domingo, 13 de maio de 2018

A revelação da CIA

Um assunto tem tomado conta do país e gerado reações diversas, conforme a orientação ideológica de cada um. Foi divulgada, há poucos dias, a revelação da CIA de que o ex-presidente Ernesto Geisel manteve a política de extermínio de oponentes políticos praticada pelo seu antecessor no cargo, Emílio Garrastazu Médici. A notícia não chega a ser uma novidade, mas a confirmação de crimes executados pela ditadura militar causou grande impacto. Os defensores daquele período de trevas no país costumam alegar que o "perigo comunista" ameaçava o Brasil. Dessa forma tentam fazer com que se aceite como natural a prática de torturas e assassinatos de opositores políticos. Durante o regime militar, 401 pessoas foram assassinadas ou desapareceram, apurou a Comissão Nacional da Verdade, que trabalhou por dois anos e meio durante o governo Dilma Rousseff. Desse total, 89 pessoas sofreram com essa ação desumana nos governos de Geisel e do presidente seguinte; João Batista de Oliveira Figueiredo. Conforme destacou o presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, o documento divulgado pela CIA comprova que a ditadura militar nada teve de branda; como sustentam alguns. Foi uma das mais duras do Cone Sul. Médici, o mais sanguinário dos presidentes do ciclo militar, eliminou a luta armada contra o regime autoritário. Geisel exterminou civis desarmados. Não poderia ser mais oportuna a revelação feita pela central de inteligência dos Estados Unidos. Afinal, o Brasil vive um momento político deprimente, no qual um apologista da ditadura, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL/RJ) tem expressivos índices de intenções de voto para a eleição presidencial desse ano. A revelação sobre o governo Geisel traz a tona, novamente, a necessidade da anulação da Lei de Anistia, que garantiu a impunidade dos agentes de uma ditadura militar assassina. Ditadores sanguinários e seus comandados devem ser julgados e condenados, como fizeram Argentina e Uruguai. Ditadura, nunca mais!