segunda-feira, 24 de março de 2014

As reedições de uma marcha idiota

Nada poderia ser mais patético e fora de lugar do que as reedições da "Marcha da família coim Deus e pela Liberdade" que estão ocorrendo em algumas capitais do Brasil. Em 1964, essa marcha idiota foi um dos elementos de incitação ao espúrio golpe militar perpetrado contra um governo legitimamente eleito. Trata-se de mais um gesto das forças reacionárias que tentam convencer a opinião pública de que "o país está um caos", e de que necessita de uma "faxina". Na verdade, nada há na situação brasileira atual que justifique uma ruptura institucional. O Brasil tem um governo legítimo, e a presidente Dilma Rousseff, de acordo com várias pesquisas, deverá se reeleger no primeiro turno. Aliás, ao contrário do que apregoam os saudosos do autoritarismo, o presidente João Goulart, deposto pelos militares, dispunha de amplo apoio da população. Goulart caiu porque ousou afrontar os interesses das classes dominantes com as suas reformas de base. Pelo mesmo motivo, a imprensa conservadora tenta plantar as sementes de um novo golpe. Porém, o que se viu nas capitais que promoveram as tais marchas foi um fracasso retumbante. Elas não reuniram, cada uma, mais que meia centena de pessoas. Muitas vezes, os grupos de contestação às marchas eram mais numerosos. Isso prova duas coisas. Primeiro, que não há nenhuma razão para se quebrar a ordem democrática no Brasil. Em segundo lugar, mostra que o povo brasileiro já não se deixa manipular tão facilmente. O desespero da direita, e sua ânsia de defender a ideia de que como está não pode ficar, é porque ela, finalmente, se deu conta do óbvio, isto é, de que enquanto houver eleições limpas e em dois turnos, ela jamais voltará ao poder. Ao perceber algo que sempre foi tão evidente, resolveu partir para o estímulo ao golpismo. As marchas realizadas, no entanto, mostraram que toda essa gritaria contra o governo não obteve eco junto à população. Como expressa o ditado, os cães ladram e a caravana passa. A direita continuará berrando e esperneando, mas fora do poder.