sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Frivolidade

A internet é, sem dúvida, um meio fantástico de disseminação de informações. Talvez nenhum outro invento, em toda a história da humanidade, tenha sido tão revolucionário na sua capacidade de armazenar e distribuir conhecimentos. Hoje, estar conectado não é mais uma opção, é, praticamente, uma imposição, sob pena de, em caso contrário, experimentar-se uma sensação de marginalização social. Todo instrumento de difusão de ideias e notícias, no entanto, dependerá do uso que dele se fizer. Com a internet, não é diferente. Ela permite o acesso a grandes conteúdos culturais, mas também se presta para comentários estúpidos e agressivos nas redes sociais, ou para a mais absoluta frivolidade, como se verificou nas últimas horas. A postagem que rodou o mundo perguntando sobre qual é a cor de um determinado vestido, e que foi um dos assuntos mais comentados desde ontem pelos internautas, é uma demonstração quase insuperável da propensão humana para a banalidade. Num mundo com tantos problemas e conflitos, anônimos e famosos ocuparam seu tempo a palpitar sobre a verdadeira cor do referido vestido, e leigos e estudiosos deram explicações sobre as diferentes percepções que os indivíduos tem das cores, e por que isso acontece. Foi como se toda a realidade dura que nos cerca ficasse em suspenso, para que todos pudessem se entregar a tarefa de opinar sobre tão "estimulante" assunto. Poucas vezes se viu tantas pessoas se debruçarem sobre algo tão irrelevante, e em escala mundial! Foi uma ode à superficialidade, e um retrato fiel do vazio que habita os seres humanos na sociedade atual.