terça-feira, 14 de abril de 2015

O fracasso das manifestações

No último domingo, apenas 27 dias depois das primeiras manifestações de rua contra o governo, uma nova mobilização foi convocada. Se a primeira teve um êxito relativo, pois o número de participantes, expressivo em termos absolutos, era percentualmente pequeno em relação a população do país, a segunda versão das manifestações foi um fracasso rotundo. Embora lideranças de oposição e sub-celebridades do meio artístico sigam assacando contra o governo e insistindo na tecla do impeachment da presidente Dilma, os protestos de domingo sinalizam, claramente, que é hora de dar fim ao "terceiro turno" da eleição. O governo, mal ou bem, prosseguirá. Não haverá impeachment. Em nada contribui para o país a propagação permanente da possibilidade de que a presidente Dilma Rousseff vá ser destituída do seu cargo. O país vive uma fase turbulenta, principalmente no campo econômico, mas não há nada que justifique a quebra da normalidade institucional. A democracia brasileira, que em 2015 alcança 30 anos contínuos, é um bem a ser preservado. Entre os manifestantes há celerados que, não satisfeitos em pedir a queda do governo, desejam uma intervenção militar. Numa demonstração, no entanto, de que o povo brasileiro já evoluiu em sua maturidade política, os defensores da volta dos militares eram apenas "gatos pingados" se expondo ao ridículo nas ruas de algumas cidades do país. Os promotores dos protestos prometem repeti-los, em breve. Não deveriam. Se a segunda edição foi um fracasso, imagine-se uma terceira. Está mais do que na hora de o país voltar à normalidade. Chega de ressentimento por parte de quem perdeu a eleição. Assimilem, democraticamente, a derrota, e tentem chegar ao poder pela única via legítima, que é o voto. Para isso, no entanto, terão de esperar até 2018, sem recorrer a atalhos e, tampouco, a golpes.