quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Reações implacáveis

O momento convulsivo que vive o país e o poder esmagador das redes sociais estão mudando a postura das pessoas em relação a comportamentos que, em outros tempos, eram tolerados. Assédio sexual e racismo, por exemplo, são fatos que que geram reações implacáveis. Dois profissionais da Rede Globo sentiram na própria pele as consequências de comportamentos desse tipo. O primeiro a ser vitimado foi o ator José Mayer. Após uma denúncia de assédio sexual, feita por uma funcionária da Globo, Mayer sofreu os efeitos de uma campanha que mobilizou atrizes da casa e que resultou no seu afastamento por tempo indeterminado, decidido pela empresa. Agora, foi o jornalista William Waack que amargou os efeitos de uma atitude execrável. Um vídeo que captou um comentário racista de Waack antes de uma entrada no ar durante a eleição para presidente dos Estados Unidos, em 2016, foi divulgado, ontem, na internet. O efeito foi imediato, e levou ao seu afastamento do Jornal da Globo, onde atuava como âncora. Em nota na qual explicava a decisão tomada, a Rede Globo declarou repudiar qualquer forma de racismo, e deixou o futuro profissional do jornalista na empresa em aberto e passível de uma definição em conjunto pelas duas partes. Sem entrar a fundo no mérito das duas situações, é de se ressaltar a singularidade desse momento no país. Pela primeira vez na história do Brasil, gestos ou comentários que atentam contra a ética e a dignidade estão gerando consequências drásticas para os seus autores. As chamadas "minorias" não mais se encolhem diante das agressões sofridas. Suas vozes, ao contrário de outros tempos, ecoam fortemente na sociedade. Os casos de Mayer e Waack sinalizam que se está diante de uma nova época, em que o machismo, o racismo, e tantas outras manifestações de preconceitos contra segmentos sociais não serão mais encarados passivamente pelos atingidos. Em meio a tantas notícias desalentadoras nos últimos tempos, esse é um fato a ser saudado.