícios de que o time não é tão confiável quanto alguns afirmam. Em seus cinco primeiros jogos, antes da parada para a Copa das Confederações, teve um aproveitamento inferior a 50%. Depois obteve alguns bons resultados, mas sem jamais convencer inteiramente. Tem contra si, também, o fato de ter sido goleado pelo lanterna da competição, o Náutico. O time faz muitos gols, mas também os toma em grande quantidade. Seu próximo jogo é dificílimo, contra o vice-líder Botafogo, no Maracanã. A partir do que acontecer nessa partida, se poderá ter uma ideia mais nítida da perspectiva do Inter na disputa.

Goleada exótica

O Grêmio goleou o Bahia por 3 x 0, hoje à tarde, na Arena Fonte Nova, pelo Campeonato Brasileiro. Isso pode dar a ideia, a quem não tenha assistido ao jogo, de que foi uma vitória afirmativa, com uma grande atuação. Nada disso. Pela terceira vez consecutiva, o técnico do Grêmio, Renato, alterou o esquema do time. Dessa vez, entrou em campo adotando o 3-6-1, com apenas Barcos jogando como atacante. Esse povoamento do meio de campo, contudo, não foi tão produtivo assim. Depois de um período breve, no primeiro tempo, em que chegou a ter 62% de posse de bola, o Grêmio foi cedendo terreno e se deixando pressionar pelo Bahia. Para sorte do Grêmio, o Bahia não teve competência para transformar o seu domínio em gols. O segundo tempo começou da mesma forma, com o Grêmio vendo o Bahia comandar as ações. Até que, aos 25 minutos, no rebote de uma bola cabeceada no travessão por Elano, Riveros se jogou ao encontro da bola, espremido entre dois adversários, e fez 1 x 0 para o Grêmio. A ousadia de Riveros lhe custou a saída do jogo, pois foi atingido no rosto pela chuteira de um jogador do Bahia e bateu com a cabeça no chão. A partir daí, o Bahia perturbou-se, e o Grêmio ficou mais à vontade em campo. Minutos mais tarde, Máxi Rodriguez, em sua segunda intervenção no jogo, chutou uma bola sem grande precisão, mas ela desviou em um adversário, enganando o goleiro e determinando 2 x 0 para o Grêmio. Esse gol deixou claro que a vitória estava consolidada. Transtornado, o Bahia, que já tinha sofrido a expulsão de Titi, ainda viu o Grêmio chegar aos 3 x 0, agora sim num gol de bela feitura, em um passe de Mateus Biteco para a conclusão de seu irmão, Guilherme Biteco. Foi uma goleado construída de forma exótica, mas que teve grande significado para o Grêmio. Foi a primeira vitória do Grêmio, fora de casa, no Campeonato Brasileiro. O resultado aproximou o Grêmio do grupo dos primeiros colocados do Brasileirão, e rompe com a sequência de três jogos sem vitória. Tudo isso é muito importante, até porque o Grêmio não terá facilidades nos próximos jogos. Terá, agora, de jogar contra o líder da competição, o Cruzeiro, na Arena, e, logo depois, com o Vasco, em São Januário, e o Flamengo, no Mané Garrincha. Grandes desafios para os quais o Grêmio não dá a confiança de estar devidamente preparado, mas que, a partir da goleada de hoje, deverão ser enfrentados com mais ânimo.

sábado, 10 de agosto de 2013

Lógica capitalista

Para o capitalismo, tudo se reduz a números, a uma relação custo-benefício. Sua palavra-chave é "lucro". O termo que não suporta ouvir é "prejuízo". Essa lógica se estende, até mesmo, às pessoas, vistas, primordialmente, como consumidores. Não há lugar para o humanismo na prática capitalista, e qualquer contestação a esse estado de coisas é tachada, por seus defensores, de "teoria superada", "clichê de esquerda" e outras conceituações do gênero. Discorro sobre isso a propósito da resenha feita pelo jornalista Jerônimo Teixeira, publicada na edição dessa semana da revista "Veja", sobre o livro de seu colega Leandro Narloch, "Guia Politicamente Incorreto da História do Mundo". Conforme a resenha, em seu livro, Narloch realiza a reabilitação do capitalismo, do imperialismo e, até, dos agrotóxicos! Narloch é ex-repórter de "Veja", e segue à risca o ideário da publicação. São de sua autoria os best-sellers "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil" e "Guia Politicamente Incorreto da América Latina", este último escrito em parceria com Duda Teixeira, editor de "Veja". Segundo Jerônimo Teixeira, em todos os seus livros, Narloch apresenta a história sob uma perspectiva que diverge da "sempre previsível ladainha dos livros didáticos, na qual os culpados são sempre os capitalistas, os imperialistas, as elites". Em seu novo livro, Leandro Narloch, ainda que não negue as atrocidades históricas do colonialismo, atribui a responsabilidade pelas mazelas do continente africano, tais como guerras civis, golpes de estado e conflitos étnicos, aos próprios africanos, principalmente os ditadores que seguiram a "desastrosa cartilha do dirigismo estatal e do isolacionismo econômico". Narloch não poupa nem mesmo o pacifista Mahatma Gandhi, pois afirma que sua insistência na autossuficiência econômica e em modelos improdutivos de agricultura de subsistência, levaria a Índia a miséria depois de sua morte. O Dalai-Lama e a Madre Teresa de Calcutá, duas outras personalidades pacifistas, também sofrem o ataque de Narloch. Para o autor do livro, o que, de fato, combateu a miséria, foi o uso intensivo de agrotóxicos e a Revolução Industrial que, considera, diminuiu, a "longo prazo", a exploração do trabalho infantil. Em sua colocação mais ousada, Narloch faz a defesa da bomba atômica. O jornalista sustenta a ideia, com a qual concordo, de que as armas atômicas, pelo seu alto poder destrutivo, coíbem os países que as possuem de efetivamente entrarem em guerra. O problema não está aí, e sim, no fato de que Narloch considera que as bombas jogadas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasáki, em 1945, salvaram vidas. O argumento de Narloch é que uma invasão militar convencional do Japão custaria a vida de muito mais japoneses do que os 200 mil assassinados pelas bombas de Hiroshima e Nagasáki. Mais uma vez, estamos diante da lógica capitalista que reduz tudo a números, lucros, prejuízos. Nessa visão de mundo, os seres humanos são apenas referências estatísticas, destituídos de qualquer dignidade. Para Narloch, e os que como ele pensam, afirmações em contrário são "clichês politicamente corretos de esquerda".

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Os outros

Algumas vezes, nos deparamos com alguns textos cujo conteúdo vai tão ao encontro do que pensamos que temos a impressão de que foram escritos por nós mesmos. Assim se passou comigo ao ler o artigo "Nós, os desordeiros", de João Ubaldo Ribeiro, publicado na edição dessa semana da revista "Veja", o que mostra que, por vezes, essa publicação oferece algo mais do que o lixo ideológico de direita que tenta nos impingir. Em seu artigo, escrito tendo por mote o morticínio brasileiro no trânsito, João Ubaldo destaca a propensão do brasileiro, quando fala mal do Brasil, de fazê-lo referindo-se ao país ou ao seu povo na terceira pessoa. Dizemos que o brasileiro é isso ou aquilo, e que tem esse ou aquele defeito, como se não fôssemos, igualmente, brasileiros. Me identifiquei, particularmente, com a colocação que João Ubaldo faz sobre o tratamento que temos em relação aos políticos. Nos referimos a eles, diz ele, quase como se fossem marcianos ou de uma espécie diferente da nossa, e não de pessoas nascidas e criadas da mesma forma que nós. Esse trecho mexeu comigo pois penso exatamente o mesmo, e várias vezes usei a mesma exemplificação de João Ubaldo como argumento. João Ubaldo prossegue analisando essa maneira peculiar do brasileiro de encarar a realidade, em que o povo do país é classificado como bom, honesto, pacífico, gentil, entre outras qualidades, sendo apenas observador e vítima de atos de corrupção, desrespeito, má conduta e negligência praticados por outros, genericamente identificados como "eles". Como bem destaca João Ubaldo, não há "nòs" e "eles". Somos todos frutos de uma mesma sociedade, e refletimos seus valores e descaminhos. Não há um povo "honesto", sofrendo nas mãos de políticos corruptos e transgressores de todos os tipos. Na verdade, praticamos, todos nós, deslizes e atos que afrontam a ética mais elementar. Não há inocência em nosso comportamento. Se o país, cada vez mais, nos desconforta por sua leniência com os malfeitos, sua corrupção galopante, sua injustiça social gritante, sua péssima distribuição de renda, isso não é obra de um grupo de malfeitores, mas, sim de todos nós. Nessa construção tão defeituosa em sua estrutura social, e eticamente deformada, não há os "outros" como culpados. Somos todos responsáveis pelo Brasil que aí está. Ele é reflexo de todos nós, não uma obra de alguns. Enquanto não admitirmos isso, qualquer mudança do país para melhor torna-se inviável.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Vaias

O Grêmio perdeu por 1 x 0 para o Coritiba, hoje à noite, na Arena, pelo Campeonato Brasileiro. Foi uma atuação desastrosa. O indício de que a noite não seria boa para o Grêmio veio com a esdrúxula escalação do técnico Renato, que voltou ao esquema 4-4-2, mas jogando com três volantes! Para um time que vinha de duas partidas sem vitória, necessitando vencer para não se distanciar dos primeiros colocados, tal escalação soa como um despropósito. O Coritiba faz grande campanha no Brasileirão, é verdade, mas é um clube apenas médio, e, historicamente, um grande freguês do Grêmio. Não se justifica uma postura tão defensiva diante de um adversário desse porte. O resultado prático disso foi uma apresentação ruim, sem nenhuma inspiração. O time do Grêmio não mostrou nenhum brilho. Tomou um gol cedo, e mesmo tendo um tempo enorme para reagir, sequer conseguiu empatar. Em relação aos três volantes escalados, só Riveros se salvou, assim mesmo sem fazer uma grande partida. Adriano foi péssimo, para dizer o mínimo, e Souza parece ter deixado seu bom futebol perdido em 2012, tendo mais uma atuação apagadíssima. O ataque, que andou ensaiando uma melhora no Gre-Nal, voltou à sua ineficiência costumeira. Kléber insiste em passar o jogo inteiro buscando o entrechoque com os adversários, para tentar cavar faltas, mas não conclui para o gol. Barcos parece uma parede, onde a bola bate e se oferece para o time contrário. Nas laterais, Pará foi catastrófico, e Alex Telles não repetiu suas boas atuações anteriores. Na zaga, Bressan foi horroroso, e Rhodolfo, razoável. O único meia escalado, Elano, começou bem, mas foi decaindo de produção, como em todos os jogos anteriores. Decepcionada, a torcida vaiou fortemente o time, ainda na saída para o intervalo, e, com maior intensidade, ainda, após o final do jogo. Vaias que indicam o cansaço de um torcedor que sofre com a ausência de grandes títulos há 12 anos e não vê nenhuma perspectiva de mudança para melhor. Nem mesmo a idolatria dos gremistas por Renato foi capaz de impedi-las. Não houve nenhum progresso do time em relação ao tempo em que Vanderlei Luxemburgo era o técnico. O que era esperança está dando lugar ao desalento. O pior que pode acontecer a um clube está começando a acontecer, ou seja, o torcedor está inclinado a jogar a toalha. Não se pode lhe tirar a razão.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O fim da privacidade

Houve um tempo em que, excetuadas as pessoas muito famosas, era possível a fruição da privacidade. Não é mais assim. A ideia de alguém se "perder na multidão" tornou-se impraticável. Em quase todos os lugares nos quais entramos, há um aviso com os dizeres: "Sorria, você está sendo filmado". Isso ocorre até dentro de elevadores. Nem mesmo o espaço amplo das ruas permite o total anonimato. Há câmeras de segurança espalhadas por diversas áreas, ligadas a centrais de monitoramento em que somos permanentemente observados. Ao ingressar nas chamadas redes sociais, nossos dados se tornam devassáveis. Ao assinar uma publicação, nossas informações pessoais são repassadas para outras empresas, que nos bombardeiam com ofertas de todo o tipo. Agora, numa atitude escandalosa, o Tribunal Superior Eleitoral teria feito um acordo com a Serasa para fornecer-lhe dados dos eleitores. Nossa vida tornou-se totalmente devassável. Perdemos o direito ao recolhimento. Ao longo do dia, recebemos vários telefonemas de empresas de tv a cabo, bancos, instituições assistenciais, operadoras de telefonia, entre outros, procurando nos vender planos os mais diversos, ou solicitar colaborações em dinheiro. Ao sairmos ás ruas estamos sendo observados. Ao frequentar locais de grande concentração de público, como estádios de futebol, também. O cenário projetado por George Orwell, em seu célebre livro "1984", tornou-se realidade. O "grande irmão" está em todos os lugares. A justificativa para tanta bisbilhotagem é a segurança. Cada vez mais, busca-se prevenir a ação de bandidos e malfeitores. Porém, o preço que estamos pagando é muito alto. Somos submetidos a uma exposição constante, sem direito a pequenas escapadas da realidade. Estamos conectados o tempo todo. Somos monitorados constantemente. Enfim, perdemos o direito à paz.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

A liberação da maconha

A Câmara dos Deputados do Uruguai aprovou, na quarta-feira passada, um projeto, proposto pelo governo, que gerou repercussão internacional. Pelo projeto, todo habitante do país com mais de 18 anos terá direito a comprar, na farmácia mais próxima, até 40 gramas de maconha por mês, quantidade que é suficiente para enrolar entre quarenta e oitenta cigarros. Não será necessário sequer receita médica, apenas informar os dados pessoais do comprador. Para quem desejar, será possível plantar até seis arbustos de maconha na própria casa. Estrangeiros não poderão comprar a droga, mas nada impede que a adquiram com uruguaios. Uma medida como essa, inevitavelmente, divide opiniões. Há quem veja nela um avanço, uma atitude realista. Os usuários de maconha são numerosos, no mundo inteiro e, por certo, encaram a decisão com simpatia. Outros consideram o projeto uruguaio uma temeridade e um perigoso precedente. Particularmente, não concordo com a decisão tomada no Uruguai. A maconha, ao contrário do que dizem seus defensores, não é uma droga leve. Ela gera dependência, e seu consumo tem vários efeitos nocivos sobre o organismo. A intenção do governo uruguaio é afastar os usuários de maconha da influência dos narcotraficantes. Dessa forma, eles se afastariam das bocas de fumo onde são vendidas drogas mais pesadas. Porém, segundo dados da ONU, a maconha é uma porta de entrada para outras drogas. Entre os consumidores de cocaína, heroína e crack, 95% começaram fumando maconha. Apenas 24% da população do Uruguai apoia o projeto. A popularidade do presidente José Mujica sofreu uma grande queda depois da aprovação do projeto. Os uruguaios tem razão em rejeitar a ideia. Somente os usuários contumazes, e alguns teóricos bem intencionados mas ingênuos, podem achar que a liberação da maconha tenha algum efeito positivo na resolução desse drama dos tempos modernos que é a disseminação do consumo de drogas. Se com a política de repressão o quadro já é terrível, o que pode se esperar de melhor com a liberação? As drogas são uma chaga social, e seu consumo deve ser combatido, não estimulado. Falsamente libertária, a medida aprovada no Uruguai nada trará de benéfico para o país. Seria bom que Mujica pensasse melhor e voltasse atrás, não sancionando o projeto.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Eleições

As manifestações de rua que varreram o país em junho evidenciaram os muitos problemas que vivemos no atendimento a questões essenciais como saúde, educação e segurança. Porém, afora alguns gestos para impressionar a opinião pública, num primeiro momento, os políticos seguem com suas velhas práticas. Uma prova disso está no fato de que, faltando mais de um ano para as eleições de 2014, esse tem sido o assunto de que os políticos mais se ocupam. As estranhas e inchadas alianças entre os mais variados partidos continuam a ser compostas. Não faltam ameaças de sair de um lado e saltar para o outro, desde que haja compensação na forma de cargos, apoio em futuras eleições e outras coisas do gênero. Nenhuma preocupação com coerência ideológica ou identidade de propósitos. Enquanto as pessoas vão às ruas reivindicar transporte mais barato, hospitais em melhores condições, segurança para a população, a classe política, em vez de empenhar-se na busca de solução para essas questões, se ocupa, com enorme antecipação, de desenhar o quadro eleitoral para o ano que vem. Em Porto Alegre, por exemplo, o prefeito José Fortunatti (PDT) quer que o partido rompa a aliança com o governo estadual. Fortunatti ameaça até se licenciar do PDT, caso o partido apoie a reeleição do governador Tarso Genro (PT). O presidente do PT do Rio Grande do Sul, deputado estadual Raul Pont, criticou as declarações de Fortunatti. Por sua vez, o presidente do PDT do Rio Grande do Sul, Romildo Bolzan Jr., rebateu as declarações de Pont e disse que não aceita interferências externas em assuntos de seu partido. Bolzan Jr., cujo partido é da base de sustentação da presidente Dilma Rousseff, já cogita que o PDT apoie a candidatura a presidente do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Em troca, o PSB apoiaria um possível candidato do PDT a governador do Rio Grande do Sul. A política brasileira segue nesse nível "elevado", enquanto os muitos problemas do país clamam por soluções. O horizonte dos políticos brasileiros, depois de cada eleição, passa a ser, apenas, o próximo encontro com as urnas. Administrar, de maneira dedicada e competente, os municípios, os estados e o país, parece ser, para eles, uma tarefa secundária.

domingo, 4 de agosto de 2013

Arbitragem polêmica

O Gre-Nal de hoje à tarde, na Arena, pelo Campeonato Brasileiro, terminou empatado em 1 x 1. A figura mais citada depois do jogo, no entanto, não foi nenhum jogador, mas o árbitro Fabrício Neves Corrêa que se viu envolvido por uma grande polêmica. Fabrício conseguiu desagradar a ambos os clubes. Durante a semana, ele já havia sido alvo de insinuações por parte do diretor de futebol do Inter, Luís César Souto de Moura. O Inter, há bastante tempo, critica Fabrício por entender que ele é gremista. Bem, se isso é verdade ou não é outra história, mas não há nada de extraordinário em um gaúcho como Fabrício torcer por um dos dois maiores clubes do Rio Grande do Sul. Incomum seria ele torcer por um clube pequeno, da capital ou do interior. No jogo, Fabrício mostrou o mesmo que em outras ocasiões. Tecnicamente, tem muitas limitações. Na parte disciplinar, é frágil, permitindo que os jogadores lhe pressionem. O resultado do jogo de hoje não passa por ele, já que os gols foram legítimos, mas Fabrício cometeu, pelo menos, dois erros graves. O primeiro foi a não expulsão de Williams, do Inter, que já tinha cartão amarelo e cometeu um pênalti. Deveria, portanto, receber o segundo cartão amarelo e, consequentemente, o vermelho. O erro de Fabrício custou caro ao Grêmio, pois, dois minutos depois de fazer 1 x 0, viu o Inter empatar o jogo numa jogada criada por Williams. O segundo erro foi não ter expulsado Adriano, do Grêmio, que fez uma falta passível de cartão amarelo e já havia recebido um. As expulsões feitas pelo árbitro, de Jorge Henrique e Fabrício, do Inter, e Werley, do Grêmio, contudo, foram justas. A gritaria contra Fabrício Neves Corrêa, nos dois vestiários foi grande, deixando o futebol em segundo plano. O jogo, em si, foi fraco, com poucos lances de gol. O técnico do Grêmio, Renato, surpreendeu ao escalar o time no esquema 3-5-2, que ainda não havia utilizado. Conseguiu fazer com que o Grêmio fosse melhor que o Inter ao longo do jogo, mas errou ao não começar a partida com Máxi Rodriguez que, entrando, mais uma vez, por pouco tempo, deixou, novamente, excelente impressão. O resultado foi melhor para o Inter do que para o Grêmio. Afinal, o Inter jogava fora de casa e se manteve a frente do Grêmio na tabela. Para o Grêmio, por ser o primeiro Gre-Nal da história da Arena, e pela necessidade de subir na classificação, o empate foi frustrante. Porém, cabe lembrar que o Grêmio jogou desfalcado de dois de seus principais jogadores, Zé Roberto e Vargas, e com um esquema ao qual não está habituado. O empate não permitiu que nenhum dois clubes, que vinham de derrotas, obtivesse uma recuperação. A possibilidade de que isso aconteça foi postergada para o próximo jogo de cada um deles.

sábado, 3 de agosto de 2013

Liberalismo

A revista "Veja" segue cada vez mais convicta no seu papel de principal representante do direitismo no Brasil. Sua orientação editorial não é pluralista, como seria de se esperar da maior revista semanal de informação do país. A linha seguida por "Veja" é o que se pode se chamar de "samba de uma nota só". Como se não bastassem as presenças, entre seus colunista e blogueiros, de figuras com Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes e Maílson da Nóbrega, a publicação agregou a esse "seleto" grupo o economista Rodrigo Constantino. Como novo colunista da edição on-line da revista, Constantino apresenta-se da seguinte maneira: "Coloco no topo da minha hierarquia a liberdade individual, contra os diferentes tipos de coletivismo. A "voz do povo" não é a voz de Deus, e toda a tirania deve ser condenada, inclusive a da maioria". O economista se define como "um liberal clássico". Um dos sete livros que escreveu intitula-se "Privatize Já". Num país marcado pela desigualdade e injustiça, por uma enorme concentração de renda nas mãos de poucos privilegiados, "Veja" e seus colunistas apontam como solução o encolhimento do Estado e as privatizações. Defendem a "liberdade individual", em detrimento dos interesses da coletividade. Para uma população que foi às ruas protestar pela más condições da saúde, educação e segurança públicas, oferecem como remédio a exploração privada de atividades essenciais, tendo a busca do lucro como fator prevalente. Para quem ainda tem dúvida do que acontece, na prática, quando as postulações da publicação são adotadas, basta lembrar que Maílson da Nóbrega, como ministro da Fazenda, foi o responsável pelo maior índice inflacionário da história do país. Felizmente, para o Brasil, as multidões que foram para as ruas não partilham das ideias de "Veja". Elas querem um estado mais eficiente e menos corrupto, mas não desejam o liberalismo, seja ele "neo" ou "clássico". Até porque, adotar uma cartilha econômica liberal num país com as chagas sociais do Brasil seria o mesmo que tentar curar uma ressaca bebendo mais álcool.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Vexame histórico

A goleada de 8 x 0 imposta pelo Barcelona ao Santos, hoje, no Nou Camp, expõe o futebol brasileiro a um vexame histórico. Sim, porque essa derrota não afeta apenas o Santos e sua torcida, mas o futebol do país como um  todo. Era o primeiro jogo de Neymar, pelo Barcelona, no Nou Camp. Valia, também, pelo tradicional troféu Joan Gamper. Uma partida assim tem repercussão internacional. Aos 10 minutos do primeiro tempo, o Santos já perdia por 2 x 0! Aos 28 minutos, o placar já apontava 4 x 0 para o Barcelona, resultado que se manteve até o intervalo, única e exclusivamente porque o time espanhol não forçou o jogo, o que, por certo, redundaria em mais gols. Ainda assim, logo no início do segundo tempo, o Barcelona chegou aos 5 x 0. Fez mais três gols, chegando ao exótico e humilhante 8 x 0, com quatro gols em cada tempo. Há menos de dois anos, em dezembro de 2011, os dois clubes se enfrentaram pela decisão do Campeonato Mundial, e o Santos, com Neymar e tudo, foi goleado por 4 x 0, e levou um "banho de bola". O jogo de hoje, no entanto, ainda que não se compare em importância com aquele, teve um resultado muito mais constrangedor, e isso que Neymar jogou apenas o segundo tempo, e só esteve junto com Messi em campo por 16 minutos. O Santos é um dos grandes clubes brasileiros. Foi o primeiro clube do país a ganhar a Libertadores e o Mundial, com um time, tendo Pelé como maior estrela, que é o melhor do Brasil em todos os tempos. O Santos já ganhou três Libertadores e dois Mundiais. Não pode sofrer uma goleada tão fragorosa, mesmo de um time qualificadíssimo como o atual Barcelona. O vexame de hoje deve servir como um sinal de alerta para o futebol brasileiro, cujos maiores clubes perdem, ainda muito jovens, os grandes talentos que revelam, e repatriam veteranos em fim de carreira. O Brasil é o único país que disputou todas as Copas do Mundo, e o que mais venceu a competição, num total de cinco vezes. Também é um celeiro inesgotável de grandes jogadores. Porém, o atual estágio do futebol brasileiro é preocupante. A goleada sofrida pelo Santos tornou isso ainda mais evidente. Está mais do que na hora de buscar meios de restituir ao futebol brasileiro o poderio de outros tempos, ou o fosso em relação aos clubes europeus será cada vez maior.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Os protestos não pararam

Algumas manifestações nas seções de leitores dos jornais e nas redes sociais expressavam a impressão de que, após os movimentos que varreram o país no mês de junho, com multidões protestando nas ruas, tudo teria voltado ao normal, ou seja, um estado de letargia. Não é verdade. Todos os dias tem ocorrido protestos no Brasil. No Rio de Janeiro, continuam as manifestações nas cercanias da residência do governador Sérgio Cabral Filho. A Câmara de Vereadores foi ocupada, a exemplo do que havia ocorrido em Porto Alegre. Em São Paulo e Belo Horizonte, também se verificam protestos. Hoje, em Porto Alegre, manifestantes se concentraram em frente ao prédio onde reside o prefeito José Fortunatti. Como se vê, a mobilização não cessou. Claro que, passado o impacto inicial da ida de milhões de pessoas às ruas, os protestos se tornam mais específicos em suas motivações e reúnem grupos menores, mas, tudo indica, eles vieram para ficar. O brasileiro pegou gosto pelas reivindicações, pelo exercício da democracia. Sabe que, sem pressionar os políticos, nada se consegue. Nem mesmo durante a visita do Papa Francisco ao Brasil os protestos cessaram. Eles se incorporaram à rotina do país. A forma convencional de se fazer política não estava mais se mostrando suficiente para o atendimento das demandas populares. Foi preciso o clamor das ruas para que os políticos saíssem da sua acomodação. Muitos condenam as manifestações, tachando-as de baderna. Nada mais falso. Elas não são novidade em outros lugares do mundo. Por aqui, a já conhecida tendência do brasileiro ao imobilismo, fez com que ocorressem de forma muito esporádica. Não é mais assim. Se os governantes e parlamentares estão contando que, com o tempo, tudo voltará a ser como antes, podem desistir. Terão, de agora em diante, de conviver com a pressão permanente das ruas.