sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Um canalha de toga

O Supremo Tribunal Federal, mais alta corte da Justiça brasileira, deveria ter em seus 11 ministros figuras que, afora o notável saber jurídico, possuíssem um caráter acima de qualquer suspeita. Lamentavelmente, não é assim. Na composição atual da corte há, pelo menos, um homem dos mais desprezíveis, um canalha de toga. Seu nome é Gilmar Mendes, e sua indicação ao cargo foi feita pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Suas opiniões e decisões tem um nítido viés demofóbico. Elitista, vota contra os interesses das categorias profissionais. Foi o responsável pela extinção da obrigatoriedade de diploma universitário para o exercício da profissão de jornalista, uma velha aspiração dos proprietários de veículos de comunicação. Na sua justificativa de voto, comparou os jornalistas aos cozinheiros. Os grandes plutocratas brasileiros sempre tiveram nele um fiel aliado. Gilmar Mendes procura blindar empresários e especuladores do mercado financeiro de qualquer condenação no tribunal. Ultimamente, especializou-se em atacar o PT e o governo federal. Em palestras e entrevistas, despeja seu ódio contra o partido. Em seu mais recente ataque verbal, acusou o PT de ter implantado uma cleptocracia no governo. Fez também ataques à Ordem dos Advogados do Brasil, que definiu como uma instituição que perdeu expressão e adotou uma feição sindicalista. Curiosamente, esse "paladino da moralidade" votou a favor das doações empresariais para campanhas políticas, que, em boa hora, foram proibidas pelo Supremo Tribunal Federal. Os excessos verbais de Gilmar Mendes não podem continuar impunemente. O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que o partido já pensa em acioná-lo judicialmente. Faz muito bem. A liberdade de expressão assegurada pela Constituição não implica no direito de se atacar levianamente partidos e instituições levado pelo ódio político. A presença de Gilmar Mendes entre os membros do orgão máximo da Justiça brasileira é uma ameaça à democracia.