quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Desfecho esperado

A saída de Orlando Silva do cargo de ministro do Esporte, ocorrida hoje, é apenas a confirmação de um desfecho por todos esperado desde que uma série de denúncias de corrupção envolvendo seu nome surgiram na imprensa. Repete-se com Silva o que já acontecera com quatro outros ministros do governo da presidente Dilma Roussef que foram exonerados. Dentre os seis ministros de Dilma que deixaram seus cargos apenas um, Nélson Jobim, da Defesa, não teve contra si denúncias de má conduta ou improbidade. Essa situação é bastante constrangedora. Um governante perder cinco de seus ministros, em menos de um ano de mandato, por envolvimento com corrupção, é algo muito preocupante e que evidencia o mau sistema de escolha dos ocupantes de tais cargos. A verdade é que a composição do ministério, que deveria ser feita com rigor técnico e busca da máxima eficiência, obedece, tão somente, ao critério da repartição do poder entre os integrantes da chamada "base aliada", ou seja, a divisão de cargos entre os partidos que sustentam a "governabilidade". Para piorar, Dilma Roussef aceitou herdar grande parte dos ministros de seu antecessor, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, seu padrinho político, como é o caso do próprio Orlando Silva, que comandava o ministério do Esporte desde 2006. Outro fato inquietante é que todas as denúncias envolvendo os ministros que acabaram demitidos partiram de um único veículo de comunicação, a revista "Veja", que, assim, posa de baluarte da defesa da ética na política. Até agora, o comportamente de Dilma Roussef em relação a tais fatos tem sido exemplar. Ela não tem blindado os acusados, nem desferido ataques contra a imprensa. Sua postura não tem deixado outra saída para os envolvidos em denúncias de corrupção que não seja o pedido de demissão. Com isso, o efeito esperado pela oposição diante de tal quadro, o desgaste da imagem do governo, ainda não foi alcançado. Os índices de popularidade de Dilma continuam muito bons. Se a oposição busca em tais episódios uma solução para a sua falta de discurso e uma chance de seduzir o eleitorado, tudo indica que irá se frustrar. Em janeiro, Dilma Roussef irá proceder uma ampla reforma ministerial, provavelmente livrando-se de todos os ministros que nomeou contra a sua própria vontade e compondo uma equipe com que tenha efetiva afinidade. Dessa forma, a possibilidade da eclosão de novos escãndalos deverá ficar bastante reduzida, e a oposição terá de buscar novas bandeiras. O que ocorreu, até aqui, com os ministros do governo Dilma é, sem dúvida, lamentável. Porém, a condução de tais situações tem sido a mais adequada. Os envolvidos em corrupção ou malfeitos tem deixado os seus cargos. Se alguém esperava que tudo acabasse em "pizza", decepcionou-se. O governo não tem transigido com os deslizes cometidos. O país segue em frente, apesar dos pesares.