quinta-feira, 4 de julho de 2013

Velhos vícios

Só os muito ingênuos poderiam imaginar que o país mudaria de uma hora para a outra, em função dos protestos que tomaram conta das ruas. A classe política está mergulhada em seus vícios e privilégios, dos quais não pretende abdicar. Mesmo com toda a revolta demonstrada pela população para com o seu comportamento, nossos políticos não se emendam. O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB -RN), que exerce mandatos na casa há 42 anos, requisitou um jato da FAB para levá-lo, junto com familiares e parentes, de Natal ao Rio de Janeiro, onde assistiram a decisão da Copa das Confederações entre Seleção Brasileira e Espanha. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também requisitou um avião da FAB, para ir a um casamento no litoral da Bahia. Para culminar, nem mesmo o Poder Judiciário ficou de fora da farra com o dinheiro público. O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, o mais novo paladino da moral, segundo a direita brasileira, utilizou-se de recursos do órgão para ir ao Rio de Janeiro assistir à decisão da Copa das Confederações. Henrique Eduardo Alves se disse disposto a ressarcir os cofres públicos, pagando o preço das passagens. Há aí, no entanto, uma malandragem. Alves estaria, assim, pagando as passagens pela sua cotação de mercado, levando em conta o preço cobrado ao público pelas companhias aéreas. Ocorre que, ao requisitar um avião, Alves praticou algo semelhante a contratação de um vôo charter, cujo custo é muitíssimo mais elevado. Renan Calheiros, por sua vez, nega-se a qualquer tipo de ressarcimento, pois diz ter direito de requisitar aviões da FAB. Não é verdade. Pelos cargos que ocupam, Calheiros e Alves só tem direito de requisitarem aviões para missões oficiais e em casos de emergência médica. Alves e Renan, no entanto, são velhos exemplares do que o Brasil tem de pior na política. Porém, o que dizer de Joaquim Barbosa, tido por muitos como o candidato ideal para presidente, o homem que iria moralizar a conduta do governo? Nossos homens públicos acostumaram-se com a ideia de que privilégios e mordomias são direitos inerentes aos seus cargos. Usam o dinheiro público em proveito próprio sem nenhuma cerimônia. Infelizmente, não há nada que indique que isso um dia irá acabar.