domingo, 9 de janeiro de 2022

Tragédias ciclícas

Em quase todos os verões, a região Sudeste do país é castigada por fortes chuvas, que causam desabamentos de morros, interrupções de estradas, pessoas desabrigadas e mortes. São tragédias cíclicas, mas em 2022 o quadro está sendo particularmente cruel. Minas Gerais tem sido vítima de enormes enxurradas, com um volume de chuvas em que num único dia ocorrem precipitações equivalentes a quase um mês inteiro. Como se não bastasse, a queda de parte de uma rocha no Lago de Furnas, município de Capitólio, ontem, causou a morte de oito pessoas, até agora, e deixou vários desaparecidos, aumentando o drama dos mineiros. Estados nordestinos também tem enfrentado problemas com as chuvas fortes, principalmente a Bahia. Na região Sul, enquanto isso, a estiagem se prolonga, causando enormes prejuízos às lavouras e à pecuária. Nada disso é de graça. Ainda que o negacionismo esteja atuante em todo o mundo, atualmente, esses desastres climâticos não são ocorrências inteiramente naturais. São, em grande parte, resultantes da ação humana, que polui o ar e as águas e pratica o desmatamento de vastas áreas verdes, entre outras atrocidades. A natureza, depois de tantas e continuadas agressões, está apresentando a conta. Cientistas do mundo inteiro alertam que, se nada for feito para conter o aquecimento global, o futuro da Terra e dos seus habitantes será terrível. Cidades à beira-mar, por exemplo, serão encobertas pelas águas. O modelo de sociedade atual, consumista e detratora dos recursos naturais, terá de ser revisto. Não com base em aspectos ideológicos, mas por uma questão de sobrevivência da espécie humana.