segunda-feira, 7 de maio de 2012

Modelo chinês

Há pouco tempo, a revista "Veja" publicou uma matéria em que tecia fartos elogios ao modelo de educação implantado na China, de estudo rigoroso, com grande carga horária. Ali estava, no entender da publicação, um método a ser seguido pelo Brasil na busca de um ensino de melhor qualidade. A revista não fez nenhum reparo aos evidentes exageros do sistema educacional chinês. Pois, agora, o mundo ocidental se mostra chocado com uma foto, amplamente divulgada na internet, que mostra uma sala de aula na China, com estudantes que se preparam para o Gaokao, uma espécie de vestibular de abrangência nacional. A foto mostra os jovens recebendo uma solução com aminoácidos diretamente na corrente sanguínea, com o objetivo de mantê-los acordados até mais tarde e poderem estudar mais para as provas. Blogs chineses reagiram aos comentários ocidentais negativos, argumentando que quem não vive a pressão do Gaokao não pode criticar o fato registrado na foto. O ser humano, ao que parece, não tem limites na sua tendência de praticar as ações mais estúpidas, de renegar o bom senso. Não há o que justifique submeter adolescentes a um tal massacre físico e psicológico. Acima de qualquer valor ou costume de uma sociedade deve-se colocar o bem estar do ser humano. Trata-se de mais um dos tantos atentados contra a dignidade humana praticados na China, um país onde a população é submetida a um governo centralizador e autoritário, que restringe as liberdades civis e censura a imprensa. O ritmo de crescimento econômico espantoso da China nos últimos anos logo fez com que a imprensa conservadora se rasgasse em elogios ao país. Afinal, a China tem coisas que soam como música nos ouvidos de um reacionário, tais como, mão de obra semi-escrava trabalhando ao limite da exaustão, ausência de liberdades públicas, censura à imprensa e a todos os que discordem do governo. A China cresce a um ritmo galopante, mas o faz sacrificando seu povo. Não serve de parâmetro para nenhum outro país. Se o preço a ser pago para melhorar a educação for a adoção das práticas chinesas no ensino, é preferível permanecer na ignorância.

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