quinta-feira, 31 de maio de 2012

Desfecho inevitável

A saída de Ronaldinho do Flamengo, com uma rescisão unilateral de contrato, estabelece o desfecho inevitável de um relacionamento que ia de mal a pior. Na verdade, tudo esteve errado, desde o início, nessa contratação. O Flamengo, ao trazer Ronaldinho, pensava no jogador que ele tinha sido, mas não era mais. Firmou um contrato demasiadamente longo, com um jogador que já estava com 30 anos, e por valores elevadíssimos. O clube fez uma apoteótica festa de apresentação de Ronaldinho para a torcida. Enfim, tudo o que envolveu a transação entre Flamengo e Ronaldinho foi marcado pelo exagero. Ronaldinho até teve um primeiro ano razoável no Flamengo, com o clube sendo campeão estadual e se classificando para a Libertadores. Porém, foram poucas as partidas em que ele, efetivamente, apresentou um grande futebol. Terminado o ano de 2011, a impressão de todos, clube, torcida e imprensa, era de que Ronaldinho ficara devendo. Em 2012, a situação se tornou insustentável. Ronaldinho esteve mais empenhado nas suas festas do que em jogar futebol. O Flamengo atrasou seus salários. Dentro de campo, o Flamengo desandou. Não ganhou sequer um dos turnos do campeonato estadual e foi o único clube brasileiro eliminado na primeira fase da Libertadores. A torcida não queria mais Ronaldinho, o clube não o suportava. Ronaldinho, de sua parte, também já não demonstrava qualquer comprometimento com o Flamengo. Atravessava as noites em festas, atrasava-se para os treinos, jogava cada vez pior. A substituição no segundo tempo do jogo contra o Inter, a primeira desde que Joel Santana assumira como técnico, que lhe rendeu uma estrepitosa vaia da torcida, e a gravação feita por torcedores, no Piauí, de uma declaração do vice-presidente de futebol do Flamengo, Paulo César Coutinho, de que ele já estava afastado do clube parece ter sido a gota d'água para Ronaldinho. Hoje, o jogador recorreu à Justiça, rompendo seu contrato com o Flamengo, sob a alegação de atraso de salários e de direitos de imagem e ausência de depósitos do FGTS e INSS. Termina de forma melancólica uma contratação feita com grande alarde. Uma contratação que, do início ao fim, foi uma demonstração de má avaliação técnica e irresponsabilidade financeira por parte do clube, e de total falta de comprometimento e profissionalismo do jogador. Um exemplo de como não se deve proceder no futebol.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O renascimento da Seleção Brasileira

Após quase dois anos de trabalho do técnico Mano Meneses, finalmente a Seleção Brasileira começa a mostrar um futebol à altura da sua tradição. O melhor de tudo é que uma equipe renovada, cujos maiores valores são jovens que poderão ter uma longa trajetória com a camisa da Seleção. Esse é o caso de Neymar, Marcelo e Oscar. Os dois últimos já haviam jogado muito bem na vitória de 3 x 1 sobre a Dinamarca no sábado, em Hamburgo. Voltaram a fazê-lo, hoje, na goleada de 4 x 1 sobre os Estados Unidos, em Washington. Neymar, que não jogou no sábado, juntou-se aos dois, na partida de hoje, em termos de alto desempenho. Nos dois jogos, afora o bom nível do futebol apresentado, a Seleção Brasileira mostrou interesse, atitude, disposição, em nada lembrando a equipe amorfa das outras partidas em que foi dirigida por Mano Meneses. O trabalho do técnico também já se mostra mais visível, com jogadas ensaiadas e boa mecânica de jogo. Com talentos como os já citados, e outros como Lucas, que ainda não deslanchou mas é um jogador de grande qualidade, e com a predominância de jogadores jovens, a Seleção tem grandes chances de obter a medalha de ouro nas Olimpíadas, o que, até hoje, não alcançou. Essa mesma base de equipe, já mais amadurecida, tem tudo para brilhar na Copa do Mundo de 2014. Pode ser cedo para fazer juízos mais definitivos, mas a amostragem dos dois amistosos foi bastante animadora, e contra adversários que, se não são seleções de ponta, possuem boa qualidade. A Seleção Brasileira, depois de um longo tempo, parece estar recuperando o seu brilho. Antes tarde do que nunca.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Equívoco

A Comissão de Juristas do Senado, que discute mudanças no Código Penal, aprovou uma proposta para descriminalizar o porte de drogas para consumo próprio. Pelo texto aprovado, não haveria mais crime no caso de uma pessoa ser flagrada usando entorpecentes. Atualmente, essa conduta é sujeita à aplicação de penas alternativas. O projeto sugere ressalvas, com o cidadão podendo responder processo caso consuma ostensivamente entorpecente em locais públicos, nas imediações de escolas ou outros locais que concentrem crianças e adolescentes ou na presença destes. Com ou sem ressalvas, contudo, o projeto me parece um equívoco. A questão do consumo de drogas é um desafio permanente para os governos, que não encontram uma solução adequada para o problema, que se constitui numa verdadeira chaga social. Talvez nem haja uma solução ideal, já que não há como alterar comportamentos editando leis. Porém, a medida proposta só iria facilitar ainda mais a disseminação do consumo de drogas, ampliando seus efeitos nefastos na sociedade. Dentro de um conceito filosoficamente libertário se poderia sustentar que o indivíduo tem o direito de determinar seus próprios atos, inclusive drogando-se, se assim o desejar. O poder público, todavia, não pode ser um elemento passivo diante de tão grave questão. O uso de drogas deve continuar a ser combatido. Não se pode colocar o usuário de drogas como uma vítima ou um doente que merece ser tratado de forma indulgente. As pessoas são responsáveis por suas escolhas, e devem arcar com as consequências delas. Sei que minha opinião está na contramão da tendência em relação ao assunto, mas não vejo nenhum benefício no fim da repressão ao uso de drogas. Há situações em que as vontades individuais tem de se submeter a um interesse social maior. O consumo de entorpecentes é uma delas. Liberá-lo significa fragilizar a sociedade, comprometendo seu futuro.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Um denunciante sem credibilidade

Na sua luta infatigável para desalojar o PT do poder, a revista "Veja" deu mais uma tacada. Na sua edição dessa semana, apresenta um depoimento do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, dando conta de que, num encontro realizado no escritório do ex-ministro da Defesa Nélson Jobim, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva teria lhe pressionado a agir para que o julgamento do chamado "mensalão" só ocorresse em em 2013, após as eleições municipais de outubro próximo. A denúncia é impactante, e está movimentando o país. Não me cabe fazer a defesa deste ou daquele lado. Sabe-se que Lula é um político que, embora seus inegáveis méritos como presidente, comete, por vezes, atos discutíveis sob o ponto de vista ético. O problema não reside aí e, sim, na credibilidade do denunciante. Gilmar Mendes é, sem qualquer dúvida, o pior dos 11 integrantes do Supremo Tribunal Federal. Exibe um perfil extremamente conservador, na pior acepção da palavra. Defende os interesses das elites econômicas, protege bandidos de colarinho branco. Foi o responsável pela queda da exigência de diploma de curso superior para o exercício da profissão de jornalista, atendendo a uma antiga aspiração dos proprietários dos meios de comunicação. Dessa forma, colaborou para a invasão da atividade jornalística por toda a sorte de aventureiros, diminuindo a qualidade da informação e favorecendo o aviltamento salarial da profissão. Portanto, não é por acaso que Gilmar Mendes sempre contou com fartos espaços e generosos elogios nas páginas de "Veja", já que está plenamente afinado com a linha ideológica da publicação. O assunto "mensalão", aliás, é um prato requentado que "Veja" insiste em empurrar goela abaixo dos brasileiros. Trata-se de mais uma tentativa da revista de fabricar um escândalo que, como as anteriores, não vai dar em nada. Fica a recomendação de que, da próxima vez que tentar fazer barulho com sua denúncias pretensamente bombásticas, "Veja" se valha de alguém com um mínimo de credibilidade, o que, decididamente, não é o caso de Gilmar Mendes.

domingo, 27 de maio de 2012

Vitória sofrida

A vitória do Grêmio sobre o Palmeiras, por 1 x 0, hoje, no Olímpico, pelo Campeonato Brasileiro, foi merecida, mas alcançada com dificuldade. Isso porque, embora tenha sido melhor que o adversário durante todo o jogo, o Grêmio concluiu pouco ao gol e desperdiçou um pênalti aos 23 minutos do primeiro tempo. O pênalti perdido perturbou o time e, principalmente, o jogador que fez a cobrança, Léo Gago. As dificuldades ofensivas do Grêmio aumentaram quando Miralles teve de sair, por lesão, ainda no primeiro tempo. Em seu lugar entrou André Lima que, mesmo tendo raspado na bola que resultou no gol da vitória, mais uma vez, jogou muito mal. Marcelo Moreno teve outra atuação preocupante, pois não chuta a gol, o que é inexplicável em se tratando de um centroavante. No meio de campo, Fernando, novamente, foi ótimo, e Souza melhorou em relação às suas últimas atuações. Porém, Léo Gago e Marco Antônio não foram bem. A entrada de Rondinelly no lugar de Marco Antônio deu ao Grêmio o seu melhor momento no jogo. Rondinelly, aliás, entrou pela terceira vez no time, sempre com muito destaque, o que já permite que se pense nele como titular, pois, apesar de jovem e vindo de um clube de menor expressão, parece não sentir o peso da responsabilidade, jogando com muita naturalidade. O Grêmio chegou a ser vaiado pela torcida em alguns momentos, mas teve méritos para obter a vitória que, não tivesse perdido o pênalti, poderia ter tido um placar mais dilatado. O Palmeiras apenas confirmou a impressão que já se tinha sobre seu time, ou seja, é muito fraco. Com a consistência que está começando a demonstrar, e com a previsão das voltas de Werley e Kléber, o Grêmio é favorito para o confronto contra o Palmeiras pelas semifinais da Copa do Brasil.

sábado, 26 de maio de 2012

Mais sorte que juízo

Decididamente, o Inter de 2012 é um time bafejado pela sorte. Mesmo mal escalado e tendo uma atuação ruim, a fragilidade do adversário e um erro incrível de arbitragem lhe permitiram obter um bom empate em 3 x 3 com o Flamengo, no Engenhão. O Inter esteve perdendo por 2 x 0 e 3 x 1, mas conseguiu arrancar o empate, com dois chutes de fora da área. O Flamengo, além de ter colocado em campo um time fraco tecnicamente, cansou antes do final do jogo, o que permitiu a reação do Inter. Ainda assim, o resultado poderia ter sido diferente, não fosse o inadmissível erro do árbitro André Luiz de Freitas Castro (GO), que não marcou pênalti num lance em que Nei, do Inter, desviou a bola com as mãos. O correto seria assinalar a penalidade e expulsar Nei, pois a bola ia em direção ao gol. André Luiz de Freitas Castro nada fez. Dessa forma, o Inter conquistou quatro pontos em seis disputados, até aqui, no Campeonato Brasileiro, com uma vitória em casa e um empate fora, como manda o figurino de quem pretende fazer uma boa campanha ou ser campeão de qualquer competição. Mais uma vez, as circunstâncias ajudaram, e o Inter se livrou de uma derrota que parecia certa. O 3 x 3 teve gosto de vitória. Sorte, como sempre, o Inter já provou que tem. Resta saber se terá futebol para ser campeão brasileiro.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Os 50 anos dos Rolling Stones

A data de hoje, 25 de maio, marca o cinquentenário da formação dos Rolling Stones, o lendário grupo de rock que, para espanto quase geral, prossegue em atividade. Muitos entendem que os 50 anos dos Rolling Stones acontecerão no ano que vem, pois foi só em 1963 que o baterista Charlie Watts passou a integrar o grupo. Até por isso, a turnê comemorativa do cinquentenário ficou para 2013. Porém, fiquemos com a data oficial. Um grupo de rock surgido há cinco décadas continuar em atividade é, mesmo, espantoso. O rock é extremamente volátil, o tempo age com voracidade sobre ele, afora o fato de ser um gênero musical associado à juventude. Nada disso impediu que os Rolling Stones, com seus integrantes já se aproximando ou ingressando nos setenta anos de vida, continuem a embalar gerações com seu rock visceral. Os Rolling Stones são responsáveis por uma coleção imensa de grandes sucessos, verdadeiros standards da música internacional.  Seu êxito como grupo só é inferior aos dos Beatles, que são "hors-concours". Os Stones sempre estiveram envolvidos em polêmicas, sendo atacados pelos mais conservadores, que se escandalizavam com seus integrantes, apologistas do estilo de vida "sexo, drogas e rock'n roll". A qualidade de sua música e a vibração que transmitem a cada vez que tocam juntos fizeram com que essas críticas e pressões contrárias fossem inócuas, em nada interferindo na sua longa e bem sucedida trajetória. Seus shows empolgam o público, pois os Stones gostam de estar no palco. Eu, que assisti ao famoso show gratuito na praia de Copacabana para 1,5 milhão de pessoas pude verificar isso, ao vivo. A explicação para o permanente êxito desse grupo que insiste em não se aposentar talvez esteja na letra de um de seus sucessos, "It's Only Rock'n Roll": "... it's only rock'n roll, but i like it", ou seja, "...isto é apenas rock'n roll, mas eu gosto". A gente também gosta, Stones, podem ter certeza.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Confirmação

A vitória do Grêmio por 2 x 0 sobre o Bahia, hoje à noite, no Olímpico, foi a confirmação da classificação para as semifinais da Copa do Brasil, que era dada por todos como certa. Como se esperava, o Grêmio venceu o jogo. Mais do que isso, teve uma boa atuação, a terceira consecutiva, o que dá a ideia de que o time, finalmente, esteja se encaixando. O placar não diz o que foi o jogo. O Grêmio fez um gol em cada tempo, mas poderia ter obtido outros, já que sua superioridade foi incontestável. O Bahia não chutou nenhuma bola perigosa contra o gol do Grêmio em toda a partida. O Grêmio ganhou, até agora, todos os oito jogos que realizou pela Copa do Brasil. Seu próximo adversário na competição, já pelas semifinais, será o Palmeiras, cujo técnico é Felipão, de grande história no Grêmio. O Palmeiras tem tradição e um grande técnico, mas é inferior tecnicamente ao Grêmio. Será um confronto difícil, é claro, mas o Grêmio tem amplas possibilidades de vencê-lo. A partir de agora, o Grêmio está a apenas quatro jogos de poder conquistar, pela quinta vez em sua história, a Copa do Brasil. O que antes parecia um sonho distante, aos poucos vai se tornando mais palpável. O público do jogo de hoje, de mais de 35 mil pessoas, mostra que o torcedor do Grêmio começa a acreditar no time. Essa parceira entre time e torcida, quando se estabelece, abre caminho para grandes títulos. O Grêmio ainda não ganhou nada, é verdade, mas sua campanha e, principalmente, suas últimas boas atuações credenciam-no a postular o título de campeão da Copa do Brasil. Resta esperar para ver.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Definições

A Taça Libertadores da América e a Copa do Brasil estão definindo, nessa semana, os seus semifinalistas. São competições que começaram com um grande número de participantes, e que, agora, revelam os seus postulantes aos títulos. Na Libertadores, hoje à noite, o Fluminense, clube de melhor campanha na primeira fase, foi eliminado pelo Boca Juniors em pleno Engenhão. O Fluminense havia perdido o primeiro jogo na Bombonera por 1 x 0, quando foi muito prejudicado pela arbitragem. Na partida de hoje, vencia pelo mesmo placar, o que levaria a decisão para os tiros livres da marca do pênalti, mas cedeu o empate aos 45 minutos do segundo tempo, e foi desclassificado. No confronto entre brasileiros, Corinthians e Vasco fizeram um jogo dramático. Depois de um 0 x 0 na primeira partida, em São Januário, tudo se encaminhava para um novo empate sem gols, o que resultaria em cobranças de tiros livres da marca do pênalti, quando, aos 41 minutos do segundo tempo, Paulinho, de cabeça, fez o gol da vitória do Corinthians. Nem mesmo aí, contudo, o Corinthians se sentiu tranquilo, pois bastaria ao Vasco fazer um gol que se classificaria pelo saldo qualificado. O Vasco, aliás, teve a chance de garantir sua classificação quando, aos 24 minutos do segundo tempo, Diego Souza perdeu um gol feito, sozinho com o goleiro. Era a chamada "bola do jogo", e desperdiçá-la acabou sendo fatal para o Vasco. O consolo para os dois clubes cariocas que foram eliminados hoje é que ambos estrearam com vitória no Campeonato Brasileiro, competição em que concentrarão suas atenções daqui por diante. Na Copa do Brasil, três semifinalistas já são conhecidos, e outro está muito bem encaminhado. Hoje à noite, Palmeiras, São Paulo e Coritiba obtiveram suas classificações para as semifinais. O Palmeiras, depois de um empate em 2 x 2 no primeiro jogo, em Curitiba, venceu o Atlético-PR com naturalidade, por 2 x 0, em Barueri (SP). O São Paulo, que havia ganho a primeira partida por 2 x 0, no Morumbi, empatou em 2 x 2 com o Goiás, no Serra Dourada, e também avançou na competição. O Coritiba, após um empate de 0 x 0 no primeiro jogo, no Barradão, goleou, de virada, o Vitória da Bahia por 4 x 1. Resta apenas a definição do confronto entre Grêmio e Bahia para que se conheçam todos os semifinalistas da Copa do Brasil. Como ganhou a primeira partida por 2 x 1, no estádio de Pituaçu, o Grêmio, jogando no Olímpico, é o virtual classificado. Depois de fases iniciais de escassas emoções, Libertadores e Copa do Brasil encaminham-se para o seu desfecho, em disputas que envolverão clubes de grande tradição. Haja coração!

terça-feira, 22 de maio de 2012

O casamento gay chega aos quadrinhos

Conforme noticiam todos os sites de jornais, o casamento gay chegou às histórias em quadrinhos. Um dos super-heróis da Marvel, cuja condição homossexual já era conhecida, pedirá seu namorado em casamento, numa das próximas edições de sua revista. O fato, que ocorre pouco depois de uma declaração do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, favorável à união de pessoas do mesmo sexo, mostra que, mesmo a contragosto dos conservadores, esse é um caminho sem volta. As pressões de organizações sectárias de todos os tipos continuarão a se fazer sentir, mas é para frente que se anda, e a história caminha permanentemente para superar o obscurantismo, pois é isso que garante o avanço contínuo da humanidade. As diversas correntes religiosas fazem muito barulho, principalmente os evangélicos, extremamente retrógrados e com um número crescente de seguidores, mas não terão força para conter uma tendência que não reflete um modismo, mas sim o resultado de uma longa e dolorosa luta dos homossexuais por seus direitos. Assim como aconteceu com as mulheres, oprimidas durante séculos e hoje exercendo um papel proeminente na sociedade, os homossexuais saem das sombras a que foram confinados ao longo do tempo para apresentarem-se diante de todos. Claro que ainda há muito a ser feito no rumo da aceitação dos gays, e que eles continuarão a enfrentar atitudes hostis e discriminatórias. Porém, o tempo em que eram figuras condenadas à exclusão social não retornará mais. Os homossexuais ocuparam o espaço que é de seu direito na sociedade, e isso é irreversível. A história em quadrinhos da Marvel apenas confirma essa realidade.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

O interesse pelas celebridades

Vivemos numa época de culto às celebridades. Há um grande interesse por tudo o que envolva a vida de gente famosa. Mais do que isso, um número enorme de pessoas também sonha em alcançar a fama, a qualquer custo. Não é mais preciso fazer algo de relevante que, como consequência, leve alguém a obter reconhecimento público. Basta aparecer, "acontecer", e nenhum veículo é mais propício para isso do que a televisão. A mesma televisão que conta com profissionais e artistas do mais alto nível, merecedores, portanto, de se tornarem famosos, gera celebridades instantâneas, sem brilho, nem conteúdo, como, por exemplo, os participantes do reality show "Big Brother Brasil". Enfim, são muitos os casos de pessoas cuja fama se deve a exposição de sua imagem pela televisão. Uma delas é Xuxa, ex-modelo que, há mais de vinte anos, foi denominada a "Rainha dos Baixinhos". Após um começo profissional em que fazia fotos em poses ousadas como modelo, e participava de filmes eróticos como atriz, Xuxa tornou-se apresentadora de programas infantis, obtendo um sucesso estrondoso, que se estendia aos discos, dos quais vendia milhões de cópias. O tempo passou, e Xuxa, quase cinquentona, não pode mais ser a "Rainha dos Baixinhos". Desde que Xuxa teve de buscar um público mais adulto, seus programas patinam na audiência, já tendo mudado, diversas vezes, de dia e horário. Mesmo assim, Xuxa continua a despertar muito interesse. Tanto é assim que o depoimento que deu ontem ao "Fantástico", levou o programa a ter sua mais alta audiência em 2012. No seu relato, Xuxa falou de vários assuntos, sendo que o que causou mais impacto foi sua revelação de que sofreu abuso sexual na infância e adolescência. No dia de hoje, o depoimento de Xuxa ocasionou comentários em todas as rodas de conversa e nas redes sociais, e foi objeto de matérias em jornais e sites. Particularmente, sempre tive dificuldade de entender o fascínio exercido por Xuxa junto ao público. Afora a beleza e sensualidade que ostentava na juventude, nunca demonstrou outros atributos mais evidentes, quer como apresentadora, atriz ou cantora. Seu desempenho nessas funções, na verdade, sempre esteve próximo do sofrível. Ainda assim, em que pese ser hoje uma estrela em evidente declínio, seu depoimento num programa de televisão gerou toda essa repercussão. O brasileiro, decididamente, adora saber da vida das celebridades, quer estejam em ascensão ou não.

domingo, 20 de maio de 2012

O dever de casa

Um pouco antes do jogo do Grêmio, o Inter ganhou do Coritiba, no Beira-Rio, por 2 x 0. Foi o que se costuma chamar de fazer o dever de casa. O Inter, que até o final do ano só tem o Campeonato Brasileiro para disputar, enfrentou, em casa, um adversário que já lhe é naturalmente inferior e que poupou jogadores para a partida que fará no meio de semana pela Copa do Brasil. Ao Inter não cabia outra coisa que não fosse vencer. A vitória veio com facilidade, com o Inter construindo cedo o placar que se manteria até o final. Uma boa estréia num campeonato onde perder pontos em casa gera prejuízos quase irrecuperáveis. Um bom começo para uma longa jornada.

O jogo dos erros

O jogo Vasco 2 x 1 Grêmio, hoje, em São Januário, foi marcado por erros que acabaram definindo o seu resultado. O mais gritante deles foi a anulação de um gol legítimo do Grêmio, quando a partida estava empatada em 1 x 1. O árbitro Célio Amorim (SC), aspirante ao quadro da Fifa, marcou uma falta inexistente no lance, prejudicando terrivelmente o Grêmio. Mais tarde, quando o Vasco já desempatara o placar, marcou um pênalti inexistente em favor do Grêmio. Foi o segundo grande erro do jogo. O terceiro veio logo a seguir, com Marcelo Moreno errando a cobrança. Em termos de gols perdidos, aliás, o Grêmio não se limitaria ao pênalti cobrado por Marcelo Moreno. Miralles perdeu uma chance incrível, de frente para o gol, e ao longo do jogo, outras boas oportunidades deixaram de ser aproveitadas. Não serve de desculpa ao Grêmio nem mesmo o fato de ter poupado alguns jogadores, pois entrou em campo com sete titulares, enquanto o Vasco, à exceção do goleiro, começou o jogo só com reservas. O Vasco voltou para o segundo tempo com dois titulares para reforçar o time, Juninho Pernambucano e Alecsandro, que acabaram sendo decisivos pois foram os responsáveis pela jogada do segundo gol do clube carioca. Mesmo com esses reforços, contudo, o Vasco tinha em campo um time inferior ao do Grêmio que, assim, perdeu uma chance preciosa de ganhar fora de casa de um adversário cujo foco está inteiramente voltado para a Libertadores. O Grêmio, por sua vez, não tinha razão para poupar jogadores, pois sua classificação para a próxima fase da Copa do Brasil está virtualmente selada. Começar qualquer competição com derrota é ruim e, no caso do Grêmio, é ainda pior, pois deixou de ganhar um jogo que tinha tudo para vencer. Num campeonato de pontos corridos, desperdiçar pontos é, quase sempre, uma atitude que acaba custando muito caro.

sábado, 19 de maio de 2012

Pouco futebol e muita emoção

A decisão da Copa dos Campeões da Europa, hoje, entre Bayern de Munique e Chelsea, esteve longe de ser um grande jogo tecnicamente, mas teve fortes emoções, como convém a uma partida de tamanha importância. O jogo se arrastava num 0 x 0 de poucos lances interessantes, até que, aos 37 minutos do segundo tempo, Thomas Müller abriu o placar para o Bayern. Parecia, então, que a vitória do clube alemão era certa. Porém, aos 43 minutos, Drogba empatou o jogo. Veio a prorrogação, e o Chelsea parecia mais animado em campo, mas, aos 5 minutos do primeiro tempo, Drogba cometeu um pênalti infantil sobre Ribery. Em questão de minutos, Drogba passava de herói para vilão. No entanto, Robben errou a cobrança, que foi defendida por Cech. O Bayern sentiu o golpe, mas procurou, aos poucos, carregado pelo grito do seu torcedor, reagir e buscar a vitória. O Chelsea mantinha a sua segurança defensiva, ousando pouco ofensivamente, para não ser surpreendido num contra-ataque. A decisão foi para os tiros livres da marca do pênalti. O Bayern bateu primeiro e converteu. O Chelsea errou sua primeira cobrança. Mais uma vez, tudo indicava que o título ficaria com o Bayern. Uma nova reviravolta, contudo, aconteceria. Na sequência das cobranças, o Bayern errou duas. A última cobrança do Chelsea ficou para Drogba. Se ele acertasse, o Chelsea seria campeão. Drogba cobrou com incrível frieza e fez o gol do título. Um verdadeiro desastre para o Bayern que, graças a indicação prévia de Munique como sede do jogo, decidiu a competição em casa, o que não acontecia na Copa dos Campeões desde 1984, quando o Roma também desperdiçou a oportunidade e foi derrotado, igualmente nos tiros livres da marca do pênalti, pelo Liverpool. O Chelsea, finalmente, chegou ao título tão desejado por seu proprietário, o milionário russo Roman Abramovich. O clube recupera-se, assim, da frustração da perda do título da Copa dos Campeões de 2008, quando, numa decisão doméstica com o Manchester United, viu a conquista lhe fugir quando o capitão do time, o zagueiro John Terry, desperdiçou sua cobrança na disputa de tiros livres da marca do pênalti. Curiosamente, por ter sido expulso no segundo jogo das semifinais, John Terry ficou de fora da partida de hoje. O Bayern parece não dar sorte em decisões contra os ingleses. Em 1999, decidindo a Copa dos Campeões contra o Manchester United, ganhava o jogo até os 45 minutos do segundo tempo, mas permitiu a virada e ficou sem o título. O Bayern, grande como é, acabará por superar o trauma vivido hoje, e, em breve, estará novamente em busca do título mais importante do velho continente. O Chelsea, por sua vez, ao conquistar o título que tanto almejava, tem tudo para se afirmar, definitivamente, como o mais novo integrante do grupo das potências do futebol europeu.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

O caos do ensino

O ensino no Brasil vive, há muitos anos, uma situação crítica. Isso já se sabia. Porém, a cada dia, novos dados vão se somando para formar um panorama desolador dessa área no país. Há poucos dias, soube-se do alto índice de repetência escolar verificado nos estados, tendo o Rio Grande do Sul apresentado os números mais elevados. Agora, um concurso para o Magistério, também no Rio Grande do Sul, teve apenas 8% dos candidatos aprovados. Fizeram as provas 63 mil pessoas, e só 5.224 foram aprovadas. O dado é estarrecedor. Como se pode explicar tamanho grau de reprovação? O Brasil tem um hoje um sistema educacional em que os professores fingem que ensinam e os alunos simulam que aprendem. Há milhões de estudantes e ex-alunos que, embora tecnicamente sejam alfabetizados, são considerados analfabetos funcionais, pois não conseguem compreender um texto nem se expressar adequadamente pela escrita. A União, estados e municípios não investem em educação o percentual previsto em lei. As escolas apresentam uma estrutura defasada, incompatível com a modernidade. A precariedade começa pelos prédios escolares, mal conservados, e se estende pela didática arcaica, excesso de conteúdos, falta de motivação dos professores, desinteresse dos alunos. São muitos os que pregam a necessidade de se encarar a educação como prioridade, caso o país queira, efetivamente, alcançar um alto grau de desenvolvimento. Chegou a hora de passar do discurso para a ação. O Brasil não pode continuar, a cada ano, a proporcionar manchetes sobre os vexames de seu sistema de ensino. Será preciso que todas as partes, isto é, governantes, professores, pais e alunos, se mobilizem para  modificar essa situação desalentadora. O futuro do país está sendo seriamente ameaçado. O atual quadro positivo da economia brasileira não se sustentará em médio e longo prazo com uma formação tão precária dos jovens do país. O momento exige mudanças radicais na estrutura do sistema de ensino brasileiro. Não há mais tempo a perder.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Vitória animadora

A vitória do Grêmio por 2 x 1 sobre o Bahia, hoje à noite, no estádio de Pituaçu, em Salvador, traz novas perspectivas para o time. Se nas três fases anteriores da Copa do Brasil o Grêmio vencera sem convencer todos os seus jogos, dessa vez ganhou com uma atuação consistente. O Grêmio foi surpreendido por um gol do Bahia no primeiro tempo, numa falha de sua defesa, mas empatou ainda antes do intervalo. Os números do primeiro tempo não deixavam dúvidas sobre a superioridade gremista, com mais de 60% de posse de bola e dez finalizações contra apenas duas do adversário. O segundo tempo começou um pouco diferente, com o Bahia ousando mais e tentando o gol de desempate. Porém, o Grêmio soube conter o ímpeto do adversário, que via o tempo transcorrer sem que conseguisse seu objetivo. Aos 30 minutos do segundo tempo, veio o golpe fatal, com o Grêmio marcando o seu segundo gol. A partir daí, o Bahia partiu desesperadamente para a tentativa de um novo empate, mas a contenção defensiva do Grêmio foi exemplar, não permitindo nenhuma chance concreta de gol. Foi uma vitória afirmativa do Grêmio, que poderia ter sido obtido de modo mais fácil se Marco Antônio e Marcelo Moreno não tivessem perdido, ainda no primeiro tempo, duas oportunidades claras de gol. A vitória de hoje não foi alcançada contra clubes de divisões inferiores, casos do River Plate de Sergipe, Ipatinga e Fortaleza. Foi sobre um clube de primeira divisão que, no último domingo, conquistou o título do seu estado depois de 11 anos na fila. O Grêmio obteve sua sétima vitória em sete jogos, até aqui, pela Copa do Brasil, e está virtualmente classificado para a próxima fase. Com tal retrospecto, somado a sua tradição na competição, o Grêmio já permite ao seu torcedor, pelo menos, a esperança na conquista do título. Em comparação com o ceticismo que se verificava anteriormente, já é alguma coisa.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Reprovação escolar

Uma pesquisa apontou que o Rio Grande do Sul é o estado brasileiro que tem os mais altos índices de reprovação escolar. Há algum tempo, o tema da repetência na escola tem dividido os especialistas em educação. Muitos defendem que a escola deve ser rigorosa na apuração do nível de aprendizagem alcançado pelo aluno, que não se pode promover alguém para a série seguinte sem que esteja devidamente capacitado. Outros sustentam que a repetência gera um custo material alto para o país e prejudica a autoestima do aluno reprovado. Particularmente, entendo que o ensino não pode se constituir numa simples gincana de conhecimentos. Um dos problemas do atual método de aferição da aprendizagem é a excessiva quantidade de conteúdos, que não leva em conta a preferência do aluno por um certo conjunto de matérias. Bem melhor acontecia no passado quando, após a conclusão do ensino fundamental, o aluno optava, conforme suas inclinações, por cursar o clássico ou o científico. Se é verdade que não se pode aprovar todos os alunos automaticamente, sendo necessário avaliar o grau de absorção dos ensinamentos que recebem, a repetência também  não é uma boa solução. Não é justo, nem prático, que por ter sido reprovado em uma única matéria, o aluno tenha de repetir o ano. Bem mais lógico é ele alcançar a progressão de série, tendo de rever, apenas, os conteúdos da matéria em que foi reprovado. Isso gera economia para o país, pois o aluno continuará numa série correspondente a sua idade, o que permitirá que ele continue seus estudos sem ter sua autoestima ferida pelo trauma da repetência. Como tudo nesse mundo de mudanças alucinantes, o ensino também precisa alterar seus conceitos. Métodos arcaicos de avaliação do aprendizado já não condizem com as exigências e expectativas da sociedade. A escola ainda ostenta uma estrutura rígida vinda de muito tempo atrás e que é incompatível com a realidade que vivemos. O ensino tem de ser mais dinâmico e atraente, em consonância com a sociedade trepidante dos dias atuais. Tudo muda e a escola também precisa mudar. Restringir ao mínimo a reprovação, ou até deixar de praticá-la seria um bom começo.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Jogadores notívagos

Não há nada de errado no fato de pessoas jovens e saudáveis procurarem os prazeres e divertimentos da vida noturna. Em se tratando de jogadores de futebol contratados por grandes clubes, o fato é mais natural ainda, pois recebem altos salários e dispõem de muito dinheiro para gastar com o lazer. No entanto, nesse caso específico, estão ocorrendo exageros. Jogadores como Adriano, atualmente sem clube, e Ronaldinho, do Flamengo, praticamente abriram mão de jogar futebol para dedicarem-se inteiramente às "baladas", em festas animadíssimas que vão até o amanhecer. Milionários e mimados, os jogadores mostram-se indiferentes à repercussão negativa de tal tipo de comportamento junto aos torcedores e à imprensa. O fato envolvendo Jô e Jajá, ambos do Inter, é bastante ilustrativo a esse respeito. Os dois jogadores, logo após o Inter perder para o Fluminense e ser eliminado da Libertadores, maior objetivo do clube em 2012, saíram direto do Engenhão e entregaram-se às delícias da noite do Rio de Janeiro, sem sequer retornar com a delegação para o hotel, para onde só voltaram pela manhã. Jó já é reincidente, pois faltou a uma viagem para um jogo na Bolívia e promoveu uma ruidosa festa de aniversário na mansão onde mora em Porto Alegre, perturbando o sossego de seus vizinhos, que protestaram. Hoje, o volante Sandro Silva, grande destaque do Inter nos últimos jogos, apareceu com um corte no joelho que o deixará fora da estréia do clube no Campeonato Brasileiro, no domingo, contra o Coritiba, no Beira-Rio. O corte no joelho de Sandro Silva foi consequência de uma briga em que ele se envolveu ao comemorar o título de campeão gaúcho numa "balada" em Porto Alegre. O próprio jogador disse que excedeu-se na comemoração do título. Não estou entre os que adotam uma visão censória e moralista sobre o assunto, pois, como coloquei nesse mesmo texto, não há nada de errado em divertir-se na noite. Porém, um mínimo de postura é algo que se pode e deve exigir de profissionais tão bem remunerados. Sabe-se, há muito tempo, que os jogadores não tem mais nenhum amor à camiseta, estando atrás, apenas, do dinheiro. Ainda assim, é inaceitável, no caso de Jô e Jajá, que os dois jogadores tivessem ânimo para sair direto do estádio para as badalações noturnas, momentos após uma eliminação tão dolorosa para o clube e sua torcida. O futebol, com seus polpudos salários, criou uma casta de privilegiados que só olha para os próprios interesses, dando de ombros para tudo o mais que os cerca. Está mais do que na hora de se estabelecer uma relação de maior respeito dos jogadores para com os clubes que os pagam e os torcedores. Como se alcançará isso é algo ainda a se pensar, mas é uma providência que não pode mais ser adiada.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Imprensa livre

Inconformada com a ascensão da esquerda ao poder, a direita brasileira insiste em usar uma tática junto à opinião pública que, exitosa no passado, já não apresenta eficácia. Trata-se do velho recurso de atemorizar os cidadãos com fantasmas do tipo "o partido instalado no poder quer acabar com a liberdade de imprensa". A ideia de estigmatizar a esquerda, e mais especificamente o PT, como um segmento político antidemocrático e supressor da liberdade de expressão, que levaria o país, também, a um retrocesso econômico pela debandada dos investidores, caso chegasse ao poder, funcionou durante algum tempo. Tanto é assim que o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva só conseguiu a eleição para o cargo na quarta tentativa. Com o intuito de atemorizar o eleitor, a grande imprensa e os empresários espalhavam ideias como a de que um governo de esquerda cercearia a imprensa, produziria um festival de estatizações, afugentaria o capital estrangeiro, procuraria se perpetuar no poder. Nada disso se confirmou. Cansado dos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso, cuja administração recebia fartos elogios da imprensa mas frustrou a expectativa dos cidadãos, o eleitor, finalmente, deixou de lado os seus receios e elegeu um presidente de esquerda, Lula, que sempre foi perseguido pelos que se autointitulavam defensores da democracia. Como Lula não fizesse nada do que a direita propagava, partiu-se, então, para a tentativa de desqualificar seus méritos. Assim, o inegável êxito da economia brasileira sob seu governo seria resultado, tão somente, da manutenção de medidas tomadas pela administração de Fernando Henrique. Os programas sociais do governo, igualmente muito bem sucedidos, também teriam sido iniciados pela administração anterior. Sem dar a mínima para tais argumentos, o eleitor reconduziu Lula ao cargo de presidente. Passou-se, então, a espalhar um outro fantasma, o de que Lula usaria sua maioria no Congresso Nacional para mudar o critério que permite aos governantes apenas uma reeleição, o que lhe possibilitaria concorrer a um terceiro mandato consecutivo. Isso, também não se confirmou. Lula respeitou as regras eleitorais, deixando o cargo após oito anos, e elegeu sua sucessora, a atual presidente Dilma Rousseff. Na verdade, quem alterou as regras eleitorais em benefício próprio foi Fernando Henrique, que instituiu a reeleição para o poder executivo, até então inexistente no país. Lula e Dilma ostentam os mais altos índices de popularidade de presidentes brasileiros em toda a história, mas a direita não sossega. Novamente, por meio de sua publicação mais raivosa, a revista "Veja", começa a tentar disseminar a ideia de que a liberdade de imprensa sofre séria ameaça no país. Cada vez mais desmoralizada pela prática de um jornalismo panfletário, antiético, fascista e direitopata, a revista busca, na sua edição dessa semana, mostrar-se como uma vítima dos "fanáticos petistas" que, segundo sustenta, querem controlar a imprensa. Será mais uma tentativa frustrada. O eleitor já não se deixa assustar por tais assombrações, e a credibilidade da publicação, depois de alguns fatos revelados nas últimas semanas, reduziu-se a quase nada. A maioria da população deseja, é claro, uma imprensa livre. A imprensa só é livre, contudo, quando há apreço à verdade dos fatos e pluralidade na linha editorial dos veículos. Exatamente o que a revista "Veja", que se traveste de defensora da liberdade de imprensa, teima em não praticar.

domingo, 13 de maio de 2012

Mais esforço que o esperado

O que se imaginava fosse ser um jogo fácil teve até alguma dramaticidade. O Inter conquistou o título de bicampeão gaúcho, hoje à tarde, no Beira-Rio, mas a vitória de 2 x 1, de virada, sobre o Caxias teve um grau de dificuldade que causou surpresa. O Caxias abriu o placar e foi melhor durante todo o primeiro tempo. No segundo tempo, com as entradas de D'Alessandro e Dagoberto nos lugares de Tinga e Dátolo, o Inter espremeu o Caxias contra o seu campo, mas ainda assim não conseguia marcar um gol, pois o goleiro Paulo Sérgio defendeu um pênalti e fez duas defesas espetaculares. No entanto, é praticamente impossível manter um placar apenas se defendendo. O Inter não esmoreceu na sua pressão nem mesmo quando perdeu o pênalti, e o Caxias acabou por não resistir. O Caxias manteve até os 26 minutos do segundo tempo a vitória parcial que lhe dava o título. Em apenas cinco minutos, permitiu a virada e a taça mudou de mãos. Ainda assim, bastava-lhe o empate para ser o campeão, e, aos 44 minutos do segundo tempo, Wangler obrigou Muriel a uma grande defesa, que garantiu o título do Inter. O Inter conquistou o bicampeonato estadual, mas não deve se iludir. O time fez um primeiro tempo muito ruim, e só conseguiu reverter o resultado no segundo devido ao acréscimo técnico dado por D'Alessandro e Dagoberto. Coletivamente, mostrou, mais uma vez, muito pouco, o que deixa dúvidas sobre a qualidade do trabalho do técnico Dorival Júnior. Para o Campeonato Brasileiro, o Inter terá de melhorar muito se quiser, pelo menos, classificar-se para a Libertadores. No Caxias, cabe salientar o bom desempenho do meia Wangler, de apenas 19 anos, que também havia se destacado na primeira partida, em Caxias do Sul. Foi o melhor jogador do Caxias em campo hoje, e já merece ser olhado com atenção pelos grandes clubes. No final das contas, tudo acabou como se esperava e o Inter ficou com o título, ainda que com um sofrimento imprevisto.

sábado, 12 de maio de 2012

Um domingo de decisões

Amanhã teremos, finalmente, as decisões dos campeonatos estaduais. Assim, quase no final do primeiro semestre, estaremos livres de competições enfadonhas e sem atrativos técnicos para, na semana seguinte, usufruir o início do Campeonato Brasileiro, o de mais alto nível que se disputa no país. Não bastasse o fato de os campeonatos estaduais já serem, por si sós, desinteressantes, alguns deles chegam ao dia de hoje praticamente decididos. No Campeonato Gaúcho, embora o empate em 1 x 1 no primeiro jogo, o favoritismo do Inter diante do Caxias é quase total. Ninguém imagina outro resultado que não seja a conquista do título pelo Inter, talvez, até, com um placar folgado. Em Santa Catarina, um regulamento absurdo fez com que o Figueirense, mesmo ganhando os dois turnos do campeonato, tivesse de disputar o título com o Avaí. Como foi goleado por 3 x 0 no primeiro jogo, o Figueirense já ficou quase sem chances de ser campeão. No Campeonato Paulista pode-se dizer, sem medo, que a competição está decidida. Não há a menor hipótese de o Guarani reverter a goleada de 3 x 0 que sofreu para o Santos no primeiro jogo. No Rio de Janeiro, em respeito a tradição do Botafogo, não se pode declarar que o campeonato esteja definido, mas a chance do clube da estrela solitária ganhar o título, após ser goleado pelo Fluminense por 4 x 1 no primeiro jogo, é mínima. Com baixo nível técnico, pouca presença de público, duração demasiadamente longa e desfechos previsíveis, a melhor notícia que os campeonatos estaduais nos deixam nesse domingo é que ele estão chegando ao seu encerramento. Até que enfim!

sexta-feira, 11 de maio de 2012

A Comissão da Verdade

Pior do que não realizar alguma coisa é fingir que se faz. O governo federal criou a chamada "Comissão da Verdade" para apurar os crimes cometidos pela ditadura. Os integrantes da comissão, num total de sete, foram, finalmente, nomeados pela presidente Dilma Roussef. Porém, a questão que se coloca é: para que servirá essa comissão? Os indicativos são de que não servirá para nada. Um dos integrantes nomeados, José Paulo Cavalcanti Filho, diz que a comissão não será contra nada nem ninguém. Outro, Cláudio Fonteles, declara que não é hora de revanchismo. A comissão irá apenas apurar crimes, mas não poderá encaminhar e muito menos executar punições. Buscará esclarecer situações ainda nebulosas, identificar a localização de corpos de desaparecidos políticos, entre outras medidas. Com isso, imagina-se ser possível colocar uma pedra sobre o assunto dos desmandos da ditadura, permitindo que o país siga em frente. Trata-se de uma pretensão descabida. Não basta aos parentes e amigos de um desaparecido político saber onde foi colocado o seu corpo. Também não basta ao país ter o esclarecimento sobre os excessos praticados na ditadura, sem que punam-se os culpados. A Comissão da Verdade é uma história da carochinha. Não tem efeito prático algum. Portanto, não tem razão para existir. A Argentina e o Uruguai já mostraram o caminho, ao punirem os responsáveis pelos crimes cometidos em suas ditaduras militares. Para passar a limpo esse triste período da história brasileira só há um caminho: punição a todos os torturadores e carrascos do regime militar. Se for para dar somente uma satisfação pública sobre os crimes cometidos no período, é preferível continuar a não fazer nada.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

O fim do sonho

O sonho do Inter de ganhar a Libertadores, acabou. Pelo segundo ano consecutivo, o Inter foi eliminado nas oitavas de final da competição. Na verdade, era uma morte anunciada. O Fluminense, adversário do Inter na noite de hoje, no Engenhão, fez a melhor campanha entre os classificados para as oitavas de final. O Inter, a pior. O Inter, com exceção do último Gre-Nal, não ganhou nenhum outro jogo contra clubes grandes em 2012. Os torcedores e os cronistas identificados com o Inter, mesmo após o insatisfatório empate em 0 x 0, no primeiro jogo, no Beira-Rio, tentaram encontrar razões para acreditar que a classificação para as quartas de final seria obtida. Lembravam que o Fluminense era obrigado a ganhar o jogo, que qualquer empate com gols classificaria o Inter, que no enfrentamento entre os dois, em jogos decisivos, a vantagem era do clube gaúcho. Para agudizar o sofrimento de sua torcida, o Inter ainda saiu na frente no placar, o que aumentava suas vantagens, mas permitiu a virada, perdendo por 2 x 1 e sendo eliminado. A imprensa entendeu que o Inter jogou bem melhor, destacando o fato de que o Fluminense não criou lances de ataque, tendo se valido de duas faltas, que redundaram em gols de cabeça, para ganhar a partida. Houve, também, jornalistas que viram impedimento no primeiro gol do Fluminense. Nada disso muda o fato de que o Inter está fora da Libertadores. Resta o Campeonato Gaúcho, cujo título o Inter deverá obter domingo, contra o Caxias. Porém, para quem sonhava em voltar a disputar o Mundial de Clubes em dezembro, ganhar o Gauchão não servirá de consolo.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Caminho aberto

O Grêmio venceu o Fortaleza por 2 x 0, hoje à noite, pela Copa do Brasil, repetindo o placar do primeiro jogo, realizado na casa do adversário. Jogando contra um Fortaleza que entrou em campo com nove reservas, o Grêmio, mais uma vez, não mostrou um bom futebol. O primeiro tempo foi péssimo. Não me parece que as seguidas más atuações do time sejam consequência, apenas, de limitações técnicas. Como, novamente, foi possível perceber hoje, o atual grupo de jogadores do Grêmio peca pela ausência de atitude. Falta ao time um poder maior de indignação, de inconformidade. Os gols vieram no segundo tempo, mas houve uma melhora muito pequena na produção do time em relação ao primeiro. Foi um desempenho ruim tanto coletivamente quanto no plano individual. Alguns jogadores estiveram abaixo da crítica. André Lima foi o pior de todos, teve uma atuação horrorosa. Dener não soube aproveitar a chance recebida, jogou muito mal. Marco Antônio foi outro que fez uma exibição muito ruim. Bertoglio, mesmo marcando o segundo gol, não foi bem. A rigor, o único que teve um rendimento satisfatório, no pouco tempo em que esteve em campo, foi Miralles. Mesmo que não consiga jogar um futebol convincente, o Grêmio ganhou, até agora, todos os seis jogos que realizou na Copa do Brasil. Com as eliminações, hoje à noite, de Botafogo e Cruzeiro, restaram, afora o Grêmio, apenas dois clubes grandes na competição, Palmeiras e São Paulo. O São Paulo, contudo, jogará amanhã contra a Ponte Preta e está em desvantagem no confronto, pois perdeu a primeira partida. Caso venha a ser eliminado, o caminho para o título da Copa do Brasil estaria ainda mais facilitado para os clubes que seguirem adiante na disputa. Não há como deixar de pensar que, mesmo com todas as suas precariedades, o Grêmio tem um caminho muito promissor na busca do seu quinto título da Copa do Brasil, o que o tornaria, de forma isolada, o maior vencedor da história da competição. As circunstâncias estão ajudando. Resta o Grêmio ajudar a si próprio.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Falso moralismo

A vontade de algumas pessoas e grupos de agradar aos segmentos médios de índole conservadora da sociedade brasileira, faz com que nos deparemos com proposições estapafúrdias. No rastro da chamada "Lei Seca", que visa coibir a prática do consumo de bebidas alcoólicas por motoristas, o deputado federal Dr.Rosinha (PT-PR) apresentou um projeto que proíbe a participação de celebridades, esportistas e personalidades públicas em comerciais desse tipo de produto. O projeto ainda depende do aval do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), para tramitar nas comissões da Casa. Espero que Maia tenha o bom senso de impedir que a proposta siga adiante. Até porque, ela é flagrantemente arbitrária. Pode-se até entender a intenção do proponente da medida de evitar o estímulo ao consumo de álcool vetando que personalidades de grande prestígio público façam propaganda do produto. Ocorre, contudo, que essa é uma solução autoritária, que invade a autonomia dos indivíduos, incompatível com um regime democrático. Anteriormente, já abordei nesse espaço sobre a tendência brasileira de querer reformar comportamentos editando leis. Ora, as mudanças nos costumes se operam por campanhas de conscientização ou pela ação natural do tempo, não por força de lei. Uma pessoa, seja celebridade ou não, tem todo o direito de participar de comercias de qualquer tipo de produto cuja venda seja lícita. A venda e consumo de álcool no Brasil é livre, e, sendo assim, não há porque proibir quem quer que seja de participar de anúncios comerciais do produto. O projeto atenta contra a liberdade individual e merece ser arquivado. Numa sociedade pluralista e democrática não há lugar para medidas restritivas à livre determinação dos indivíduos.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Modelo chinês

Há pouco tempo, a revista "Veja" publicou uma matéria em que tecia fartos elogios ao modelo de educação implantado na China, de estudo rigoroso, com grande carga horária. Ali estava, no entender da publicação, um método a ser seguido pelo Brasil na busca de um ensino de melhor qualidade. A revista não fez nenhum reparo aos evidentes exageros do sistema educacional chinês. Pois, agora, o mundo ocidental se mostra chocado com uma foto, amplamente divulgada na internet, que mostra uma sala de aula na China, com estudantes que se preparam para o Gaokao, uma espécie de vestibular de abrangência nacional. A foto mostra os jovens recebendo uma solução com aminoácidos diretamente na corrente sanguínea, com o objetivo de mantê-los acordados até mais tarde e poderem estudar mais para as provas. Blogs chineses reagiram aos comentários ocidentais negativos, argumentando que quem não vive a pressão do Gaokao não pode criticar o fato registrado na foto. O ser humano, ao que parece, não tem limites na sua tendência de praticar as ações mais estúpidas, de renegar o bom senso. Não há o que justifique submeter adolescentes a um tal massacre físico e psicológico. Acima de qualquer valor ou costume de uma sociedade deve-se colocar o bem estar do ser humano. Trata-se de mais um dos tantos atentados contra a dignidade humana praticados na China, um país onde a população é submetida a um governo centralizador e autoritário, que restringe as liberdades civis e censura a imprensa. O ritmo de crescimento econômico espantoso da China nos últimos anos logo fez com que a imprensa conservadora se rasgasse em elogios ao país. Afinal, a China tem coisas que soam como música nos ouvidos de um reacionário, tais como, mão de obra semi-escrava trabalhando ao limite da exaustão, ausência de liberdades públicas, censura à imprensa e a todos os que discordem do governo. A China cresce a um ritmo galopante, mas o faz sacrificando seu povo. Não serve de parâmetro para nenhum outro país. Se o preço a ser pago para melhorar a educação for a adoção das práticas chinesas no ensino, é preferível permanecer na ignorância.

domingo, 6 de maio de 2012

Chance desperdiçada

Todos concordavam que a única chance do Caxias de complicar a conquista do título do Campeonato Gaúcho pelo Inter estava no primeiro jogo, por ser em sua casa, no estádio Francisco Stédile, em Caxias do Sul. Pois o Caxias desperdiçou a oportunidade. Na partida de hoje à tarde, até saiu na frente no placar, mas cedeu o empate e não conseguiu reagir. Como na decisão do Gauchão é adotado o sistema do "gol qualificado", o Inter está com ampla vantagem para alcançar o título no segundo jogo, no Beira-Rio. O Caxias jogou um bom primeiro tempo, fez seu gol quase ao final, aos 43 minutos, mas, no segundo, sofreu o empate logo no início e, até por um nítido decréscimo no preparo físico, não teve forças para obter a vitória. O Inter, que esteve bastante desfalcado, deverá ter um time bem mais forte no segundo jogo. Salvo uma surpresa enorme, a competição parece decidida. As atenções no Inter se voltarão, agora, inteiramente para o jogo contra o Fluminense, quinta-feira á noite, no Engenhão, que decidirá a continuidade ou não do clube na Libertadores. A goleada de hoje do Fluminense sobre o Botafogo, por 4 x 1, de virada, no primeiro jogo da decisão do Campeonato do Estado do Rio de Janeiro, deve ter deixado o Inter e seus torcedores ainda mais preocupados. Reside aí, talvez, uma última e tênue chance do Caxias obter melhor sorte na segunda partida contra o Inter, caso o adversário seja eliminado da Libertadores e se ressinta fisicamente da disputa de um jogo tão importante. Mesmo isso, contudo, é pouco provável. O Inter é o virtual bicampeão gaúcho.

sábado, 5 de maio de 2012

Retrocesso

O Brasil tem tido notáveis avanços no campo dos costumes, removendo, aos poucos, as velhas imposições do falso moralismo. A antiga sociedade machista e patriarcal sofreu profundas mudanças que redefiniram o papel da mulher, o conceito de família e o comportamento sexual das pessoas. Em meio a esse saudável e irrefreável avanço, surgem, também, os que operam em sentido contrário, tentando um impossível retorno a conceitos e posturas obsoletos e bolorentos. Movimentos religiosos não descansam na busca de impor suas ideias restritivas ao prazer, recheadas de interdições e do conceito de pecado. Uma matéria publicada no jornal "Zero Hora" nesse fim de semana, dá conta de que aumenta o número de jovens, homens e mulheres, que se mantém castos até o casamento. A reportagem apresenta, inclusive, depoimentos de jovens que vivenciam essa situação. Os argumentos apresentados são ralos e claramente influenciados pela retórica religiosa. Num mundo em que a velocidade das transformações assusta e, por vezes, desestabiliza as pessoas, muitos são levados a buscar em velhas práticas as soluções para problemas atuais. Nada mais infrutífero. Encastelar-se em conceitos superados, regredir a comportamentos ultrapassados, é uma falsa saída para os que se debatem com as angústias da existência. Não passa de um recurso escapista, de quem procura disfarçar sua fragilidade alegando uma suposta fortaleza moral. A falta de sentido de tal postura fica evidenciada quando os depoentes revelam que se esforçam para não se expor ao desejo, refreando seus instintos, pois, dizem, "a ocasião faz o ladrão". Ora, porque pessoas que se amam e se sentem fortemente atraídas umas pela outras tem de conter a consumação do seu desejo? Em que a liberação de suas vontades lhes traria algum tipo de prejuízo? Como a própria autora da matéria escreve, em certo trecho do texto, para quem quiser entender os motivos da opção pela castidade, não haverá êxito, a menos que acredite no sobrenatural, na fé. Como busco analisar a realidade com o olhar da racionalidade, a adoção desse tipo de comportamento me parece, tão somente, um arcaísmo sem qualquer sentido.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Desabafo

O cineasta Fernando Meirelles, produtor do filme "Xingu", desabafou contra a fraca bilheteria que o mesmo vem obtendo, principalmente no Rio Grande do Sul. O filme, diz Meirelles, teve excelente recepção em festivais internacionais de cinema, foi muito bem acolhido pela crítica e, em alguns locais, foi aplaudido ao final da exibição, o que ocorreu, inclusive, quando o assisti, mas não conseguiu conquistar as grandes platéias. Em função disso, Meirelles desistiu de transpor para o cinema a obra "Grande Sertão: Veredas", de Guimarães Rosa, por julgar que, se os brasileiros não querem saber de índios, também não irão se interessar por jagunços. Meirelles ficou particularmente decepcionado com a baixa recepção de "Xingu" no Rio Grande do Sul, debitando-a à postura dos gaúchos de não se sentirem parte do Brasil. Justifica-se plenamente a frustração de Meirelles. "Xingu" é um belo filme, que conta a trajetória dos irmãos Orlando, Cláudio e Leonardo Villas-Boas em defesa das tribos indígenas da Amazônia. O filme é bem dirigido e conta com belas atuações de Felipe Camargo, João Miguel e Caio Blat, atores que interpretam os três irmãos. Ainda há muitas pessoas que tem preconceito com o cinema realizado no Brasil. Nada mais injusto. Os crônicos problemas técnicos, como a qualidade de som, por exemplo, são coisas do passado. O Brasil tem, atualmente, uma boa produção quantitativa de filmes, vários deles de boa qualidade. Gostei muito de "Xingu", um filme que pode ser considerado, até mesmo, educativo, por enfocar um importante episódio da história do país, que foi a criação do Parque Nacional do Xingu. Aqueles que não viram "Xingu" não sabem o que perderam.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Um balcão de negócios

A política, no Brasil, tornou-se, apenas, um meio de barganhar cargos e satisfazer interesses. Se antes existiam partidos apontados como mais afeitos à politicagem e outros tidos como mais éticos ou idealistas, hoje todos se comportam da mesma maneira na busca de obter as fatias do poder. Até mesmo o Partido Verde (PV) entrou para essa vala comum. O PV decidira apoiar a reeleição do prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT). Porém, uma forte pressão do PT para que o partido mude de ideia pode fazer com que o PV desista de apoiar Fortunati e se alie ao seu candidato, Adão Villaverde. Para mudar de lado, o PV exigiu, afora cargos na administração, a indicação do candidato a vice-prefeito. As lideranças do PV se sentiram valorizadas com o assédio do PT. O espantoso em toda essa história é que, horas antes de ser procurado pelo PT, o PV havia anunciado seu ingresso na Frente Política Cidadã, formada, ainda, por PPS, PMN, PT do B, PRP e PRTB, que iriam dar seu apoio público para Fortunati num ato a ser realizado na noite de hoje, no qual o próprio prefeito se faria presente. Ao ser questionado sobre isso, o secretário-geral do PV, Cláudio Ávila, disse: "Bom, se o Villaverde cumprir tudo o que prometeu, a gente desconvida esse primeiro pessoal e convida os do PT. Ou adia o evento". A que ponto chegamos! O Partido Verde que, por sua especificidade, deveria ter uma postura diferente das demais siglas, comporta-se como qualquer outra legenda, quando se trata de tomar parte no balcão de negócios da política. Também está atrás de cargos e vantagens. Como se pode perceber pela própria declaração do secretário-geral do partido, é tudo uma questão de quem oferece mais para que se obtenha o apoio do PV. O idealismo e a dedicação à causa pública são, hoje, uma ficção no meio político. Os "mocinhos" deixaram a cena, e os vilões triunfaram.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Vitória em boa hora

A vitória convincente do Grêmio sobre o Fortaleza, por 2 x 0, hoje à noite, no estádio Presidente Vargas, em Fortaleza, pela Copa do Brasil, não poderia ter vindo em melhor hora. Após a eliminação no Campeonato Gaúcho com uma derrota em um Gre-Nal, a vitória de hoje, que praticamente classifica o Grêmio para a próxima fase da Copa do Brasil, servirá, por certo, para desanuviar o ambiente e restituir a confiança do grupo. O Grêmio resolveu o jogo muito cedo. Foram dois golaços bem no início da partida, marcados por Marcelo Moreno e Marco Antônio, que não deram ao Fortaleza nenhuma possibilidade de reverter o resultado. Só no segundo tempo, depois da expulsão de Pará, o Grêmio sofreu uma pressão maior do adversário, mas soube resistir bem e trouxe uma enorme vantagem para o segundo jogo, em Porto Alegre. A volta de Léo Gago, que não jogou no Gre-Nal por estar suspenso, reequilibrou o meio de campo. A colocação de Edílson na lateral direita resolveu um problema que o time apresentava há vários jogos, com as más atuações de Gabriel. O que não se entende, aliás, é porque o técnico Vanderlei Luxemburgo não tomou essa providência anteriormente, já que Gabriel vinha mal há muito tempo, culminando com a péssima atuação contra o Inter, quando chegou a dar um passe para um gol do adversário na tentativa de afastar uma bola. A escalação de dois centroavantes, contudo, não chegou a aprovar. Se Marcelo Moreno, afora o golaço que fez,  teve uma boa e intensa atuação, comprovando sua grande qualidade, André Lima foi a nulidade de sempre, só sendo notado nos momentos em que reclamava da arbitragem. O saldo do jogo, todavia, foi mais que positivo. O Grêmio traz de Fortaleza uma vitória afirmativa, que lhe permitirá viver os próximos dias sem enfrentar turbulências.