quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O fim da privacidade

Houve um tempo em que, excetuadas as pessoas muito famosas, era possível a fruição da privacidade. Não é mais assim. A ideia de alguém se "perder na multidão" tornou-se impraticável. Em quase todos os lugares nos quais entramos, há um aviso com os dizeres: "Sorria, você está sendo filmado". Isso ocorre até dentro de elevadores. Nem mesmo o espaço amplo das ruas permite o total anonimato. Há câmeras de segurança espalhadas por diversas áreas, ligadas a centrais de monitoramento em que somos permanentemente observados. Ao ingressar nas chamadas redes sociais, nossos dados se tornam devassáveis. Ao assinar uma publicação, nossas informações pessoais são repassadas para outras empresas, que nos bombardeiam com ofertas de todo o tipo. Agora, numa atitude escandalosa, o Tribunal Superior Eleitoral teria feito um acordo com a Serasa para fornecer-lhe dados dos eleitores. Nossa vida tornou-se totalmente devassável. Perdemos o direito ao recolhimento. Ao longo do dia, recebemos vários telefonemas de empresas de tv a cabo, bancos, instituições assistenciais, operadoras de telefonia, entre outros, procurando nos vender planos os mais diversos, ou solicitar colaborações em dinheiro. Ao sairmos ás ruas estamos sendo observados. Ao frequentar locais de grande concentração de público, como estádios de futebol, também. O cenário projetado por George Orwell, em seu célebre livro "1984", tornou-se realidade. O "grande irmão" está em todos os lugares. A justificativa para tanta bisbilhotagem é a segurança. Cada vez mais, busca-se prevenir a ação de bandidos e malfeitores. Porém, o preço que estamos pagando é muito alto. Somos submetidos a uma exposição constante, sem direito a pequenas escapadas da realidade. Estamos conectados o tempo todo. Somos monitorados constantemente. Enfim, perdemos o direito à paz.