quarta-feira, 13 de março de 2013

Surpresa

A escolha do novo papa foi, verdadeiramente, surpreendente. O escolhido foi o cardeal Jorge Mario Bergoglio, argentino, arcebispo de Buenos Aires. Um papa latino-americano, terceiro-mundista. Se quando Karol Wojtyla, o João Paulo II, foi escolhido papa, já houve a alteração de uma tendência, pois ele era polonês e quebrava uma tradição de 400 anos apenas com pontífices italianos, a surpresa desta vez foi muito maior. Afinal, João Paulo II era europeu, assim como seu sucessor, Joseph Ratzinger, o Bento XVI, nascido na Alemanha. Um papa da América Latina é um fato impactante na história da Igreja e, espera-se, seja o marco de uma nova era. Alguns analistas já especulavam a possibilidade de um papa desta região, tendo em vista que é nela que está, hoje, a grande maioria dos católicos, mas, diante do fato concreto, há um certo espanto. Jorge Mario Bergoglio adotou o nome de Francisco, sendo o primeiro a fazê-lo em toda a história dos papas. Bergoglio é um conservador em matéria doutrinária, o que é um tanto frustrante para muitas pessoas, mas é o primeiro jesuíta a ser papa, o que sinaliza para uma Igreja mais despojada, voltada preferencialmente para os pobres, abandonando o luxo dos palácios e optando pela evangelização nas ruas. A escolha de um papa fora da Europa é, sobretudo, uma consequência do encolhimento da Igreja naquele continente. No início do século XX, 75% dos católicos estavam na Europa. Hoje, apenas, 23 %. A maioria dos fiéis católicos se concentra na América Latina, o que faz com que a escolha de um papa da região seja, de certa forma, uma busca de fortalecimento da Igreja, que vive uma crise de perda de adeptos em todo o mundo. Seja como for, a escolha de Bergoglio, o agora papa Francisco, representa uma novidade, e, sendo assim, deve ser saudada, dada a crônica dificuldade da Igreja em mudar em qualquer aspecto.