terça-feira, 3 de novembro de 2015

Falso estadista

Nos últimos meses, a figura do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem se tornado constante na mídia. Ele opina sobre a situação política do país com ar professoral, externa variados conceitos, e chega a aconselhar que a presidente Dilma Rousseff renuncie ao cargo. Agora, FHC está lançando o primeiro volume dos seus diários do tempo em que foi presidente. A imprensa conservadora não deixa por menos, e o apresenta como um exemplo de estadista. Mais uma vez, aplica-se nesse caso a memória seletiva da direita brasileira. Ela adora destacar o fato de que Dilma Rousseff está com uma popularidade de apenas 8%, atualmente. Esquece, convenientemente, de que esse era o índice de popularidade de FHC no final de seu governo. Condena, veementemente, a corrupção dos governos de Luís Inácio Lula da Silva e Dilma, mas não tem a mesma postura quanto ao fato de FHC ter recorrido a compra de votos no Congresso Nacional para conseguir aprovar a emenda que instituiu a reeleição. O "estadista" em questão, ao assumir o poder, pediu que as pessoas esquecessem o que ele havia escrito em sua longa carreira de sociólogo de clara inspiração de esquerda. Em seu governo, promoveu uma onda de privatizações, torrando patrimônio público em troca de moedas podres. Se o PT é acusado de fazer alianças pouco nobres com partidos de todos os espectros, FHC não ficou atrás. Entre seus aliados estava, entre outros nomes pouco recomendáveis, o falecido ex-senador Antônio Carlos Magalhães, um típico "coronel" da política brasileira. Fernando Henrique Cardoso é um homem de inegável cultura e capacidade intelectual. Não se distingue, no entanto, do panorama desolador da política brasileira. Não passa de um falso estadista, lobo em pele de cordeiro.