terça-feira, 9 de maio de 2023

Rita Lee

Há notícias que sabemos serem inevitáveis, mas cultivamos a vã esperança de não nos depararmos com elas. A morte de Rita Lee é uma delas. Sabia-se que seu estado de saúde era frágil. A "rainha do rock brasileiro" faleceu, ontem, aos 75 anos, deixando um enorme vazio numa legião de fãs. Desde o início de sua carreira artística, Rita Lee foi uma mulher a frente de seu tempo. Afrontou os hipócritas, contestou a cartilha da moral e dos bons costumes. Mostrou que uma mulher pode ser ousada e desbocada. Falou de sexo com uma abertura jamais imaginada para uma mulher. Na música "Perigosa", gravada pelo grupo "As Frenéticas", no trecho final da letra, composta por Nélson Motta, que diz "...eu vou deixar você muito louco, muito louco..." acrescentou "...dentro de mim". Em "Mania de Você", que compôs em parceria com o marido, Roberto de Carvalho, Rita Lee lascou "...me deixa de quatro no ato, me enche de amor". Corajosa, transgressora, Rita Lee era, ao mesmo tempo, doce, amorosa. Sua postura era intrépida, mas não raivosa. Gravou muitos clássicos que fazem parte da trilha sonora de várias gerações. "Agora só falta você", "Esse tal de Roque Enrou", "Ovelha Negra", "Jardins da Babilónia", "Mania de Você", "Baila Comigo", "Lança Perfume", "Caso Sério", "Saúde", "Cor de rosa choque", "Chega mais", "Amor e sexo". Como muito bem definiu a manchete de um site brasileiro de notícias: "Rita, agora faz falta vocè".