quinta-feira, 17 de março de 2011

A indústria da multa

Alguns jornalistas, principalmente os que possuem colunas assinadas em jornais, ou espaços próprios de comentários em rádio e televisão, não conseguem resistir a tentação de, diante de certos temas, expressar aquilo que julgam que irá ao encontro do que pensa a maioria das pessoas. Dessa forma, procuram manifestar não o que verdadeiramente pensam, mas o que despertará maior simpatia da opinião pública. Um exemplo disso se dá em relação ao assunto que envolve os chamados "pardais" e as multas de trânsito. Devido aos muitos acidentes e as mortes no trânsito, defender punição rigorosa para os motoristas infratores soa como algo muito simpático aos ouvidos da maioria. Autoridades de trânsito enchem o peito para falar de suas boas intenções quanto a punição dos maus motoristas, visando o nobre ideal de poupar vidas. Lamento, mas irei remar contra a maré. Não acredito nas boas intenções das autoridades de trânsito e muito menos que tais medidas façam refluir significativamente os números que envolvem acidentes e mortes. Tudo não passa de uma indústria da multa, que se vale da comoção popular em torno do assunto para assaltar o bolso dos motoristas. Trata-se do mesmo expediente que é usado para justificar a volta da CPMF. Sabe-se que, caso isso venha a acontecer, os valores arrecadados não irão para a Saúde, mas apenas servirão para gerar mais dinheiro para o caixa do governo. Não se iluda com tais proposições. Salvar vidas no trânsito ou obter mais recursos para a Saúde são apenas o mote para fisgar os incautos. O que querem os governos, invariavelmente, é meter a mão no seu bolso.

Um empate preocupante

O empate do Grêmio, hoje à tarde, com o León de Huánuco em 1 x 1, praticamente garantiu sua classificação para as oitavas de final da Taça Libertadores da América, mas deu margem para muitas preocupações. Em primeiro lugar, ao não vencer o jogo, o Grêmio dificilmente obterá o primeiro lugar no grupo, o que lhe trará grande prejuízo, pois, como segundo colocado, fará o segundo jogo da próxima fase, contra um dos primeiros colocados de grupo, fora de casa. Em segundo lugar, certas escolhas do técnico Renato se mostram, cada vez mais, incompreensíveis. Como explicar, por exemplo, que Gílson continue a ser escalado como titular, a despeito de suas péssimas atuações em todos os jogos, e Bruno Collaço, de seguidos bons desempenhos, continue na reserva? Na tarde de hoje, Gílson foi um corredor aberto por onde Orijuela transitou o jogo inteiro. Por que Renato, ao decidir colocar Júnior Viçosa, ainda no primeiro tempo, sacou Fernando do time, tornando-o mais frágil e exposto no meio de campo? Por que o já citado Gílson ficou até o fim do jogo, mesmo com uma atuação tão comprometedora? Por que Carlos Alberto, que cresceu tecnicamente depois de marcar o gol, foi sacado justamente quando estava em seu melhor momento no jogo? A alegação era de que ele já estava cansado e sem condições de marcar e dar combate ao adversário. Ora, essa não é a principal tarefa de um homem de criação. Tivesse o técnico mantido o time com dois volantes de marcação e o "cansaço" de Carlos Alberto poderia ser absorvido. A verdade é que o Grêmio já ganhou o primeiro turno do Campeonato Gaúcho e está virtualmente classificado para as oitavas de final da Libertadores, mas seu futebol não transmite confiança ao torcedor. Pelo contrário, parece prenunciar que dias muito difíceis virão pela frente. Além de contratar reforços, o que terá de fazer, necessariamente, o Grêmio vai precisar que seu técnico abdique de suas teimosias e escale o melhor time possível, o que implica, num primeiro momento, na saída imediata de Gílson da escalação titular. Se assim não for feito, o Grêmio não terá vida longa na Libertadores.