sábado, 8 de março de 2014

Punição

O Brasil parece ter um problema crônico em relação à penalização de delitos, sejam eles quais forem. Se não opta pela impunidade, aplica sanções descabidas ou desproporcionais ao crime cometido. Anteontem, nesse espaço, enfoquei as recorrentes manifestações de racismo nos estádios de futebol, manifestando que, por se tratar de um crime, seus praticantes devem ir para a cadeia. Hoje, fiquei sabendo que o efeito prático quanto aos insultos racistas sofridos pelo árbitro Márcio Chagas da Silva no jogo Esportivo x Veranópolis, em Bento Gonçalves, poderá ser o rebaixamento do clube mandante, proprietário do estádio Montanha dos Vinhedos, onde a partida foi realizada. Não são poucos os que apoiam a medida, julgando que ações rigorosas como essa é que vão brecar as manifestações racistas. Nada mais despropositado! Se for rebaixado, o Esportivo terá enorme prejuízo técnico e financeiro, sem que isso implique numa punição às pessoas que praticaram os infames atos racistas. Em que a punição ao clube irá dissuadir os criminosos de cometerem novas atrocidades? Como sempre, a forte repercussão social de um fato, inspira soluções equivocadas, cujo único intuito parece ser o de dar uma satisfação para a opinião pública, mostrando que as "autoridades competentes" não fogem às suas responsabilidades. O ocorrido com Márcio Chagas da Silva não pode ficar impune. A penalização, no entanto, não deve se dar na esfera esportiva, e sim na criminal. A ideia, tão disseminada ultimamente, de que os clubes devem responder pelos atos de seus torcedores, é fascista e injustificada. Torcedores são indivíduos, como quaisquer outros. Se cometem crimes, cabe somente a eles responderem pelos seus atos.