segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Os efeitos de uma entrevista

A entrevista concedida por Fábio Koff, que tomará posse amanhã como presidente do Grêmio para os próximos dois anos, ao jornal Zero Hora, ontem, foi uma das mais infelizes e desastradas de que se tem notícia. Koff, em vez de estimular a torcida, jogou sobre ela um balde de água fria. Praticamente ninguém, sejam os profissionais de imprensa ou os cidadãos comuns, deixou de condenar a entrevista de Koff, pelo conteúdo lastimável e pela total inoportunidade. Em sua declaração mais impactante, Koff disse que o novo estádio do clube, a Arena, não é do Grêmio, pois terá de ser pago por 20 anos. O futuro presidente acrescentou que o Grêmio só obterá retorno financeiro com o estádio num prazo de seis a oito anos. Revelou, também, que o Grêmio tem um déficit mensal significativo. Para qualquer pessoa medianamente inteligente, tudo isso soa como desculpa antecipada para uma futura frustração dos torcedores. Koff foi um grande presidente do Grêmio, nas duas vezes em que passou pelo cargo. Foi duas vezes campeão da Libertadores. Foi campeão do mundo. Conquistou, também, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro, afora títulos gaúchos. Tudo isso fez dele um ídolo do torcedor. Por isso mesmo, ao concorrer pela terceira vez ao cargo de presidente, foi vitorioso novamente, dessa vez contando, além dos votos dos conselheiros, com os dos associados, o que não ocorrera nas outras duas eleições. A condição de dirigente vencedor, somada às promessas de que tinha uma grande contratação cujo nome estava guardado num cofre e de que o clube contaria com o aporte de recursos de um fundo de investidores, lhe garantiram a vitória. O tal nome guardado no cofre, conforme admitido pelo próprio Fábio Koff, foi apenas uma estratégia eleitoral. O fundo de investidores também não apareceu até agora. O torcedor que apostou suas fichas em Koff para que o Grêmio retomasse a sua rotina de grandes conquistas deve estar extremamente frustrado. Koff nem tomou posse e já adotou o discurso da situação difícil, da herança desfavorável. O que era para ser um novo período de otimismo e confiança na vida do clube, começará tomado pela insegurança e decepção do torcedor. Koff, com sua entrevista, só conseguiu satisfazer aos torcedores do maior rival do Grêmio, o Inter, que "deitaram e rolaram" com o seu conteúdo. Antes mesmo da posse do futuro presidente, o torcedor do Grêmio se vê diante de indícios de que pode ter sido vítima de um estelionato eleitoral.