sexta-feira, 1 de novembro de 2019

A incitação a um novo golpe

O Brasil, a cada dia, recebe uma nova carga de declarações explosivas vindas do presidente Jair Bolsonaro ou de seus filhos. Em comum, todas primam pela falta de sensatez, grosseria, vulgaridade e demonstração explícita da indigência mental e baixeza moral de quem as profere. Ontem, a porção saudável do país teve de se deparar com a declaração do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) de que se a esquerda radicalizar em manifestações como as ocorridas no Chile será preciso "um novo AI-5". A fala de Eduardo Bolsonaro, não poderia deixar de ser, caiu como uma bomba sobre a opinião pública, e foi repudiada por políticos de diferentes espectros ideológicos. Beneficiários de um golpe que destituiu uma presidente legitimamente eleita, os atuais ocupantes do poder não se dão por satisfeitos. A incitação a um novo golpe, feita por um dos filhos do presidente, é um fato gravíssimo, que não pode ser minimizado. Seu autor deveria ser punido com a cassação do mandato. O AI-5 foi o que de mais sórdido o Brasil viveu no campo político. Sugerir sua reedição é um ato vil e torpe. No simulacro de democracia que caracteriza o Brasil atual, vai tudo ficar por isso mesmo. Num país que estivesse na plenitude do funcionamento das suas instituições, tamanha afronta à sociedade civil jamais ficaria impune.