terça-feira, 24 de setembro de 2013

Antes tarde do que nunca

O calendário do futebol brasileiro é uma excrecência. Os clubes não conseguem fazer uma pré-temporada adequada e jogam incessantemente duas vezes por semana, o que, praticamente, não permite a realização de treinos. Se, por algum motivo, um jogo é adiado, é ainda pior, pois será recuperado próximo a realização de outras partidas, numa maratona impossível de ser suportada. Recentemente, o Inter teve de jogar quatro partidas pelo Campeonato Brasileiro em apenas oito dias! Isso é um descalabro. A consequência é que, com tantas partidas, o nível técnico do espetáculo despenca, os jogadores são acometidos por lesões, o torcedor se afasta por não ter condição financeira de assistir tantos jogos. Agora, antes tarde do que nunca, apareceu quem se rebele contra essa situação. Os jogadores de futebol brasileiros manifestaram, por parte de alguns de seus nomes mais significativos, sua inconformidade com o calendário de 2014 anunciado pela CBF. Ele torna ainda pior o que já foi ruim em 2013, impedindo que os clubes cumpram com as férias regulares e possam fazer uma pré-temporada. Como principais interessados no assunto, afinal são eles que entram em campo, os jogadores querem se reunir com a CBF para discutir a questão. O problema do calendário do futebol brasileiro reside, fundamentalmente, na insistência da disputa dos campeonatos estaduais, um tipo de competição totalmente anacrônica e defasada. São campeonatos de baixíssimo nível técnico e com excessiva duração. Por causa deles, o Brasileirão, que, em si, é um excelente produto, é disputado em apenas sete meses. Seus congêneres europeus são disputados por nove meses, o que garante a reserva dos meios de semana, apenas, para outras competições. Imediatamente após a nota expedida pelos jogadores expondo sua contrariedade com o calendário, o presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Noveletto, atacou a mesma e disse que não há hipótese da fórmula do Campeonato Gaúcho do ano que vem ser alterada. Não é de espantar. Noveletto é um dos grandes responsáveis por esse quadro caótico, pois são as federações, que votam para eleger o presidente da CBF, que dão sustentação a esse quadro lamentável. Noveletto sonha em ser o próximo presidente da CBF, e conta com o apoio explícito de alguns cronistas locais. Um deles chega a caracterizar o trabalho de Noveletto na FGF como excelente, ignorando o fracasso técnico e financeiro do Gauchão. O mesmo cronista, aliás, também era um fã entusiasmado de Carlos Simon, o árbitro dos "erros" mais absurdos e escandalosos da história do futebol brasileiro. Em comum, os três torcem pelo mesmo clube, do qual Noveletto, inclusive, é conselheiro. Menos mal que o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, manifestou apoio a posição dos jogadores. Está mais do que na hora de se fazer alguma coisa para que se tenha um calendário racional no futebol brasileiro. Os jogadores deram o primeiro passo. Tomara que sua iniciativa consiga resultados concretos.